Entre Tempestades escrita por Usagi


Capítulo 1
Único - Endless Rain


Notas iniciais do capítulo

- Sim, eu estou escutando X Japan enquanto posto, e sim, foi daí que veio a ideia pro título do capítulo, rs.
- A fic vai de presente pra @shima_waka e ♥
- Espero que esteja melhor do que eu penso que está. ;3;
Enjoy ~



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Eu sempre amei chuva. Sempre amei aqueles temporais pesados onde as gotas batem no vidro como se fossem pedras, de tão graúdas. Daqueles temporais em que a chuva parece estar tentada a quebrar a janela, daqueles temporais em que mal dá pra enxergar um palmo à sua frente porque a água formou uma cortina. Chuva sempre me deu uma sensação de paz, sempre me deixou tranqüilo. Não tem nada melhor que o som das gotas de chuva embalando o seu sono, nada melhor do que ler, nada melhor do que ficar olhando pela janela e apostando ‘’corrida de gotinhas’’.

O dia em questão era desses. Eu estava andando pelo corredor da ala masculina dos dormitórios com um sorriso idiota no rosto enquanto voltava pro quarto com as roupas encharcadas, o cabelo colado no rosto e pingando e a mochila encharcada, sem realmente me importar. Era só não dar de cara com nenhum dos monitores que estava tudo bem, nada de sermões sobre como eu estava encharcando tudo, como não se deve andar na chuva, como estes temporais são perigosos e sobre como estar encharcado desse jeito poderia acarretar em uma pneumonia – o que é bem improvável, levando em conta que meu sistema imunológico é bem forte e que eu nunca fico doente.

O caso é que até alguns minutos atrás eu estava no jardim, sozinho, aproveitando a minha fabulosa tarde do meu fabuloso final de semana no internato, - já que aparentemente meu pai tem mais o quê fazer além de passear o final de semana com o seu único filho, que por acaso nunca está em casa porque por acaso estuda em um internato em outra cidade – lendo um livro qualquer que eu tinha pegado nas coisas do Takanori no inicio da semana. O vento soprava forte e as árvores faziam uma dança maluca enquanto as nuvens negras passeavam pelo céu, estrondosas, avisando que logo viria uma tempestade forte, coisa que eu ignorei.

E de repente, plic!                                                                               

A primeira das milhares de gotas de chuva atingiu a ponta do meu nariz, mas antes que eu pudesse sequer me levantar para ir para um lugar coberto começou a chover, mas a chover muito forte, então em menos de um minuto eu já estava completamente molhado, e se eu já estava todo molhado não fazia sentido correr pra me proteger da chuva, então simplesmente liguei o ‘’foda-se’’ e fiquei no meio do jardim, parado, sentindo as gotas de água gelada fuzilarem meu corpo, sentindo cada fibra de tecido das minhas roupas encharcar e grudar na minha pele, sentindo meu cabelo grudar no rosto e a maquiagem borrar um pouco.

Mas sabem o quanto aquilo me importava? Nada. Nadinha. Necas.

E eu provavelmente ainda estaria lá, se não fosse o Kai, que gentilmente gritou do outro lado do pátio para que eu deixasse de ser idiota e saísse da chuva antes que me gripasse, porque se eu me gripasse não ia ter ninguém pra cuidar de mim, já que ele não ia passar o final de semana no colégio.

Porque ninguém além de mim passa o final de semana no colégio.

Em todo caso, agora eu estou me arrastando para o quarto pra tomar um banho quente e trocar de roupa, para dar continuidade ao meu final-de-semana-dos-horrores. Também estou encharcando o carpete do corredor inteiro, e se alguém seguir o rastro irá acabar na minha porta. O que não me importaria, se a pessoa em questão for um garoto muito gostoso com uma libido alta e que aceite meu inocente convite para entrar.

Mas tudo bem, isso já é querer demais. Não é como se eu fosse abrir a porta e encontrar um garoto muito do gostoso no meu...

... Quarto?

Kouyou? O quê diabos o Kouyou estava fazendo ali?

Tá certo, é idiotice da minha parte perguntar isso já que eu também divido quarto com ele, mas bem, era de se supor que ele tivesse ido pra casa como todo mundo, não é?

Pensei em perguntar o quê ele estava fazendo no colégio em plena tarde de sábado, mas desisti ao lembrar que ele me odeia e desisti ainda mais ao ver o estado em que se encontrava. Estava travado no meio do quarto, olhando pra janela, visivelmente assustado. A xícara que segurava em suas mãos tremia e algumas gotas do quê parecia ser chá de boldo caíam pra fora, sujando o chão que ele sempre encheu o saco que não deveria ser infectado com sujeira alguma.

Aliás, eu nunca entendi o porquê do Takashima me odiar. Foi algo tipo ‘’não gosto de tal comida sem nem ao menos ter provado’’. Não no sentido malicioso da coisa, claro. Ele olhou pra mim no primeiro dia de aula no ano passado, decretou que me odiava e não havia quem o fizesse mudar de ideia. Não importava o quanto Ruki ou Reita tentassem, o garoto não olhava na minha cara, fazia questão de fazer cara feia quando eu me aproximava e ser o mais grosseiro possível. O que é uma pena, porque eu sempre gostei muito dele.

Mas ele devia estar me odiando menos, porque agora ele respondia os meus ‘’bom dia’’, mesmo que fosse daquele jeito dele. Mas já era um começo, né?

Em todo caso, antes que eu pudesse perguntar alguma coisa, houve um grande estalo e a luz pft, acabou, deixando o quarto todo escuro. Eu podia sentir o desespero do outro há metros de distância.

- S... Shiroyama? – chamou, baixinho, entre dentes, visivelmente apavorado.

- Sim?

Um relâmpago, um trovão, e o som de alguma coisa se rompendo. A xícara. Kouyou tinha derrubado a xícara.

- Está tudo bem? – perguntei, receoso de que agora fosse a hora em que o lado psicopata dele aparece e ele cortasse a minha garganta com um dos cacos da xícara. Ele não me respondeu. Novidade. Avancei alguns passos em sua direção, me agachando à sua frente, pensando em que tipo de golpe eu poderia aplicar nele caso ele realmente tentasse me matar.

Ah Shiroyama, cala essa boca.

- Se estiver tudo bem, eu... Eu vou conseguir uma lanterna. – murmurei, tentando encontrar seus olhos no meio daquele escuro todo. Antes mesmo que eu pudesse terminar a frase, ele agarrou meu braço com força, exclamando um ‘’não, espera!’’ com a voz uns três tons acima do normal. Dava até pra rir.

Shiroyama seu filho da puta, pára de rir dos outros.

- Aconteceu alguma coisa? – perguntei, tentando obter alguma resposta que justificasse o fato de o garoto arrogante das coxas fartas estar agarrando meu braço com uma força sobrenatural. Quero dizer, ele me odeia, não faz sentido que esteja agarrado em mim dessa forma agora, não é?

Silêncio.

- N... Não. – sussurrou, escondendo o rosto. Outro relâmpago, outro trovão, e ele apertou meu braço com ainda mais força, dando um pouco de sentido às coisas. Kouyou tinha medo de tempestades.

Sentei em cima dos meus joelhos, de frente para ele, que voltou à agarrar meu braço.

Safado, fica com essa de que me odeia mas agora fica todo agarradinho em mim, né?

...

...

Shiroyama, sério, fica quieto.

- Você tem medo de trovões? – eu não esperava que ele realmente fosse me responder, considerando que as pessoas geralmente não admitem seus medos nem para si mesmas, então não me surpreendi com o fato de que ele ficou em silencio outra vez. Mesmo assim juro que o vi assentir quase que imperceptivelmente com a cabeça.

Ficamos em silêncio, e tão logo um raio cortou o céu outra vez eu o abracei ternamente, sentindo-o ficar menor em meus braços, mesmo que só por alguns instantes. Seus braços corresponderam ao abraço e seu rosto se escondeu em meu peito. Aí vieram os soluços e as lágrimas. Pode parecer cruel mas...

... Eu estava adorando esse Takashima.

- Desculpe. – disse, afastando-se rápida e bruscamente, secando o rosto com as costas das mãos, finalmente conseguindo falar alguma coisa. – Eu... Não vai acontecer novamente.

Pronto, bastou eu falar.

Silencio outra vez. Pude perceber que ele tratava de recolher os cacos de vidro fazendo o menor barulho possível, aparentemente envergonhado.

Por hide, eu venderia minha alma para vê-lo assim.

- Ei, não é uma boa ideia. – avisei, enquanto coçava a nuca, entediado. – Juntar esses cacos, não é uma boa ideia agora.

Ele me encarou por alguns poucos instantes.

- Não tem problema, eu consigo.

Ah, esses jovens que não sabem escutar os conselhos das pessoas experientes que irão morrer sozinhas com vinte e sete gatos.

- Takashima, sério, tá escuro, não é uma boa. – repeti, mesmo sabendo que aquela criatura não ia me escutar. Quero dizer, ele já tinha me abraçado, querer que ele escutasse meus conselhos já é pedir demais.

- Já falei que consigo, Shiroyama. – retrucou.

- Você vai se cortar.

- Não vou nada.

Silêncio outra vez, sendo este quebrado por um pequeno gemido dele, alguns minutos depois.

- O quê foi? – perguntei, já antevendo a resposta. Agradeci por estar escuro e ele não poder ver o sorriso debochado que estava se formando em meus lábios. Eu avisei.

- N...Nada. Eu só... Eu só me cortei. Estou bem, é só um pouquinho de... – sua voz se perdeu, e então deduzi que ele também tinha problemas com sangue. Garoto meio fresco esse hein?

Peguei sua mão, levando a parte cortada até os lábios, sentindo seu corpo todo tremer quando ‘’limpei’’ o sangue. O gosto de ferro se apossou dos meus lábios, e tive que controlar o impulso de lambê-los.

- O quê você... – perguntou, tentando puxar a mão de volta. Bom, além de me odiar agora ele deveria achar que eu sou algum tipo de psicopata wannabe de vampiro, e eu não me surpreenderia se ele começasse a espalhar alho pelo quarto, ou então tentasse perfurar meu coração com uma estaca de madeira. Não seria muito estranho, porque bem, eu estava meio que lambendo o sangue dele, mesmo que na verdade estivesse fazendo com que parasse de sangrar, mas não era muito bem o que parecia. – Você enlouqueceu, Shiroyama? Solte minha mão agora! Seu, seu...

- Pronto. – falei, separando meus lábios da palma da sua mão, com um pequeno sorriso. – Agora é só fazer um curativo.

- Não precisa!, - exclamou, abaixando o tom de voz em seguida - eu estou bem.

- Quer se infeccionar, seu idiota? – perguntei, e Kouyou assentiu negativamente. Levantei. – Eu vou pegar o kit de primeiros socorros.

Realmente, as coisas estavam muito estranhas. Eu não sabia de onde tinha saído aquela coragem para tocá-lo, nem de onde eu havia tirado que podia chamá-lo de idiota como se fossemos amigos, e muito menos conseguia entender o quê estava acontecendo para que ele não repudiasse minha simples presença. Por maior que fosse seu medo, ele jamais permitiria que eu me aproximasse, que eu o tocasse, que eu o abraçasse. Havia alguma coisa muito esquisita. Além da minha capacidade de compreensão atual.

Aliás, vocês já tentaram procurar alguma coisa de difícil localização no escuro? Algo como um estojo de primeiros socorros de 20x20, e que por acaso seu amigo chamado Takanori colocou escondido dentro do armário e que por acaso também poderia ser considerado uma espécie de buraco negro? Já? Bom, então vocês devem entender a minha situação.

Passei mais ou menos dez minutos tateando dentro daquela droga até que encontrei a porcaria do estojo. Debaixo de dois livros, três cachecóis, cinco CDs, três vidros de esmalte, um par de luvas de couro e um colete. Minha vontade era de matar o Ruki.

Depois de gentilmente jogar tudo pra dentro do armário outra vez fui até Kouyou, pegando-o pela mão não machucada e fazendo com que se sentasse na minha cama, de modo que me agachei entre suas pernas, com o estojo do meu lado, pedindo para que me estendesse a mão ferida.

Pensando bem, essa cena seria muito... Er... Erótica, caso houvesse um pouco de malicia de ambas as partes. Mas eu era o único de nós dois que desejava o corpo do outro em suas mãos, então era melhor desistir da ideia.

- Isso vai arder um pouco. – avisei, enquanto passava um spray pelo corte, mas mesmo assim Kouyou apertou minha mão com força, enquanto um fraquíssimo gemido escapava por seus lábios.

Minha mente não pôde deixar de imaginar como seria tê-lo gemendo para mim, por minha causa. Não pôde deixar de imaginar como seria tocar seus lábios nos meus, não pôde deixar de me torturar, imaginando como seria um Kouyou sorrindo maliciosamente para mim.

E as partes baixas já iam começar à protestar.

Merda, pensa em coisas tristes, Shiroyama! Pensa no E.T indo pra casa, no Titanic afundando, no Goku morrendo, no Ash virando pedra, pensa em gatinhos mortos, pensa no final de Marley & Eu, no Dobby morrendo, pensa naquele seu peixinho de aquário que o gato da sua prima matou, em golfinhos mortos, na morte do hide, pensa em...

- Está tudo bem? – perguntou, e eu apenas assenti, em silêncio, tratando de enfaixar sua mão de uma vez por todas e acabar logo com isso. Soltei sua mão, e ele encarou o curativo por alguns instantes. – O... Obrigado.

Silêncio.

- Kouyou, por que você me odeia? – minha boca perguntou, antes mesmo que meu cérebro pudesse pensar pela primeira vez.

Merda. Merda. Merda. Merda.

Ele pareceu tão surpreso quanto eu com a minha pergunta. Encolheu-se um pouco, desviando o olhar.

- E... Eu não odeio você, Yuu. – murmurou. Espera, Yuu? Desde quando ele me chamava pelo nome?  E desde quando ele não me odiava? – É só que... Eu prometi à mim mesmo, eu não posso...

- Se não me odeia, então por quê? – perguntei, apoiando as mãos em seus joelhos. – Por que você me trata tão mal? Qual é o seu problema comigo? O quê foi que eu fiz?

Certo, isso estava parecendo uma daquelas discussões de casal, e eu devia estar parecendo um tanto quanto desesperado, mas eu tinha o maldito do direito de querer saber. Eu queria poder entender os motivos dele, para que quem sabe assim meu peito doesse menos toda vez que ele me encarava com aqueles olhos cheios de frieza.

Porque eu gostava muito do Kouyou, e ser pisoteado por ele todo santo dia doía. Doía pra caralho.

- Eu só não quero sofrer... – disse, com a voz embargada. – Entenda que eu não quero me magoar outra vez... Eu levei tanto tempo pra conseguir curar as minhas feridas, eu não quero abri-las novamente... – o primeiro de muitos soluços ecoou pelas paredes do quarto, mais alto do que a própria chuva, que mesmo que estivesse mais calma continuava batendo fortemente nas janelas, fazendo um barulho bastante alto.

Alguém tem noção do quanto eu estou querendo agarrar o Takashima neste exato momento? Ele, que sempre pareceu tão forte, tão seguro de si, estava ali, bem na minha frente, inseguro, chorando, com medo, ferido, indefeso, tentando à todo custo proteger à si mesmo, completamente vulnerável.

Vocês tem noção do quão adorável era aquilo?

Antes mesmo que eu pudesse dizer alguma coisa – o quê era difícil, considerando que eu ainda estava chocado com os últimos acontecimentos, chocado com o fato de Kouyou dizer que não me odeia e embasbacado com o quão adorável ele podia ser. Quero dizer, pelo o amor de Deus, eu nunca teria sequer imaginado um Takashima Kouyou tão vulnerável, e ali estava ele, bem na minha frente, soluçando. -, um novo raio cortou os céus seguido de um novo trovão, o mais barulhento de todos, e no segundo seguinte Kouyou havia se projetado na minha direção, abraçando meu peito com força, de maneira que caí para trás, levando-o comigo.

Shiroyama seu babaca, nem pra segurar o garoto, né?

- Q... Quando eu vi você pela primeira vez, algo na minha mente gritou para que eu me afastasse de você. – começou baixinho. Seu corpo estava por cima de mim, e ele se apoiava nos cotovelos, com o rosto quase colado no meu. Agradeci outra vez pela luz não ter voltado, para que assim ele não visse a cor que meu rosto devia estar. – Eu tinha certeza de quê acabaria me apaixonando pela sua voz, pelo seu sorriso, e eu não queria isso. Mal fazia um ano que eu tinha me recuperado mesmo que parcialmente do meu último relacionamento, e a ultima coisa que eu queria era gostar de alguém outra vez. – sua voz saía trêmula, e eu podia sentir o quanto ele estava tentando controlar os soluços. Sua respiração escapava pesada e quente de seus lábios bem em meu rosto, e aliás, Kouyou tinha hálito de morango. – A última coisa que eu queria, a ultima coisa que eu quero é sofrer outra vez, Yuu. Por isso eu... Por isso eu resolvi agir como se odiasse você. Eu fui contra tudo que me dizia que você era diferente, eu simplesmente tratei de tentar criar um muro ao meu redor quando o assunto era você. Mas fazer isso machuca tanto, Yuu. – uma lágrima sua pingou em meu pescoço, arrepiando minha pele. – Fingir que te odeio dói tanto que eu sinto vontade de arrancar meu coração fora toda vez que você sorri e eu retribuo com um daqueles olhares secos.

Meu coração apertava mais à cada nova palavra dele.

- Tudo bem, Kou. – sussurrei, testando o apelido. Ele não reclamou, então tomei a liberdade de chamá-lo assim. – Tá tudo bem, não tem problema.

- Não Yuu, não tá tudo bem! – soluçou. – Eu magoei você, droga! Mesmo com o Ruki e o Reita me dizendo que você também gostava de mim, que você era diferente, eu magoei você! Eu sou um idiota!

Outro relâmpago, outro trovão, e Kouyou escondeu o rosto em meu peito, agarrando com força as minhas roupas – já não tão encharcadas.

- Kou, tá tudo bem, ok? Calma. – falei, afagando o topo de sua cabeça. Céus, isso tudo devia ser um sonho. Eu devia ter batido a cabeça, entrado em coma e isso tudo era só um sonho. Logo eu ia abrir os olhos e estaria em uma cama de hospital com uma daquelas agulhas horrendas injetando soro no meu corpo, Kouyou continuaria me odiando, e tudo voltaria para a chata e sofrida realidade. – Tá tudo bem. O fato de você estar aqui, agora, contando isso, compensa tudo.

Ele soltou o abraço e voltou à se erguer nos cotovelos, dessa vez quase tocando seu nariz no meu. Pude ver o brilho em seus olhos e o inchaço em seu rosto causado pelo choro.

Caralho, como ele é lindo.

- Me desculpe por tudo, Yuu. – sibilou. Seus lábios roçavam nos meus, fazendo com que espasmos percorressem minha coluna. – Eu sei que é pedir demais mas... Podemos começar de novo?

Sorri.

- Oi, eu sou Shiroyama Yuu. – falei, rindo. – Mas pode me chamar de Aoi, se quiser.

Ele riu, baixinho.

- Eu sou Takashima Kouyou. Pode me chamar de Uruha, se quiser, também. – seus lábios passaram avidamente para meu ouvido, e ele sussurrou enquanto mordiscava o lóbulo da minha orelha. – E eu amo você.

Filho da puta, só pode estar querendo me enlouquecer. Primeiro é frio e age como se me odiasse, depois vira uma criança indefesa e agora está tentando me fazer pirar estuprando minha orelha e arranhando meu pescoço com as unhas. Acho que Kouyou é bipolar ou tem algum distúrbio de personalidade, além do pavor de sangue e do medo de tempestades. Só acho.

Em todo caso, ele estava roçando uma daquelas coxas dele no meio das minhas pernas, estuprando a minha orelha, arranhando meu pescoço e sua mão livre estava passeando pelo meu peito, tudo isso junto de uma drástica mudança repentina de comportamento, - que, aliás, estava me agradando muito.

Certo, essa devia ser a hora em que eu ligava pro 190 e dizia pra eles prepararem uma ambulância, porque eu ia precisar de uma depois do ataque cardíaco que eu ia ter. Mas ao invés disso agarrei a cintura de Kouyou, puxando-o mais para perto, soltando um gemido fraco ao sentir seus dentes morderem meu pescoço com força o bastante para deixar algumas marcas nada discretas no dia seguinte. Toquei seus lábios nos meus, beijando-o carinhosa e docemente, com mais calma do que eu imaginei que teria. Nossas bocas se encaixavam perfeitamente e eu estava finalmente realizando o sonho de sentir aqueles lábios cheinhos e rosados nos meus.

Senhor, eu podia ter um orgasmo só com um beijo dele.

Ele sorriu do modo mais obsceno do mundo pra mim e agarrou meu lábio inferior com os dentes, distribuindo mordidas nada fracas por ele enquanto arrastava a coxa na minha virilha, com toda a intenção de me provocar. Tratou de se livrar da sua própria camiseta para em seguida se livrar da minha. Passou o indicador por toda a extensão do meu peito, enquanto sussurrava algo como ‘’o chão está muito gelado?’’, coisa que realmente estava. Quase enlouqueci quando seus lábios úmidos tocaram um dos meus mamilos, mordicando-os. O sorriso que era uma mistura de crueldade e divertimento estava estampado em seu rosto, e aumentava ainda mais quando ele me ouvia arfar. Depois de se cansar de ambos e ter deixado mais algumas marcas foi descendo toda extensão do meu tronco, lambendo, mordendo e beijando cada centímetro de pele.

Pelo o amor de deus, ele não ia...

Sua respiração batia quente no volume que se destacava nas minhas calças, e seu sorriso aumentou ainda mais, principalmente ao ver meu olhar agonizante, então mordeu a região com toda a força que podia ter nos dentes.

Depois disso, a última coisa que me lembro – além de ter quase tido um orgasmo no mesmo instante – foi que eu nunca tinha gemido tão alto na minha vida inteira.

XXXXXX

Acordei na manhã seguinte com o corpo completamente dolorido, e os raios de sol que invadiam o cômodo batiam diretamente no meu rosto, me cegando um pouco. Sentei na beirada da cama colocando uma calça qualquer e indo até o banheiro, parando na frente do espelho, me deparando com uma figura em um estado deplorável, que no caso era eu. Meu cabelo estava um caos, meu lábio inchado e haviam centenas de manchas espalhadas do meu queixo para baixo, fazendo com que as lembranças do dia anterior voltassem em flashes na minha mente.  Fui até a porta do banheiro, me apoiando na batente e vendo um Kouyou deitado na minha cama, encolhido, agarrado em um dos meus travesseiros enquanto dormia.

Um sorriso carregado de luxuria se formou em meus lábios.

Aproximei-me, tocando meus lábios em seu ouvido.

- Está um lindo dia lá fora, Kouyou. – sussurrei, arrepiando sua pele, e uma expressão incrivelmente adorável se formou em seu rosto. Ele abriu os olhos lentamente e me encarou, confuso. Sorri. – Já parou de chover.

Sentou no colchão, esfregando os olhos, tentando se livrar um pouco da expressão sonolenta.

- E...? – resmungou, com um pequeno sorriso nos lábios cheinhos.

- Acho que você não precisa mais de mim. – provoquei, esperando sua reação.

- Verdade. – assentiu, ficando repentinamente sério. Arqueei uma das sobrancelhas, enquanto meu coração batia em falso, porém toda e qualquer preocupação se dissipou no ar no momento em que sua risada ecoou em meus ouvidos. – Ah, cala a boca.

E tocou seus lábios nos meus, doce e calmamente, roubando um beijo – que fiz questão de retribuir.

Lembram que eu disse que amava chuva?

Pois então, tem uma coisa que eu amo mais do que chuva.

Chuva e Kouyou.

THE END ~


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Notas finais do capítulo

Prooooonto, acabou ~
Obrigada por ler :3
See ya!
P.S.: aceito reviews e



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