Vida De Monstro - Livro Um - O Começo escrita por Mateus Kamui


Capítulo 2
II - Amy




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Amy

Aquele havia sido um dia bem cansativo, eu tinha acordado bem cedo, o sol nem tinha nascido ainda, para cuidar de fiscalizar a academia que recomeçaria as aulas hoje, seria meu primeiro ano na academia e eu seria um dos fiscais junto do meu irmão por sermos dois Winchester, meu irmão Michael não é bem meu irmão, ele era adotado, um dia quando eu tinha sete anos meu pai tinha aparecido em casa com ele nos braços e desde então ele tem vivido conosco, ele só era um ano mais velho do que eu, mas me tratava como se eu fosse um bebê.

Eu me acordei e fui para o banheiro, tomei um bem demorado e gostoso banho, fui em direção do espelho e fiquei me fitando, peguei minha escova e passei longos minutos escovando meu cabelo, depois disso me vesti com o uniforme padrão do colégio, uma calça a sua escolha, a blusa do colégio e pronto, não passei maquiagem nenhuma, não gostava de usar diferente das outras garotas, minha única vaidade era com meu cabelo e com relação a perfumes, eu coloquei meu melhor perfume naquele dia, algo me dizia que seria um bom dia para usá-lo, então desci e fui tomar um café rápido, meu pai estava na cozinha fazendo meu café:

-Ola querida – ele falou me mandando um beijo, ele era um homem na casa dos quarenta, com o cabelo cinzento e olhos cinza, ele vestia uma blusa escrito melhor pai do mundo e usava um avental que mostrava uma dona de casa fritando alguma coisa, ele usava aquele típico chapéu de chef de cozinha e usava pantufas nos pés, é serio qual é o problema com meu pai eim?

-Oi pai – falei me sentando e comendo a comida dele que querendo assumir ou não era a melhor do mundo

-Você vai para o colégio cedo hoje não é?

-Aham, e você por acaso não vai não é?

-Tenho algumas coisas a fazer, o vice diretor também tem suas ocupações – ele falou abrindo um sorriso malicioso

Meu pai era um pai solteiro e coruja, minha mãe o tinha largado comigo e ele me criou desde bebê sozinho sem ajuda de nada nem ninguém com exceção do diretor da academia que o ajudava com alguns problemas financeiros, na verdade ele não me “criou”, ele deu essas funções para o Super Nintendo que tinha em casa e sua gigantesca coleção de quadrinhos e livros, e sempre que não conseguia me controlar só com isso em levava para caçar, ele também era retardado e bom de cozinha, mas por trás dessa imagem ele escondia um dos três melhores caçadores do mundo atualmente sendo também o líder da família Winchester:

-O Michael já acordou? – perguntei

-Você sabe como é seu irmão, ele provavelmente ainda esta na cama

Eu terminei o café e fui acordar Michael, ele dormia sem camisa hoje, droga porque ele tinha que fazer isso eu não gostava de ver garotos sem camisa, uma pequena queda platônica por caras musculosos, por sorte meu irmão não era um desses, ele era meu musculoso, mas também meio esquelético então não precisava me preocupar com a possibilidade de cair de amores pelo meu irmão de criação.

Eu peguei a almofada dele e joguei na cara dele, Michael acordou de uma vez caindo no chão, ele coçou a cabeça meio sonolento e meio dolorido:

-Não precisava ter feito isso – ele coçou um pouco mais a cabeça e eu vi sua marca de nascença, uma mancha negra que cobria quase toda a mão esquerda dele, ninguém sabia explicar como ele ganhara a marca então eu e meu pai supomos que fosse uma marca de nascença, a mais sombria marca de nascença que alguém poderia ter

Ele entrou no banheiro se rastejando e escorando na parede e eu saí do quarto dele, eu saí na frente rumo à academia, eu morava a dois quarteirões da academia então simplificava muito a minha vida.

Eu cheguei à academia cedo e ajudei o diretor e os professores a arrumar as coisas, aos poucos os alunos foram chegando, só humanos no começo, mas então começaram a aparecer os monstros, nenhum de alto rank ate que apareceu o primeiro rank B e nos tivemos que tomar uma atitude antes que pudesse acontecer algo alarmante, eu ainda não podia enfrentar um rank B de igual para igual então se ele arranjasse confusão não poderíamos pará-lo.

Eu então comecei a levar os monstros de rank B pra cima para o galpão previamente, o dia estava calmo, sem confusões nem nada do gênero ate que um dos novatos humanos chegou ate mim falando sobre um bando de valentões que tentaram pegar seu dinheiro, eu já sabia quem podia fazer isso então fui logo resolver isso.

Eu vi de longe Boom e seus amigos importunando alguém, um cara usando uma jaqueta que eu particularmente adorei, ele usava um cordão, um boné preto com uma caveira, uma jeans rasgada com uma corrente e cinto caído, um par de botas daqueles militares e a jaqueta preta, eu ainda não via seu rosto, Boom ficava na frente e o boné não ajudava em nada alem de realçar o visual de bad boy roqueiro dele, mais uma das minhas quedas platônicas, garotos roqueiros, devia ser porque eu também gostava de rock e graças a isso mesmo sem ver eu já estava gostando do cara, ele soltava uma aura sinistra que fechava o visual sinistro.

Eu me aproximei lentamente de Boom, ele já ia bater no meu futuro marido quando eu falei:

-Nem pense nisso Boom – ele se virou lentamente e me olhou com uma cara de medo, que merda esse Boom era

Eu só vi ele se desculpando e correndo com o rabo entre as pernas junto do resto da sua gangue, eu controlei o máximo que pude um sorriso e me foquei no garoto novato, e meu deus valeu apena o foco.

Ele era de longe a pessoa mais linda que já tinha visto, seu rosto parecia o de um deus grego, não deus romano, sua feições me lembravam as esculturas dos imperadores romanos, serio, frio e lindo, minha vontade foi de gritar “aqui esta sua Cleópatra meu Marco Antonio!”, mas me controlei, seu ouvido parecia o de um lobo com aquela ponta que não minha opinião só o deixava mais bonito, sua pele era pálida como se já tivesse morrido a anos, seus cabelos eram negros, mas não tanto quanto seus olhos, aqueles dois olhos eram duas esferas negras como a noite, não, nenhuma noite era tão escura assim, e ainda por cima não deixavam passar nada sobre ele, apenas um vazio escuro como um profundo buraco sem fim:

-Ola eu sou Amy e você seria? – eu me apresentei sem pensar duas vezes, o futuro pai dos meus filhos tinha que saber meu nome

-William – ele disse com uma voz fria e direta

-Você deve ser um dos novatos não é? – eu nunca o havia visto antes então pensei isso, eu me lembraria de ver alguém como ele – desculpe-me pelo Boom, ele sempre tenta importunar os novatos, espero que não tenha feito nada demais

-Que nada, um humano jamais faria nada contra mim

Eu senti uma falta de ar repentina, aquilo significava que ele não era humano, pelo menos eu deduzi isso com meus instintos e raciocínio rápido de caçadora, o meu futuro marido era um monstro, realmente eu tenho que rever meus conceitos sobre garotos:

-Entendo então você é um dos monstros da academia

-Você sabe o que eu sou, mas agora me pergunto quem é realmente você? – nada como um bom mistério para apimentar a relação, uma relação que nos nunca teríamos, ele era um monstro e eu uma humana, uma caçadora

-Eu sou uma dos fiscais da academia, membro do comitê de boas vindas e caçadora me treinamento, qual a sua raça e rank?

Ele pareceu meio triste ao ouvir aquilo, também meu marido monstro saber que eu era uma caçadora deveria deixá-lo abalado, mas era melhor ele saber agora do que depois de nos casarmos:

-Eu sou William Maquiavel, terceiro filho do lorde Byron, o senhor da grande casa dos demônios elementares de fogo e graças a isso eu sou um demônio Elemental de rank S

Meu mundo caiu, meu amado alem de um monstro era membro da elite dos monstros, um rank S e filho de um lorde infernal, já era, minhas chances foram de zero para nenhuma:

-Entendo então um rank S esta aqui – eu não podia perder a pose logo agora – é bom que você me siga para dentro

Eu o empurrei pelas costas, suas largas e fortes costas que exalavam um calor sobrenatural pela jaqueta, todo seu corpo exalava um leve calor e eu podia sentir seu corpo quente por debaixo da jaqueta como se ele estivesse com uma leve febre eterna, como esperado de um demônio de fogo.

Eu o levei para dentro do galpão e o coloquei no canto o advertindo:

-Fique aqui por enquanto e não saia por nada entendeu? – ele simplesmente me olhou concordando então eu saí

E fechei a porta do galpão e despenquei sobre meus próprios joelhos no chão, meu rosto corou fortemente, eu havia segurado minha vontade a conversa toda e já estava pronta para pular em cima dele e agarrá-lo ate esmagá-lo como quero fazer toda vez que vejo um bebê ou um animalzinho fofo, mas algo me impedia, não era só eu mesma, mas algo mais profundo, algo do próprio William, era como se ele fizesse uma barreira tão forte sobre seu coração que soltasse uma aura que distanciasse todos, ate mesmo aqueles que querem ser seus amigos desistiam quando chegavam perto dele só pela aura que ele soltava.

Eu não conseguia entender, eu sentia algo mais profundo que uma simples paixonite momentânea como sentia quando encontrava algum garoto que tivesse todas as minhas expectativas, mas eu sentia por ele algo mais, mais do que um simples amor momentâneo e estúpido, quando eu fitei aqueles olhos eu senti algo muito mais ancestral despertar em mim, uma necessidade não só física, mas espiritual de tê-lo para mim, como se eu precisasse dele para ser completa como nunca fui à minha curta vida, mas eu balancei a cabeça apagando essa idéia e fui falar com o diretor sobre o novato rank S.

Eu entrei no colégio e subi as escadas rumo à sala do diretor no ultimo andar, eu abri a porta lentamente, o diretor estava sentado na sua cadeira reclinável de sempre, fitando pela sua enorme janela de vidro os alunos lá embaixo andando de um lado para o outro e conversando entre si, nenhum monstro conversava com nenhum humano, eles não queriam se misturar:

-Ele chegou não chegou? – falou o diretor se virando para mim

-Você quer dizer o rank S que vinha pra cá e você não nos avisou

-Eu avisei seu pai que ele viria, não precisa se preocupar, se ele ou algum rank A sair do nosso controle seu pai terá uma conversa com ele

-Se você me diz eu me sinto mais aliviada – me sentei de uma vez em uma das cadeiras da diretoria

-Mas então o que achou dele?

-Poderoso – falei o fitando, “você entendeu o que quis dizer” falou a voz do diretor na minha mente

-Eu já disse nada de segredos entre nós ou eu entrarei na sua mente

-O que queria que eu dissesse?

-Não sei, que tal como ele é?

-Alguns centímetros mais alto que eu, anda todo de preto se não fosse pela blusa do colégio, tem um par de olhos bem sombrios – e lindos – nada demais

-Se você diz, a ultima vez que o vi ele ainda não tinha nem trinta anos, era uma criancinha, provavelmente não se lembrar de mim

-Trinta anos? – perguntei estupefaça, ele não aparentava ter mais de quinze

-Os monstros, na sua maioria, têm um tempo de envelhecimento diferente do nosso, principalmente os demônios de alto nível como ele, ele deve estar com uns trezentos anos hoje em dia

-Trezentos? – só isso, eu já vi mais velhos e outra eu amo caras mais velhos –espere ai, quantos anos você tem?

-Depois dos dois mil você não perde mais seu tempo contando

-Dois mil?

-Agora que tal sairmos, logo os outros alunos vão começar a entrar no galpão e seu irmão esta cuidando dos monstros sozinho

Eu desci acompanhado do diretor, mas na entrada nós nos separamos, ele foi atrás dos professores e eu fui guiar novos monstro de rank B e A que tinham aparecido, um grupo de vampiros andavam em direção a um grupo de humanos desavisados, nada de almoço na minha ronda:

-Ei vocês – falei para os vampiros, eles me olharam com raiva, mas entenderam quem eu era e saíram aos poucos enquanto eu os guiava em direção ao galpão

Quando entrei vi William no canto escutando musica e olhando no seu Ipod, desde quando monstros tinham Ipod eu não sei, mas não me importei e sai novamente e só retornei ao galpão quando o diretor e os professores entraram também, meu irmão estava do lado do diretor quando nos encontramos, ele usava uma luva para cobrir sua marca de nascença e seu rosto ainda estava um pouco sonolento quando entramos no galpão.

O diretor falou algumas coisas e depois foi a minha vez de falar, tentei fazer o meu melhor, que era realmente difícil quando centenas de humanos e monstros te fitam esperando mais do que a perfeição e com William me fitando de longe era ainda mais difícil, mas no fim consegui falar alguma coisa.

Depois os alunos começaram a sair e o professor falou algo para os alunos monstros, algo relacionado ao fato de nos podermos matá-los caso eles desobedeçam às regras e eu juro que vi Michael sorrindo, ele sempre adorou sangue, mutilação e coisas do gênero, eu acho ate que ele é sado-masoquista porque às vezes eu já via cortes e marcas roxas pelo corpo dele, mas acima disso tudo ele amava matar monstros, sempre que papai nos levava para caçar ele matava o máximo possível, ele tinha um ódio que eu não entendia com relação aos monstros.

Eu saí e fui na direção do dormitório das garotas, haviam dois grandes dormitórios na academia, o dos humanos e dos monstros e eles eram divididos em sub dormitórios, um para as garotas e outro para os garotos, eu cuidaria da parte das mulheres e o Michael cuidaria dos homens, eu fui para o meu quarto que era o ultimo do dormitório, ele não era muito grande, tinha um beliche, mas eu, por sorte e por ser um fiscal, não repartiria o quarto com ninguém, também tinha um armário, um banheiro e uma mesa para os estudos.

Eu peguei meu notebook e coloquei sobre a mesa, coloquei na internet e baixei minhas series favoritas, the vampire diaries, dr. House, terra nova, supernatural, the big bang theory, the secret circle e pretty little liers, eu coloquei os episódios da semana para baixarem e fui tomar um banho, passei bastante tempo no banho e quando sai só me enxuguei e coloquei um sutiã e uma calcinha e fui ver os episódios, mas antes abri as cortinas do quarto, quando vi só havia uma parede e uma janela fechada do outro lado, aquele lado era o dormitório masculino dos monstros, mas parecia que ninguém havia pegue o único quarto com vista para cá então eu podia andar do jeito que eu queria no meu quarto.

Eu passei a tarde vendo os episódios das series, quando acabei fui ver alguns sites, como o não pode rir e um sábado qualquer, e depois fui ler algumas historias no nyah fanfiction, the Best site of fanfiction, mas por azar nenhuma das historias que eu lia tinha sido atualizada, olhei no relógio que tinha no meu quarto, era por volta das cinco horas então resolvi me arrumar para a festa de hoje à noite, peguei uma roupa da minha mala e a coloquei em cima do beliche e quando ia começar a me trocar eu escutei um barulho, me virei na direção da janela e vi a pior cena que eu podia desejar, William.

Ele me olhava surpreso e só de calça, droga não é só porque você será meu futuro marido que pode me ver me trocando, eu o olhei incrédula e ele fechou a cortina rapidamente, eu não tinha noção de desde quando ele estava me olhando só de sutiã e calcinha, meu deus ele pode ter visto tudo, o que ele devia estar pensando, e pior fazendo me vendo daquele jeito.

Eu senti meu rosto esquentar e minha pulsação acelerar com aquele pensamento então comecei a balançar a cabeça para apagar aquela idéia da minha cabeça, não, meu marido podia ser um monstro, mas não um pervertido, eu corri ate um espelho que tinha na bolsa e me olhei no espelho e estava mais vermelha do que aquelas pimentas mexicanas.

 Eu tentava balançar minha cabeça tentando apagar as idéias da minha cabeça, se eu continuasse a pensar nesse tipo de coisa eu não precisaria usar blush pro resto da minha vida, aos poucos meu rosto foi voltando ao seu tom normal e eu continuei a me trocar, com as cortinas fechadas, vai que ele abria as cortinas dele de novo sem querer pra refrescar o quarto e conseguisse mais do que uma misera brisa.

Quando terminei de me arrumar comecei minha ronda pela academia, eu tinha que fazer rondas contínuas a partir de hoje para impedir algum monstro sabidinho de fazer o que bem entendesse

Antes de sair fui à direção da minha mala e peguei minha arma de lá, uma pistola de modelo colt e uma adaga, peguei trinta balas para a minha pistola, dez de prata, dez tranqüilizantes e dez comuns, carreguei a pistola com dez balas comuns, eu saí do dormitório aos poucos e vi o céu, ele estava escuro, sem estrelas e nuvens, apenas um véu negro no céu como se fosse os olhos de William, meu deus eu tenho que parar de pensar nesse menino, mas com aquele clima frio como o seu coração e jeito e o céu me lembrando seus olhos o que eu podia fazer, eu me virei para o horizonte e vi a lua, ela ainda estava minguante, quase nova, apenas um filete amarelado no céu quase imperceptível, mas graças a isso consegui tirar a imagem do meu futuro marido da cabeça, eu andei pelo corredor central que ficava entre os dormitórios e puxei minha adaga e vi sua lamina, uma adaga de quarenta centímetros de lamina feita de um metal negro, eu tinha medo daquela coisa, ela foi uma das poucas coisas que minha mãe deixou com meu pai alem de mim antes de sumir das nossas vidas, toda vez que via a lamina da adaga eu vinha a minha imagem e ao mesmo tempo não era minha, era como se fosse uma versão minha só que vestida com roupas dos anos oitenta, a garota do reflexo era idêntica a mim, mas ela se vestia com roupas antigas, mas ai eu me lembrei de algo que meu pai me disse quando fiz quinze anos, ele me falou o quanto eu lembrava minha mãe com a idade dela e eu vi lagrimas escorrendo do seu rosto, mas eu sabia que não eram lagrimas de felicidade pelo meu aniversario e sim lagrimas de tristeza e raiva por ele se lembrar da minha mãe que só o tinha causado dor e sofrimento, eu sempre quis me encontrar com minha mãe para lhe dizer poucas e boas, mas nunca tive essa chance, não sei nem se ela esta viva.

Eu não sabia explicar, mas eu me tocava aos poucos que de alguma forma minha mãe tinha colocado o próprio reflexo na adaga, provavelmente foi usando magia, meu pai me disse que ela era boa com as artes mágicas, poucos eram os caçadores que ainda usavam magia nos dias de hoje, eu não sei os detalhes, mas dizem que tem algo a ver com o pacto feito durante as guerras altas:

-O que você esta fazendo? – falou alguém de longe

Eu guardei a adaga bem rápido e me virei sem demonstrar surpresa, era Michael, ele vinha do dormitório dos meninos, ele vestia o uniforme do colégio como eu e portava seus “bebês”, era assim que ele se referia a suas armas, duas pistolas que meu pai deu para ele de presente a alguns anos, uma era uma pistola negra e a outra prateada, ambas eram mágicas, elas podiam matar qualquer coisa que acertassem com qualquer bala igual como meu colt, pelo menos meu pai dizia isso antigamente, mas hoje em dia nos sabemos que poucos eram os monstros que só morriam com um simples tiro, mas mesmo assim as armas ainda eram poderosas e causavam um dano monstruoso em vários tipos de monstros:

-Só esperando meu pontual irmão

-Que seja – falou Michael coçando a cabeça e me seguindo na ronda noturna

Tudo estava bem calmo, eu preferia desse jeito, mas Michael estava se roendo por ação:

-Por que não vai fazer uma ronda sozinho? – falei para ele, eu não agüentava vê-lo daquele jeito

-Certo

Ele correu na direção da floresta próxima da academia, mesmo que ele não achasse nenhum monstro malvado ele daria um jeito de se divertir com suas armas, eu andei ate a parte de trás do colégio para ver se tinha algo estranho acontecendo, mas não tinha nada, as aulas ainda não tinham começado então não tinham armadilhas montadas ainda, mas eu tinha que prevenir, como fiscal, que elas fossem montadas.

Eu analisei melhor o local e quando tive certeza que não tinha nada ai alem de mim eu saí, mas antes que eu pudesse sair uma mão voou na minha direção e me puxou na direção da floresta, a mão forte me jogou de encontro com uma arvore e eu caí no chão.

Quando levantei minha cabeça vi quem tinha feito aquilo, um garoto, devia ter dezessete anos, ele era bem alto, um e noventa, dono de um físico monstruoso, seus dentes pareciam presas de um tubarão principalmente seus caninos que eram absurdamente grandes, e seus olhos brilhavam em um tom esverdeado e ele vestia o uniforme da academia:

-O que é você? – eu tinha certeza que um humano não faria aquilo

-Minha raça não te interessa pirralha, a única coisa que interessa aqui é a sua alma – ele avançou na minha direção e eu rolei para o lado e puxei meu colt apontando na direção da cabeça dele

-Não se mexa ou eu atiro

-Então atire

Eu não pensei duas vezes e atirei, a bala foi direto no meio da testa dele e ele chegou a colocar a cabeça para trás com o impacto do tiro, mas então ele ajeitou a cabeça e sorriu para mim, a bala o tinha acertado, mas ele não tinha morrido, quem sabe algum tipo de metamorfo ou monstro com algum tipo de fraqueza especial:

-Só isso caçadora? Vamos lá já comi caçadores mais fortes

-Calado – eu atirei ate ficar sem balas, mais dois tiros na testa e o resto no lugar onde ficava o coração dele

O monstro sorria enquanto recebia os tiros sem nem se mexer, as balas atravessaram seu coração e seu pulmão e destroçaram seu crânio, mas ele ainda continuava vivo como se nada tivesse acontecido:

-Deixa eu te ensinar algo caçadora já que você não vai viver tempo o suficiente mesmo para usar isso contra mim – ele abriu um sorriso mostrando seus enormes caninos para mim – eu sou um vampiro rank B sua idiota eu jamais morreria só com isso, quem sabe um rank C pra baixo morresse, mas minhas habilidades de regeneração estão em um outro nível principalmente por eu ter recentemente me alimentado, mas não se preocupe não foi de um dos estudantes dessa academia

-Seu monstro – eu falei, eu já era, eu ate sabia me virar contra um rank C, mas um rank B e pior um vampiro, desse jeito ficava difícil

-Sua caçadora – ele falou rindo sarcasticamente – quando eu acabar com você o chefe vai ficar muito feliz

-Quem é o seu chefe?

-Não te interessa pirralha – ele avançou na minha direção sem me dar tempo para carregar meu colt então puxei instintivamente minha adaga

O vampiro recuou ao ver a lamina negra da minha adaga:

-Onde conseguiu isso? – ele falou me encarando

-Foi um presente, por quê? – perguntei e o vampiro tremeu como se reconhecesse a arma, eu nunca a tinha utilizado contra um monstro antes porque sempre caçava com papai e ele não gostava de ter lembranças da mamãe por perto

-Essa coisa, ela não deveria mais existir

O vampiro voltou a investir e por algum motivo eu percebi que o foco dele não era mais me matar e sim destruir a adaga, mas quando ele ia chegar ate mim uma mão voou em direção a cara dele e o jogou para longe, ele bateu em uma arvore que não se partiu por pouco e se levantou com dificuldade, mas não tinha mais nenhum ferimento algum, os buracos de bala tinham regenerado e agora o único ferimento dele era um corte no lábio causado pelo soco, o vampiro mostrou suas presas na direção de quem tinha me salvado, William.

William estava vestido com uma blusa preta e a mesma calça de antes lá no problema da janela, ele vestia suas botas militares também e seu cordão, a blusa era meio apertada deixando o peitoral bem definido sob a blusa e a manga era curta mostrando os bíceps dele e alem disso seus olhos estavam com uma mistura de raiva e indignação que eu não entendi direito:

-Pra quem você trabalha vampiro? – falou William com uma voz ainda mais grossa e sinistra que sua antiga

-Não te interessa demônio, mas não se preocupe quando eu acabar com ela você será o próximo

-Não seja tolo, um rank B como você nem mesmo me tocaria em uma luta a não ser quando eu te bato como eu fiz agora a pouco

-Ora seu demônio de quinta

O vampiro avançou na direção de William, mas ele manteve a postura e simplesmente esperou o inimigo chegar ao seu raio de ação e quando o vampiro chegou William mandou um gancho tão forte que fez o vampiro subir dois metros do chão e cair a alguns metros dele, caramba ele era fortinho, mas eu não sabia que tanto, como esperado de um rank S, mesmo com pouco músculo tinha uma força absurda.

O vampiro se levantou lentamente e cheio de ferimentos leves e com o queixo quebrado, ele ajeitou o queixo fitou William e avançou novamente:

-Que tal acabarmos com isso logo – falou William me olhando com aqueles olhos dele e depois virou a cara e fitou o vampiro que corria ate ele e quando o soco do vampiro ia tocá-lo ele simplesmente estalou os dedos e uma onda flamejante cobriu o ar

O vampiro tinha entrando em combustão espontânea com o simples estalar de dedos de William, o vampiro tentou sair das chamas, mas William estalou os dedos novamente e as chamas se intensificaram:

-Você deveria se sentir honrado verme vampiro, poucos foram aqueles que já provaram das minhas chamas, considere essa a forma mais honrosa de morrer quando se é um verme como você e não se preocupe em me dizer seu nome, eu não quero gastar meus neurônios para me lembrar de um nome estúpido e irrelevante e outra, eles não vão precisar do seu nome porque não haverá lapide para você e você sabe o por quê de não ter uma lapide?

William fitou o vampiro que queimava sem parar e depois sorriu:

-Porque não vai sobrar corpo para enterrar – sua voz saiu com uma crueldade e frieza que eu nunca imaginei

William sorriu e estalou os dedos pela terceira e ultima vez, uma onda de fogo rubro cremou o vampiro ate não sobrar nada alem de uma figura preta que sumiu ao bater da primeira brisa levantando cinzas para todos os lados, William andou ate mim:

-Você esta bem? – ele falou com uma voz calma e quente diferente de todas as outras que eu ouvi ate agora, sua mão foi ate o meu rosto com um lenço que eu não sei de onde ele tirou e limpou a sujeira do meu rosto

-Eu estou bem, obrigada, acho que não estaria tão bem assim se você não tivesse aparecido, mas como sabia que eu estava aqui?

-Não sabia, ate que senti seu perfume – ele falou dando uma longa fungada no ar, eu tinha passado uma pequena quantidade de perfume antes de sair, uma quantia tão pequena que nem eu sentia e mesmo assim ele me achou só com isso, realmente ele tinha um bom faro

-Entendo – ele me entregou o lenço dele, um pedaço de pano pequeno e feito de seda branca e adornada nas extremidades com um desenho de flores – obrigada novamente

-Não foi nada, detesto homens que só usam da força para se vangloriar e ainda mais os que batem em mulheres, mulheres não foram feitas para serem agredidas e sim apreciadas – falou ele indo novamente com a mão em direção do meu rosto e me levantou pelo queixo, dessa vez eu senti sua mão morna no meu rosto

Eu toquei a sua mão e nos dois ficamos nos olhando, seus olhos, negros como a noite que nos cobria, me estudavam de cima para baixo, mas sempre tentando manter o maior foco possível nos meus olhos e eu nem desviava dos olhos deles e daquele seu rosto que a noite parecia ainda mais bonito.

Ele soltou meu rosto e aos poucos colocou ambos os seus braços sobre a minha cintura e me puxou lentamente para perto dele, quanto mais eu me aproximava dele mais quente o ar ficava como se ao redor dele o ar fosse mais quente, quando percebi já estavam com nossos corpos colados um no outro, meu corpo tocando o dele, tocando seus músculos e ele trocando aquele calor corporal morno e agradável dele comigo, mesmo quando uma brisa fria da noite batia em nos eu continuava a me sentir aquecida e então aos poucos sem perceber nossos rostos começaram a se mexer sozinhos e nossos lábios se aproximaram lentamente.

Eu podia sentir o cheiro do seu hálito quente e com cheiro de bala de menta se aproximando de mim, eu já podia sentir aqueles lábios quentes tocando os meus quando um barulho ecoou nos meus ouvidos e William voou na direção de uma arvore.

Eu me assustei com aquilo e me virei incrédula na direção do barulho, Michael vinha correndo com suas duas pistolas em mãos, o barulho tinha sido um tiro das armas do Michael, ele correu ate mim e ficou na minha frente e apontava sem fraquejar um instante na direção de William:

-Você esta bem? – ele falou

-Eu estava ótima ate você aparecer – muito mais que ótima, eu tava quase no céu, QUASE – qual é a sua pra chegar atirando no povo?

-Ele ia te devorar – ele ia fazer outra coisa imbecil!

-Não idiota ele me salvou

-Ele é um monstro

-Demônio – falou William se levantando, a bala de Michael estava na palma da mão de William toda derretida, por sorte, ou habilidade, William tinha parado a bala antes de chegar ate ele, caramba lindo, forte e super ágil, como esperado do meu futuro marido  

-Não importa, se ele te salvou cadê o corpo do inimigo?

-Ele foi carborizado – falei

-Como?

-Com o meu poder – William falou se aproximando lentamente, Michael apontou a arma direto na cabeça dele – eu sou um demônio Elemental de fogo de rank S, eu acho que posso carborizar um monstrinho qualquer facilmente

-Pensei que ele fosse um companheiro racial seu? – falou Michael ainda não engolindo aquilo

-Eu não tenho “companheiros raciais”, eu não me relaciono com monstros de rank baixo e pior um vampiro

-Por que será que eu não to engolindo esse papo eim? – Michael continuava com a arma apontando para a cabeça do futuro parente dele, já que o William já ia se casar comigo então eles virariam parentes mais cedo ou mais tarde, mas o William era orgulhoso e vendo a arma apontada ele só se aproximou ainda mais ate o cano da arma ficar a milímetros do crânio dele

-Você não ta engolindo porque você é um imbecil – falei afastando os dois – ele me salvou o que você não consegue processar? – ele ia falar algo, mas o cortei – nem pense em dar alguma desculpa fajuta, agora vamos a nossa ronda já esta acabando

Eu empurrei Michael e ele saiu aos poucos e eu o segui lentamente olhando para William que eu jurava que estava triste por eu estar indo para longe, eu não tenho o melhor demônio do mundo? Ta que eu não tenho ele, ainda, mas isso são só detalhes.

Em segundos a imagem de William sumiu fundida a escuridão da floresta e eu não o vi mais ate amanha.


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