Contemplei sua letra lentamente. Ele parecia ter tremido bastante quando escreveu.

“ Kate,

Eu adoraria ir ao Beco Diagonal com você, mas há um problema. Como eu lhe disse, os Dursley não gostam de me deixar sair, e não podemos usar magia longe do colégio. Se você souber uma forma de me tirar daqui, eu lhe agradecerei eternamente.

Harry. “

Seria fácil convencer aqueles trouxas à deixarem Harry sair, pelo menos para mim. Mandei uma carta dizendo que daria um jeito de “sequestrá-lo” e fui dormir. Acordei ainda cedo. Pude ouvir Bellatrix gritando alguma coisa no andar de baixo, e Thomas ainda dormia profundamente. Ele nem devia imaginar o que aconteceu ontem. Tomei um banho demorado, e coloquei um vestido qualquer. Desci para comer alguma coisa, e Draco estava lá.

– Bom dia, Kate - Ele disse, sem me olhar.

– Bom dia, Draco - Sorri abertamente. Estava de bom humor, e sinceramente, não sabia muito bem o motivo. Acho que matar pessoas, me deixa feliz

– Eu soube do que aconteceu ontem à noite. Você matou um Comensal, não foi?

– Ahn... É foi isso mesmo. Como soube?

– Meu pai disse. Acredita que ele me acordou de madrugada só para me contar que tinha acabado de ver você matando alguém?! - Ele disse incrédulo. Percebi que tinha finas olheiras em seus olhos

– Ele fez isso? - Perguntei, sorrindo fraco. Ele assentiu com a cabeça, e riu. - Pelo visto, você não dormiu muito bem...

Ele me olhou rapidamente, arregalando os olhos. Percebi que a expressão dele mudou de alegre, para desesperado. Foi algo que eu disse?!

– É q-que eu... Ahn... Ah, esquece isso. Não foi nada, só estava... Sem sono - Gaguejou, desviando o olhar

– Tudo bem, vou fingir que acredito na sua mentira - Cheguei mais perto - Pode confiar em mim, você sabe disso, não é Draco? - Perguntei, com uma voz macia. A mesma voz que eu usava para conseguir algo que eu queria. Pelo que Voldemort havia dito, isso se chama persuasão. Um dom que ele tinha, e passou à mim.

– Ahn... Eu juro, não é nada, Kate. Eu só... Só fiquei preocupado - Ele respondeu, tentando se afastar delicadamente.

– Preocupado? - Perguntei - Preocupado com o quê? Ou melhor, com quem?

Ele olhou para os lados, apreensivo. Pegou uma tigela de cereais, pediu desculpas e saiu. Não preciso nem dizer que não entendi nada, não é?! Como assim, ele vai embora no melhor momento?!

Não deu tempo para pensar em ir atrás de Draco, pois Bellatrix, Lucius e Voldemort entrarão na cozinha e pareciam ter se surpreendido ao me ver com aquela expressão de surpresa.

– Ah, bom dia Srta. Riddle - Luciius cumprimentou, sorrindo.

– Lucius, Lucius - Falei - Já lhe pedi quantas vezes para me chamar de Kathelyn, ou Kate?

– Ahn... Bastante - Ele disse, rindo. Arqueei minha sobrancelha - Tudo bem, Kate. Está melhor assim?

– Muito. - Comentei, sorrindo - Ah, Lucius. Será que posso lhe pedir um favor?

Todos fingiram não prestar atenção na nossa conversa.

– Claro!

– Será que tem como me dar uma carona até a casa do Potter? Ele precisa de ajuda para fugir daqueles trouxas, e eu realmente preciso de você nisso. - Ele ficou pensativo

– Ahn... Tudo bem. Que horas?

– Depois do almoço - Sorri, vitoriosa

Me despedi de todos, e subi para meu quarto. Thomas estava acordando.

– Nossa, você acordada antes de mim?! O que houve? Caiu da cama? - Ele brincou quando me viu. Fingi estar rindo

– Você é muito engraçado, Thomas. Muito! - Falei sarcástica.

Ele deu um sorrisinho bobo, e entrou no banheiro. Me sentei na minha cama, pensando no que iria fazer com Harry hoje. Pensei em várias possibilidades, mas nenhuma me aguardou. Eu inventei a desculpa de que precisava ir ao Beco Diagonal, mas realmente, não precisava ir. Então, o que fazer? Contar a Harry que o Beco Diagonal fora somente uma desculpa para sair com ele, ou comprar qualquer besteira e levá-lo para algum outro lugar?

– Já tomou café da manhã?

A pergunta de Thomas arrancou aqueles pensamentos de minha cabeça. Assenti, mas desci junto com ele. Draco estava lá também, com aquela sua face de mistério. Confesso que eu acho isso um tanto quanto atraente. Mistério... Uma das coisas que mais me fascina. Talvez uma das coisas que eu nunca poderia decifrar, o que me instiga ainda mais. Me joguei no sofá ao lado de Draco. Ele tentou sair de fininho, mas puxei seu braço.

– Você não vai fugir de mim. - Falei seriamente - Pelo menos, não até responder minhas perguntas

Ele bufou, se sentando novamente. Cruzou os braços, e me olhou.

– Ótimo! Agora pode começar a me dizer o que te preocupou ontem à noite - Pedi, com voz autoritária. Se com persuasão não funcionou, dessa vez irá.

– Vai por mim, Kate. Você não irá querer saber! - Ele disse. Parecia meio triste

– É claro que eu vou querer saber, Draco Black Malfoy!

Ele respirou fundo, e desviou o olhar. Parecia procurar as palavras certas.

– Bom, eu estava preocupado com você, ok? Satisfeita? - Ele disse rapidamente, corando levemente.

– Comigo? Você estava preocupado comigo? - Ri - Posso saber o motivo de sua preocupação?
– Lord Voldemort é alguém imprevisível, Kate. Você pode se surpreender com ele, da pior forma. Estava com medo dele lhe forçar à fazer algo que você não gostaria, e ele te punir por isso. - Falou tranquilamente

– Fique tranquilo, Draco. Se tem uma coisa que Voldemort não pode fazer, é me magoar. Ele acha que sou uma fraca, sensível e idiota garota, mas sou bem mais forte do que ele imagina. E punições, podem ser necessárias. Se ele tiver razão em me punir, tudo o que posso fazer é aguardar.

– Sim, eu sei Kate. Mas não digo em machucá-la fisicamente, e sim em, machucar seus sentimentos... - Ele acariciou meu rosto, como se estivesse hipnotizado.

– Eu vou ficar bem, Draco. Eu prometo - Sussurrei.

Nem havia percebido que minha voz estava rouca, e baixa. Algo nos olhos cinzentos de Draco, dizia que ele sabia que aquilo iria acontecer em um futuro próximo. Um arrepio percorreu pelo meu corpo, algo como um alerta. É, Draco Malfoy havia conseguido me assustar completamente.