Marry Me escrita por Jones


Capítulo 6
O – um tanto quanto desastroso – Pedido




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Nunca pensei em mim como ciumento até hoje.

Ok, na verdade, eu sempre fui meio ciumento...

Lembro-me de como Dino Thomas passou a me irritar instantaneamente no sexto ano. Mais tarde descobri que era ciúmes, claro, mas ainda não gosto de ouvir Gina falar em Dino Thomas. O cara nem era lá essas coisas, ok ele era legal e etc., eu não ligo. Mas hoje quase desejei estar com uma capa da invisibilidade sobre Gina de tantos olhares que ela recebia na rua.

E ela se divertia com minha cara zangada cada vez que um daqueles trouxas dizia 'ah, eu com essa ruiva'.

Tinha um desejo de pegar minha varinha e sei lá, fazê-los engolir a língua, mas Gina andava graciosamente pela rua, não ligando para nada, sorrindo e ás vezes me olhando com cara de deboche.

De repente eu passei a me sentir mais aliviado. Naquele mundo eu era ninguém, era alguém comum passeando com a namorada, o que fazia eu me sentir completamente normal e totalmente sortudo.

Compramos algodões doces, cachorros quentes para uma faminta Gina, andamos no ônibus de dois andares e eu, que pensei que não ia sentir nem um pouco de falta do mundo trouxa, estava me divertindo como nunca. Tiramos fotos em câmeras ordinárias em todo e qualquer ponto que Gina achava interessante, como em frente a um semáforo ou uma loja de eletrodomésticos.

 

Inclusive, ela gostara tanto da câmera trouxa que comprou uma, era boa iguaria para presentear o pai, apesar de não ver o ponto de uma foto que não se mexia.

O momento de pedi-la em casamento se aproximava e eu não me sentia tão nervoso até chegarmos ao London Eye. Ficamos certo tempo na fila, Gin enlaçara os braços no meu pescoço e eu sorri.

— Eu te amo. – ela me disse simplesmente, encostando o nariz do meu. – Mesmo eu não... Falando isso sempre.

— Eu sei. – eu respondi sorrindo, respirando de verdade pela primeira vez. – Eu também te amo.

Ela me beijou e eu a segurei firme, consciente de que nunca a deixaria partir. Mesmo que ela me irritasse profundamente às vezes, como fez a seguir.

— Sabe quem me mandou uma coruja dia desses? – Gina disse despreocupada. – Dino.

— Ah é? – eu perguntei, tentando parecer tão despreocupado quanto ela. – E o que ele queria?

— Ele disse que estava com saudades e me chamou para tomar umas cervejas amanteigadas. – ela disse sacudindo os ombros. – Eu disse que tudo bem, que era só marcar uma data.

— Você disse que tudo bem? – Eu perguntei um pouco mais alterado que o normal. – Como assim?

— Eu hein, Harry... Não tem nada demais, ele é meu amigo. – Gina disse fazendo careta da minha cara de espanto.

— E seu ex-namorado. – Eu disse fechando a cara.

— Ai que exagero, Harry. – Gina começou, ficando emburrada também. – Nós nem namoramos tanto tempo assim.

— Quase um ano é tempo demais para mim. – Eu disse me desvencilhando das mãos dela e entregando os tickets para o maquinista.

Por alguma razão do destino, conseguimos o impossível: uma cabine só para nós dois no London Eye.

— Mas que droga, Harry. – Gina disse enfim, enquanto subíamos irritados. – Estamos em um dos lugares com a vista mais romântica de Londres e você brigando comigo por idiotice.

— Não é idiotice. – eu disse um tanto quanto birrento. – EU SÓ QUERIA QUE HOJE TIVESSEMOS UM DIA PERFEITO!

— E estava perfeito até você começar a implicar com uma coisa sem a mínima importância. Dando uma de Ronald. – Ela mencionou o irmão, como sempre fazia quando ele estava por perto para demonstrar implicância. Acho que fez isso por força do hábito.

Chegamos ao ponto mais alto da grande roda gigante e olhamos para a cidade acessa, em pequenos pontos brilhantes, a vista era realmente linda. Gina me olhava emburrada, como se suplicasse para que eu pedisse desculpas ou simplesmente a beijasse.

— Eu só queria que tudo fosse perfeito na noite em que eu te pedisse em casamento. – eu disse meio envergonhado e ainda meio bravo, corando, e vi Gina sorri largamente. – Mas as mulheres gostam de falar de ex-namorados e atuais amigos e etc.

— Você é um idiota. – ela sorriu. – Se você não me pedir em casamento agora, perderemos toda essa vista.

Fiquei segundos em silêncio e pensei em quão idiota eu estava sendo. Ela me amava, não importava quem ela namorou, ela era o amor da minha vida. Sempre fora.

— Gina, você quer se casar com esse idiota ciumento aqui? – eu disse um tanto quanto nervoso e Gina me olhou sorrindo com os olhos brilhando.

— Sim, claro, sem dúvidas! – ela disse se atirando nos meus braços e eu sorri antes de beijá-la.

— Me desculpe se esse não foi o melhor pedido de casamento de todos. – eu disse coçando a cabeça envergonhado, mas extremamente feliz. – Mas prometo te recompensar no casamento.

— Duvido que alguém um dia vai receber uma proposta de casamento tão irrecusável como essa. – Gina disse sorrindo e me beijando novamente.

— Eu te amo. – eu disse novamente, como se ela precisasse ouvir mais uma vez.

— Eu sei. – ela disse rindo.

Se me perguntassem por que eu escolhi a Gina, eu responderia simplesmente: foi a Gina que me escolheu.

Ela me irrita, debocha da minha cara e me derrota em todas as partidas de quadribol. Mas ela me escolheu quando eu não era nem metade do que eu sou hoje, quando eu não era nada.

Ela me diz quando eu ajo como um idiota, quase sempre. Ela é corajosa, apaixonante e destemida.

Ela me escolheu.

 

Por quê? Eu não sei, mas eu me sinto a pessoa mais sortuda do mundo.

 


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