(...)

- Cuidado, cuidado, cuidado! – Gritava ao ver Bianca cair dentro da água, logo os risos eufóricos começaram

Toda a turma estava dentro da piscina de 25 metros. Eu, Bianca, Matheus e Julio estávamos jogando o famoso jogo “Guerra na Piscina” ou como também é conhecido “Guerra das Galinhas”. Funciona da seguinte forma: Dois meninos ficam dentro da água, enquanto na sua corcunda duas meninas ficam sentadas e ambos tentam se derrubar. Eu fiquei com Matheus, enquanto Bianca ficou com Julio. A guerra começava, os risos começavam e a diversão começava.

- Você vai ver Mellany! – Bianca se recuperou, foi logo fazendo cócegas no Matheus, ele soltou meus pés fazendo-me cair de costas com tudo na água. – Bem feito, bem feito! – Bianca cantarolava, enquanto girava e fazia uma dançinha escrota dentro da água

- Você vai ver! Ajuda aqui! – Mergulhei, abrindo os olhos por baixo da água e pegando os pés de Bianca, os puxando imediatamente, a fazendo mergulhar também

Começamos assim uma guerra escrota e repleta de gritos eufóricos.

- Crianças, cuidado para não se machucarem! – A diretora exclamou, lendo o jornal, sentada em uma das cadeiras, logo reviramos os olhos e continuamos com nossa guerra

Não posso negar que parecíamos crianças desesperadas, loucas e dementais. Chegava a ser engraçado ver Bianca mergulhar e recuperar o fôlego ofegante, enquanto batia na cabeça de Matheus e tentava me derrubar. Eu caia de costas na água, aquilo doía muito. O impacto que a água tivera sobre meu corpo me fizera berrar baixinho, enquanto todos caiam na gargalhada alta. A turma inteira se identificava como uma família, uma família grande e numerosa. Mesmo nem todos estando presentes podíamos sentir a presença calorosa de cada membro.

Balancei a cabeça dentro da água, tentando fugir dos meus próprios devaneios, enquanto Matheus tentava me por novamente na cacunda. Mergulhei novamente, minhas costas começavam a doer aos poucos com o grande impacto causado pela queda. Recuperei o fôlego, desta vez o mergulho tinha sido diferenciado. Acabei bebendo quase 2 litros de água repleta de cloro.

- Coff, Coff, Coff – Tossia ofegante, enquanto meus olhos começavam a ficar avermelhados

- Tá tudo bem? – Julio pôs a mão direita em meu ombro, enquanto eu permanecia de cabeça um pouco elevada

- E-Esta, eu já vou me recuperar! – Ofeguei em certas partes da frase

- Você esta ficando verde! – Bianca gritou, logo caindo na gargalhada

- O QUE? – Gritei

- Brincadeira! – Riu descontroladamente

- Vem aqui sua idiota! – Gritei mergulhando e puxando seus pés por baixo da água, a fazendo engolir água convosco

- Se recuperou rápido, não? – Matheus cruzou os braços, logo rindo

Um grande impacto na água fez com que toda a mesma se locomovesse descontroladamente em direções diferentes. Voltei a superfície rapidamente ao perceber o movimento, Vitor estava apenas de calção, de onde podíamos ter uma visão bem numerosa de seu abdômen BEM definido, estremeci ao ver aquilo.

- Oi! – Sorriu nervoso

- Ah! Oi! – Fugi de meus devaneios sorrindo torto

- Podemos conversar, tipo – Ele apontou para um dos cantos da piscina perto de uma escada – Ali! – Sorriu

- Ah, claro! – Falei atravessando-me dele, ele riu e me seguiu

(...)

- Sobre hoje no meio da madrugada...

- Vitor, não esquenta! – O interrompi

- Olha, Mel, eu cometi um erro em exigir demais de sua parte! – Falou

- Vitor, relaxa cara! – Balancei seus ombros em sintonia – Sem intimidade ou ressentimentos, okay? – Sorri e ele assentiu com a cabeça, logo me dando um abraço caloroso

Mergulhei indo em direção ao pessoal que me aguardava. Passei a conversar com o pessoal, nervosa pelo fato de ter dado um fora em um cara de 20 anos, aquilo era realmente muito estranho, Mas era a melhor opção em relação à situação.

- Vou ir pegar alguma coisa para beber! – Andressa gritou, enquanto saia da nossa rodinha entre amigos e se direcionava até a escada

- Eu quero uma Coca-Cola! – Julio gritou estendendo a mão

- E eu tenho cara de garçonete?! – Gritou irônica enquanto estava no meio da piscina

- Quer mesmo que eu responda? – Julio falou, retirando do restante do grupo um sonoro “Uuuh” logo começou a rir

- Idiota! – Ela riu

- Eu também te amo gata! – Gritou, retirando risos de todas as partes

- Andressa, não corra! O piso está molhado, pode cair e se machucar! – A diretora gritara novamente, enquanto arrumava os óculos

Andressa apenas fez uma careta, retirando risos de nossas partes. Começou a acelerar os passos quando a parte molhada da borda da piscina começava a acabar. Acabou não vencendo. Seu corpo foi lançado violentamente sobre o piso molhado da borda da piscina. Caindo de barriga no chão, me olhava assustada enquanto passava a mão sobre a barriga. Um barulho agudo e alto aguava nossos ouvidos. Meus olhares logo foram rodeados para Andressa atirada no piso molhado, meu sorriso e o riso que saia do mesmo desapareceram em instantes.  Tentava correr o mais rápido possível, foi em vão. Tentar correr dentro da água era uma total idiotice, mas tentei. Subi as escadas correndo, enquanto a diretora já corria lentamente até onde Andressa se encontrava.

- Deixa que eu fico aqui! – Falei levantando a cabeça de Andressa, seu rosto estava pálido, enquanto sua respiração falhava constantemente. A professora se afastara enquanto eu tentava fazer o possível para Andressa permanecer consciente

- M-Meu bebê! M-Meu bebê! – Sussurrava passando a mão sobre a barriga, enquanto perdia o fôlego lentamente

- Andressa, calma, vai ficar tudo bem! – Andressa começava a serrar os olhos, enquanto ofegava baixinho – ANDRESSA, ANDRESSA, ACORDA CARALHO! – Gritei a balançando, percebendo que seus olhos cerrados e uma pequena compulsão afetavam seu corpo

(...)

Todos na sala de espera estavam distanciados um do outro, nenhum fala se quer desde entrarmos o hospital. Eu, a diretora, Vitor, Bianca e Janaina (considerada a melhor amiga de Andressa) estavam apreensivo na sala de espera do mesmo. Janaina respirava pesado enquanto balançava as pernas descontroladamente. Bianca ficava olhando de um lado para o outro, sem saber no que realmente procurava. A diretora e Vitor, bom, estavam todos apreensivos na sala.

- Quem esta acompanhada de Andressa Roselie Wright?

- Aqui! – Fui a primeira estender a mão e levantar me direcionado até a enfermeira

- Tenho boas e más noticias! – Ela contorceu os lábios

Eu já sabia o que me esperava pelas próximas palavras.

- Fala! – Ordenei impaciente

- Andressa se encontra bem, mas o bebê acabou não sobrevivendo ao impacto! – Falou um tanto alto

Bianca se levantou e se direcionou até mim, com uma expressão nada interessante.

- Pera, BEBÊ?! – Perguntou, me olhando ameaçadora