Vida De Monstro - Livro Um - O Começo escrita por Mateus Kamui


Capítulo 4
IV - Michael




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IV – Michael

Eu andei furioso para fora da floresta, ninguém nunca tinha conseguido parar meus tiros, eu era um atirador de elite com uma precisão de 100%, eu posso não acertar o ponto que quero, mas eu sempre acerto o alvo, mas aquele demônio maldito, já era a segunda vez que ele parava os meus tiros, segunda vez:

-Michael me espera – falou Amy colocando a mão no meu ombro

-Não me toque – falei tirando as mãos dela do meu ombro – alguém como você que apóia os monstros não tem o direito de me tocar

-Apoiar os monstros? Como assim apoiar?

-Você fica só defendendo aquele monstro de fogo maldito

-Demônio – Amy me corrigiu, ate ela

-Não importa! – gritei enfurecido e Amy me olhou triste – desculpe, não é com você que eu estou com raiva – realmente não era ela, era aquele monstro, somente ele

-É com o William – eu não falei, não precisava, minha expressão dizia tudo – por que essa raiva tão grande dos monstros? E por que essa tão maior pelo William?

-Por que você esta apaixonada por ele!? – gritei sem pensar e Amy me deu um soco no braço e saiu furiosa – desculpe, Amy me desculpa! – falei indo atrás dela, mas ela conseguiu entrar no dormitório feminino antes de chegar ate ela

Eu então andei ate o dormitório masculino dos humanos, alguns garotos jogavam nos seus quartos e outros contavam historias sobre suas festas e o quanto ficavam bêbados e pegavam garotas, imbecis na minha opinião.

Eu entrei no meu quarto, somente eu o utilizava pelo fato de ser um dos fiscais, era melhor assim, eu podia treinar em paz, fui ate meu guarda roupa e tirei um boneco de lá de dentro, um boneco de treino feito por dentro de feno e por fora tinha uma armadura de aço, sua armadura estava cheia de deformações pelos meus tiros perfeitos e precisos, sem nenhuma única falha, ate aquele monstro maldito aparecer e estragar meu recorde perfeito.

Eu não podia errar, ou pelo menos não deixar ninguém vivo para contar a historia, nesse caso o monstro que a defendeu, eu tinha que ser perfeito, se eu falhasse, eu não queria nem me lembrar do que aconteceu da ultima vez, por minha culpa, pelo meu erro, pela minha falta de habilidade e mira eles morreram na minha frente e eu fiquei lá, estático fitando o corpo deles ensangüentados e então aquilo aconteceu, eu falava aquilo, mas não me lembrava muito bem o que aconteceu naquela noite a anos atrás, e no fundo, mesmo sem querer, eu não queria lembrar.

Então peguei meus dois bebês, minhas pistolas gêmeas Ébano e Marfim, sei que é parecido com as armas do jogo Devil May Cry, mas o que eu podia fazer, eu me identificava com o Dante do jogo de algum jeito, eu coloquei um par de silenciadores especiais em cada um dos meus bebês e comecei o treino de tiro, sem os silenciadores os outros podiam acordar e não seria nada legal se eles acordassem e soubessem dos meus treinos.

Um dia pensei que minhas armas pudessem matar qualquer coisa como o velho, que hoje chamava de pai, havia me contado, mas no fim era somente mais um par de armas de fogo qualquer, e do que adiantava ter uma arma capaz de matar qualquer coisa se você não acertava o tiro.

O treino havia sido longo e demorado e em troca meu boneco de treino havia virado um amontoado de buracos, parecia que precisaria de um novo, então sai do dormitório rumo a sala do diretor, já estava de noite quando sai do dormitório rumo a sala do diretor vi de longe alguém sentado no telhado, Amy, ela sempre se sentava no telhado e olhava para o céu quando ficava triste, eu sabia que tinha ferido os sentimentos dela, mas era uma verdade mais que obvia que ela estava gostando daquele monstro, e isso só reforçava o fato de eu ter que matá-lo, não ia deixar minha irmã de criação, e ainda por cima caçadora, namorar um monstro.

Eu ia subir em direção ao telhado para conversar com ela, mas mesmo sendo um dos fiscais do colégio eu não podia invadir o dormitório feminino tanto humano quanto de monstro então segui meu rumo a sala do diretor.

Uma viagem que se mostrou inútil, o velho já havia saído a pouco tempo e quando ele sai do colégio ninguém sabe aonde ele vai parar ate que pela manha ele reaparece na sua sala sem nem ser notado, era como se ele usasse magia, mas ele não podia, humanos eram proibidos de usar magia a não ser por raras exceções, ou então o velho era um monstro, eu nunca me perguntei se ele era realmente humano então a duvida ficou martelando a minha cabeça.

Sai do colégio e fiz minha ronda noturna sozinho, mas não encontrei nenhum monstro ou humano fujão então subi em uma arvore facilmente e me deitei em um dos seus maiores, mas resistentes, galhos. Passei longos minutos fitando o céu obscuro, somente algumas poucas estrelas brilhavam no céu e um fino filete de lua iluminava a obscura noite, para mim aquele era o melhor tipo de noite, sombria e fria e sem perceber acabei dormindo, meu maior erro.

Aquele havia ganhado o titulo de sonho mais louco da minha vida, eu estava em um campo rodeado de corpos de monstro, vampiros e lobisomens para ser especifico, eu olhei para o topo da colina que havia no local, a lua cheia inundava tudo com seu brilho mortal e sinistro enquanto um vampiro e um lobisomem se enfrentavam no topo da colina, eu ia puxar minhas armas para parar o combate ou quem sabe matar um dos dois, mas então um ser surgiu, um monstro enorme coberto de sombras, com um par de asas de morcegos brotando de suas costas, pelagem negra e densa, garras e presas enormes e alem disso seus olhos vermelhos fitavam os dois combatentes, eu ia atirar no monstro quando ele sorriu e avançou na direção do outros dois monstros e então eu acordei.

Eu me levantei da arvore e cai no chão com um único e preciso salto e depois de um rolamento executado com perfeição evitei qualquer ferimento, fitei o horizonte e vi que o sol nascia aos poucos, eu havia passado a noite inteira ali, mas pelo menos não havia ocorrido nenhum ataque então minha posição de fiscal não estava avariada.

Eu voltei ao dormitório, alguns poucos caras já haviam acordado, eu fui ate meu quarto peguei minha bolsa com os materiais escolares e fui rumo a sala do diretor ver se ele a havia chegado e não me surpreendeu o fato dele já estar lá sentado na sua cadeira de sempre tomando um copo de whisky enquanto fitava o pátio do colégio pela sua janela:

-Ola Michael – falou o diretor sem nem se virar para me olhar

-Ola diretor – responde

-O que você quebrou dessa vez?

-Somente meu boneco de treino senhor

-Então? – ele perguntou sabendo que não fui ate ele só para falar aquilo

-Eu gostaria de saber se o senhor me conseguiria outro senhor?

-A sim claro, ele já deve estar no seu quarto nesse minuto

Fitei as costas do diretor, não era possível ele ter conseguido um boneco de um segundo para o outro e tê-lo mandado para o meu quarto:

-Então se era só isso – falou o diretor

-Só isso diretor

-Michael – ele falou virando sua cadeira para mim e eu fitei o diretor

Ele não era nem de longe o que você pudesse considerar ameaçador, um homem de no máximo um metro e meio, vestindo um terno caqui e uma calça e um sapato combinando, ele era careca, gordo e com uma barba enorme e branca, ele realmente não era o que você chamava de ameaçador ou poderoso, mas a aparência era apenas um disfarce para esconder o poderoso e genial homem que era o temido Johann Faust, poucos eram os que sabiam, mas o diretor era um demônio de altíssima classe, um rank S, boatos falam de um SS, mas a dois milênios atrás quando cristo veio a terra, o diretor o conheceu e se tornaram muito amigos então o diretor veio para a terra para tentar auxiliar o profeta com sua missão de unir humanos e demônios, então ele havia conseguido criar a academia que hoje é muito badalada tanto entre humanos quanto entre os monstros simpatizantes da união das raças.

Agora ele era apenas um velho gordo que dirigia a escola, mas mesmo assim ele ainda podia derrotar qualquer caçador e monstro no mundo, dizem que apenas o meu pai adotivo e os outros dois grandes caçadores poderiam peitá-lo de frente, e entre os monstros apenas os lordes infernais e os lideres de raças poderiam enfrentá-lo:

-Meu jovem caçador – ele continuou a falar – como vão os seus sonhos?

Eu sabia que o diretor podia ler mentes e coisas do tipo, mas mesmo assim não havia como ele saber do meu estranho sonho:

-Comuns diretor – se é que posso chamar aquilo de comum, mas a resposta pareceu não agradar o diretor, mas mesmo assim ele ignorou

-Ótimo então, pode ir meu jovem

-Certo diretor

Eu iria direto para a aula, mas antes passei no meu quarto para confirmar se meu boneco de treino estava lá ou não, perguntei a vários garotos se alguém havia entrado no dormitório e todos diziam que não e quando entrei no meu quarto lá estava o boneco, um pouco maior e cheio do que o antigo, o velho realmente era bom com magia, como esperado de um monstro, o único monstro que eu respeitava, o único.

Eu abri minhas cortinas e olhei na direção da sala do diretor e vi sua figura velha e gorda me fitando de lá então fechei as cortinas e quando olhei para o boneco uma quarta repousava sobre a sua cabeça, ela era bem especifica, “se me esconder mais alguma coisa alem do seu sonho eu acabo com sua raça ou pior, assinado diretor Faust”, eu não sabia o que era pior do que ser morto, mas vindo do diretor eu acreditava qualquer coisa.

Andei ate a sala de aula, joguei minhas coisas em uma carteira qualquer e dormi em cima da carteira, ninguém ousaria me acordar, todos ali tinham medo de mim então eu poderia dormir em paz e foi desse jeito ate que o idiota do diretor me acordou com um golpe na cabeça, ele era alto com os cabelos dourados, ele não era nem loiro era dourado mesmo, seu cabelo parecia ouro em fios, ele tinha olhos cinzas cobertos por um óculos em estilo nerd e uma pele tão pálida que parecia morto, ele também tinha um físico bem forte, ombros largos, braços fortes e outras coisas do tipo, realmente não parecia um professor usual:

-Senhor Winchester – falou o professor com uma voz calma e compassada que me dava mais vontade de dormir – poderia ao menos fingir que esta interessado na matéria e pelo menos não dormir, não me importo se escutar musica ou qualquer outra coisa se for silencioso e discreto

Eu não podia acreditar nos meus ouvidos, aquele tipo de professor realmente existia? Alguém que tava pouco se fudendo para os alunos e só queria dar aula e ganhar seu dinheiro no fim do mês, pra mim ele só era aqueles professores de historias infanto-juvenis e filmes:

-O senhor poderia repetir acho que ano entendi direito – falei ainda sem acreditar nos meus ouvidos

-Eu sei que o senhor entendeu senhor Winchester – o professor com aquela mesma voz de antes – agora, por favor, simplesmente ignore de uma maneira sorrateira e discreta, e se não quiser ler ou escutar musica pegue o caderno e cubra o rosto  

Eu ainda não podia acreditar nos meus ouvidos, mas mesmo assim peguei um livro e cobri meu rosto dormindo facilmente e dessa vez não tive um sonho estranho como da noite passada e o professor realmente tinha me ignorado totalmente, mas minha sorte não durou muito, o toque para a mudança de professor soou mais rápido do que o esperado, e o próximo professor não era tão legal quanto esse daí, nenhum professor era tão legal assim.

A aula foi horrível e o professor não me deixou dormir em paz, e a aula só faltava não acabar, por que aulas boas eram rápidas e aulas ruins demoravam tanto eim?

E quando já ia me matar soou o toque para o intervalo, eu saí da sala às pressas não agüentando mais ficar ali e fui à direção da minha arvore de sempre onde eu me deitava quando estava com tédio e dormia.

O sono foi bom e sem sonhos estranhos, mas alguém tinha que acabar com meu clima de paz e sossego batendo na minha cabeça, Amy:

-O que foi agora? – falei

-Ta na hora da aula, todos já foram para suas respectivas salas faltam apenas os fiscais, ou seja, eu e você

-Que saco – falei me levantando lentamente – ta de bem comigo de novo?

-Não – ela falou com uma cara de raiva – mas não adianta ficar com raiva para sempre não é?

-Ótimo, não gostaria de deixar a única irmã que eu tenho no mundo com raiva

-O mano – falou ela pulando em cima de mim

-E outra, só tem graça encher teu saco se você tiver alegre, se já tiver puta de raiva não vai ter graça alguma

Ela olhou pra mim e me acertou um soco direto na minha cabeça de novo, eu não entendia esse vicio de acertar coisas e golpes na minha cabeça:

-Ei – falei enquanto entravamos no colégio – você conhece um professor?

-Qual né?

-Um loiro, olhos cinzas – eu queria saber quem era o único professor daquele lugar que não me enchia o saco

-Só tem um professor com essa descrição, é o professor Klaus Stock de historia mundial, ele é dito como um dos melhores professores do país nesse assunto

-Sério? – alguém que tava pouco se lixando para os alunos não me parecia ser um dos melhores professores do país

Amy foi para a sala dela e eu rumo a minha e como antes as aulas foram um saco de tão irritantes, eu ate teria me matado de tanto tédio, mas eu não podia morrer, não ate completar a minha vingança.

Deu o toque para o fim das aulas e eu fui em direção do dormitório preparar as coisas para o turno da noite, peguei meus bebês e alguns cartuchos extras e saí do dormitório, o sol estava se pondo lentamente e já que estava cedo demais para as rondas eu resolvi me deitar embaixo da minha arvore de sempre.

Eu estava dormindo calmamente quando algo acerta na minha cabeça, sempre na cabeça, eu me levanto com um pulo e procuro quem tinha feito aquilo, mas não havia ninguém ali, todas as redondezas do colégio estavam escuras tirando as poucas luzes de alguns quartos que iluminavam as redondezas dos dormitórios, eu olhei para o céu, ele estava totalmente escuro, sem estrelas nem nada e a lua acabava de entrar na sua fase nova.

Eu andei a procura de quem tinha me acertado aquilo e então eu vi um ser em cima do dormitório masculino dos monstros, ele pulou lá de cima na minha direção e eu puxei meus bebês e atirei nele, seis tiros certeiros no peito usando balas comuns, se ele tivesse alguma fraqueza especial ao menos estaria atordoado com os tiros.

Eu me aproximei dele, as balas estavam do lado do corpo dele como se sua pele tivesse repelido todas elas então coloquei nos meus bebês balas de prata e vi o corpo, era um homem, devia ter uns vinte anos, cabelos ruivos e não podia ver seus olhos ate que ele se levantou do chão com um pulo e caiu na mesma posição que um lobo fazia quando estava com raiva e então me mostrou seus sinistros olhos vermelhos:

-Winchester? – ele perguntou com uma voz que mais parecia um uivo

-Sim sou eu

-É um prazer conhecê-lo, eu sou seu carrasco – falou o homem me mostrando seu maligno sorriso

Ele avançou na minha direção com uma sequencia veloz de golpes, eu me esquivei com dificuldade e tomei dois leves arranhões, um no braço esquerdo e outro na barriga, mas nada mortal, eu aproveitei sua quebra de ritmo e comecei minha onda de tiros, ele era veloz e se esquivou dos meus tiros tomando apenas leves arranhões nos braços e pernas e um na cara:

-Muito bom garoto – falou o homem – poucos foram os caçadores que conseguiram me acertar um tiro, pelo menos de raspão claro

-O que você é? – perguntei, sabia que ele era imune a prata, mas haviam alguns monstros que eram imunes a prata eu só tinha que saber qual

-Por que não tenta adivinhar?

Ele avançou novamente na minha direção, mas eu o repeli com dois tiros que acertaram de raspão as coxas do homem já que ele se esquivou com um reflexo quase animal.

A única certeza que eu tinha ali naquela luta era que meu adversário era mais veloz do que e se lutássemos corpo a corpo eu perderia, alem disso sabia que era imune a prata e provavelmente não era um lobisomem, nenhum lobisomem atacaria em plena lua nova já que seus poderes estavam selados, eles não podiam ser super fortes ou super velozes e sua regeneração ficava mais lenta, eles eram praticamente humanos sem a lua cheia:

-Ei moleque – falou o homem – que tal uma dica?

O homem sorriu e tirou do seu bolso um anel com uma pedra nele, mas a pedra estava coberta com um pano, ele colocou o anel no dedo e tirou lentamente o pano revelando uma pedra branca meio desgastada e aos poucos, como se por mágica, o homem começou a aumentar de tamanho, seus músculos ficaram tão grandes que rasgou sua blusa e pelos começaram a se espalhar pelo seu corpo e em segundos ele virou um monstro de mais de dois metros todo coberto de pelos castanhos e com olhos totalmente vermelhos alem de garras e dentes enormes, um lobisomem em plena lua nova.


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