Pov. Caspian.

Deixei o quarto de Susana depois de contar-lhe todo o plano do Conselho e prometer-lhe que não levaria aquilo a diante. Assim que saí, encontrei Prunaprismia vindo ao meu encontro. Ela estava aflita.

–Tia, o que houve? - perguntei.

–Venha, Caspian, rápido! - pegou-me pela mão.

–O que está acontecendo?

–Rei Pedro está aqui. - olhou-me aflita. - Exige vê-lo. Ele está furioso.

Apreensivo, saí em disparada para o pátio do castelo. A medida que me aproximava, ouvia o rei esbravejar, exigindo que eu aparecesse para lhe dar explicações. Não fazia ideia do que ele pretendia, mas Prunaprismia estava certa, ele estava possesso.

–ONDE ESTÁ CASPIAN?! APAREÇA, MALDITO!

–O que está acontecendo aqui?! - perguntei firme, descendo as escadas. O pátio estava cercado por soldados que tentavam impedir que Pedro e os que o acompanhavam entrasse.

–Você! - ele rosnou apontando a espada para mim, avançando contra mim, mas sendo impedido pelos soldados, seu rosto estava vermelho de fúria. Edmundo e um anão também parecia furiosos, mas estavam conscientes para conter Pedro. - Seu desgraçado! COVARDE!

–O que está dizendo? Controle-se! - falei. Não fazia ideia do que ele estava falando.

–EU DEVIA TÊ-LO MATADO QUANDO TIVE A CHANCE! COMO PÔDE FAZER O QUE FEZ?! CORVARDE!

–COVARDE! - ecoaram os narnianos que estavam com ele.

–Rei Pedro, o que está acontecendo? - perguntei, começando a ficar aflito.

–COMO PODE SER TÃO CÍNICO?! - esbravejou. - VOCÊ A USOU! APROVEITOU-SE DO VOTO DE CONFIANÇA QUE ELA ERRADAMENTE LHE DEU E AGORA VEM PERGUNTAR DO QUE ESTOU FALANDO?!

–Deixe de ser tão cínico, Caspian! - falou Edmundo, com visível raiva, sendo abafado pela voz do irmão.

–ACHAMOS QUE VOCÊ SERIA SENSATO O SUFICIENTE PARA DIALOGAR, MAS AGORA NÃO HÁ MAIS ACORDO! SE É GUERRA O QUE VOCÊ QUER, É GUERRA QUE VOCÊ TERÁ!

–Caspian, do que ele está falando? - Prunaprismia perguntou, parando ao meu lado.

–Eu não sei do que você está falando, Pedro! - insisti. Isso só o deixou mais enfurecido.

–LIBERTE MINHA IRMÃ ANTES QUE FAÇA ISSO EU MESMO!

–Pedro? - Susana surgiu no topo da escada. - O que está acontecendo? - ela desceu os degraus passando por mim e indo em direção ao irmão, correndo, lançou-se contra ele abraçando-o forte. Pedro retribuiu o abraço, parecia mais aliviado por vê-la viva. Aproximei-me cautelosamente, vendo de relance os lordes chegando para ver o que acontecia.

–Você está bem? - perguntou ele, ao soltá-la, olhando-a de cima a baixo. - Ele machucou você?

–Não, não, eu estou bem. - garantiu ela.

–O que está acontecendo? - perguntei. O rosto de Pedro fechou-se de novo e ele puxou Susana para trás de si.

–Ela vai comigo. - disse ele, ainda com visível raiva. Eu pensei em intervir, mas algo dizia que eu não poderia impedi-lo.

–Pedro, eu... - ela tentou.

–Nada me fará perder o juízo e deixá-la aqui novamente! - ele falou firme, fazendo-a calar-se. - Surpreende-me o fato de você ainda estar viva.

–Ele não a mataria – desdenhou Edmundo. - Precisa dela viva por hora.

–Do que vocês estão falando? - perguntou Susana, tão confusa quanto eu.

–Ele a usou, Su! - disse Pedro, furioso. - Ele usou você para chegar aos narnianos!

–Isso não é verdade! - afirmei, convicto, dando um passo à frente. Pedro avançou contra mim com a espada em punho, mas Susana segurou seu braço.

–PARE DE SER TÃO CÍNICO! - vociferou. - SEJA HOMEM E ASSUMA O QUE FEZ!

–Pedro! - chamou Susana. - O que está acontecendo?

–Ele a usou, Susana! - Pedro estava ofegante. - Ele usou você para chegar aos narnianos! Ele descobriu o caminho para o vilarejo, depois que saiu com você de lá, os soldados dele chegaram! - contou enfurecido. - Destruíram tudo! Mataram todos!