Nós fomos para o refeitório, eu peguei um biscoito e uma lata de Coca-Cola, Justin pegou seu lanche e eu já estava me dirigindo para uma mesa quando Justin me puxou e sussurrou no meu ouvido:

– Esqueceu da minha proposta ou isso é uma desistência?

Eu realmente tinha me esquecido...

– Eu tinha me esquecido mesmo...

Ele riu e completou:

– Me segue linda!

Fiquei com vergonha e fui o seguindo. Saímos do refeitório e passamos por um corredor cheio de armários. Por enquanto, nenhum professor ou alguém superior passara por nós.Viramos um corredor para a esquerda, outro para a direita, outro para a direita de novo e começamos a ouvir umas vozes... Vimos que eram Simon e Carly, os coordenadores da escola.

Eles não podiam nos ver lá, se não, estaríamos encrencados, muito encrencados...

Olhei para Justin, esperando uma resposta do que fazer e por um impulso, eu acho, Justin se virou, me empurrando para a parede e me imprensando contra ela. Eu podia sentir sua respiração se chocando contra meu rosto, enquanto eu apoiava minhas mãos em seu peito e ele apoiava uma mão na parede atrás de mim e com a outra, ele segurava forte a minha cintura.

Já podíamos ouvir as vozes dos coordenadores se afastando e pude ver que Justin saiu da minha frente, liberando minha passagem.

Sai da parede e coloquei a mão sobre o meu ombro que batera com toda força na parede, devido ao impulso de Justin.

Meu ato foi discreto, afinal, não queria que ele ficasse culpado por me machucar. Mas ele viu:

– Te machuquei?

Ele parou ao meu lado e se virou para mim, tocando com uma de suas mãos o meu braço e olhando apara os meus olhos:

– Não Jus... Tá tudo bem

Sorri, mas ele permaneceu sério:

– Me desculpa, mas se eles pegassem a gente aqui, estaríamos bem encrencados...

– Está tudo bem Justin...

Ele foi até o meu ombro e colocou a mão em cima.Rapidamente senti uma dor, não muito forte, mas doeu.

Resmunguei um:

–Ai... Baixinho e involuntário

E Justin me olhou:

–Desculpa... Você quer voltar?

– Não, eu quero continuar... Vamos?

–Sim...

Ele sorriu aliviado e eu sorri para ele se acalmar. Viramos um corredor a esquerda, verificando se não tinha ninguém por lá e nos deparamos com uma porta vermelha: SAIDA DE EMERGÊNCIA.

Rapidamente, Justin abriu a porta, dando espaço para eu entrar. Eu passei e ele veio logo em seguida, envolvendo minha cintura, de lado. Subimos umas duas levas de escadas e não tinha mais para onde subir. Tinha apenas uma portinha, menor do que as portas normais, que tinha uma placa escrita:

ACESSO RESTRITO

– Justin, se nos pegarem aqui, estaremos bem ferrados!

Eu disse com um pouco de medo... Apesar de minha mãe nem ligar para esse tipo de coisa.

– É, eu sei... Tá com medo?

Justin falou me levando até a portinha:

– Um pouco... Bastante

– Fica calma... Esse medo já vai passar...

Ele abriu a portinha e passou, estendendo a mão para eu segurar:

– Vem... Confia em mim

Eu passei e... Ele tinha razão... Meu medo passou, quase que instantaneamente e um sorriso brotou em meus lábios:

–Jus-Justin, isso é in-incrível!

Falei, maravilhada

–Eu sei... Ninguém mais sabe que eu venho aqui

Era o “terraço” da escola. Era meio abandonado, acho que ninguém ia lá a tempos, mas era lindo, era muito lindo, com uma vista incrível de uma grande parte da cidade.

–Tem mais coisa!

Isso me fez despertar dos meus pensamentos, ainda perplexa com tamanha beleza. Senti as mãos de Justin tocarem a minha e me puxarem para algum lugar. Era tipo uma casinha, um quadradinho, onde Justin entrava me puxando.

Lá eu pude ver vários fios e uns televisores pequenininhos, divididos em vários quadradinhos:

– Aqui era a sala de vigilância da escola, têm câmeras de todos os corredores, to refeitório, biblioteca, sala de vídeo, sala de informática, teatro e de tudo parecido... Ah! E tem também uma câmera de vigilância da sala do diretor!

Ele sorriu divertido mexendo em vários botões e continuou:

– Mas há uns dois anos eles pegaram uma aluna aqui, tentando se matar e acabaram “isolando” essa área e abandonando essa sala de vigilância.

– Nossa!

– É... A menina tinha vários problemas na família e descobriu que o namorado a traía. No horário do intervalo ela veio até aqui, disposta a se matar. Mas uma amiga dela sentiu sua falta e resolveu ver seu diário, que estava na sua mochila. Ao ver o que ela pretendia a amiga avisou aos diretores, coordenadores, seguranças e etc. Foi uma confusão geral até descobrirem que ela estava aqui. Quando eles chegaram ela estava em pé naquele parapeito, pronta para pular. Graças a Deus eles conseguiram impedir essa tragédia né...

Ao terminar de falar, ele estava apoiado com as costas em uma mesa, segurando uma das minhas mãos, enquanto eu estava com os olhos cheios de lágrimas.:

– Mas Jus... E a menina?

– Ah, a menina parou de vir à escola, recebeu atendimento médico, psiquiátrico e eu nunca mais ouvi falar dela...

– Nossa. Coitada dela...

– É... Mas esse nosso momento é pra ser legal.

Ele olhou o relógio e completou:

– Bom... Agora você já conhece o meu esconderijo secreto e faltam 20 minutos para acabar o intervalo...

– É... Justin...?

– Oi minha princesa?

–Obrigada por confiar em mim e... E me mostrar esse lugar incrível...

Ele sorriu para mim e me abraçou, me dando um beijo na testa:

– Vamos voltar? Daqui a pouco o sinal vai tocar

Ele disse fazendo uma careta engraçada, que me fez rir

– Vamos...

Nós voltamos pelo mesmo caminho e ficamos lá fora, vendo um pessoal conversar.

Logo o sinal tocou, nós nos levantamos e fomos caminhando pelos enormes corredores da escola. Ainda tínhamos 10 minutos para entrar na sala. Passamos no meu armário que ficava praticamente do lado do armário do Justin.

Pegamos nossas coisas e fomos andando para a sala. Entramos e nos sentamos nos mesmos lugares que antes. Logo o professor entrou na sala. Aula de francês

Conversação

Era pra nós fazermos duplas e ficarmos conversando em francês, primeiro, lendo de um livro e depois livremente.

O Justin foi a minha dupla e ele ficava realmente MUITO fofo falando francês. Muito fofo mesmo.

Depois de duas aulas de francês teve uma aula de biologia e o sinal tocou. Guardamos tudo e Justin falou:

– Sua mãe vem te buscar Ju?

– Não

Fiz uma cara triste e ele riu:

– Tudo bem... Eu te faço companhia e você me faz companhia também... Combinado?

– Combinado!

Sorrimos e saímos da sala.

Despedimo-nos do pessoal e fomos caminhando pelo corredor, em direção a porta principal da escola...