Os dias foram passando e Mellody parecia cada vez mais feliz. Ao lado de Tom, Nicholas e Isabelle tudo ficava perfeito. Ela não se lembrava da escola, dos problemas, de nada. Somente do quanto estava feliz. Mas a felicidade não durou para sempre. Tom fazia questão de lembrá-la sempre da reação estranha de Hermione quando a sabe-tudo viu seus gêmeos pela primeira vez. Uma semana se passou e nem Mellody, nem Tom, conseguiram entender o por quê daquele comportamento estranho da garota. Até que Mellody deu a ideia de chamar Dumbledore e quem sabe, ele poderia os ajudar. Tom recusou no início, ainda tinha muito ressentimento com o antigo professor, mas acabou aceitando.

- Tem certeza que ele virá? Já está – Tom olhou em seu relógio de pulso que havia comprado alguns dias antes, numa cidade trouxa – dez minutos atrasado!

- Tom, querido, tenha paciência. Você sabe que Dumbledore é ocupado, principalmente com Hogwarts. Ele já deve estar chegando – Mellody sorriu, tentando acalmá-lo. Os gêmeos estavam em seus berços, dormindo tranquilamente e eles estavam deitados no sofá, trocando carícias.

- E se ele não vir?

- Calma, Tom. - Mellody riu suavemente – Eu sei que você está muito ansioso para ver Dumbledore novamente, mas não precisa demonstrar isso.

- Eu? Ansioso para ver aquele velho? - Tom riu ironicamente – Nunca! Só estou ansioso para saber se ele tem alguma explicação para o que aconteceu com a Granger, apenas isso.

Mellody sorriu, mas não disse nada. Ela sabia o quanto estava sendo complicado para Tom rever aquelas pessoas, principalmente Dumbledore. Riddle apesar de todo esse tempo, sempre guardou mágoas do diretor. Ela fechou os olhos, inalando o delicioso perfume que emanava de seu Tom. Lembrou-se do passado, de como ele era preconceituoso, frio, insensível, cruel e do quanto ela amava vê-lo daquele jeito. Ainda não se acostumou com o fato de que agora, Tom era uma pessoa, digamos assim, melhor. Ela não conseguia ver mais o brilho vermelho em seus olhos, mesmo ainda existindo um pouco.

A campainha tocou, fazendo Mellody dar um pulo de susto. Ela se levantou do sofá, beijando a bochecha de Tom e abriu a porta, sem nem mesmo olhar quem era. Na sua cabeça, Dumbledore estaria lá parado, sorridente. Mas o que viu não era um Dumbledore e sim Lucius Malfoy, acompanhado de uma loira. E aquela loira fez seu sangue ferver. Era ninguém mais, ninguém menos que Rachel Nightmare. Sua maior e pior inimiga do passado. Voltou para o passado apenas para destruí-la, simplesmente porque ela tinha conseguido mudar o futuro. Porque tinha conseguido mudar Tom. E o futuro não seria mais aquele caos como era. A família de Rachel não aceitava isso, portanto queriam aniquilar Mellody. Mas a loira não conseguiu. E não se conformou com a derrota, voltando novamente.

- Sra. Riddle, que surpresa! - Lucius disse, corando. - Achei que Milorde estaria atendendo a porta.

- Por que, Lucius? Eu ter aberto a porta te aborrece tanto assim? - Mellody perguntou secamente. Lucius arregalou os olhos, assustado com a frieza de sua Milady. Mellody sempre fora doce e meiga com ele.

- Não, Milady, de maneira alguma. Muito pelo contrário, vê-la é muito bom. - Lucius tentou consertar a situação, se enrolando nas palavras. Rachel rolou os olhos e bufou. - Milady, essa é Rachel Nightmare. Ela vêm de uma família que com certeza, estaria interessando Milorde.

- Eu já a conheço, Lucius. E obrigada por trazê-la aqui, mas Tom não se interessa por ela e muito menos pela família dela. Agora se não se importa, estamos ocupados. - Mellody sorriu irônica e se preparou para fechar a porta, quando a voz de Tom surgiu bem atrás dela.

- Malfoy! O que está fazendo aqui?

Mellody abriu a porta relutante, deixando Tom passar para seu lado. Assim que seus olhos bateram na loira, ela percebeu que o brilho vermelho tinha voltado. Ele estava inexpressivo e encarava Rachel furiosamente.

- Malfoy, por que trouxe essa garota aqui? - Perguntou entredentes. Respirou fundo várias vezes, tentando se acalmar.

- Milorde, ela pode ser útil para nós – Lucius disse – Quero dizer, depois que os gêmeos estiverem maiores. Ela vem de uma família com um histórico bem grande de uso das maldições imperdoáveis e Rachel mesmo domina essas maldições muito bem.

- Malfoy, tire essa garota da minha frente agora ou eu juro que lanço um Avada Kedavra nela! - Tom rosnou, tateando seu bolso a procura de sua varinha.

- Tom, não faça isso, por favor. - Rachel disse parecendo desesperada – Eu sei que errei muito no passado, admito isso. Eu me preocupei demais com o que meu pai pensaria de mim e acabei me deixando levar pelas ordens dele. E eu realmente sinto muito por isso! Mas todos merecem uma chance. Eu estou aqui, praticamente implorando, para receber o perdão de vocês dois. Não sou aquela garota mais. Quando voltei para minha época, os gêmeos já eram crescidos e fiquei refletindo em como eu fui uma idiota quando tentei acabar com Mellody. - Rachel deixou derramar uma lágrima, mas a limpou rapidamente. - Não estou pedindo para vocês me perdoarem, até porque o que eu fiz é imperdoável, mas me deem uma segunda chance. Prometo que dessa vez, irei fazer tudo certo.

Tom ficou em silêncio e Mellody também. Ela não conseguia acreditar no quão falsa aquela garota era.

Mellody POV:

Socar. Era essa a minha vontade naquele momento. Socar aquela carinha da vadia da Nightmare para deixar um estrago bem grande. Cutuquei Tom e fiz um gesto para ele entrar comigo. Ele olhou novamente para a garota e respirou fundo.

- Tudo bem, você vai receber uma segunda chance. Mas se você falhar novamente, se eu souber de qualquer coisa, mesmo que seja um simples boato, sobre você tentar ou querer fazer algo contra Mellody ou contra meus filhos, eu não irei ter piedade de você de novo. Entendeu? - Tom perguntou com sua voz autoritária. Rachel sorriu e apenas murmurou um ''Entendi, Milorde''.

Eu queria socar ela e socar Tom também. Que diabos ele tinha acabado de fazer? Aceitar a vadia da Rachel de novo? Aquela garota tem algum poder de hipnose ou ela lançou um Imperius e eu nem notei?! Porque realmente não era do tipo de Tom dar uma segunda chance.

Logo depois, Lucius foi embora junto com a vadia e eu me joguei no sofá, de braços cruzados. Eu não pretendia falar com Tom novamente tão cedo. Não depois do que ele fez.

- Eu te disse, Mel, Dumbledore não virá. - Ele sentou-se ao meu lado, falando calmamente. Tom se inclinou para beijar meu pescoço, mas eu esquivei, sentando-se mais um pouco longe dele. - Ei, o que foi?

- Sim, Rachel, eu te dou uma segunda chance e blá blá blá – Imitei a voz dele – O que você tem na cabeça, Tom Marvolo Riddle? Porque coisa decente que não pode ser! Essa garota fez de tudo para nos separar, Tom e você dá a ela uma segunda chance? Sabe o que eu vou dar para ela? Uma segunda chance de socar aquela carinha nojenta e enjoativa que ela tem! - Bufei, fechando a cara. Tom gargalhou e se aproximou de mim.

- Mel, foi você mesma que me ensinou a dar às pessoas uma segunda chance. Achei que fazendo aquilo, não iria te decepcionar. Eu também odeio aquela garota. Mas não aceitei ela novamente para te contrariar, muito pelo contrário, só quis mostrar que eu posso ser bom.

Awn, admito que se eu não tivesse com tanta raiva iria pular no colo dele e enchê-lo de beijos, mas a raiva não permitiu. Continuei de braços cruzados e de cara fechada até que vi que Isabelle estava chorando. Subi as escadas pisando com força, sentindo que Tom estava logo atrás de mim. Eu não queria dizer aquilo em voz alta, mas estava óbvio que Rachel não tinha voltado simplesmente para pedir perdão. Eu sentia que ela estava ali somente para tentar nos separar de novo e infelizmente, tive a sensação de que dessa vez, ela conseguiria.

Quando cheguei no quarto dos gêmeos, Dumbledore estava sentado numa poltrona com Isabelle no colo. Tom quase teve um infarto do meu lado quando viu, achando que era alguém querendo sequestrá-la.

- Mellody, como é bom vê-la. - Dumbledore sorriu, tirando seus olhos de Belle. - Também é muito bom vê-lo, Tom.

- Dumbledore! Achamos que não viria – Falei me aproximando dele, me sentando na poltrona a sua frente. Tom sentou-se no braço da poltrona e ficou acariciando meu cabelo. Senti uma vontade imensa de derrubá-lo de lá, mas me contive.

- Por que acharam isso? É claro que eu viria. Só estava esperando vocês terminarem de conversar.

- Dumbledore, precisamos da sua ajuda. Eu lhe mandei uma carta explicando o que houve e até agora, não conseguimos nenhuma explicação razoável para aquilo. - Falei, suspirando.

- Logo que recebi a carta, fiquei um bom tempo pensando no que poderia ter acontecido com Hermione, e a única explicação que consegui foi que talvez, ela tenha algum parente profetista e suas profecias só se desenvolveram quando viu os gêmeos. - Dumbledore explicou calmamente. Aquelas palavras me acertaram em cheio como se fossem dois socos vindo diretamente para meu rosto.

Fechei meus olhos, desejando desaparecer. Primeiro, a vadia da Rachel estava de volta e o PIOR, Tom aceitou as desculpas falsas dela. Segundo, aquela maldita profecia. Terceiro, essa sensação estranha de que algo ruim iria acontecer e quarto, já falei o quanto eu odeio a Rachel e das minhas suspeitas de que ela fará alguma coisa para a profecia se realizar? Não? Bom. Tudo o que eu tenho a dizer é: Se preparem, bruxos. Nosso mundo irá entrar em um grande conflito.