Ω Percy Jackson — Um fantasma me assombra.

            — Pra onde vamos? — Grover perguntou, balindo e tremendo. Todos nós tinhamos más recordações do Mundo Inferior.

            Comecei a pensar em que lugar poderia haver uma entrada para o Hades. E então como um estalo, uma ideia surgiu em minha mente, me fazendo saltar. Thalia e Nico fizeram o mesmo. Acho que se lembraram da mesma coisa que eu.

            — Melinoe.

            — Desculpa? — Rachel disse confusa.

            Então eu expliquei que há algum tempo, antes mesmo da Grande Profecia se realizar, Nico, Thalia e eu haviamos enfrentado Melinoe e que ela guardava uma entrada secreta.

            — Então... — Rachel disse — Melinoe é tipo um monstro metade branco e metade preto que assombra você mostrando fantasmas de pessoas que você se culpa pela morte?

            Assentimos.

            — Que ótimo! Todos os meus peixinhos dourados agora vão se vingar de mim. — ela sussurrou.

            — Isso faz sentido. — Annabeth disse. — Se havia uma passagem secreta, por que nao aproveitá-la? Os fantasmas comandados de Cronos podem ter escapado por lá com a ajuda de Melinoe para perseguir os mediadores.

            Concordamos e corremos até lá, pelos Campos de Asfodelos, mas paramos quando ouvimos o barulho de uma explosão. Olhamos para trás e vimos uma parte da Ilha Dos Abençoados em chamas. 

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            — Eles conseguiram. — Nico disse. — A primeira porta já foi destruida. Vamos seguir, pra encontrarmos os deslocadores na ultima porta.

            Corremos e chegamos ao gramado que dava acesso à caverna de Melinoe. Tudo estava muito silencioso. Quieto demais.

            — Como vamos derrotar um monstro que não mostra a propria forma? Ele nos aterroriza mostrando pessoas que gostamos, não é? — Calipso perguntou. Ela segurava firmemente a mão de Nico, apesar dele ser mais baixo e mais novo que ela. Mas não parecia se importar.

            — Não se preocupe. — Nico disse. — Ela não pode influenciar Percy. Da ultima vez que a vimos, ela não projetou nenhuma imagem a ele. Talvez isso aconteça de novo. — ela assentiu e um nó se formou em minha garganta.

            “Acha mesmo que nenhuma morte foi culpa sua?", a voz sombria me perguntou, novamente em minha cabeça. Não, eu queria dizer, mas esse pensamento não conseguiu ser sinceramente formado. “Não? Então pense de novo.”

            — FINALMENTE! — ouvi um grito estridente atrás de mim. Era ela. O monstro. — Aguardava anciosamente pela chegada de voces. Achei até que não viriam. Pensei que algum dos meus velhos amigos havia matado e comido vocês. Percy Jackson. Annabeth Chase. Thalia Grace. Grover, o sátiro destemido. Nico di Angelo. Rachel Elizabeth Dare, o oráculo. Luke Castellan. E... — ela parou por um momento. — Ora, ora... Quem diria, a filha de Atlas, irmã das ninfas do entardecer e irmã de Zoë Nightshade. Essa belezinha matou mais semideuses do que Luke possuído! Ah... lá se foram os tempos em que os filhos não eram traidores...

            Calipso ficou branca. Eu sabia que ela havia ficado ao lado doa titãs na Guerra dos Gigantes, mas não sabia que ela sabia manejar uma espada ou faca. Então ela mudou a expressão para raiva e gritou:

            — Eu não sou uma traidora! Esse é o lado certo pra se lutar! Você não vai me enganar! Eu vou arrancar a sua pele fora!

            — Vai? — Melinoe disse em tom de deboche e depois mudou a expressão para fúria. — Eu acho que não. 

            Seus olhos começaram a ficar vermelhos como fogo e ela começou a se transformar. Ela vibrava como se fosse explodir então uma luz intensa nos cegou, atirando-nos no chão.

            Bati a cabeça e quase apaguei.

            Ela estava mais poderosa do que eu me lembrava.

            Fiquei estirado no chão, ofegando e gemendo de dor. Então me levantei, ainda cambaleando, tateando o bolso do meu jeans para achar a Contracorrente. Mas ela não estava lá. Comecei a me desesperar. O que havia de errado? 

            — Percy! Percy! Me ajude, Percy! — Annabeth gritou. — LUKE!

            — MÃE, NÃO! NÃÃÃÃO! — ouvi Nico e Thalia.

            — Bééééé! — Grover balia.

            — Luke! Luke! Pára! Não! — Rachel chorava.

            Eu corri, tentando chegar perto deles. Mas meus pés estavam presos como se a terra estivesse segurando-os. Gritei de raiva.

            Melinoe não estava em lugar nenhum.

            — LUKE! LUKE! — gritei. Ele era o unico que não havia sido tomado pelo monstro. Ele e Calipso não estavam em lugar nenhum. — CALIPSO! 

            — Percy. — Luke sussurrou ao meu lado quase baixo demais para eu ouvir. 

            Ele então caminhou até mim, mas parecia estranho. Parecia estar mancando. Mas fantasmas não mancam, não é mesmo? A névoa que pairava não me deixava ver o que havia de errado com ele. Só quando chegou mais perto que eu pude ver o que havia de errado: ele estava humano novamente. Mas não com o corpo saudável do Luke que um dia eu conheci, mas sim com o corpo frágil e ensanguentado do dia em que deu uma facada em si proprio para me salvar. O dia em que ele morreu.

            — Percy. — ele sussurrou novamente, caindo no chão aos meus pés. Eu me abaixei e apoiei a sua cabeça em minhas pernas. O sangue não parava de escorrer. — O que está acontecendo? — ele perguntou assustado. Ele começou a tossir como naquele dia e seus olhos ficaram negros e vazios. Morto.

            Quando comecei a me levantar suas mãos cheias de sangue seguraram meus pulsos com força e ele gritou dentro do corpo inanimado:

            — Me salve, Percy. Me ajude.

            — Não, Luke. Me solta. — comecei a gritar, tentando me livrar daquelas garras em meus pulsos. Mas era inútil.

            — VOCÊ ME MATOU! VOCÊ ME MATOU! — ele gritou com o corpo se debatendo como se estivesse tendo uma convulsao.

            — NÃO É VERDADE, NÃO É VERDADE! NÃÃÃO! — eu podia me ouvir gritando, mas as palvras ja tinham começado a se embaralhar em minha mente. O que realmente estava acontecendo? 

            E então, em um clarão de lucidez, eu vi Calipso correndo até mim. Ela deu um impulso e sacou uma faca da mochila. O corpo agarrado em mim deu um grito de surpresa a caiu inerte no chão, com uma faca de bronze bem no meio do peito. O corpo então começou a se transformar em um monstro metade branco e metade preto e depois em areia.

            Eu entendi o que estava me deixando com medo: eu me sentia culpado pela morte de Luke. Achava que deveria ter sido eu.

            — Vamos. — Calipso disse. — Termos uma porta para destruir.

            Ela seguiu em frente indo em direção aos outros sem olhar pra trás.

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            Nós encontramos a caverna. Nenhum de nós falou sobre o que havia acontecido com Melinoe. Aquilo era muito perturbador.

            — Acho que você devia usar seus poderes para invocar um pequeno terremoto. — Annabeth disse. Ela segurava a minha mão.

            Assenti e pedi a eles que ficassem distantes. Eu usei as minhas forças e as pedras que sustentavam o lugar começaram a tremer. Logo, a caverna desmorou e explodiu, fazendo com que nós fossemos atirados pelos ares.

            — Argh! — Rachel disse, se levantando. — Conseguiu. Você conseguiu, Percy.

            Antes que pudessemos comemorar, um espectro de luz apareceu em nossa frente.

            — Lee! — Annabeth gritou sorrindo.

            Mas ele não sorriu de volta. Estava com uma expressão séria em seus olhos.

            — Qual é o problema? — Nico perguntou.

            Lee tensionou os musculos e disse:

            — Algo aconteceu com os mediadores. Eles explodiram a casa e agora estão caidos no chão. Não consegui acordá-los. Acho que os espíritos deles estão no Salão De Julgamentos. Se forem julgados, ficarão presos no Mundo Infeiror pra sempre. Mortos.

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