Assassin´s Tango

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PDV Percy

— Ela foi capaz — eu disse, ofegando. — Ela foi mesmo capaz...

Levei alguns segundos para me convencer que ainda estava vivo, pendurado pela ponta dos dedos alguns andares acima do elevador em escombros.

Meus Deuses. Ela teve coragem.

Se tivéssemos os papeis invertidos, teria eu feito a mesma coisa?

Depois disso, pensei enquanto saia dali, está na hora de acertar contas.

PDV Annabeth

Eu estava sentada em um dos restaurantes mais chiques de Nova Iorque, com uma taça de champanhe na mão.

Nessa noite usava um vestido preto até ao joelho e um salto da mesma cor.

Annabeth Jackson, mulher e viúva.

Uma lágrima rolou por minha face, mas logo tratei de secar. Um garçom que passava por minha mesa encheu minha taça vazia.

- Madame.

Curioso, ele falou da mesma maneira que Percy!

Dei um sorrisinho.

- Pensei em várias coisas pra te dizer nesse momento – falou enquanto olhava diretamente para mim. – “Obrigado pela volta na montanha russa” ou "Querida, por sua causa estou no fundo do poço".

Olhei para ele.

- Que simpático. O que decide então?

- Quero o divórcio.

Foi como levar um soco no estômago.

- Gostei da ideia.

Um garçom se aproximou e pediu o casaco de Percy. Notei agora o que vestia um terno preto que o deixava muito… não interessa.

- Posso me sentar?

- Não.

Ele se sentou na mesma. Acomodou um guardanapo no colo, provavelmente fazendo o mesmo que eu: escondendo uma arma. Outro garçom se aproximava.

- Champanhe, senhor?

Sem nunca desviar os olhos de mim, respondeu:

- Champanhe serve para celebrar. Quero um Martini.

- Não quero nada, obrigada.

Percy olha atentamente para mim, me examinando com um sorrisinho.

- Gosto do seu vestido.

- Estou de luto.

- Devia usá-lo com mais frequência.

Me inclinei um pouco sobre a mesa.

- O que é que você quer?

Ele também se inclinou.

- Temos um problema fora do comum. – fez uma pausa. – Você obviamente, quer que eu morra. E eu perdi o interesse pelo seu bem-estar. Então, o que fazemos? Acabamos tudo com uma sessão de tiros aqui mesmo? Ou acabamos a bem?

Fingi pensar no assunto.

- A tiro seria uma pena. Provavelmente pediriam pra sair depois de te ter matado.

Ele estendeu a mão por cima da mesa.

- Dance comigo.

Ok. Isso não está batendo certo. O que planeia ele? Ele nem sequer sabe dançar!

- Você não dança.

- Fazia parte do disfarce, querida.

- A preguiça também? – perguntei irónica, enquanto ele me puxava para a pista. As armas ficaram enroladas nos guardanapos. A música que soava era um tango.

Ele apertou minha mão com força, me fazendo soltar um gemido de dor, antes de me enlaçar pela cintura e me apertar contra ele.

- Acha que isso vai ter um final feliz? – perguntou.

- Finais felizes são historias que ainda não acabaram.

Percy me conduzia pelo salão, até sentir minhas costas e cabeça irem contra um espelho na parede. Fiquei um pouco tonta.

Ele me puxou de volta. Ninguém parecia ter reparado no que acabara de acontecer. Enquanto dançávamos, Percy me inclinou e passou a mão por meu corpo. Deuses, nunca tinha sido revistada de maneira tão sensual!

- Satisfeito?

- Há anos que não me satisfazes.

Me puxou pra cima e passou minha perna em seu quadril e passando a mão, encontrou minha faca presa na coxa. Ele a atirou para outro lado indo fincar-se na parede.

Desgraçado!

Rapidamente lhe fiz a mesma coisa, passando minhas mãos por seu corpo.

- Isso não é uma arma, querida.

Percy me rodopiou e eu fui até ao chão, revistando suas pernas e acabando por conseguir encontrar uma arma, atirando para longe antes que me puxasse para cima de novo.

Continuamos a dançar.

- Por que acha que falhamos? Porque vivíamos vidas separadas? Ou acha que foram as mentiras? – perguntei.

- Tenho uma teoria. Acabadinha de ser inventada.

- Estou ansiosa por ouvir.

- Você nos matou.

- Interessante.

- Você tratou nosso casamento como uma missão, pensou, planeou e executou.

Por um momento me senti humilhada e furiosa.

- E você o evitou.

- E você se importa, sendo eu apenas um disfarce? – me perguntou.

- Quem disse que era apenas o disfarce?

Nessa altura ele me agarrava forte pela cintura e nossos rostos estavam próximos. Muito.

- E não sou?

Não tinha resposta para aquilo. Está na hora de dar o fora daqui. Me soltei de Percy e fui em direção das escadas que levavam ao banheiro, com minha melhor cara de choro.

- Eu tenho que…. Desculpe.

Ainda o ouvi.

- Não há saídas no banheiro.

Dei uma risadinha. Isso é o que veremos.

PDV Percy

- Não há saídas no banheiro. – disse ao a ver subir em direção ao banheiro.

Fui avançando lentamente na mesma direção.

“ Fica frio, Percy. Ela é uma mentirosa. Fica super frio.”

Meus olhos não saíam da porta por onde Annabeth passou, e foi aí que a coisa esquentou.

Uma mulher saia de lá apavorada, correndo escada abaixo, quando se ouve uma explosão. O chão tremeu, as pessoas entravam em pânico e os alarmes soavam. Abri caminho entre a multidão tentando chegar á escada para apanha Annabeth. Mas ela não desceu a escada. Olhei em volta á procura e lá estava a vadia no meio da multidão que saía.

Corri atrás dela até á rua, mas já tinha desaparecido.

Caramba, ela desaparecia como um fantasma!

O homenzinho que estava ao meu lado olhou para mim com cara estranha.

- Já reparou que está fazendo tic-tac?

Por um segundo pensei que estava gozando com a minha cara até ouvir…

Tic-tac, tic-tac…

O barulho vinha do meu casaco que rapidamente tirei e enfiei na caixa de correio que ali estava. Mandei a multidão se afastar quando se deu uma pequena explosão e a caixa foi pelos ares, juntamente com cartas e o meu casaco.

Entrei no primeiro carro que encontrei, atirando o condutor ao chão e fui atrás de Annabeth. Ela não devia estar longe.