Era como se uma onda de eletricidade percorresse pelo meu corpo, como se nada pudesse me parar. Eu corria como uma criança, me sentia como uma adolescente apaixonada e agia como... Na verdade agia como uma abobada.

Não sabia o que fazer, como agir, e somente quando estava dentro do vagão do metro me dei conta do que estava acontecendo. Eu iria me encontrar com Baro, depois dele ter sumido, ter se tornado um ídolo, uma pessoa totalmente conhecida. Não conseguia parar de pensar, que em alguns meses, Baro deixou de ser meu amigo imaginário, e se tornado um ídolo... Um ídolo por quem meu coração se apaixonou... Um ídolo que eu jamais poderia ter para mim.

As idéias assombravam minha mente, faziam meu coração se apertar e meus pulmões forçarem o ar a trabalhar em seu sistema. Era algo estranho, fora de padrão pra mim, fora do contexto, não era o que eu imaginada para mim.

Minha vida inteira passei despercebida, ninguém me dava bola, mal sequer sabiam meu nome. Somente Julia foi capaz de ser minha amiga, nem sequer meus professores conseguiam decorar meu rosto. Só três pessoas eram capazes de me identificar, três pessoas que eram de tamanha importância pra mim, três pessoas, sendo uma delas, o amor da minha vida.

Eu estava começando a me preocupar com esse tipo de pensamento. Nunca fora chegada a um romance, mas ultimamente meus pensamentos pareciam tão depressivos quanto os de um escritor de romance trágico. Eu precisava de um medico.

Tentei ignorar os pensamentos no segundo que vi as portas do vagão se abrirem e meu pulso ser puxado violentamente por Julia. Eu estava me sentindo quase igual àquelas mangas, onde o personagem e arrastado por alguém, e sai voando... Literalmente. Dei graças a Deus pela gravidade não permitir tal ato, ou seria realmente estonteante, e vergonhoso.

Mas quando dei por mim já estava na frente da entrada principal do parque. Minha mão havia deslizado e agora segurava a mão de Julia com força. Senti meus cabelos da nuca se arrepiarem e uma sutil e perdida gota de suor deslizar pela minha pele do rosto, meu coração disparar aceleradamente e então meus pulmões falharem.

–Não posso fazer isso!

–Do que você esta falando? – Julia me olhou incrédula, dando um passo adentro do gramado esverdeado do parque. Mas não exatamente como previsto meus pés se prenderam ao chão, meu corpo fez peso contra e eu não pude sair do lugar. – Qual é o seu problema?

–Eu não posso fazer isso! – Não pude imaginar o quão desesperado meus olhos demonstravam, fazendo minha melhor amiga finalmente parar a minha frente.

Segurou meus dois ombros e me olhou no fundo dos olhos. Seus pulmões expiraram e logo inspiraram o ar violentamente, deixando que uma leve bufada soasse.

–Você não é assim. Não precisa ter medo, você só vai encontrá-lo e pedir uma justificativa pelo seu sumiço. Você não precisa ter medo... – ela fez uma pausa, sem perder o contato visual, então deixou que um leve sorriso se formasse em seus lábios. – E eu não vou estar muito longe. Se precisar é só gritar! – completou dando uma leve risada, me fazendo não conter o sorriso.

–Mesmo?

–Mesmo!

Não sei exatamente como, mas as palavras que ela havia usado foram suficientes para que eu desse meu primeiro passos em direção a arvore em que eu havia passado aquela tarde com Baro. Fui rapidamente ate o tal local, sentando-me sob a sombra refrescante da arvore e observando Julia se sentar a algumas arvores dali.

Agora eu estava sozinha, olhando em volta, esperando por algum movimento. Seu cabelo era desesperadamente chamativo, e impossível de não ser notado. Seu rosto era esculpido, como se Deus tivesse o escolhido pessoalmente para esculpi-lo com seus próprios dedos. Seus olhos negros, e seus lábios bem definidos. As bochechas levemente avermelhadas toda vez que se aproximava de mim.

Ele era como um anjo sem asas, como um príncipe sem coroa, como... Como... Simplesmente não existiam palavras para descrevê-lo. Como é possível descrever a pessoa que ama? Simplesmente diga, “é perfeito”. E era exatamente essa palavra que eu estava procurando... Perfeito.

Do jeitinho louco e barulhento que só ele poderia ser.

Eu estava mergulhada em pensamentos quando ouvi sua voz vir de longe. Na verdade imagino que sua voz era fruto da minha imaginação, pois seus lábios não se moviam, estavam fixos num sorriso gigantesco. Não dera muitos passos já estava próximo o suficiente para abrir os braços e me envolver em um abraço apertado, me deixando totalmente sem reação.

Senti meu corpo congelar, e necessitar de seu corpo para que se aquecesse novamente, meus braços mexeram poucos centímetros, fazendo com que minhas mãos pousassem em sua cintura. Não poderia me mexer mais, meu rosto apenas se encaixou no espaço em seu pescoço, e meu corpo por inteiro se encaixou ao seu.

–Me desculpe... – ele finalmente quebrara o silencio, me deixando confusa pelas palavras ditas, mas tranqüila pela sua voz grave. – Me desculpe por sumir...

–Por que você não me disse? – Tomei força para que minhas mãos agora pudessem afastar nossos corpos e finalmente eu pudesse observar seu rosto. Seus braços se soltaram do meu corpo e suas mãos correram pelos meus braços ate escaparem e pararem em minha cintura.

–Eu... Eu fiquei com medo...

–Medo do que? – Eu não estava entendendo mais nada. Puxei minhas mãos para frente do meu peito, como uma forma impensável de me defender, como se ele fosse uma ameaça... Uma ameaça ao meu coração.

–Que você fosse ser uma fan... Uma fan obcecada...

–Eu temia que você pensasse isso... – dei um passo para longe dele, mas suas mãos seguram meu corpo, e suas pernas fizeram o mesmo movimento para que não nos afastássemos.

–Eu soube que você não era... – fez uma pausa, seu olhar se perdeu do meu e seu rosto se virou levemente, fitando o chão ao nosso lado. – Naquela praça...

As palavras fugiram da minha boca, e fui forçada a respirar fundo. Alem de sua presença próxima demais, a situação não estava muito incentivadora para que meus pulmões funcionassem do jeito que deviam.

–Eu te fiz uma pergunta, antes de SanDeul-hyung aparecer... Você lembra? – ele interrompeu por completo meus pensamentos, fazendo uma interrogação surgir em meu rosto e definitivamente me sentir perdida.

–Co... Como eu vou saber? – minha voz saiu mais rápida e fina do que eu imaginava.

–Essa pergunta não sai da minha cabeça... Eu queria saber a resposta, antes de te fazer... – Ficou quieto. Seus olhos novamente se perderam no chão ao nosso lado, e suas mãos soltaram meu corpo. Finalmente estávamos a mais de um passo de distancia e sem nos tocarmos.

–Fazer... – preferi mudar o rumo da minha pergunta. – antes... Que pergunta era? – pude observar suas bochechas começarem a tomar uma cor avermelhada, seus dentes mordiam seu lábio inferior, e as mãos se esconderam nos bolsos numa tentativa de acalmá-las.

–Se... Você não lembra, é... É melhor deixarmos assim, não? – disse átono, virando seu corpo e se preparando para sair dali a qualquer segundo, mas algo em mim não permitiu isso. Não acredito que um dia seria capaz de fazer isso, mas meus dedos se enroscaram ao seu pulso e não soltaram mais.

–Me diga... – tentei soar delicada. Eu queria saber, eu queria esclarecer tudo...

Respirou fundo e deixou que as palavras saíssem como numa bufada.

–Se você acredita em alma gêmea...?