Cap. 2 – Fuga

As coisas estavam ficando mesmo estranhas. Quer dizer, eu podia muito bem ver que Embry estava me evitando, um dos meus poucos amigos, me evitando. E dessa vez, eu tinha plena certeza que não tinha feito nada de errado.

Hoje haveria uma reunião, eu também queria poder perguntar à Embry o que estava acontecendo, mas ele estava fugindo.

- Leah, você pode ir. – Charlie disse, quando lhe entreguei o suco que ele pediu para comprar.

- Ok. Então até amanhã. – me despedi e saí. Jacob estava escorado na minha caminhonete. – Oi, Jake. O que faz aqui?

- Nossa que recepção agradável! – ele disse, me pedindo a chave silenciosamente, com a mão estendida. – Rebecca mandou eu vir falar com você.

- E precisava vir aqui no meu emprego?

Ele riu. – Não, mas eu quis. – respondeu. – Então, o que você vai fazer agora?

- Eu queria falar com o Embry. Ele tá meio que fugindo de mim e eu quero saber porque…

- É? Mas não adianta tentar falar com ele agora. Ele e a mãe viajaram hoje para Washington resolver umas coisas aí…

- Washington? Ele nem se despediu… - pensei alto.

- De você, porque eu e os meninos sabemos disso já tem quase um mês. Ele deve ter te falado e você não captou. – ele disse, entrando na estrada que dava para a reserva.

Fiquei calada por um tempo. Porque Embry não me disse nada?

- O que a Becca queria comigo? – perguntei sem emoção.

- Falar que as bolsas da universidade dela estão abertas para um curso lá, e que vai te ligar pra explicar melhor. Disse também que vocês tinham que fazer uma coisa… mas não disse o que é! O que é ein? – ele estava tão curioso que senti no seu tom.

- Nada que lhe interesse. – rimos. Ele nem sentia mais raiva das minhas brincadeiras.

Ficamos calados o resto do caminho. Ele estacionou na garagem lá de casa e desceu.

- Olha não fica chateada, ok? É que tem coisas que você não ia entender…

- Tipo o que? Eu pensei que fossemos amigos.

- Ai Leah, não seja dramática. Ele só viajou e daqui a pouco está de volta. Você vai ver.

- O problema, Jacob, não é a volta, é ele nem ter se despedido. Quer dizer, porque é que eu tenho que dar satisfações do que eu faço ou deixo de fazer para todo mundo? Enquanto vocês nunca dizem aonde vão… E ninguém liga. Claro, é porque eu sou mulher? É isso? Porque parece que o problema é só esse. – eu podia estar exagerando um pouco, mas enfim eu queria saber, porque tinha diferença.

- Não é isso, não dificulta.

- Mas Jac… - ele me calou com um beijo estranho. Quer dizer, porque ele estava me beijando?

Eu não tinha certeza, mas eu gostei da sensação. Eu deixei ele continuar, eu ajudei, eu dei a permissão e eu estava gostando daquilo. Mas acabou, rápido e limpo. Como começou terminou, num piscar de olhos.

- O que…? Quem você acha…? – eu não estava sendo coerente.

- Você fala demais, garotA. – ele fez questão de destacar.

- Jacob não me irrite, se fizer isso de novo…

- O que você vai fazer? Quebrar o meu maxilar? – ele disse em tom de riso.

- No mínimo. – respondi. Rimos e ele se convidou a entrar na casa dos meus pais.

Seth estava no computador. Mamãe na cozinha e eu subi para trocar de roupa (Imaginem com calça longa).

(http://modaparausar.files.wordpress.com/2007/09/mac_1.jpg)

Desci depois de tomar um banho relaxante. Cada dia, mais pessoas iam a delegacia. As vezes para perguntar coisas idiotas, talvez só para me ver responder. Eu vinha sendo azarada constantemente também. Mas isso era divertido.

- Como foi o dia, filha?  - mamãe perguntou me oferecendo um sanduiche natural. Os meninos já estavam acabando com o que tinha na bandeja no meio deles.

- O de sempre, mãe. Um monte de gente foi na delegacia denunciar coisas que aconteceram com elas e pronto acabou. Charlie me deixou vir mais cedo hoje. Não estava tão agitado assim. Aliás… Seth que historia é essa de que você está de recuperação?

- Recuperação? – mamãe perguntou e nós duas ficamos olhando o meu irmão.

- Eu não menti. Só não contei. – ele se defendeu.

- Em que matéria? – mamãe perguntou.

- Biologia, Física e Matemática. Mas eu passo de ano. – ele disse fugindo do nosso olhar.

- É bom mesmo. – mamãe murmurou algo parecido com: “Ou Sammuel vai ver como é um lobo pelado…”

- Dona Sue? – Jacob chamou normal. – Eu tava pensando que o meu pai podia ajudar o Seth a estudar. Ele é bom nisso.

- Que ótima ideia filho. – mamãe disse, Seth me olhou feio. Dei aquele olhar ‘você mereceu’ e comecei a comer.

“Eu posso ser dura, Eu posso ser forte…

Dentre todas as coisas, Eu gostaria que

você estivesse aqui” –

Avril Lavigne (Wish You Were Here)