CAPÍTULO 15.

“VOCÊ NÃO PODE ESTAR EM TODOS OS LUGARES AO MESMO TEMPO, NEM PODE SALVAR TODAS AS PESSOAS QUE AMA DE TODOS OS PROBLEMAS QUE PODEM LHES SURGIR... PORÉM, VOCÊ PODE AJUDÁ-LAS A ENCARAR ESSAS DIFICULDADES. ISSO SE CHAMA ‘AMIZADE’, ‘COMPANHEIRISMO’ E ‘AMOR’.” - KTwilight

PDV Edward Cullen

Bella estava preparando nosso café enquanto eu tomava banho; mas assim que saí do banheiro, ouvi o telefone tocar. Não me preocupei em atender, Bella poderia fazer isso e me chamaria caso fosse importante. Como ela não disse nada, me vesti rápido e fui até a sala para perguntar quem era.

Foi então que ouvi um pedaço da conversa. E pela expressão de Bella, boa coisa não era.

- Não, senhora. – ela engoliu em seco, fiquei atento às suas palavras ao telefone – Sou a namorada dele.

Houve silêncio e meu coração disparou preocupado com o que poderia estar acontecendo. Minha mente teimava em querer me iludir, fazendo-me acreditar que talvez fosse alguma mulher de alguma companhia de cartões de crédito oferecendo novos serviços; mas meu coração soube assim que eu vi o rosto de Bella que não era ninguém de empresa alguma, só poderia ser alguém da família. E pela maneira como Bella estava de olhos arregalados e com as mãos trêmulas, esse alguém deveria ser minha mãe ou Alice.

- Senhora Cullen? – ela disse.

Parece que a pessoa do outro lado da linha resolveu falar, e falou muito. Bella ouviu tudo atentamente e sem dizer nada, mas eu notei seu pavor crescer à medida que os segundos se passavam. Resolvi interferir na conversa.

- Bella. – a chamei e só então ela pareceu realmente me enxergar ali, lágrimas saíram de seus olhos, molhando todo seu lindo rosto – Bella, o que foi?

Como não havia resposta de sua parte, cheguei mais perto dela e a abracei. Ela chorava muito e nem sequer se mexia. Tirei aquele telefone das mãos dela disposto a mandar para bem longe quem quer que fosse que a fizera ficar naquele estado.

- Alô? – disse irritado.

A voz respondeu. Confirmei minhas suspeitas, era minha mãe quem havia ligado.

- Edward, meu filho. – ela disse chorosa – Quem é essa moça que atendeu ao telefone? Não acredito que esteja com sua namorada aí? E Tanya, como fica o noivado de vocês? Essa moça nem deve merecer ser chamada de sua namorada, meu filho.

- Ela é minha namorada, mãe. – eu disse firmemente - Você não tinha o direito de dizer o que disse para ela.

- Você larga sua noiva, a linda Tanya, para ficar com essa moça que sequer sabe ser educada ao atender uma ligação! E se já não bastasse essa atitude infantil e teimosa, você ainda é um ingrato que abandona sua mãe como se eu nem existisse pra você. Que tipo de filho você se tornou?

Quando ela disse que ‘eu a abandonei’, meu sangue ferveu. Estreitei meus olhos e tentei me concentrar em Bella aninhada em meus braços para não quebrar o apartamento inteiro. Como ela se atreve a dizer isso? Como se atreve a me acusar de tê-la ‘abandonado’ quando foi ela quem disse claramente para que eu a esquecesse?

- Foi você quem disse que era para mim esquecer que tenho mãe e família! – respondi furioso - Eu não apareci mais na sua casa porque a senhora me mandou escolher, e eu escolhi a Bella.

- Edward, - Bella sussurrou – não grita com a sua mãe.

Bella só poderia ser um anjo mesmo; sendo humilhada por minha mãe e ainda pede para que eu respeite a ela. Se minha mãe ao menos tivesse uma noção de como Bella era superior a Tanya...

- Eu te proíbo de ligar aqui pra ficar acusando e xingando Bella. – eu gritei furioso com a situação – Não interessa o que você fez por mim até hoje; no dia em que você se negou a aceitar que quero ser feliz ao lado dela, a senhora anulou tudo o que já fez de bom pra mim!

Bella se desvencilhou de meu abraço apertado e começou a andar na direção da cozinha. Não a impedi porque ela não merecia ficar ouvindo essa conversa idiota. Porém, enquanto minha mãe ainda tentava argumentar, eu estava de olho em Bella. Ela errou o passo umas três vezes ao caminhar, passou a mão pela testa e debilmente tentou continuar andando até a cozinha. O que ela tinha, meu Deus?!

- Mãe, eu não quero brigar com a senhora e muito menos lhe ofender. – eu disse, por fim.

- Então não me ofenda, largue essa mulher, Edward. Ela não é boa o bastante pra você.

- Eu não vou mais tentar falar sobre isso com a senhora, é perda de tempo.

Antes que ela se expressasse, vi Bella cair no chão, larguei o telefone no chão e gritando corri até ela. Toquei seu rosto, estava desacordada, estava mais branca que o normal e com o pescoço  e a nuca tomados pelo suor.

- Bella. – a chamei, não houve resposta – Bella, por favor, fala comigo. – comecei a chorar sem nem mesmo perceber - Acorda, meu amor. Diz alguma coisa.

Ela nem sequer piscou um olho. Só sabia que estava viva porque sentia sua respiração e via seu peito subir e descer. Soltei-a vagarosamente no chão e corri para pegar o telefone.

- Mãe?

- Aonde você foi, seu garoto mal-educado? Me deixou falando sozinha!

- Agora não é hora pra isso, mãe. Preciso do telefone do doutor Félix.

- Para quê?

- Bella passou mal, mãe. Você tem ou não tem o número dele?

- Tenho. Aguarde um instante.

Minha mãe não demorou nem dois minutos para localizar o número do médico da família na agenda telefônica, mas para mim parecia ter demorado uma hora. Ela me passou o telefone e eu anotei às pressas na minha mão mesmo.

- Obrigado, mãe. Depois te ligo para dizer como ela está.

- Nem perca seu tempo me dando notícias, não me interessa saber sobre ela.

Aquilo cortou meu coração já machucado e em pânico. Não consegui nem despedir-me dela, só desliguei o telefone resmungando pela falta de amor ao próximo que minha mãe tinha, mas agradecendo mentalmente por ela pelo menos ter aceitado me passar o número do médico. Disquei rapidamente o número que ela me deu e graças a Deus a linha não estava ocupada, atenderam no segundo toque.

- Consultório médico, bom dia.

- Bom dia, aqui quem fala é Edward Cullen, filho de Carlisle e Esme. O doutor Félix pode me atender? É urgente. – eu disse tão rápido que quase me engasguei.

- Senhor, preciso que fale com mais calma, por favor. – ela pediu.

- Olha, a última coisa que eu consigo fazer agora é ficar calmo. – disse entre o choro e o pavor – Eu preciso que o doutor Félix examine minha namorada, ela acabou de desmaiar e ainda não acordou.

- O senhor sabe dizer se ela tem algum problema de saúde ou se está sem comer a muito tempo?

- Ela não tem nem nada. – levantei e corri para o quarto para pegar minha carteira e celular, enfiando-os no bolso da calça – Por favor, passa a ligação para o doutor Félix ou avisa ele e pede que me encontre no hospital de Seattle.

- Vou avisá-lo e pedir que ele vá ao hospital, é melhor assim. O senhor segue direto para lá, provavelmente ele irá solicitar alguns exames que só estão disponíveis no hospital.

- Ok. Obrigado.

- De nada, senhor. Volte a ligar caso ocorra alguma coisa no meio do caminho.

- Sim.

Eu larguei o telefone na base e abri a porta do apartamento para agilizar. Peguei Bella nos braços, beijei sua testa e saí do apartamento como um foguete. Nem sei como cheguei tão rápido até a garagem, mas foi o que fiz.

Ajeitei Bella no banco e coloquei o cinto nela. Depois entrei e saí apressadamente dali, eu corria contra o tempo já que não fazia idéia do que ela tinha e ela não dava sinais de que iria acordar. Dirigi como um louco até o hospital, felizmente sem causar acidentes.

O doutor Félix estava na recepção me esperando, graças a Deus o consultório dele era a apenas uma quadra do hospital.

- Olá, Edward. – ele disse – O que houve?

- Não sei. Ela estava discutindo ao telefone e desmaiou. Tentei acordá-la, mas é em vão.

Ele fez sinal para dois enfermeiros que estavam com a maca e eles fizeram seu trabalho. Eu fui seguindo-os ao lado do médico, atento a qualquer sinal de melhora que ela pudesse apresentar.

- Ela tem quantos anos? – o médico pediu.

- Vinte e três.

- Nome?

- Isabella Swan.

- É sua esposa?

- Ainda não, é minha namorada.

- Bom, sabe se ela tem algum problema de saúde? Anorexia, AIDS, câncer, problemas de coração, leucemia, hepatite, anemia...?

- Não, não, ela é saudável, não tem nada disso.

- Certo. Vou fazer uma bateria de exames e tentar acordá-la aos poucos. Você vai ter que esperar aqui. – apontou para um conjunto de cadeiras a nossa frente – Assim que tiver algum resultado em mãos, eu venho te avisar.

- Obrigado, doutor. – toquei seu ombro – Não a deixe morrer, por favor.

- Ela não está morrendo, filho. – ele sorriu compreensivo – O corpo dela só está tentando protegê-la de um choque externo, por isso ainda está desacordada.

Eu só assenti e observei ele seguir os enfermeiros que empurravam a maca. Deus ajude que não seja nada grave, senão minha mãe pagaria muito caro por isso.

Eu estava prestes a desmaiar de  tanta preocupação. Resolvi ligar para Rosalie, ela poderia me ajudar.

- Edward? O que houve pra você estar me ligando tão cedo?

- Oi, Rose. – disse abatido.

- O que foi? Está tudo bem?

- Estou no hospital.

- Você se machucou?

- Antes tivesse sido eu. – suspirei – Estou aqui por causa de Bella. Ela desmaiou em casa, Rose.

Meus lábios tremiam devido ao choro que eu tentava reprimir. Nunca antes a vida de uma pessoa me preocupou tanto como agora.

- Eu vou aí ficar com você, daí você me explica o que aconteceu. Não saia daí, Edward.

- Tá.

Desliguei o telefone e escorei a cabeça na parede, fechando os olhos e respirando fundo. Eu nunca senti o que eu sinto por Bella... E se eu a perdesse? E se não pudesse mostrar a ela o quanto eu a amo? O quanto estou feliz ao lado dela? Eu jamais perdoaria minha mãe se algo acontecesse com Bella!

...

“It’lll be alright

Tudo ficará bem

You said

Você disse

Tomorrow

Amanhã

Don’t you cry

Não chore

Don’t you shed a tear

Não derrame uma lágrima

When you wake up

Quando você acordar

I will still be here

Ainda estarei aqui

When you wake up

Quando você acordar

We’ll battle all your fears

Combateremos seus medos

And now I’ll

E agora irei…”

{Take my heart back (Traga meu coração de volta) – Jennifer Love Hewitt}

...

- Edward... – uma voz amorosa sussurrou ao meu lado, abri os olhos devagar, não percebi que havia cochilado sentado na cadeira.

- Oi. – eu disse.

- Como ela está?

- Não sei, Rose. – cocei os olhos e bocejei – O doutor Félix entrou com ela lá pra dentro e ainda não voltou pra me dizer nada.

- Vamos ter que esperar então. – ela sentou ao meu lado e passou um braço por meus ombros – Como você está?

- Eu estou em pânico.

- O que aconteceu pra que ela desmaiasse desse jeito?

- Você nem vai acreditar.

- Pois então me conte.

- Minha mãe ligou lá em casa, eu estava no banho e Bella atendeu. – franzi a testa – Não sei o que elas conversaram, mas sei que Bella estava muito assustada e chorava muito. Eu resolvi interferir e tirei o telefone dela, então comecei eu mesmo falar com minha mãe. Bella foi se afastando da sala e achei que fosse até a cozinha beber um copo d’água, sei lá... quando olhei pra ela de novo, já estava caída no chão.

- Meu Deus, que coisa mais horrível! Ela estava doente, Edward?

- Não, Bella é muito saudável. Nas semanas em que estamos morando juntos, não a vi falhar nenhuma das refeições; além disso, ela come coisas bem saudáveis e frutas e toma muito líquido. Não acredito que tenha desmaiado por algum problema de saúde.

- Pode ser que tenha sido uma crise emocional. – Rose concluiu – Se ela ouviu as maluquices que sua mãe pensa, pode ter se alterado emocionalmente e teve uma queda de pressão.

- Tomara que você tenha razão e seja só isso.

- De qualquer forma, vamos ter que esperar para descobrir. Há quanto tempo você está aqui?

- Sei lá... – eu disse e conferi as horas no meu relógio – Não faz nem duas horas.

- Bom, descanse mais um pouco. – ela disse – Eu te acordo se o médico trouxer notícias.

- Quem eu chamaria numa situação dessas se não fosse você, Rose? – meus olhos se encheram de lágrimas – Obrigado por vir assim que eu liguei.

- De nada. – ela sorriu – Que tipo de cunhada e amiga eu seria se não pudesse te ajudar quando você mais precisa? Agora, descanse; Bella vai precisar de você daqui a pouco.

- Tá.

Voltei a escorar a cabeça na parede e fechar os olhos. Não consegui dormir, é lógico, mas descansei um pouco a mente enquanto cochilava por alguns minutos.

...

O médico veio me dar explicações somente quatro horas depois que cheguei ao hospital com Bella em meus braços. Eu estava prestes a entrar naquele setor do hospital e exigir explicações, mas Rosalie me manteve calmo até o momento.

A expressão do doutor Félix não me dava explicação alguma do que houve com Bella. Ele estava neutro, nem feliz, nem triste. Perguntei-me se todos os médicos agiam assim diante desse tipo de situação.

- Então doutor, como ela está? – Rosalie pediu.

- Isabella ainda está desacordada, mas não por conta do desmaio. Ela recuperou os sentidos faz umas duas horas e pude conversar com ela um pouco. Ela me disse e também vi pelos exames, que tem uma saúde muito boa. O desmaio foi o resultado de uma série de acontecimentos juntos.

- Ela ainda está desacordada, doutor? – perguntei aflito - Está dormindo ou está desmaiada?

- Ela está dormindo, Edward. – ele disse compreensivo – Estava um pouco abalada ainda pelo que aconteceu e pelo resultado dos exames, então dei-lhe uma medicação leve para que pudesse descansar um pouco antes de ver você.

- Ela quer me ver? – perguntei bobo.

- Quer, desde que acordou do desmaio, está pedindo por você. A fiz entender que era bom esperar até ter todos os exames antes disso e ela concordou. Prometi levá-lo até a sala de observação onde ela está assim que ela acordar.

-   Obrigado, doutor. – eu disse sincero – Depois acertamos a despesa pelo seu trabalho, no momento não estou com cabeça para isso.

- Tudo bem, Edward. Não se preocupe com isso agora, preocupe-se apenas com sua namorada. Vou preencher alguns formulários, volto para buscá-lo daqui a pouco.

Rosalie e eu nos despedimos do médico e continuamos ali sentados. Ela havia falado com Emmett e ele estava vindo para o hospital assim que saísse da empresa. Era ótimo saber que eu podia contar com o apoio deles num momento tão difícil.

Só uns cinco minutos depois de falar com o médico, eu realmente caí na real e percebi que Bella estava bem, que foi só um susto. Como conseqüência dessa nova conclusão, comecei a chorar outra vez. Rosalie rapidamente me acolheu em seus braços.

- E agora, por que está chorando? – ela pediu.

- Só estou feliz por saber que ela está bem.

- Se Emmett te ouvisse dizendo essas coisas e, ainda por cima, chorando, com certeza diria que você é gay. – ela riu e tive que acompanhá-la.

- É, o grandalhão iria tirar o maior sarro da minha cara. – a encarei sério – Mas tenho certeza que se tivesse acontecido alguma coisa com você, ele estaria tão pirado e esquisito quanto eu.

- Eu sei. – ela sorriu docemente – É isso que torna vocês dois tão especiais. E por isso eu amo os dois.

- Obrigado, Rosalie, de verdade.

- De nada. Agora acalme-se, Félix disse que Bella está bem e que logo você vai poder vê-la. Você não quer aparecer lá chorando e acabar deixando ela nervosa de novo, não é?

- Pelo amor de Deus, nem brinque com isso! Se isso acontecer de novo, acho que eu morro.

- Não seja exagerado. – riu outra vez - Olha só, vou buscar um café pra nós, volto logo.

Fiquei sozinho ali até que Rosalie voltasse com o café. Tomamos em silêncio, estava ansioso por ver Bella. E logo o médico surgiu me chamando para ir ver Bella pela primeira vez desde que chegamos ao hospital.

O segui em silêncio pelo corredor que dava acesso a sala de observação. Bella estava lá, deitada na maca, com uma agulha presa em seu braço e um soro sendo gotejado aos poucos por ali. Seus olhos estavam sonolentos, sua aparência adoentada, mas um sorriso doce surgiu em seus maravilhosos lábios assim que ela me viu.

O médico despediu-se de nós, assinou os papéis para liberar ela da observação e saiu. Ficamos só nós dois. Olhos nos olhos. Outra vez, meus olhos se encheram de lágrimas.

- Por que está chorando? – disse com a voz meio grogue por causa do sono.

- Porque você acordou e está bem. Fiquei com tanto medo. O que deu em você? O médico não quis me dizer nada.

- Ainda estou chocada com o resultado dos exames que ele fez.

- Por quê? Ele me disse que você está bem, que não é nada sério.

- Sim, eu sei. – ela respirou fundo, sorriu levemente e agora os seus olhos se encheram de lágrimas – Edward, eu estou grávida.