My Target Is You escrita por hyunnie


Capítulo 1
Capítulo 1 - O Retorno


Notas iniciais do capítulo

Fic baseada na série Percy Jackson e os Olimpianos (Mitologia Grega). Os meninos do B1A4 aparecem no 2º capítulo. Esse começo é mais explicativo e nas notas do final um pequeno Glossário para quem ficar em dúvida em alguma palavra :)



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O deus do amor caminhava furiosamente pelas calçadas de uma das avenidas mais movimentadas de Incheon, esbarrando constantemente em homens engravatados e mulheres de salto alto.

Não conseguia acreditar que aquilo estava acontecendo.

Havia sido banido do Olimpo por tempo indeterminado por causa de uma simples brincadeira. Onde estava o bom humor daquele bando de deuses caretas?!

Quando é que ele poderia imaginar que o cruzamento de uma harpia com um sátiro daria origem a uma espécie de monstro vegetariano? E que culpa tinha ele se o tal monstro resolveu devorar a plantação de pomos de ouro do jardim de Hera?!

Se soubesse que tudo isso aconteceria, certamente não teria atirado suas flechas naquelas duas criaturas.

Era tão injusto. Logo na primeira travessura que resolveu aprontar naquele milênio - apenas para passar o tédio - acabou sendo punido com uma convocação para o Conselho Olimpiano, o que ocasionou no pior dos veredictos imagináveis: a perda de seus poderes.

Como se não bastasse, ainda fora obrigado a descer até a terra e encontrar um “substituto” para as suas funções enquanto deus do amor.

Só podia mesmo ter sido ideia de Afrodite, era o que ele pensava. Estava cansado de ser tratado por sua mãe como se ainda fosse uma criança. Era só dar um castigo e pronto, tudo resolvido. E Atena não pensou duas vezes antes de aceitar a sugestão e bater o martelo no tribunal.

Estava cansada de ter que acatar tudo calado. De não ter voz ativa, de ser um mero coadjuvante entre os deuses.

Talvez até não fosse a pior das ideias desfrutar uma curta estadia na Terra. Mas teria de ser curta mesmo.

Elaborou então um plano que tinha como base escolher um de seus filhos meio-sangue para atuar como seu substituto. T

eria de treina-lo perfeitamente para que desempenhasse o papel com sucesso e conseguisse entregar a demanda solicitada por Afrodite: 250 casais unidos e apaixonados.

Assim que o pirralho terminasse a função, o retorno de Eros ao Olimpo estaria garantido.

E a Coreia era o país ideal para treinar um aprendiz a olimpiano. O trabalho aparentava ser simples. Era só combinar o tipo sanguíneo do casal-alvo e fim, estava criada a receita perfeita para o amor eterno.

Precisava agora colocar a mão na massa e não tinha a mínima ideia de como faria isso.

Lembrava que tivera um filho 17 anos atrás com uma mortal que vivia em Seul, mas sabia que não conseguiria encontra-los sem seus poderes. E mesmo que conseguisse, como convencer o garoto a aceitar seu pedido? Ele certamente deveria odiá-lo, assim como todos os seus outros filhos espalhados pelo planeta...

Sabe como é.

Eros não era bem o tipo de pai presente na vida dos filhos, mesmo que os ajudasse indiretamente uma vez ou outra quando precisavam. E também, nem tinha como ser. Era um deus casado. Psiquê certamente o atiraria nas profundezas do Tártaro se algum dia descobrisse uma de suas “escapadinhas”.

E agora ele estava ali, apenas com a roupa do corpo e alguns dracmas no bolso de sua camisa, perdido no meio de uma das maiores metrópoles do mundo tentando encontrar a mulher e o filho que abandonou há quase duas décadas. Se ao menos tivesse parte dos seus poderes, poderia chegar até eles voando...

Odiava essa sensação de impotência.

E odiava ainda mais ser tratado como um simples mortal.

– PLAFT!

Um choque mais forte em um corpo pesado e dessa vez ele estava espatifado no meio da calçada.

– Olha por onde você anda, moleque!

O mortal em quem acabara de esbarrar o encarou enfurecido, tirou a poeira do terno e deu as costas, deixando para trás um objeto de couro caído aos pés do deus. Eros o recolheu, se levantou e murmurou inúmeros xingamentos em grego antigo.

Andava tão estressado que por um momento sentiu vontade de ser o deus do ódio, ao invés do amor.

Não soube direito o porquê, mas guardou o pertence do mortal no bolso de trás de sua calça jeans escura e seguiu seu caminho, ainda que não o levasse a lugar algum.

Andou por mais alguns metros – talvez quilômetros – totalmente absorto em seus pensamentos enraivecidos, até chegar ao fim da avenida e ser obrigado a parar e pensar qual das duas ruas que a emendavam deveria tomar.

Mas foi surpreendido.

– Ali está ele! – escutou gritar o homem com quem se chocara minutos atrás. – Peguem esse batedorzinho de carteira!

E antes mesmo que tentasse imaginar o que no mundo aquele cara quis dizer com “batedorzinho de carteira”, já estava cercado por policiais - divididos em duas motos e uma viatura, cuja sirene era extremamente barulhenta e perturbadora aos ouvidos do deus.

– Mãos para o alto, meu jovem! – falou um dos policiais da viatura em seu megafone.

– Hã? – Eros estava assustado e não conseguia assimilar o que acontecia. – É comigo isso?

Percebeu que seu coreano estava um pouco enferrujado. Há anos que ia apenas do Olimpo até os Estados Unidos e vice-versa. Tinha muito trabalho pra fazer naquele país, principalmente na cidade de Seattle.

– Devolve a minha carteira, seu delinquente juvenil! – gritou o homem que acreditava ter sido roubado de trás de uma das viaturas.

– Ah! – disse Eros retirando a carteira do bolso e a mostrando com uma expressão confusa. – Isso?

Imediatamente o policial da moto mais próxima saltou e o rendeu. O outro tomou a carteira de sua mão e devolveu para o dono.

Eros não resistiu à prisão, já que nem ao menos sabia como reagir àquela situação inusitada. Foi algemado com facilidade e depois arrastado pelo oficial sem o mínimo de delicadeza até a viatura, e jogado no porta-malas.

– Bom trabalho, capitão! – agradeceu o civil satisfeito pós analisar o deus do amor dos pés à cabeça pelo vidro do compartimento, fazendo cara de nojo.

– Por nada, rapaz. – os dois se cumprimentaram com um aperto de mão. – Está difícil controlar a onda de furtos que vem sendo praticada por esses estrangeiros, mas continuaremos trabalhando. Tenha um bom dia!

E o carro arrancou a caminho da delegacia, levando o novo ‘criminoso’.

Era só o que faltava.

“Valeu, gente! Valeu mesmo!” – pensou alto, olhando fixamente para os céus pelo vidro do carro.

x

– Ei, ei, ei! – Eros levantou-se do chão gelado e se agarrou às grades de sua cela individual, chamando com um sussurro pelo guarda que lia jornal em um dos bancos do fundo da sala. – Você! Mortal! Vem aqui!

O rapaz foi até ele desconfiado, protegendo a chave da sala com uma das mãos e chegando próximo à grade cautelosamente.

– Você me chamou de “mortal”?! – perguntou sem entender.

– Ah, esquece! – respondeu Eros. – Me diz quanto tempo mais eu vou ter que ficar aqui!

– Até localizarem seus pais, moleque! – bradou o guarda. – Já que você insiste em não falar.

– Eu... eu não tenho pais! – enrolou. – Não sou um moleque! Tenho 21 anos!

– Sério? – perguntou sem acreditar. – Bem, é pior pra você então. Agora só sai pagando a fiança.

– Mas por que não falou antes?! – reclamou. – Eu tenho ouro!

– Fala baixo, garoto! - advertiu. – Você tem o quê?!

– Aqui, – retirou do bolso de sua camisa azul quadriculada um saquinho de pano vermelho e o abriu, revelando o conteúdo ao policial. – Isso aqui vale 50 anos de trabalho pra você, mortal! Digo, policial! Enfim!

O homem pareceu interessado no suposto ouro que brilhava tão intensamente, e se aproximou ainda mais da grade. Observou antes se alguém os vigiava, mas os demais guardas da estavam mais preocupados com seus donuts e a partida de baseball que passava na TV da delegacia.

– Hmmmm.. – analisou bem os dracmas de Eros. – Isso parece valioso mesmo. Mas não tem como pagar sua fiança com isso, garoto. Sem os 3.800.000,00₩ você não sai daqui não!

– Droga! – Eros bufou de frustração. – Mas não tem como você me dar uma forcinha não, cara?! Eu posso te dar algumas dessas moedas...

– Hmmmm.. – o policial passou a mão pela lateral do seu quepe, novamente pensativo. – Está certo! Posso tentar ligar para algum conhecido seu e, se quiserem pagar, te libertamos, ladrãozinho!

– Mas que saco! Eu já disse que não roubei nada! Foi um engano! – ele respondeu revoltado, sacudindo as grades da cela com violência.

“Hermes sabe que eu não roubei!!!”, pensou.

– Tá, tá... Sem escândalo! – tentou acalma-lo. - Agora me dê um número de telefone que eu providencio a sua soltura.

– Número de telefone?! Mas eu não tenho um!

– Então sei lá, me passa o nome de alguém que eu procuro na lista.

Essa informação ele tinha.

Ainda havia uma luz no fim do túnel.

– Park Hyojin. – revelou. – O nome dela é Park Hyojin.

– Certo. – o rapaz retirou uma caneta do bolso e anotou o nome em sua mão. – E você é o que da senhorita Hyojin?!

– O que eu sou dela? Errrr. – tentou formular uma resposta convincente, mas não conseguiu. – Diga apenas que é sobre o Jay. Ela com certeza ligará o nome à pessoa...

x

Hyojin estava perplexa.

Aquela ligação só poderia ter sido uma brincadeira de mau gosto.

Um trote. Qualquer coisa do tipo.

Ou então uma coincidência.

Só indo até lá pra descobrir.

Estacionou o carro em uma das vagas do estacionamento da delegacia e encostou o rosto no volante.

“Calma, Narsha. Mantenha a calma. Não pode ser ele. Você sabe que não pode”.

Pegou sua bolsa que estava no banco de trás, respirou fundo e saiu.

Subiu os degraus de entrada no prédio a passos lentos. O coração quase saindo pela boca. Chegou à recepção e anunciou que estava lá para pagar uma fiança, mas que antes precisava falar com o detento.

Tinha que tirar essa dúvida.

Acabar com aquela agonia.

– Senhora Park, - foi chamada pelo mesmo policial que a ligou horas atrás com a notícia. – Boa tarde! Por favor, me acompanhe.

E ele a levou até a sala principal do prédio, onde ficava a única cela destinada a presos provisórios, e onde estava ‘hospedado’ Eros.

Ela entrou apreensiva, quase que tentando se esconder atrás do guarda, e viu o pior.

Era o próprio.

Em carne e osso.

Ele.

O pai do seu filho.

Park Jaebeom.

Exatamente com a mesma aparência que tinha 17 anos antes.

Um adolescente.

Sentiu sua respiração falhar e suas pernas fraquejarem.

Caiu dura no chão.


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Notas finais do capítulo

GLOSSÁRIO
*Olimpo: Monte Olimpo. Morada dos deuses gregos.
*Hera: Esposa de Zeus, deusa do casamento, família, etc. O jardim ao que me refiro é o Jardim das Hespérides. Pomo de ouro é maçã de ouro, não a bola de quadribol kkk
*Afrodite: Filha de Zeus, deusa do amor. Nas versões mais aceitáveis da história é considerada a mãe de Eros. Não se sabe ao certo quem é o pai.
*Atena: Deusa da sabedoria, justiça e da guerra.
*Psiquê: Mortal que foi transformada em deusa por Zeus após o pedido de Eros. Considerada esposa dele na maioria das versões.
*Hermes: Mensageiro do Olimpo. Deus dos ladrões, viajantes, etc.
*Dracma: Moeda, dinheiro, money, grana grega.
*Sátiro: Metade homem, metade bode.
*Harpia: Ave com rosto de mulher e seios.