CAPÍTULO 17.

No capítulo anterior:

... Alice Marie Cullen.

Como não associei o nome dela ao nome de Edward antes?

Ela me conheceu na mesma hora. Ela sabia quem eu era. Eu já havia visto um surto enfurecido dela e sabia que outro estava por vir...

Seus olhos ardiam de ódio e revolta... Eu podia imaginar as engrenagens na sua mente unindo os fatos e as imagens passando como um filme... Ela estava furiosa...

...

PDV Isabella Swan

- O que você está fazendo aqui? – Alice perguntou num sussurro indignado.

- Eu... eu... hã... – minha voz simplesmente não saía, eu estava travada, meus pés pareciam colados no chão.

- O que você pensa que faz aqui, Anabelle?! – ela elevou um pouco a voz.

Eu não sabia o que dizer. Ela não me conhecia como eu realmente era, não conhecia a verdadeira pessoa, a Isabella Swan; ela conhecia a mulher que dormiu com o namorado dela, a prostituta Anabelle.

Alice e eu tivemos a infelicidade de nos conhecermos graças ao namorado dela. Quer dizer, o ex-namorado. Hoje, ela era casada com Jasper Halle, Edward me informou isso. Só que nunca entramos em detalhes sobre a vida da irmã dele, eu nunca falei com ninguém da família dele, exceto Emmett e Rosalie, e com Esme por telefone.

Nunca minha mente uniu os fatos que estavam bem ali na minha frente. Nunca pensei que Alice Cullen fosse justamente a Alice que me deu um belo tapa na cara quando me viu com o namorado dela.

- Vai ficar com essa cara de idiota aqui? – ela voltou a me interrogar – Eu perguntei o que você faz aqui, Anabelle?

- Eu não sou Anabelle. – foi a única coisa que consegui sussurrar.

- Quer mentir pra mim? Mentir justamente pra mim? – ela estava enfurecida e um pouco sarcástica.

- Não, n-não... – gaguejei um pouco – Eu realmente não sou a Anabelle.

- Pelo amor de Deus! – ela mexeu nos cabelos – Vai continuar negando o que eu já sei? Você é a mesma desgraçada que acabou com a minha vida um tempo atrás. Eu JAMAIS esqueceria seu rosto, sua vagabunda!

- Alice! – Edward apareceu gritando exaltado com ela, eu apenas congelei. Todos nos olhavam com olhos arregalados – Cala essa boca, Alice!

- Edward Cullen, - ela sibilou – eu sou sua irmã, não fale comigo desse jeito!

- E você esperava que eu falasse com você como? – ele me abraçou – Vamos entrar na minha sala, aqui não é o lugar para discutir.

Ele me rebocou para sua sala, decidido e firme. Eu apenas permiti que me conduzisse. Alice seguia ainda bufando e resmungando logo atrás de nós. O ambiente parecia mais gelado do que da última vez em que estive aqui; apesar das janelas abertas, eu sentia o ar abafado e escasso na sala. Um sufoco tomava conta de mim deixando-me sem forças, sem reação.

Alice andou com força e se sentou numa cadeira estofada em frente à mesa de Edward. Ele continuou me guiando até a cadeira dele. Sentou-se e me puxou para sentar em seu colo. Não neguei o convite, estava com as pernas fracas para querer me manter em pé.

O calor do corpo dele, suas mãos envoltas em minha cintura me passavam uma segurança e calma que, só em mim, eu não encontraria.

- Eu te proíbo de gritar com Bella, aqui ou em qualquer lugar. – ele disse sério.

- De onde você conhece essa vagab...

- Cala a boca, Alice. – ele disse outra vez – Eu não quero que fale assim dela, Bella não é nada disso que você imagina.

- Não é o que parece pra mim. – ela deu de ombros – De onde vocês se conhecem?

- Do local de trabalho dela. – ele disse.

- Trabalho?! – perguntou irônica – E o que ela faz pode ser chamado de ‘trabalho’?

- Ela ganhava dinheiro, não ganhava? É óbvio que era um trabalho. – ele diz firme – Acho que qualquer coisa é melhor do que roubar. Além disso, ela nunca me enganou em nada. Eu a conheci numa casa de prostituição e dormi com ela sendo uma prostituta. Hoje, Bella não trabalha mais lá e muito menos é prostituta. Sua vida agora é ao meu lado, sendo mãe do meu filho.

- Filho? – Alice se colocou de pé chocada, os olhos quase saltando para fora - E você acredita que o filho de uma prostituta seja seu?

- Eu não ‘acredito’. Eu ‘sei’ que é meu. – ele foi taxativo.

Alice ficou em choque, surpresa com as palavras decididas dele. Edward deu um tapinha leve em minha bunda, sinalizando para que eu levantasse do seu colo. Assim que me coloquei de pé, Edward fez o mesmo.

- E falando no meu filho, nós temos que sair. Bella tem médico hoje, vamos descobrir se é um menino ou menina.

- Edward, você não pode deixar que essa mulher faça sua cabeça e te engane desse jeito. – Alice tentou uma última vez – Você estava comigo logo depois que John me traiu com ela. Você viu o que eu passei, viu como eu fiquei! Vai acreditar que com você é diferente? Vai ter essa ridícula ilusão de que ela está com você apenas por amor, e não por dinheiro?

- Basta, Alice! – ele vociferou e pegou minha mão – Não quero e nem devo ficar ouvindo essas idiotices de você. Sinto muito por dizer isso, mas Bella estava trabalhando quando dormiu com o John. Ela não é culpada pelo que você passou! Se alguém tem culpa nisso, esse alguém é o John, ele foi um miserável por te trair. Além disso, você já superou isso e está muito bem casada com Jasper, não vamos reclamar do que já passou. Agora, com licença.

Edward passou por ela me puxando logo em seguida. Eu ergui meus olhos para encará-la brevemente. Não tive coragem de dizer uma única palavra, mas rezei pra que ela reconhecesse o pedido sincero de desculpas impresso em meus olhos.

Seguimos para o consultório da médica em grande expectativa apesar da discussão com Alice. Meu filho, ou filha, estava a apenas algumas horas de receber um nome próprio...

*** FLASHBACK ON ***

PDV Anabelle/ Isabella Swan

John estava na casa de Carmen hoje e fizera um convite diferente para mim. Pagaria o dobro do que costumava pagar se eu concordasse em ir ficar com ele em outro lugar. Apenas aceitei porque precisava de dinheiro para realizar meu sonho de fazer minha faculdade.

Ele estava feliz naquele dia, ansioso para que chegássemos ao local escolhido por ele. Muito raramente eu atendia clientes fora da casa de Carmen, mas John era um cliente fiel da casa e Carmen aceitava fazer todas as suas vontades.

- Que lugar é esse? – perguntei assim que entramos naquele apartamento.

- Meu apartamento.

- E você não mora sozinho aqui, pelo que me lembro.

- Não. – ele sorri brevemente – Moro aqui com Alice, minha namorada, praticamente noiva.

- Humm. – murmuro – E onde ela está nesse momento? Não vamos ter problemas? Talvez fosse melhor ficar na casa de Carmen.

- Não se preocupe, ela está viajando a trabalho. Volta só amanhã ou daqui alguns dias.

Ele estava muito animado, eu podia ver isso em seu rosto e em sua linguagem corporal. E ele nem perdeu tempo, me agarrou com força, erguendo-me em seus braços, fazendo com que eu entrelaçasse as pernas em seu tronco. Nos conduziu para um quarto muito bonito, bem decorado e agradável.

...

Não sei quantas horas ficamos ali, mas foi bastante tempo. E, infelizmente, parece que os cálculos dele estavam errados ou que a tal Alice mudara de planos. Enquanto estávamos iniciando uma nova rodada de prazeres, a porta aberta do quarto nos apresentou uma mulher ricamente bem vestida, de cabelos espetados e negros, com os olhos arregalados e banhados em lágrimas.

Alice.

Só podia ser a namorada-noiva de John.

- John? – ela questionou – O que isso significa?

Ele praticamente teria me jogado no chão se não fosse meu reflexo de me segurar sobre a cama para não cair. Levantou-se rapidamente, completamente nu, com os braços estendidos e os olhos suplicantes na direção dela.

- Amor, não é o que você está pensando. Eu estava com saudade de você, faz dias que você estava longe...

- E isso é motivo pra você me trair, seu nojento? – ela bateu no rosto dele – Também faz tempo que eu estou longe de você e nem por isso te traí com outro homem.

- Mas não é traição, Alice. Não quando foi apenas sexo, não tem nada parecido com amor. Anabelle é só uma prostituta, ela não significa nada para mim. Foi só sexo, isso é normal para um homem.

- Por favor, aprenda a ter dignidade, John! – ela esbravejou – Seja apenas sexo ou não, o que vem ao caso é que você me traiu com essa mulher. E no nosso apartamento! Como você esperava que eu reagisse? Achou que eu não descobriria? Ou achou que eu não ligaria se você me contasse daqui algum tempo? – ela tremeu os lábios e outras lágrimas deslizaram por seu rosto perfeito – Ou talvez tenha pensado que eu concordaria em me juntar a vocês nessa imoralidade? Você é patético, John!

Enquanto a discussão deles prosseguia, eu levantei da cama e comecei a procurar minhas roupas, tentando ser o mais discreta possível. Pouquíssimas vezes passei por essa situação, mas não era algo confortável, nem um pouco confortável.

- Onde você pensa que vai, sua vagabunda?! – Alice esbravejou, dessa vez sua atenção se concentrando em mim - Pensa que vai sair assim de fininho? Você é tão safada quanto ele!

Não houve tempo para falar, pedir desculpas ou sair dali. Ela avançou sobre mim e me deu alguns tapas no rosto e alguns puxões de cabelo. Só não apanhei mais porque John a impediu disso.

- Solta ela, Alice!

- Não solto. – ela gritou em resposta, suas mãos agarradas em meus cabelos – Ela merece aprender que o homem das outras não é propriedade dela também!

- Alice, eu a chamei, eu a paguei para estar comigo. – ele raciocinou – Ela é apenas uma prostituta nessa história toda.

Ela pareceu perceber o que ele disse e entendeu a lógica da explicação. É claro que eu sentia vergonha por saber que várias mulheres estavam sendo enganadas e traídas pelos seus maridos, mas eu não ia atrás deles, eram eles quem me procuravam. A culpa não era inteiramente minha, eu praticamente não tinha culpa alguma nisso tudo.

Alice me fuzilou com seus olhos verdes intensos, banhados em lágrimas e um pouco avermelhados. Respirando profundamente ela me deu um forte tapa no rosto e disse bem baixinho:

- Suma daqui, sua vagabunda! Eu nunca mais quero te ver na minha frente. Dê graças a Deus por sair daqui viva. Agora some daqui!!!

Eu não hesitei, nem sequer olhei para John para ver a opinião dele ou sua expressão. Simplesmente peguei o resto das minhas coisas e sumi do apartamento, pegando um táxi para voltar para a casa de Carmen.

Depois disso, nunca mais encontrei John. Ele simplesmente sumiu da casa de Carmen, e ouso dizer que sumiu até mesmo da cidade. E também nunca mais encontrei a tal Alice; mas eu secretamente rezava todos os dias para que, onde quer que ela estivesse, pudesse algum dia me perdoar...

***FLASHBACK OFF***

PDV Isabella Swan

- Então é uma menina. – Edward disse assim que entramos no carro para voltar para nossa casa.

- Sim. – eu sorri docemente.

- Adorei a notícia. – ele riu de forma descontraída – Claro que ia adorar ter um garotinho também, mas é ótimo saber que será uma menina. Uma pequena miniatura de você.

Ele pegou minha mão e a beijou; logo após dar partida no carro, voltou a segurar minha mão com os dedos entrelaçados nos seus.

- Precisamos pensar num nome. – disse sério – Minha boneca precisa ter um nome urgentemente, ela precisa aprender desde já a responder ao próprio nome.

- Ela é só um bebê, Edward. – eu ri um pouco – Falta muito para que ela possa ‘responder’ ao próprio nome.

- Mas ela já entende quando conversamos com ela, mesmo estando na sua barriga. É óbvio que saberá distinguir quando a chamarmos pelo nome dela.

- Ok. Vamos decidir qual nome ela terá.

O caminho até em casa foi repleto de gargalhadas, caretas e possibilidades. Um leque de opções surgia em minha mente e na de Edward, algumas opções eram escolhidas para a decisão final... Apesar dos problemas do dia, a notícia sobre nossa filha conseguiu me fazer sorrir bobamente pelo restante da tarde e da noite.