Praedestinatum Em Busca Do Sonho. escrita por vanessa-vvf


Capítulo 13
Não preciso que perdoe, apenas entenda_Verônica


Notas iniciais do capítulo

olá! bem, até que eu não demorei para atualizar ! :D! finalmente, não é. Tentei não deixar este capitulo muito grande, algumas cenas que ia por nele nem coloquei por isto, mas elas aparecerão no proximo! Ele é apenas voltado ao Fernando e Lucas, mas mesmo assim espero que gostem! BOA LEITURA



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Glossário:

Patrium Ventosa: País do Vento.

Somnium Vastator: Destruidor de sonhos.

Elementorum Origo: Origem elementar.

Deus mortis: Deus da morte – obs: deusa mortis significa: deusa da morte

Capítulo 12: Não preciso que me perdoe, apenas que entenda_ Verônica.

[Pov Lucas]

Corríamos pelo extenso e estreito corredor, e apesar de questioná-la, Verônica nunca dizia nada, até me ordenar em ficar quieto, estranhei tal comportamento.

Logo o corredor acabou e percebi que não havia saída. Neste momento, ela encostou as mãos na parede de pedra a nossa frente e anunciou sussurrando a mim que havíamos chegado. Logo depois, percebi sua concentração quando ela fechou os olhos e começou a canalizava uma corrente de vento que bateu bruscamente contra a parede, produzindo um som alto.

Analisei novamente a parede de pedra se afundar em formato de um retângulo perfeito.

– Tutela – Verônica repetia tal palavra com tom melodioso.

A superfície daquela parede escura de pedra formou desenhos com figuras que também haviam sido feitas quando Verônica abriu a passagem secreta pela primeira vez. Finalmente, uma fenda se abriu e Verônica parou de dizer “Tutela”.

Assim como ela havia me explicado antes, o local da saída daquela passagem secreta era a sala principal do palacete que estava parcialmente clara pelos poucos raios de luz que persistiam naquele final de tarde nublada.

– É melhor você ficar aqui, é mais seguro.

– Nem pense nisto, Verônica.

Tive que me segurar para não gritar com ela. Havia alguma coisa errada e Verônica sabia disto e queria me deixar de fora, mas eu não ia permitir.

Eu passei por ela e pela fenda da abertura entrando na sala sem esperar uma resposta dela. Percebendo que daquela vez ela não ganharia a discussão, ela também saiu da fenda e a fechou, fazendo o mesmo estrondoso barulho de que quando a abrimos, mas que foi abafado por outros sons tão ou mais altos que o nosso, assim como leves tremores do palacete.

– O que está acontecendo? – Perguntei atordoando, tentando entender o que se passava.

Verônica se aproximou de mim, ficando na minha frente e colocando uma de suas mãos no cabo da espada, alerta a tudo ao nosso redor.

– Não saia de perto de mim. – Ela murmurou imperativa.

Em um movimento rápido de mais, no qual eu mal pude acompanhar, Verônica tirou a espada da bainha e correu para próxima da porta da sala, que começava a se abrir. Logo, Verônica já tinha sua espada parada no pescoço de alguém, tal movimento apenas parou, pois ela havia identificado a pessoa antes de atacar fatalmente.

Este alguém era a empregada mais antiga da família, a senhora que me entregou hoje de manha a minha espada e que sempre diz que criou e viu meus pais crescerem, principalmente minha mãe.

– Desculpe – Pude ouvir o murmúrio de Verônica que tirou a espada do pescoço da pobre senhora, que parecia aterrorizada.

– Pequena Verônica! Céus! Que bom que está bem! E o senhor Lucas! Minha nossa! Venha até mim! Está machucado? Fizeram algo ao senhor? Está doendo alguma coisa? Ninguém ousou machucá-lo, não é!?

A podre mulher estava tão aterrorizada que todo seu corpo tremia, ela se aproximou de mim, preocupadíssima, analisando se eu realmente não estava machucado. Mas apenas com a sua aproximação percebi que a pobre senhora estava com o seu corpo ferido, alguns arranhões espalhados pelo corpo, hematomas roxos e pouca quantidade de sangue que eu não conseguia identificar de qual ferimento que vinha. Suas roupas estavam rasgadas e sujas de poeira e pó; seus cabelos, antes sempre bem arrumados em um coque, estavam agora desgrenhados.

– Oh! Que desgraça! Não merecíamos isto! Pequeno Lucas, o senhor precisa correr, se esconder! Antes que o encontrem! Sua mãe... Minha pobre senhora! Não merecia tal destino!

A senhora dizia tudo isto de uma forma tão rápida e desesperada que nem consegui entender tudo perfeitamente, mas o modo que ela se referia a minha mãe, me preocupou ainda mais. Fora o som ensurdecedor do ambiente que não conseguia identificar.

– Onde está a minha mãe?

– O que está acontecendo no castelo!?

Eu e Verônica perguntamos ao mesmo tempo, fazendo com que a pobre velha empregada ficasse cada vez mais angustiada com nossas perguntas.

Com os olhos marejados e ainda mais tremula, ela comentou segurando uma de minhas mãos:

– Não havia o que fazer, eles afastaram minha senhora tão rapidamente. Destruíram tudo! A única coisa que ela deixou para trás foi o colar cerimonial. – Com uma mão tremula ela mostrou um colar que segurava fortemente, em que a corrente de ouro deslizava entre seus dedos, nele havia um pingente de pedra prateada envolvida por outras pedras coloridas tão preciosas quanto à de tamanho maior.

Eu conhecia mais do que ninguém aquele colar, minha mãe jamais o largava. Para nós da Patrium Ventosa, era cultural anunciar o noivado presenteando a futura esposa com um colar, feito especialmente com materiais de nossa terra, geralmente tal colar é passado por gerações de familiares. O nosso, por exemplo, é este que minha mãe usava, tão antigo que eu mal sei definir mais qual foi o ancestral que o fez; seu material é extremamente raro e valioso, afinal, somos de uma família tradicional de Elementorum Origo.

Tal jóia simbolizava o casamento, sem contar que foi um dos poucos presentes de meu pai a ela, isto fazia com que mamãe jamais largasse tal colar.

E ao pegá-lo das mãos da antiga empregada, uma forte nostalgia apertou meu peito, assim como a preocupação.

– O que está acontecendo aqui no palacete!? – Perguntou exclamando Verônica exigindo por respostas, mas eu não conseguia tirar os olhos do colar, algo muito sério havia acontecido com minha mãe, e eu sabia que ela estava em perigo.

– A Somnium Vastator invadiu nosso país, capturaram a minha senhora, esposa do Líder de Patrium Ventosa, dominaram a cidade central e estão destruindo a região leste do palacete! Invadindo e destruindo tudo que tocam! Eles não vão recuar! Tudo está um caos! E não demorará muito para chegarem até está ala do Palacete! Estamos perdidos! Mortos! Eles estão capturando cada empregado deste palacete! Cada morador desta cidade! Logo este país cairá em ruínas! Estamos perdidos! A mercê do Líder da Somnium Vastator!

Foi apenas aí que entendi todo o desespero da velha empregada, e assim como ela, eu também comecei a me desesperar em cada palavra que ela dizia. Ao olhar para Verônica, a mesma estava séria e compenetrada, mas não transmitia nenhum sinal de nervosismo ou desespero. Era como se ela espera-se por isto, e antes que eu pudesse indagá-la, ela informou a empregada:

– Quero que reúna todos os empregados que conseguir e leve-os para os porões. Proteja sua vida e dos demais, qualquer pessoa que encontre.

– Espere! O que você está planejando, Verônica? – Tive que perguntar.

– O exercitus da Patrium Ventosa logo irá reagir, precisamos apenas nos organizar, fomos atacados de surpresos, mas ainda não perdemos. Seu pai, o Líder Elementar, deve estar organizando um contra-ataque. Só precisamos nos fortalecer! Venha comigo Lucas, sei de um local onde estão os melhores armamentos, guardado para ocasiões como está! Mas preciso de sua ajuda pra trazê-las até aqui e nos encontrar com seu pai. Precisamos ajudá-lo, e assim recuperaremos sua mãe.

Atentos e encorajados pelas palavras de Verônica, eu e a velha empregada realizamos o que ela nos ordenou. A senhora correu para fora da sala, pronta para agrupar e se refugiar, enquanto eu, segui Verônica, que voltou a ficar de frente com a parede feita por uma pedra diferente aonde tinha a passagem secreta.

– Por que voltaremos para aquele lugar?

– Lembre-se daquela sala que te disse hoje de tarde? É nela que tem o que precisamos.

[Pov Fernando]

Logo depois que Brutus saio do meu quarto. Joguei-me na cama ficando deitado de cabeça para cima e encarando o teto.

O que ia fazer? E como fazer?

O maior motivo de ter entrado naquela prova foi por ordem de Brutus, pelo meu trabalho, não que seja apenas por isto que eu estou aqui, porque não é, o que afirmei uma vez a Clarice, é verdade, eu também quero mudar meu destino.

Participando da prova eu sonhava poder fazer os dois. Devo ser mesmo muito idiota! Como se as coisas fossem fáceis assim.

A pequena e doce Clarice, tão ingênua e bondosa. Coitada! Nem imagina a quantidade de pessoas querendo o seu mal, apenas por ser filha do Líder da Terra. Ela não mereceisto. Mas quem sou eu para avaliar? É uma pena, mas terei que matá-la, se não vai sobrar para mim; o problema é fazer isto com o Tom sempre no meu calcanhar.

Trabalho complicado que Brutus me arranjou desta vez. Pelo mestre*! Mandar matar a própria sobrevinha, sangue do seu sangue. Por isto que falo que não pode confiar em ninguém!

Brutus, que é o irmão de Marco Tierra e tio da Clarice, a quer morta! Imagina se não fosse parente o que ele não desejaria a ela!? Por isto só confio em mim mesmo! E olha lá, que às vezes acho que até eu não confio em mim!

Meus pensamentos foram interrompidos quando senti algo mais gelado que a minha temperatura corpórea tocar meu abdômen nu, assustando-me. Por estar absorto de mais em meus pensamentos, eu nem vi a entrada da loira gostosa da recepção. Ela já montava em cima de mim, sentando em meu abdômen.

– Nossa, está tão sério.– A recepcionista loira gostava sussurrava passando as mãos no meu abdômen e subindo até meus ombros, curvando seu dorso sobre o meu e aproximando nossos rostos – Já estou com saudade de ontem à noite – Ela murmurou com a voz rouca em meu ouvido, mordendo e lambendo minha orelha.

Eu já podia sentir seus seios cobertos pela roupa, tocando o meu peito nu. Aquela loira sabia me provocar, e como era boa de cama. Mas naquele momento eu não estava mais com cabeça para isto, tinha sérios problemas a resolver, havia até me esquecido do encontro com ela.

– Achei que íamos sair hoje, mas vê-lo aqui deitado na cama e sem blusa me excita! Quero tanto tê-lo inteiro em mim de novo!

Ela começou a beijar a lateral do meu rosto, até chegar em meus lábios e sugar o meu inferior lentamente. Por isto eu adorava mulheres mais velhas, eram experientes e adoravam provocar, o único problema era que naquela hora eu não estava com cabeça pra isto.

– Hei, sei que combinamos de sair hoje, mas que tal deixar isto pra depois da janta? Agora à tarde eu preciso resolver algumas coi... – Ela nem me deixou terminar de falar, pois me calou com a sua boca. Beijou-me com intensidade, sempre mexendo as mãos no meu corpo.

– Te quero hoje e agora –Ela comentou entre o beijo.

Ela não continuou a beijar meus lábios e sim meu corpo, mas isto não me chamava muito a atenção. Eu ainda tinha que pensar como poderia matar Clarice!

Tinha meia estação, mas será que era melhor esperar ou aproveitar o momento em que Tom estava na prova? Não... Não posso matá-la ou sequer capturá-la durante a prova, não com tantos subordinados de suprema confiança de Marco Tierra aqui.

Clarice é tão frágil! Um alvo fácil se não fosse tão protegida!

Mas coitada, é a Clarice, entende? É que eu não confio em ninguém, mas se precisasse confiar, ela seria a primeira, talvez, a única.

– Eu preciso que você me ensine a ler e escrever.

Droga! Será que eu já não confiei!? Quero dizer! É claro que não! Eu apenas estou a usando! Certo? Porque bem... O Lucas poderia negar ajuda, não é? O Tom também. E eu não teria coragem de pedir isto a eles, teria?

Afinal, com a Clarice é tudo tão simples. Ela deixa as coisas mais harmoniosas. Ela não julga ou condena, apenas acredita e realiza. Tem a alma e corpo puro! Ela é pura!

Assustei-me de novo ao sentir algo tocando meu membro, na verdade nem era tocando, e sim sugando, e ela fazia um trabalho maravilhoso com a língua de vai e vem que me excitava; fora o manejo com as mãos que massageavam as minhas bolas.

Há! É por isto que eu gosto de mulheres experientes, elas sabem como te agradar!

Imagine uma Clarice tentando fazer isto!? Eu nem consigo imaginar! Não com uma boca pequena daquelas! Ela não conseguiria me excitar tanto assim! Nem saberia como fazer isto!

Não com aquele corpinho. Ela sabe o que é ter seios ou bunda? Seu corpo é tão reto que se não fosse pelo rosto ou pela voz angelical eu a confundiria com um moleque magrelo facilmente! Acho que a única coisa que chama atenção são seus olhos. Sim, isto não tem ninguém que possa negar, aqueles olhos verdes extremamente claros com o rosto delicado e a boca pequena criam um rosto perfeito. Há! Pelo menos isto!

E eu tinha que matá-la! Mas como poderia? Como quando ela me encarar com estes olhos! Indagando-se porque fazia aquilo? Por que estava traindo-na?

Então, me lembrei do primeiro dia que a conheci e que éramos um time. Onde ela me agradeceu, por localizar o time que caçávamos:

– Fernando! – Olhei para o meu lado direito, e Clarice estava lá me chamando. Assim como eu percebi antes, pelo menos para correr, ela parecia ter um bom condicionamento físico, acho que ela só vai dar trabalho mesmo daqui algumas horas, sua resistência é baixa. –Obrigada. – Surpreso, arqueei as sobrancelhas - Por achá-los e nos guiar, se você não usasse seu fluxo natural, o Aqua Elementari, jamais iríamos encontrar nossa presa. – Fiquei um pouco confuso com suas palavras, eu era realmente péssimo sobre a teoria elementar e a língua antiga, mas acredito que logo descobrirei o que isso significava.

Clarice era sempre assim, gentil de mais. De um jeito tão especial que eu não sei se é real. Talvez isto seja falsidade, se eu consigo enganá-la, por que ela também não conseguiria?

– Este corte parece estar bem feio –Murmurou Clarice se soltando de Tom e se aproximando de mim, ela rasgou um pedaço de sua camiseta, e sem pedir permissão, prendeu com força em minha perna. – É para tentar estagnar o sangue, a ferida não pode ficar aberta, pois é muito fácil pegar uma infecção.

Seria possível tudo ser fingimento? Poderia realmente existir uma pessoa tão boa assim?

Mas mais uma vez meus pensamentos foram interrompidos com um vai e vem acompanhando de uma sucção mais intensa. Ergui um pouco a cabeça e encarei o rosto da loira que se movimentava freneticamente com a cabeça para cima e para baixo. Há! Como aquela cena me excitava! Aquela língua quente por todo o meu pênis! Aqueles movimentos! Ela era minha, toda minha! E ela sim momentaneamente apenas se preocupava em me dar prazer! Apenas se preocupava com o meu pênis! Que pelo visto dava trabalho pra ser engolido inteiro pela loira.

O que posso fazer se sou gostoso?

A loira está fazendo oral, mas não é para me saciar! Não, não é por isto! Ela tem as segundas intenções dela! Ela quer que eu a coma, que a foda, como fodi noite passada. Nada é feito sem pensar em receber algo em troca?

Eu jamais fiz algo sem pensar em algo em troca.

Sabia que Tom e Lucas estavam concentrados de mais em suas lutas para perceberem uma presença tão fulgás como aquela. Então eu corri ainda mais rápido, em desespero. Com certeza aquela quinta pessoa não tinha boas intenções.

Tudo que vi, aconteceu muito rápido nada que pudesse narrar com facilidade. Eu só sei definir que aquela presença se aproximou de Clarice. Em reflexo, corri até ela, joguei-me em sua direção. Querendo protegê-la de algo que nem eu sei o que era.

Tinha feito aquilo sem pensar! Se tivesse pensando nunca teria feito. E foi bom até, se aquele cara tivesse capturado a Clarice a levaria até o seu grupo e a entregariam a Brutus, e provavelmente ela estaria morta.

Morta? Será mesmo? Acho que não... Ela não poderia ser morta tão facilmente assim, poderia? Não! Claro que não! Tom ia salvá-la, assim como me salvou. Sim, eles não conseguiriam matá-la. Brutus não teria conseguido!

E eu fiz aquilo apenas por não pensar direito e devia algo a ela! E não gosto de dever nada a ninguém! Jamais, porque é sempre cobrada de volta alguma coisa. Sempre!

Clarice tirou as suas mãos de meu rosto, achei que fosse por ter se afastado. Não, ela se preparou para me DAR UM TAPA NA CARA. Afinal, a única pessoa que me daria um tapa seria ela. Tom e Lucas dariam um soco... Enfim, ardeu.

– Mas o que é isso?! – Tive que exclamar sentindo a face do lado direito do meu rosto arder, perguntando extremante confuso pelo tapa inesperado e incoerente. Oras! Porque me bateu?

– Isso é para você nunca mais tentar me proteger! Já não é o suficiente o Tom nesse papel!? Qual é o problema de vocês!? – Ela gritou assim mesmo, do nada, e realmente parecendo muito brava, algo que jamais vi. E assim, de repente, de novo, ela me abraçou e sussurrou próximo de minha orelha – E isso, é para agradecer. Obrigada.

Pelo Mestre*! Está garota está realmente com problemas mentais. Suspirei lentamente tentando entender tantas ações inesperadas dela, a única conclusão que cheguei é que ela deve estar em TPM.

Ela era estranha! Sim, muito estranha! É mimada também! É teimosa! Há! Isso ela é até de mais! É fraca, frágil e chorona! É uma garotinha assustada e perdida! Apenas tem idade!

Ela é uma garotinha fingindo ser mulher!

– Nossa Fernando! Que pau gostoso! Como você está duro! Pelo mestre*! Está duro de mais! Ontem você não estava desse jeito. – A loira gostosa gritava parando de chupar meu pênis e começando a trabalhar apenas com as mãos em um movimento perfeito.

Aquilo sim era uma mulher!

– Mesmo assim, obrigada; e quem sabe, ainda nessa missão, não consiga te ensinar o que significa “lorem ipsum”.– A encarei confuso, realmente não conseguia entender o significado de suas palavras. Ela fez um doce sorriso, em que naquele momento percebi que somente ela era capaz de fazer. – O significado de “lorem ipsum” é “time”; mas quando se torna verdadeiro, torna-se uma família. – Ela deve ter percebido que eu fiquei espantado com suas palavras, pois ela continuou com aquele sorriso gentil.

Clarice mal me conhecia! Não que ela me conheça bem agora! Mas... Já me considerar como dá família!? Eu e ela sendo uma família, jamais! Isto nunca daria certo! Nunca poderíamos formar uma.

– Está duro de mais! Muito! Me foda assim Fernando! Eu te quero agora! – A loira ordenou se erguendo e se aproximando sua boca da minha.

Há sim! Eu estava excitado de uma maneira que jamais tinha ficado antes! A loira deve ser realmente muito boa com as mãos e a boca.

Ela tirou minhas calças sem eu perceber e me deixou tão duro como eu jamais estive.

Coloquei a mão em sua nuca segurando vários fios de cabelos, e ferozmente ataquei seus lábios. Invadindo minha língua em sua boca como se a quisesse violentar.

Sentia um calor tão intenso pelo corpo e um formigamento nas extremidades. Estava também louco para penetrá-la com força e sem permissão. Eu a queria submissa a mim!

– Então o que vai acontecer com você?

– Eu não sei, Fernando. – Disse em um murmúrio frágil e rouco. Ela chorava há horas, aflita de mais pelo encontro com o pai, e eu, naquele momento, temi perdê-la, temi não ver seu rosto todo dia, ou pior, nunca mais ver sua alma pura.

Com os olhos fechados, eu parei de beijá-la e fui até o seu pescoço, lá dei um longo suspiro, onde seu inebriante perfume doce me drogou. Era ela em meus braços. Beijei cuidadosamente seu pescoço, com o maior carinho que eu poderia ter, sentindo a pele macia em meus lábios.  Clarice sempre era gentil e carinhosa, e como tal, jamais poderia ser tratada diferente. E inspirei novamente, sentindo mais uma vez, aquele inebriante perfume doce. Abracei-a mais forte, mas não para machucá-la! Jamais! Apenas para sentí-la mais próxima de mim, assim como eu em relação a ela.

– Clarice...

Senti um forte empurrão, jogando-me novamente na cama.

– Não! É Amanda! Amanda!– A loira quase soletrou, encarando-me com fúria.

Eu procurei pelos longos cabelos negros e cumpridos, mas não encontrei, eram apenas loiros e armados. E os olhos... Eram claros, mas não eram os meus verdes extremamente claros. Eles eram maliciosos, levemente irritados naquele momento também. Mas não eram os meus olhos bondosos e calmos.

Aquela loira jamais seria ela.

– Clarice não conta. Já disse que ela é a mascote do time, a irmãzinha que sempre precisa ser salva. Não pode haver casos com uma pessoa da família.

Eu mesmo havia dito aquilo no jantar de ontem à noite! Onde estou com a cabeça!? Clarice é uma garota sem graça! É o meu alvo! Ela é... Caralho! O que está acontecendo comigo?!

– Você broxou. Por que você broxou?

O quê? Opa! E não é que ela estava certa? Era só o que me faltava, ter mais um problema pra resolver.

– Porque todo o sangue que antes tava no meu saco foi pra minha cabeça! Falei que não era bom a gente sair agora! Estou estressado!

Pelo mestre*! O QUE ESTÁ ACONTECENDO COMIGO!? O que Clarice está fazendo comigo!? Eu preciso matá-la! É apenas o meu trabalho, igual a qualquer outro assassinato que já fiz! É apenas matar! SÓ ISSO!

– Se você quiser eu posso tentar te animar de novo...

– EU DISSE PRA VOCÊ SAIR! AGORA!!!

Amedrontada, ela se ergueu, agradeci por não ter tirado nenhuma roupa dela, assim ela saiu mais rápido do quarto resmungando algo como “louco”.

Sim, eu deveria estar muito louco. É culpa do stress, é ele que está me confundido.

Clarice é apenas um alvo, que será esmagado como qualquer outro.

[Pov Lucas]

Corríamos novamente dentro daquele estreito corredor, ainda acontecia os fortes tremores e o barulho ensurdecedor. Eles estavam destruindo o palacete e toda a cidade central, isto se não estivessem destruindo todo o país!

Eu e Verônica tínhamos que agir rápido e ir ajudar meu pai! As coisas não poderiam continuar daquele jeito! Tínhamos que nos proteger! Assim como resgatar a minha mãe, espero que nada de ruim aconteça com ela.

Aos poucos, Verônica foi diminuindo de velocidade, me avisando que estávamos chegando. Até que ela finalmente parou e colocou as mãos sobre uma parede de pedra lateral.

– Acho que é aqui.

Percebi sua compenetração, ela fechou os olhos e colocou as duas mãos eretas sobre a parede. O ar tornou-se mais denso e uma corrente de vento começava a nos contornar, logo ela começou a dizer palavras tão antigas em um tom melodioso, que até mesmo eu, não conseguia entendê-las.

Tueri quod est sacra et illud securos necessaria tempus.

E novamente hieróglifos foram surgindo, desenhos místicos que eu jamais descobri o significado. Uma porta se formou e se abriu, mostrando assim, um outro cômodo secreto naquele local. Ela adentrou e eu a segui, e assim como todo o nosso trajeto até lá, as extremidades tanto de cima quanto nas de baixo das paredes laterais, existia um fino filete de fogo, que clareava o caminho que fazíamos.

Foi apenas por isto, que vi a nossa frente o chão se movimentando em pequenas ondas e refletindo nossas imagens.

– Isto é um... Lago?

–Na verdade é um rio subterrâneo. O cômodo que lhe disse não é este, e sim, um que está neste rio, nele existe uma série de novos túneis, e apenas pelo caminho certo e nadando pelas suas profundezas chegaremos até o cômodo que estão os armamentos.

Ela tirou o grosso casaco e os sapatos, depois me encarou, como esperasse que eu fizesse o mesmo. Fiz, tirando também minha blusa que era excesso de roupa. Ela me pareceu meio constrangida por tal cena e se aproximou do rio se distanciando de mim e pronta para mergulhar.

– Espero que esteja com um ótimo condicionamento físico, é perigoso o caminho que iremos realizar, principalmente pelo fato da água estar estupidamente gelada. Se a situação não fosse tão urgente, eu não permitiria que fizesse isto.

– Calma! Espere, Verônica. Antes que mergulhe! Eu quero saber a verdade.

– Como?

– Não se faça de desentendida, você já esperava esse ataque, você sabe de muitas coisas. Afinal, como poderá saber onde está meu pai e o exercitus para entregar as armaduras?

– Lucas, não temos tempo a perder. Sem contar que não sei se percebeu, mas aqui está muito frio. Explico-te isto mais tarde...

– Não, agora. Eu exijo saber! Não ficarei mais tempo fora disto.

Ela deu um longo suspiro e disse rapidamente, como temesse não perder muito tempo naquela conversa:

– Seu pai temia um ataque, não que ele soubesse como, onde e quando ele ocorreria, porque ele não sabia, se não, está situação jamais aconteceria, mas aconteceu, e eu estou pronta para combater a Somnium Vastator, você também está?

– É claro que sim! – Disse tão firmemente quanto ela.

– Agora podemos ir? – Ela perguntou apressada.

– Antes eu gostaria de fazer um pedido a você.

– Um pedido? Diga-me então.

– Se conseguirmos sair de toda está confusão, e se eu pudesse escolher, eu faria este pedido apenas para uma única pessoa, e ela é você, Verônica. Casa-se comigo.

Pude ver seus olhos aos poucos se arregalarem, assim como sua boca levemente se abrir. Talvez analisando separadamente a situação, eu riria da cara de surpresa dela, mas na hora, estava tão nervoso e surpreso com as minhas próprias palavras, que naquele momento, aquela cena me afligia.

– Me responda, por favor. Se essa é realmente a última vez que a verei quero sua resposta... –Murmurei indo a sua direção e segurando cuidadosamente sua mão, percebendo que a dela tremia muito mais do que a minha. Desde quando ela ficava nervosa na minha frente?

– Que um dia seu pai me perdoe. – Foi o que ela me restringiu em responder.

Ela simplesmente se aproximou e me beijou, e aquela era a minha vez de ficar surpreso; afinal, sempre pensei que o nosso primeiro beijo seria eu que faria e não ela. Quantas vezes eu já não tinha tentado e ela sempre se afastava, dizendo que era errado, que era proibido.

No começo do beijo, apenas um toque de lábios, depois o encaixe perfeito, ela foi mais ousada, dando uma leve sucção para sentir um pouco mais do gosto dos meus lábios. Aos poucos os movimentos se intensificavam, ainda sim lentamente, sem pressão, sem luta. Minhas mãos foram para o rosto dela, acariciando levemente as maças do rosto. Nossos lábios não queriam se separar nem por um segundo, nossas línguas dançavam e sentiam o gosto um do outro aproveitando cada minuto como se não houvesse mais nada com o que importar, mas havia, uma tão importante que teve que nos fazer afastar.

Ela mal conseguia encarar em meus olhos, se eu não erguesse levemente o rosto dela colocando minha mão no queixo forçando pra me encarar, logo que eu sabia que ela jamais teria ainda mais audácia pra isto.

Sabíamos que nós não tínhamos tempo para gastar, mas aquele momento não podia ser mais adiado; mesmo naquelas circunstâncias, principalmente se aquela fosse a última vez que iríamos nos ver.

–Desculpe... E-Eu não deveria ter feito isso... Isso não era para ter acontecido! Me desculpe! –E ela imediatamente tentou se afastar, e conseguiria se eu ainda não segurasse pelo menos uma de suas mãos.

–Você sabe que se pudesse escolher, eu escolheria você...

–Pare com isso, Lucas! Isto é errado!

–Não, eu quero que você escute! Quero que saiba! Na verdade você já sabe e há muito tempo... –Encarei os olhos negros dela tão incomuns, que pela primeira vez, pude vê-los marejados, e por um momento fraquejei. Para mim também era difícil, e então percebi que ainda era mais para ela. E que talvez, eu a deixava mais frágil do que um dia poderia ter imaginado.

Coloquei a mão dentro do bolso da calça procurando por algo, enquanto a outra mão, segurava ainda firme a dela que estava tremula; mas nunca, jamais, desviei o meu olhar do dela. Não daqueles olhos oblíquos que sempre achei tão incomuns e lindos.

Retirei de dentro do bolso, um colar, onde a corrente de ouro deslizou da minha mão aberta, nela também havia um pingente com uma pedra prateada envolvida por outras pedras coloridas tão preciosas quanto à de tamanho maior, mas na época nós mal nos importávamos com aquilo, talvez nem mesmo hoje; mas o mais importante daquele colar era o seu significado.

– Eu quero que você fique com isso. E que saiba... Que apesar de não poder... Meu coração sempre vai estar com você...

Senti-me ridículo ao dizer tudo aquilo, sabia que era meloso de mais, mas ao mesmo tempo era o que eu sentia, e não poderia mais enganar a nós dois sobre isto. Mesmo sabendo que tal amor nunca poderia ser real. Mas no fundo, sabia que ela deveria estar ainda mais sem jeito por ouvir aquilo do que eu ao dizer.

Ainda com as mãos unidas, pousei a jóia sobre a mão dela e depois a fechei, voltando a encará-la. E ela, mesmo sabendo que aquilo era “incorreto”, aceitou o colar. Eu sabia, que do mesmo modo que ela levava o meu coração, eu agora também tinha o dela.

Ela colocou o colar e me encarou, ainda corada, mas séria.

Nós sabíamos que aquele seria o nosso segredo, e mesmo se quiséssemos, jamais realizaríamos. Naquele momento eu senti o peso de estar com o destino definido, e se tudo que o oráculo até agora disse era real, eu apenas seria feliz com a predestinada a gerações por meus familiares, como Juliana, na qual eu não amava? Como eu gostaria que fosse a Verônica.

Como o oráculo não avisou para meu pai sobre este ataque?

Por que em poucos segundos, como este, tudo parecia tão controverso?

Mas tudo mudou quando sentimos um tremor, tão forte e mais duradouro do que outro qualquer, sem pensar duas vezes, mergulhamos juntos dentro do rio. Realmente não tínhamos tempo a perder, uma guerra se iniciava lá em cima e meu pai precisava de nós dois.

Lembra-se que Verônica falou que a água estava gélida? Então, está mil vezes pior. Sentia ela queimar a pele de tão gelada, que pressionava muito mais a caixa torácica que já suplicava por ar.

Abri meus olhos de baixo d’água, e não conseguia ver absolutamente nada, inclusive Verônica.

Senti algo tocando a minha mão, imediatamente recuei, poderia ter animais por aqui? Senti novamente e demorei em perceber que era a mão de Verônica, mesmo tão próxima, vi apenas vultos da pessoa. Juntos começamos a nadar, ela me guiando, como sempre.

Eu não tinha noções de direção e sentido nenhum, apenas sentia a água tão gelada que pressionava ainda mais o peito, dando um ímpeto enorme de querer respirar.

Eu sabia que ela estava ao meu lado, sabia que ela jamais permitiria que nada de ruíam acontecesse comigo, mas não sabia o quanto teríamos que nadar, por quanto tempo não poderíamos respirar. Eu não enxergava ou ouvia nada nitidamente. E mais uma vez, tudo sobre mim dependia exclusivamente de Verônica. Ela era o meu guia, e como sempre, ela fez seu trabalho extremamente bem.

São nesses momentos que percebo como ela e eu temos uma diferença enorme. Ambos não conseguiam enxergar, mas mesmo assim, ela sabia perfeitamente a onde ir.

Em uma curva, entrando em algum túnel subterrâneo, bati meu ombro numa parede rochosa, o choque e a dor fizeram com que eu soltasse o pouco de ar que ainda tinha, e engolir um pouco de água.

Ficando sem ar, eu comecei a nadar mais devagar. A necessidade de respirar já me consumia e meu peito estava comprimido. Senti meu corpo ser puxado, mais uma vez, Verônica me ajudava.

Pela minha sorte, talvez nossa, começamos a subir. Finalmente, para o meu alívio, chegamos à superfície! E ter somente o rosto fora d’água, respirando fortemente, me tranquilizou, tossia no começo, pelo fato de ter bebido um pouco de água.

– Lucas, você está bem!?

Apesar da escuridão eu conseguia ver o rosto de Verônica, por estar tão próximo do meu.

– Está tudo bem.

– Vem – E ela nadou mais um pouco, a segui. E chegamos à margem. Saímos da água e nos jogamos no chão de pedra, tentando recuperar o fôlego. A minha única dúvida era descobrir se dentro ou fora d’água estava mais gelado. Sentia até o meu corpo inteiro vibrar e meus lábios se chocarem.

Mas ainda tínhamos que cumprir nosso objetivo! Ergui-me com dificuldade e analisei o cômodo, ele era tão grande que eu não conseguia localizar suas extremidades. Avistei uma grande quantidade de caixas e corri me aproximando de lá, sabia que era onde deveria estar os utensílios militares, mas ao abrir a tal caixa tudo que pude ver era frutas secas.

– Verônica, você sabe qual destas tantas caixas estão os armamentos? – Virei-me para trás, procurando-na, mas a vi dentro d’água novamente.

Mas ao encarar seu rosto, temi tal expressão, estava mais séria do que o normal, mas alem disto, tinha uma leve aflição, então ela começou a pronunciar:

Tueri quod est sacra et illud securos necessaria tempus. – Identifiquei tal frase já dita naquele dia, e quanto mais ela pronunciava mais aparecia aflição em seu rosto.

– O que você está fazendo?

Andei confuso em sua direção, até me chocar com algo. Mas não havia nada a minha frente, dei mais um passo, mas me choquei novamente, então ergui as mãos e senti algo na minha frente, que eu não conseguia ver o que era.

– Isto é uma barreira. Atrás dela você estará seguro.

– O que?! Espera aí!? Uma barreira? O que isto significa!? – Gritei socando fortemente a tal barreira, mas nada acontecia.

– No cômodo que você está tem vários mantimentos que dariam em um mês para umas 50 pessoas, água potável dentro de barris no fundo do cômodo...

Mas eu não queria ouvir o que ela dizia, por isto batia ainda mais forte na barreira, na esperança que ela fosse desfeita.

– Me tire daqui agora, Verônica! Isto é uma ordem!!!

Mas ela não se importava com o que eu dizia ou fazia, apenas continuava a falar:

–Você poderá se manter seguro por um bom tempo. Se alguém conseguir chegar onde estamos agora, pelo rio, jamais vão te encontrar, pois quando esta barreira está ativada tudo que ela estiver protegendo não dará para ver ou ouvir. Eu, por exemplo, nem sei o que você está fazendo ou dizendo, mas com certeza deve estar me xingando.

–Isto não é uma brincadeira! TIRA-ME AGORA DAQUI GAROTA! ISTO É UMA ORDEM! ESTÁ ME ENTENDO!? TIRA-ME DAQUI.

–Está barreira apenas se abrirá quando eu regressar, talvez demore um pouco, como você viu, as coisas lá em cima não estão indo bem.

– Pare de dizer estas coisas! Cancele está barreira, AGORA! Como pôde fazer isto comigo?! Abre agora! – Mas independente de quanto eu gritasse ou batesse na barreira, Verônica nunca parava de dizer algo ou responder as minhas perguntas. Eu, infelizmente, comecei a acreditar que ela realmente não conseguia me ver ou ouvir, logo que ela nem chegava a olhar em minha direção.

Aquilo não poderia estar acontecendo! Ela não podia estar fazendo aquilo comigo! Deixando-me fora de TUDO!

– Preste atenção no que vou dizer, Lucas. Você tem mantimentos para longos meses, mas eles não serão infinitos. Então, se eu não retornar daqui alguns dias provavelmente estarei morta, e não confio em muitas pessoas para dizer onde o escondi, então, se passar mais que uma semana e possivelmente ninguém o tirará daqui, terá que ser você mesmo em destruir esta barreira.

– Verônica... Não faça isto...

– Ela apenas será cancelada se você dominar o elemento natural do vento, além disto o nível utilizado terá que ser o médio. Os procedimentos estarão dentro de um baú dourado, próximo a algumas espadas e elmos sagrados, na ala leste deste cômodo, que como você pode perceber, é bem extenso.

Por um momento ela ficou em silêncio e encarou o local que antes eu estava, como se ainda acreditasse que eu estivesse lá, mas não estava, estava bem mais próxima dela do que ela poderia imaginar. Pelo menos, mais próximo de acordo com os limites que a barreira me permitia.

– A maioria das pessoas, jamais conseguem dominar o elemento natural de seu povo, no seu caso, o do vento. E admito o risco em deixá-lo preso nesta barreira sabendo que talvez seja você a pessoa que tenha que cancelá-la, mas é a melhor escolha que possuo. Está em seu sangue conseguir dominar o elemento, e eu sei que você irá conseguir, mas eu desejo... Não, suplico, que seja neste tempo que ficará aqui dentro. Então, por favor, Lucas, treine! Dê o melhor de si e tente dominar tal elemento, se começar seu treinamento agora, talvez daqui uns quatro ou cinco meses você consiga dominar. Dentro deste cômodo existe muitos mantimentos, objetos sagrados, pergaminhos e tesouros de sua família ou o que seu pai achasse necessário ser guardado no local mais seguro que tivesse, este.

Por mais um momento a vi parar de dizer e ficar pensativa, como se soubesse que não tinha tempo e tentava, o mais rapidamente possível, dizer tudo que era importante a mim.

– A vários pergaminhos proibidos por aí, neles existem maneiras de auxiliar e a dominar o seu elemento mais rapidamente, são apenas com esses métodos que você conseguirá dominar seu elemento em apenas quatro ou cinco meses, se não, você demoraria anos, isto, se conseguisse. Entre os pergaminhos há também um mapa, que mostra todos os caminhos possíveis neste rio subterrâneo. Decore o caminho certo caso consiga cancelar a barreira e saía daqui voltando para o outro cômodo que leva ao corredor secreto e finalmente escolha o caminho que gostaria de sair, pela sala central do castelo ou pelas montanhas. Eu gostaria muito que você fosse pelas montanhas, mas certeza que quando você quiser sair daqui irá direto para o palacete querer saber o que aconteceu. Eu peço que não vá para lá, afinal, se eu não vim te resgatar é que possivelmente algo terrível tenha acontecido com vosso país, mas sei que jamais irá me dar atenção.

Eu sabia que ela não conseguia ouvir ou ver nada que eu dissesse, mas eu conseguia vê-la e ouvi-la, por isto, tive que comentar:

– Por favor, Verônica, não me deixe aqui sozinho. Eu quero lutar, proteger meu país. Por favor, deixe-me ir com você.

– Sei que deve estar me odiando, mas não se esqueça que sou sua tutora, e alem de qualquer coisa, minha prioridade é deixá-lo seguro, para depois pensar no país. Sei também que aqui você estará em segurança, e agora, poderei retornar ao palacete e ver o que ainda pode ser feito. Sua mãe já foi capturada e eu não posso permitir que o líder da Somnium Vastator tenha mais um familiar para usar contra seu pai. Eu sinto muito, Lucas, mas está é a decisão certa a se fazer.

– Não! NÃO É! TIRE-ME DAQUI VERÔNICA!

– Do fundo do meu coração, Lucas – Me desesperei em ver uma lágrima escorrer no rosto dela – Se eu não retornar espero que consiga sair daqui por si mesmo, não quero que morra neste lugar, não posso nem ao menos imaginar vê-lo morto! Meu coração não suportaria tal dor. Não sei o que vai acontecer no nosso futuro, mas independente de tudo, quero que sobreviva e que aproveite a vida dos que morreram ou que morrerão neste dias, siga em frente sem olhar para trás...

– Por favor, não diga estas coisas...

– Também espero no fundo do meu coração que pelo menos um dia você entenda a escolha que tive que tomar, não preciso que me perdoe por isto, apenas que entenda. E que jamais duvide o que eu realmente sinto por você. Meu senhor, adeus.

– Nem pense nisto Verônica! Fique aqui! Não vá embora! Volte! NÃO ME DEIXE SOZINHO! VOLTE!

Mas não importava o quanto eu batia na barreira ou gritasse. Ela não me ouvia, via ou obedecia.

Ela apenas mergulhou desaparecendo naquelas águas profundas e escuras; deixando-me para trás.

Foi só aí que percebi que estava ajoelhado no chão, com as mãos na cabeça e soluçando de tanto chorar, em que as minhas lágrimas molhavam minhas poucas roupas; mas o pior era ouvir o silêncio, ver ninguém, cheirar o mofo, sentir o amargo da boca e frio da solidão e torcer para que ela submergisse novamente do rio, mas isto nunca aconteceu, porque aquela havia sido a última vez que a vi. Afinal, ela nunca voltou para me tirar daquele cômodo.

Joguei-me no chão exausto, meu corpo inteiro estava dolorido e tremulo, mas o pior era a intensa dor de cabeça.

– Hei Castro! Disse que queria todas as memórias dele!

– Compartilhar memórias não é uma coisa fácil, Thiago! Ainda mais em relação à pessoa das memórias! E olha só! Ele mal se aguenta em pé, o nariz está até sangrando, não posso prosseguir. As próximas memórias estão tão bloqueadas que se eu prosseguir ele morrerá!

– Há! Vai morrer coisa nenhuma! Ele não tem que passar na prova? Então, tem que lembrar tudo! Ele precisa lembrar!

A discussão deles fazia com que a minha dor de cabeça aumentasse ainda mais, fazendo me irritar com eles, mas antes que mandasse calarem a boca, Thiago estava diante de mim, puxando minhas vestes e dizendo:

– O que mais você se lembra daquele dia?! Como você saiu de lá!?

– Thiago, pare! Já estamos a horas invadindo as memórias do garoto, não podemos forçar mais!

Thiago me largou mesmo não querendo, fazendo-me bater no chão novamente.

Por sentir o corpo todo dolorido, não me mexi, apenas fiquei olhando para cima, encarando o teto negro do cômodo.

– Você quer passar de fase, não é moleque!? Então pelo menos explique o que aconteceu depois! – Thiago exigiu distante de mim.

– Eu fiquei na gruta... – Eu não me lembrava todos os detalhes de todos os dias, mas com certeza jamais esqueceria o cheiro de mofo daquele local úmido ou da escuridão que dificultava a leitura de qualquer pergaminho - Não sei te dizer exatamente por quanto tempo fiquei lá, mas foi o suficiente para a Somnium Vastator torturar e matar todo o meu povo; um processo que eu posso te afirmar que não foi rápido, porque deve ter demorado alguns meses.

– Então é isto... – Castro que até agora permanecia calado, andou até mim, aproximando-se mais do que eu gostaria, e com seus olhos enormes e esbugalhados ele encarava os meus, como se ainda tentasse descobrir mais alguma coisa. – Já descobrimos o que ele escondia, ou negava de se lembrar.

– Do que você está falando? – Eu já sabia que o Thiago era louco, mas pelo visto o companheiro dele também.

– Você disse que o massacre não foi apenas em um dia, assim como todos pensávamos, afinal, a Somnium Vastator conseguiria matar e destruir todo o seu país em apenas um dia, independente do enorme número de habitantes. Mas você mesmo disse, isto não aconteceu em um único dia e sim em semanas... Talvez, até mesmo meses – E encostou o indicador na minha testa, provocando a volta da dor estrondosa na minha cabeça.

A fúria consumia meu peito, afinal, já era difícil ler qualquer coisa naquela escuridão, mas ler aqueles pergaminhos tão antigos e longos por nada! Por que meu pai se daria o trabalho de esconder tais pergaminhos que apenas continha uma velha história.

– Histórias e mais histórias! Não preciso disto! Cadê os pergaminhos que explicam o uso do elemento natural!?

Contrariado, joguei com fúria os papéis ao chão, ficando amarrotados e espalhados pelo chão.

Coloquei as mãos na cabeça com força, a dor era tão extrema, que cada singela pulsação corpórea parecia que a minha cabeça ia explodir, meus olhos até lacrimejavam, e quando eu menos esperei, acabei tossindo sangue ao chão.

–Olha! Você viu Thiago! Disse que não posso mais invadir a mente dele, se ficasse só mais alguns segundos, certeza que pelo menos ele teria uma convulsão!

[ Pov Thiago]

– Aff! Está certo. Só me responda apenas mais uma coisa, quem cancelou aquela barreira?

Vi o loiro tentando se erguer, ele conseguiu, mas depois de muita dificuldade e ainda cambaleante.

– Quem você acha?

Admito que não gosto da petulância deste garoto, que sempre me encara deste jeito desafiador, talvez isto seja o orgulho de ser filho do Líder da Patrium Ventosa, talvez seja uma característica de sua personalidade. Mas do mesmo modo que isto me irrita, também me alegra. Este moleque é arrogante, mas pelo menos tem estilo.

– Certo, certo. Você passou, agora saia, estamos nisto há horas, precisamos averiguar outros participantes. Saco, pelo visto o dia ainda vai ser bem longo.

Como esperava, ele nem me esperou terminar de dizer tudo e já saia do cômodo apresado.

Ele se preocupou em abrir a porta pesada e sair rápido de lá, por isto, nem percebeu que ao abrir a porta à luz externa adentrou o cômodo sem iluminação que estávamos. E por isto, clareou o corpo de uma pessoa que estava na sala que avaliávamos Lucas, alguém que ele jamais imaginou estar lá e que acompanhou, assim como eu, toda a prova dele. Irônico, não é? Afinal, a luz iluminou parcialmente uma mulher de lindos cabelos longos, escuros e cacheados, ela estava de braços cruzados, encostada na parede, também encarando com seus olhos castanhos escuro o loiro saindo da sala, analisando cada misero detalhe. Lucas jamais percebeu que quando Castro analisava suas memórias, tal mulher havia adentrado no cômodo e permanecido até o final.

A primeira coisa que pensei, foi olhar para o pescoço dela, afinal, eu sempre a via com uma corrente de ouro, mas jamais o pingente, pois o mesmo sempre se escondia no mar de seios da mulher que também estavam sempre escondidos de baixo do espartilho justo. Mas naquele momento, eu tinha certeza absoluta do que aquilo significava. Surpreendi-me em entender que ela ainda possuía e usava tal colar.

Não disse que era irônico?

Quando Lucas saiu por completo da sala e a porta pesada se fechou com brusquidão, eu logo perguntei:

– Olha só, quem diria que você, uma tutela, tinha um caso com o filho da Patrium Ventosa. – Não pude reprimir uma risada.

– Olha o respeito, Thiago, não lhe dei o direito de se referir a mim desta maneira. Não se esqueça que sou sua superiora. – E como eu imaginei, ela mudou completamente de assunto.

– Se não tivesse me dado o direito não pediria tanto a minha ajuda. E agora, achou o que queria?

– Achei, mas tudo graças ao Castro, obrigada pela última memória.

– Se me der licença para perguntar,Deusa Mortis, mas porque está atrás daquele pergaminho?

– Por favor, Castro, não me chame deste jeito, não gosto destas designações de patente. E sobre os pergaminhos, bem, não era necessariamente deles que eu estava atrás, e sim, saber se Lucas realmente o tinham lido.

– E porque tanto interesse nisto? –Perguntei me aproximando dela.

– Isto, meu caro, não é da sua conta – Ela quase soletrou as ultimas palavras para mim, e isso me irritou, afinal, eu adorava fazer isto nos outros, mas quando era feito comigo, odiava!

Ela se afastou de mim, indo em direção da porta, pronta para ir embora, e como eu esperava, desapareceria antes que qualquer Líder Elementar percebesse que ela passou pela prova do exercitus, e apenas voltaria a aparecer quando fosse cômodo a ela.

– Lucas acha que está morta, que ele é o último de seu país. Por que faz isto, Deusa Mortis...? Não, desculpe, minha senhora... ou...

– Me chame de Verônica, Castro – Ela comentou gentilmente, fazendo-me acreditar que realmente existia, mesmo que pouco, a garota que Lucas conheceu. – Sei que é difícil para vocês entenderem algo que não sabem, mas confiem em mim, foi a melhor decisão que eu poderia ter feito. Eu acredito nisto, mas ainda preciso direcioná-lo para o caminho certo, por isto, Thiago, acompanhe-o o máximo possível...

– Eu já sei, pode deixar, irei acompanhar o Elementorum Origo e não permitirei que descubram quem ele é, mas você sabe que quando as missões começarem, uma hora ou outra o Líder da Somnium Vastator vai descobrir.

– Eu sei disto, mas a Somnium Vastator só vai descobrir quando eu achar que é o momento certo, mas para isto preciso da sua ajuda em vigiá-lo. Se Rodrigo descobrir que existe um sobrevivente da Patrium Ventosa, pior, filho de Fabiano, a guerra mudará completamente de rumo, e a última coisa que precisamos agora é de novas surpresas; então, façam o que lhe pedi sem nenhum erro, e se perceberem que há qualquer pequena coisa fora dos planos avisem imediatamente algum Líder Elementar, e contem tudo que eu disse avocês, eles deveram conseguir me localizar e então resolveremos o problema. Agora, eu preciso ir, antes que Marco e Adélio saibam que estive por aqui.

Ela já estava pronta em abrir a porta e desaparecer, mas antes eu tinha que avisá-la de mais uma coisa:

– Verônica...!

– Dei a liberdade do Castro chamar-me pelo nome, mas não você, Thiago. Deve me chamar de Deusa Mortis.

Ignorei tal comentário, ela poderia ser a minha superiora mais eu tinha orgulho próprio, por isto continuei a dizer:

– Ele é um dos Praedestinatum.

Ela deu um longo suspiro e virou-se em minha direção, como se escolhesse as palavras certas que poderia ou não dizer.

– Eu sei disto, o problema é que eu não sei se Marco, Adélio ou o próprio Lucas sabem. Então, por enquanto, o segredo fica entre nós três. Mas aviso que apesar de confiar em vocês dois ainda continuarei atenta, então se descobrir algo que me pareça suspeito ou se me traírem, pagarão muito caro por isto. Não importa quem seja, se oferecer perigo ao Lucas, eu mato.

Então ela finalmente abriu a porta e foi embora.

É, esta é a Verônica que conheço.

Continua


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Notas finais do capítulo

Bem, agora começamos a entender o porque o Lucas ser o último sobrevivente, não é? Veronica, como sua tutela, jamais poderia permitir que ele ficasse em perigo, e por isto o isolou do restante, fazendo com que ele sobrevive-se. Mas a que preço?
E gostei da cena com o Fernando, percebi que está fic está muuuuito comportada, e quem me conhece e leu outras fics minhas sabem que a última coisa que eu jamais esqueço é um hentai. Infelizmente nesta fic ainda vai demorar, mas vire e mexe vou colocar algumas cenas com as amantes do Fernando, assim fica melhor.Percebam que tanto a excitação quanto o brochamento estão ligados a Clarice e não a loira, como Fernando quer acreditar. Afinal, é da negação que vou desenvolver o romance. Vocês gostaram?
Enquete: Qual personagem é o preferido de vocês? Lucas, Fernando, Tom, Clarice, Thiago, Verônica, Castro, Marco, Adélio, Fabiano ou Rodrigo?
Aos que gostam dá Verônica, se pah, ela aparece no proximo, se não aparecer, irá demorar DE MAIS que volte a aparecer.
SEJAM BEM VINDOS OS NOVOS LEITORES E ESPERANDO POR REVIWES- QUANTO MAIORES MELHORES! EU AMOOO AQUELE REVIWE BEM DESENVOLVIDO ENTÃO SE QUER ME DEIXAR FELIZ, ESCREVE UM GRANDÃO PRA MIM :D!!!.
Mereco RECOMENDAÇÕES?
bjs e esperando por comentários!