The Black Halo escrita por Akashitsuji


Capítulo 4
Capítulo III - This it is, and nothing more.


Notas iniciais do capítulo

Lá vai o capítulo III, desculpem pela demora, terminei de escreve-lo e estou aqui postando praticamente ao mesmo tempo. Bom, existem alguns nomes citados provenientes da mitologia grega que podem não conhecer, então adicionei uma espécie de glossário às notas finais para que o entendimento seja claro. Obrigado por terem lido até agora!



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— Jovem Mestre? – Ao som do chamado de seu eterno servo, Ciel abriU os olhos, incrivelmente amedrontado com o sombrio e abstrato espetáculo que havia presenciado. O estalo de dedos da figura no trono havia o feito despertar com um estranho arrepio percorrendo suas entranhas, deparando-se com a porta da carruagem escancarada e seu mordomo a encará-lo.

— Algum problema, Jovem Mestre?

Sebastian tornou a perguntar, estendendo mão, recoberta por uma fina luva, para seu amo – este, por sua vez, tomou-a prontamente. Qualquer sensação que o ancorasse à realidade era tudo o que necessitava para exorcizar o pesadelo. Ao se levantar sentiu-se fraco, como se precisasse exercer grande força de vontade apenas para erguer-se do assento e descer as escadas retráteis da carruagem.

Rumou para fora, sentindo-se confuso e de certa forma ainda dentro do reino do sono. Seu corpo entorpecido e lento lhe poupava qualquer pensamento quanto às questões que lhe abalavam a sanidade, por mais que sua viagem pelas terras de Morpheus não lhe tivessem feito muito bem.

— Nada, Sebastian. Tive apenas um breve pesadelo, agora, adiante.

— Absolutamente, jovem mestre. – Assentiu o mordomo curvando-se, após tê-lo guiado pelos últimos degraus. – Temo informar-lhe, porém, que devido à destruição da extensa área onde a abadia se situava, não pude aproximar a carruagem muito mais do que isso. Teremos que avançar algumas ruas a pé.

O menino revirou os olhos em desgosto, respondendo-lhe. – Se não temos escolha, então prossigamos. Faz algum tempo que não deixo a mansão e caminho por estas ruas.

O pequeno Phantomhive tomou sua bengala e caminhou a frente em direção ao visível marco que uma vez fora a abadia. Passava pelos dois cavalos que faziam possível seu transporte, e olhava para sua dualidade como algo natural, sem nenhuma importância. Uma carruagem de dois cavalos era sinal de riqueza e posse, algo que não lhe era mais de forma alguma importante – Eram apenas dois animais que faziam seu trabalho e viviam por seu trabalho, e não objetos simbolizando status quando em pares.

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O demônio que caminhava mais atrás de seu comitente, por outro lado, pouco se importava com os animais, ou com o breve período de caminhada que lhe soaria como meros segundos. Seu mestre não havia mentido quanto ao fato de ter sido um pesadelo, afinal, estava estampado em sua face.

A questão era como o menino havia sequer dormido, e mais ainda, como pudera ter um pesadelo? Demônios não precisavam de descanso físico ou sono, e mesmo que de fato precisassem, as terras do reino de Morpheus eram destinadas apenas às almas humanas, desde o imemorial início até o derradeiro fim dos tempos.

“Talvez, por mais que sua alma tenha sido manchada pela podridão da megera Annafeloz, o contrato tenha retido sua humanidade, visto que este não pode ser quebrado ou feito entre nós mesmos. Seria deveras hilário observar como o ridículo desejo humano de imortalidade se transforma tão facilmente de benção para maldição se não tivesse se tornado um estorvo. Mas quem sabe, adicionar iguarias exóticas e um modo de preparação ‘estrangeiro’ a este banquete não lhe faça superior?” — Ponderou enquanto seguia de perto o menino, levando a mão ao queixo. Acima desta, um sorriso pálido assustador despontava larga e extensamente por sua face alva, que contrastava não só seu traje preto piche, mas sua essência preto piche.

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Alguns instantes de caminhada repleta de considerações e continuações as confabulações do homem e do menino de preto, e ambos se depararam com a entrada norte da Abadia, famosa por seu gigantesco e imponente vitral esférico e sua renomada estátua da Virgem Maria aninhando o Menino Jesus, acima da porta. O detalhe que diferenciava esta de qualquer outra visita ao monumento era que o ornamento circular estava completamente destruído, assim como aparentemente todo e qualquer vidro encontrado e os rostos das estátuas espalhadas pelas muradas sólidas, excetuando a da Virgem e do Menino Jesus - pelo menos naquela entrada.

Excetuando uma quantidade notável de buracos espalhados pelas localizações citadas, Ciel e seu mordomo esperavam que o lugar estivesse reduzido a poeira e escombros ao nível dos pés por algum tipo de explosão terrível. Intrigavam-se, porém, com a estranha precisão na destruição da entrada, que soava nitidamente como algum tipo de extremo vandalismo anti-cristão.

Como de costume, a área estava selada por uma faixa de segurança que se estendia por todo o perímetro, característica de Scotland Yard – que de fato infestavam o lugar, liderados pelo renomado Arthur Randall, conhecido de longa data do conde. O adjetivo para designá-lo era justamente este, “conhecido”, termo cuja afetividade se mantinha, sob todos os aspectos, distante de qualquer sinônimo da palavra “amigo”.

— Boa tarde, Lorde Randall. Como você já deve imaginar, precisamos que nos abra passagem, e de preferência, não atrapalhe. – O conde abordava, munido da a carta da rainha, preparada como um revolver carregado que esperava o momento de extrema ladainha para disparar e fazer a paz.

— Não preciso virar-me para saber que se trata do Cão de Guarda da Rainha. Posso farejar seu odor repugnante a quilômetros de distância, Conde Phantomhive. – Disse, virando-se enfim. – Não tenho nenhuma intenção de revisar esta carta, garoto. Sempre que piso em casos estranhos como este, posso até sentir você e seu mordomo engomado deixando aquela mansão amaldiçoada no quinto dos infernos para vir me atormentar. E, como este parece ser o mais bizarro até agora, não podia deixar de vir.

— E o que difere este de tantos outros? Além de claro, todas estas estátuas desprovidas de rosto e todas as paredes sem vitrais? Não vai me dizer que roubaram os vitrais e todo o resto?

— Entre e verá o que lhe aguarda Conde. Há muito mais disso para ver aí dentro. Para uma “explosão” é tudo impossivelmente organizado, a exceção da Capela de Henry VIII.

— Quanto às vítimas, o que tem a dizer? – Perguntou Ciel.

— Nada. – respondeu o inspetor. – Simplesmente não posso dizer nada. Não há como uma “explosão”, não o importa o quão controlada, evaporar o coração de mais de 100 espectadores, freiras, padres, fiéis e até alguns mendigos pelas ruas. Divirta-se, cão. – Randall então deixou a entrada norte como um furacão.

Os grandes olhos infantis do Conde abriam-se de tal forma que que sua surpresa se fazia visível acima de todas as dúvidas. Todos os seus casos anteriores apresentaram seu velho e conhecido Sobrenatural coberto por discreto terno de realidade, uma gravata de racionalismo e às vezes – somente às vezes – luvas de bom senso. Mas desta vez seu conhecido Sobrenatural resolveu despir-se de todas as suas falsas características e lhe cumprimentar de igual para igual, como se lhe incentivasse a fazer o mesmo e despir-se das amarras que lhe prendiam ao mundo e aos deveres terrenos.

Sebastian observava o estado da igreja e encarava a causa mortis de forma diferente. Via aquilo tudo com os olhos de alguém que já conhecia o funcionamento de todos os truques e todas as performances de um mágico circense. – E de fato, era uma metáfora irônica comparar o responsável por aquilo com um mágico circense, quando o mordomo tinha ciência que se tratava na verdade de algo mais próximo de um mágico infernal, um que utilizava truques nem um pouco inofensivos, totalmente além da compreensão de uma platéia ou de um crítico e especialista em mágica terrena.

Por fim, Michaelis pôs sua mão sobre o ombro de seu senhor, como se em sinal para prosseguirem com a investigação ao invés de assumirem o papel de estátuas que poderiam em breve ser desapropriadas de seus rostos como todas as outras da entrada, e todas as outras no interior. Ciel assentiu.

O homem de preto levantou então as faixas que simbolizavam o estado interditado da construção para que seu mestre passasse primeiro, logo em seguida fazendo o mesmo para si e recolocando-as em seu devido lugar.

Sem nenhuma palavra adicional trocada entre ambos, avançaram em direção à porta, cruzando-a em poucos instantes. Ao passar por ela Sebastian rolou os olhos em direção à estátua da Virgem, um pouco acima das portas, desgostoso. Por mais que não significassem nada para ele, igrejas não constavam como seu habitat natural.

Logo no primeiro passo no interior da igreja, mais estragos foram localizados. Poucos passos a diante um enorme buraco circular ocupava o centro da nave da abadia e limitava o avanço para a outra ala do templo. Ao observar o poço, o mordomo facilmente constatou que sua profundidade iria longe o suficiente para garantir uma morte certa a todo aquele que arriscasse um salto à escuridão que preenchia sua cavidade, salvo por sua “boca”, clareada por uma fina camada de luz, vinda direta e precisamente do alto. Também era visível como a força explosiva que produzira o buraco era potente o suficiente para arrombar o chão de forma limpa, sem produzir rachaduras e destroços adicionais no piso.

Perfeitamente em alinhamento com a cratera no chão, jazia um buraco de mesmo raio de extensão no telhado, como se na noite anterior algo tivesse atravessado brutal e simultaneamente o céu e a terra – Além de claro, desintegrar toda a vidraçaria, arrancar o rosto de santos e anjos e explodir todo ser vivo na vizinhança.

— Jovem Mestre, se me permite... – Murmurou o mordomo, antes de carregá-lo rapidamente em seus braços, pulando sobre a cratera que limitava o acesso pela área. Após o salto, colocou seu mestre no chão.

— Isso foi realmente necessário? –

— A não ser que queira experimentar a Viagem ao Centro da Terra através de uma forma muito mais real senão a leitura.

Jogou uma pedra no buraco para comprovar seu argumento. O homem riu, adiantando seus passos até a próxima cratera logo à sua frente, localizada no “beco oposto” – conhecido como Poet’s Corner— de forma simétrica ao anterior. O poço da escuridão apresentava as mesmas características que o anterior, tanto no chão quanto no telhado, além dos aparentes efeitos do ocorrido, como destruição de qualquer peça de vidro, rosto, além de muitos objetos, bancos, e reliquias, espalhados. Marcas de giz pelo chão delimitavam a área da morte de dezenas de pessoas pelo local.

A única diferença visual encontrada comparando o buraco anterior, era a luz. Pelo horário, o posicionamento do sol encontrava-se acima da primeira cratera, tendo passado anteriormente por este segundo. Quanto a outros aspectos, um forte cheiro de enxofre podia ser sentido exalando de seu interior, como um veio d’água provido de alta pressão que fora atingido em cheio numa escavação. Entretanto, havia uma nuance de um aroma a mais.

O homem trajado de preto cruzou o corredor da esquerda através do prolongamento extenso daquela área ate a parte principal da nave da abadia e acenou com a mão para que seu mestre lhe seguisse. Em passos largos avançou pela nave, não se dando sequer o trabalho de rolar os olhos e constatar o atentado contra o rosto de todas as estátuas, ou como o caos reinava e tudo possuía o aspecto mundano e em ruínas, ao invés de uma majestade religiosa.

Ciel seguia calado seu astuto servo, caminhando logo atrás deste por um dos corredores através da nave. Observava atônito a tudo que encontrava pelo caminho, mais do que certo de que encontraria algo cuja essência seria mais negra e vil do que tudo que jamais havia visto. Sua fé havia a muito desaparecido, e o fato de ter estabelecido o pacto com Sebastian provava isso – Mas os danos infligidos as partes especificas de toda a igreja lhe sufocavam, como se estivesse diante da cena do crime do mais hediondo dos crimes. E de fato, estava diante de um deles.

A figura sombria que era o mordomo analisava mais uma vez a cratera, localizada diante de importantes monumentos dispostos há muito ao fundo da nave. O buraco exalava mais uma vez o fétido aroma de enxofre em eterno baile etéreo com o fraco perfume não identificável, idêntico ao do buraco anterior. Julgando pelo posicionamento do sol, este buraco já havia sido iluminado naquele dia. Notou, porém uma diferença na borda deste, mais visível do que no segundo, e não presente no primeiro – além do padrão de destruição circular presente em todos os outros, as bordas pareciam não só queimadas, mas suavemente dissolvidas de alguma forma.

O som espectral de um tufão que parecia ressoar como centenas de gritos desesperados em uníssono percorreu toda a nave arrasada da abadia amplificando-o de forma cada vez mais distorcida devido à estrutura larga e alta da igreja. Se o menor dos sons era amplificado e ecoava por uma grande ala da igreja, um som alto e distinto como aquele tufão preenchia sobrenaturalmente a nave. Além de ter percorrido os corredores com intensidade, havia também o feito no corpo do recém transformado demônio, que parecia entorpecido de forma doentia pelo aroma que agora se espalhava - o mesmo dos buracos.

— Sebastian... Precisamos investigar e... – Falava arrastadamente quando foi interrompido pelo homem de preto.

— Sim, devemos. Mas não pelos motivos que o levam a dizer isso. Entendo que seja doloroso resistir, mas espero que possa manter-se firme diante do que verá.

O mordomo observava com olhos mudados, - seus verdadeiros olhos – solene, a iluminação espectral esverdeada que parecia emanar da direção do buraco. Aceleradamente caminhou pelo corredor, atento a qualquer tipo de avanço ou modificação adicional no comportamento de seu mestre. Por fim, deparou-se novamente com o buraco, desta vez mudado.

— O que há aqui? De onde vem este som, agora tão mais forte? – Perguntou Ciel.

— Simples. Abra seus olhos para o verdadeiro mundo das trevas e irá compreender do que se trata o som, o cheiro que deve estar sentindo, e muito mais do que jamais gostaria de ver.

Como uma palavra mágica, um “Abre-te Sésamo”, o menino deixou que suas pálpebras encobrissem totalmente sua visão e que esta se afogasse na escuridão de sua alma e daquela abadia.

Quando abriu os olhos, mais uma vez deixaram de serem azuis como a pedra incrustada em seu anel para serem tingidos lentamente de um sangrento carmesim e por fim, serem tomados por chamas róseas e uma pupila afiada como lâminas. O que viu ao abrir os olhos seria para sempre registrado a ferro quente em sua memória como um dos marcos de sua transformação diabólica, o início do que veria com frequência a partir do resto da eternidade.

Um pilar esverdeado de almas, homens, mulheres, velhos, crianças, gritavam desesperadamente enquanto eram puxados lenta e inexoravelmente para o interior do buraco. Um a um pareciam ser devorados pela escuridão, deixando de existir definitivamente – Não poderiam ascender aos céus assim como não poderiam apodrecer no inferno. A cena era de extrema agonia e desespero, e algo no fundo da alma do menino apreciava aquilo, queria estar no lugar do que estava lá em baixo se alimentando de todas – Este pensamento fez sua visão escurecer, seu mundo girar, e antes que pudesse perceber, estava estendido no chão.

Algum tempo se passou até abrir os olhos novamente, mas quando o fez, encontrava-se repousado em um dos longos bancos de igreja enquanto Sebastian caminhava do que parecia ser a direção da Capela de São Eduardo, o Confessor, localizada logo antes da Capela de Henry VII.

— O que houve...?

— Temo que tenha desmaiado. Imagino que a cena tenha sido demais para seus novos “sentidos”, principalmente quando tão próximo. Enquanto o Jovem Mestre repousava, tomei a liberdade de explorar o restante do lugar. – Explicou o mordomo.

— E? O que encontrou?

— À altura da Capela de Eduardo, o Confessor, encontrei outro dos buracos, com as mesmas características dos anteriores, salvo o derretimento que provavelmente ocorrerá quando outro tufão de almas atravessar a cavidade. A capela de Henry VII foi totalmente destruída - esta sim aparenta ter sido vítima de uma explosão. Entretanto, mais importante, percebi algo. A Abadia de Westminster foi construída com uma estrutura especial, e quando analisada a planta da igreja fica evidente a forma de uma cruz. Cruz esta que deveria não possuir nem topo nem fim. Deveria ser homogênea tanto na extremidade da Capela de Henry VII quanto na da Câmara de Jerusalém.

— Sim, sei disso. Prossiga.

— Como a capela foi destruída, a cruz perdeu uma de suas “cabeças”, uma parte importante de uma estrutura venerada e sagrada para os humanos. Tomou formato de uma cruz que aponta para um lado comumente não utilizado. Além disso, quatro crateras abismais foram feitas nas outras partes da cruz, sendo a ultima delas logo abaixo da cabeça. Abra seus olhos para as trevas mais uma vez, jovem mestre.

O menino assentiu, fazendo o que lhe fora pedido, apenas para encontrar mais uma manifestação, desta vez, muito diferente. Simetricamente alinhado com o centro da igreja e perfeitamente posicionado com todos os outros buracos, estava um grande selo, uma cruz apontando seu topo para a direção oposta do novo topo da cruz que era a abadia.

O selo, que devia ser puro e branco como a neve brilhava, latejava – E a cada momento em que a luz enfraquecia, surgia brevemente um pentagrama muito semelhante àquele que carregava em seu olho direito.

— Existe algo abaixo desta igreja. Seu selo deve ter enfraquecido recentemente por algum motivo, e com o pouco poder que pode angariar certamente destruiu a Capela VII criando um novo topo para a “cruz” da abadia e cravou crateras em suas extremidades, com a finalidade de enfraquecer ainda mais o selo utilizando de uma cruz oposta. E como já deve ter percebido... As almas são o combustível para sua ascensão.

— O que podemos fazer para impedir, Sebastian?! – Bradou confuso o menino. - Responda, precisamos dar cabo disto!

— Não há nada mais que possa ser feito, assim como não há como impedir. O que temos de fazer agora é sair o mais rápido possível, e descobrir mais a respeito do que quer que seja que saia daí. Prepararmo-nos seria ideal, e uma das formas de fazê-lo agora, é consultar Undertaker – Desta forma, analisando os corpos, teremos uma noção da força do que nos espera e o quão longe se estende seu poder, mesmo selado. Além da descomunal quantidade de almas nesta vizinhança, que certamente não passaram despercebidas diante de seus olhos, bem como dos outros shinigamis que devem ter sido designados para cá. Por ser um ceifador ancestral, estou certo de que o coveiro poderá nos dar alguma pista.

O mordomo rolou os olhos para o grande selo estampado no solo da igreja, pensativo e expondo um sorriso discreto.  O conde, alheio a tudo, parecia recitar para si mesmo inconscientemente um dos versos que lhe atormentaram horas atrás.

“Como, a tremer frio e frouxo, cada reposteiro roxo
Me incutia, urdia estranhos terrores nunca antes tais!
Mas, a mim mesmo infundido força, eu ia repetindo,
"É uma visita pedindo entrada aqui em meus umbrais;
Uma visita tardia pede entrada em meus umbrais.

É só isto, e nada mais".


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Notas finais do capítulo

Morpheus/Morfeu - Deus Grego dos sonhos, filho de Hipnos e um dos oneiros, sendo os outros dois, Ikelos/Ícelo e Phantasos/Fântaso.
EDIT: Capítulo editado e revisado em 17/03/16.