Respirei fundo ao empurrar a janela de madeira branca com a ponta de meus dedos finos. Os raios de sol imediatamente tomaram conta de meu quarto, preenchendo-o com luz. Apertei meus olhos por alguns segundos, devido à imensa claridade. Posicionei meu corpo em frente ao espelho para dar uma última olhada em mim mesma antes de ir para escola e ajeitei meu uniforme com uma carranca no rosto.

Eu, Sakura Haruno, aos 17 anos, não me sentia como uma colegial. Me ver dentro daquele uniforme me causava náuseas.

Se tinha uma parte da minha vida que eu não gostasse, essa parte era definitivamente a escola. Mas não era como se fosse minha escolha estudar ou não estudar. Especialmente porque meus pais trabalhavam mais do que seus corpos podiam aguentar apenas para pagar meus estudos em uma cara escola particular que poderia me dar um bom ensino. Então eu ia, todas as manhãs, com a mesma expressão vazia no rosto, para aquilo que eu considerava uma tortura.

Sempre fui excluida de todas as atividades em grupo. Na educação física, eu era a última a ser escolhida na formação de times. Não que eu fosse ruim em esportes. Eu era até consideravelmente boa neles. As pessoas simplesmente pareciam não notar minha presença.

Não que eu pudesse culpá-los, é claro. Por que diabos alguém me notaria, afinal?

Bufei, passando novamente meus olhos claros, mais precisamente verdes, naquele maldito uniforme que era formado por uma blusa social branca de manga curta, uma gravata de cor azul marinha e uma saia também azul marinha que cobria metade da minha coxa. Os longos fios compridos de meu cabelo rosado se encontravam em uma desordem irritante, mas eu não sentia a mínima vontade de arrumá-los. Joguei minha mochila surrada vermelha nas costas e desci as escadas. Me sentei no pequeno degrau próximo à porta para calçar minha sapatilha preta. Me levantei e girei meu corpo para encarar a sala de estar completamente vazia.

Itekimasu*. Murmurei para as paredes de cor marfim antes de sair pela porta.