∆ Suzannah Simon – Encontro com Jesse. Fantasma “ajudante”.

Já faz quase três meses que Jesse virou humano. As coisas agora estão perfeitas. Ontem ele me chamou para jantar, estou o dia inteiro me arrumando pra mi hermoso. O Brad fica passando na frente do meu quarto e rindo da minha cara de, como ele diz, apaixonada.

– Brad, já falei pra você calar a boca! Caramba, como você é chato! – gritei, batendo a porta do quarto na cara dele.

– Pelo menos não sou eu quem fica babando quando o Jesse aparece aqui!

– É, pelo menos eu tenho pra quem babar. Ao contrário de você que fica com as suas cachorrinhas lá no Ponto. – quando terminei de dizer isso, ele fechou a cara e foi para a “toca monstruosa e obscura” que ele chama de quarto. É incrível como viver quase um ano com a pessoa mais irritante do mundo pode mudar a sua vida.

Ouvi um batido na minha porta. Era Jesse. Podia senti-lo a quilômetros de distância, meu coração dava pulos de alegria quando ele sorria.

– Pode entrar Jesse. – eu disse enquanto colocava meus sapatos.

– Você está linda hermosa. Vamos nós não podemos nos atrasar, as reservas já estão feitas e eu preciso te contar uma coisa séria. – Jesse me beijou calorosamente. Ele estava lindo com seu jeito de sedutor espanhol dos anos 1850.  Pegou minha mão, descemos as escadas e entramos no carro.

Chegamos ao estacionamento do restaurante, ele era incrível. Não muito caro, mas ainda sim, incrível. Jantamos e entramos no carro, já aos beijos.

– Suzannah, sua mãe disse que você podia dormir lá em casa hoje que não teria problema nenhum. – Jesse disse com um sorriso malicioso. Ooooopa, será que era isso que eu estava pensando? Bom, melhor não pensar em mais nada.

– Então era isso que você queria me contar de importante? – perguntei. Ele fez uma expressão estranha que me fez pensar que não.

– Hermosa, você... – ele estava falando quando algo nos interrompeu. Algo brilhante e espectral nos interrompeu. Um fantasma enxerido, que acabou com o nosso clima. Pois é, Suze Simon, tudo que é bom dura pouco!

– Acampamento Meio-Sangue, vocês precisam ir para lá! – ele nos intimou. Ok, mas espera um minuto. Esse fantasma bebeu umas antes de aparecer aqui? Acampamento ooooooo quê?!

Estava pensando nesse “importante assunto de acampamento” quando Jesse saiu do carro e seguiu o fantasma. Suspirei e fiz o mesmo. Quando chegava onde Jesse estava, um BMW prata parou na minha frente. A pessoa abaixou o vidro e disse:

– Brigou com o namorado por causa do fantasminha, é Suze? – Paul estava com aquele sorriso sarcástico no rosto.

– O que você está fazendo aqui, Slater?

– Olha, um fantasma sem-noção veio me procurar e disse para vir pra cá. Por que eu dei ouvidos? Não sei. O assunto parecia sério. E ele estava com uma armadura grega muito estranha e podia me atacar com “uma espada de bronze celestial”. – ele disse rindo da minha cara de descrença.

– Fala sério. Vamos procurar o fantasma e o Jesse. – virei e comecei a andar em direção ao Gasparzinho. Paul suspirou e andou atrás de mim.

– O que ele veio fazer aqui?! – disse Jesse.

– Eu o chamei. Preciso de vocês três trabalhando juntos para não morrerem. – o fantasma disse. Calma ai?! Morrer? Desde quando os fantasmas ajudam os humanos? A ordem natural dos acontecimentos é:

1)                 Fantasmas tentarem nos matar;

2)                 Nós damos um bom chute na bunda deles;

3)                 Mandamos para o lado de lá.

Mas, fantasmas tentando nos ajudar? Isso faz eu me sentir uma fracassada.

– Fala sério! Por que nos iríamos morrer? Somos profissionais na área. – Zoou Paul tentando não rir.

– É sério, seu sem-graça. O único lugar seguro agora que vocês falaram comigo é o Acampamento Meio-Sangue, em New York. Encontrem o acampamento e procurem ajuda.

– Espera, NY? Eu conheço aquele lugar com a palma da minha mão e eu nunca vi “Acampamento Sangue-de-Barata” nenhum! – gritei revoltada. – Além disso, eu ainda nem sei o seu nome. Aliás você não me parece tão estranho...

– É claro que eu não sou estranho. Você me encontrou no Empire State Building quando estava em uma excursão de escola e ainda por cima me zoou quando eu pedi ao segurança a chave para o 600° andar! Sou Luke Castellan.

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– Ah, minha nossa! Eu me lembro de você, você ainda me deve um suco e uma blusa nova! – gritei, Paul e Jesse me olharam de um jeito estranho e eu continuei: – Já que derrubou o suco na minha blusa!

– Ei! Eu pedi desculpas e falei que meu dinheiro não serviria pra você. – o fantasma insistiu. O.k. muito obrigada a quem quer que mande ai em cima, eu só queria ficar com meu namorado e não encontrar um fantasma loiro falando pra eu voltar para NY. Até parece que eu ouviria um fantasma!

– Tudo bem. Qual a maneira mais fácil de me livrar de você, socos na barriga ou chutes na bunda? – perguntei partindo pra cima do fantasma.

– Suzannah! Não faça isso, deixe terminar de falar. – disse Jesse me segurando. Tive a leve impressão de ouvir o Paul falando que poderia dar socos enquanto eu chutava, mas ignorei. Fiz um showzinho tão emocionante que os 3 caíram na risada. Desde quando virei atração de circo?!

– Só estou dizendo que o único local seguro pra vocês nesse momento é lá. É um lugar misterioso, encantador e legal, onde eu morava antes de morrer.

– Encantado?! Aah, que legal! Será que eu vou encontrar a Branca De Neve lá? – assim eu conheceria o Mestre, o Soneca e o Dunga verdadeiros, apesar de tecnicamente tê-los em casa.

– Na verdade, eu nunca encontrei com ela. – Luke estava com uma cara sarcástica. Ele até me lembrava Paul. Que bom, não é? Achei que esse cara morava no “Acampamento Doidos-Varridos”

– E por que nós iríamos para lá? – Aaah... Finalmente Paul fez uma pergunta decente!

– Eu já disse, é perigoso pra vocês ficarem aqui.

– Querido, caso você não saiba, eu não tenho mais 5 anos de idade. Sei me virar muito bem e, além isso, tenho o Padre D. – Luke fez uma cara estranha ao ouvir o nome do padre e eu resolvi sua dúvida. – Ele é o nosso “mestre”. – fazendo aspas na palavra mestre.

– Não me falaram sobre um mentor.

– Então sua fonte de informações não é lá das mais confiáveis. – ironizou Jesse.

– Os monstros só estão atrás de mediadores novos. Os mais poderosos. Os mais fortes. Eles querem os jovens para alcançar o poder para derrotá-los. – então estava tudo explicado, menos uma coisa.

– Que tipo de monstros são esses de que você tanto fala? Derrotar quem? – perguntei ficando com calor. Essa historia me cansou então resolvi tirar a jaqueta de couro.

– São como o min... – Luke parou de falar e olhou para mim com olhos arregalados. Paul e Jesse fizeram a mesma coisa. Só então eu me toquei: estava com uma blusa cheia de rendas e quase transparente com um sutiã preto de renda que era perceptível ao olhar para meu pescoço.

Jesse me cobriu com sua camisa xadrez e disse:

– Ela é minha, idiotas. – e então começaram a discutir como meninos de 9 anos quando brigam pelo controle da TV. Então Luke começou a estremecer.

– Luke, o que está acontecendo? – perguntou Paul.

– Meus superiores estão me chamando preciso voltar. Lembrem-se Acampamento Meio-Sangue, NY. Vão para lá o mais rápido possível e não deixem se enganar pela Névoa. – e então, do mesmo modo que surgiu, ele desapareceu. Do nada.

– É, parece que temos uma viagem a fazer.

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