Diário de um Semideus 3 - A Última Filha escrita por H Lounie


Capítulo 2
O despertar


Notas iniciais do capítulo

O tempo é uma coisa bem relativa nessa fic, espero que com tantas idas e vindas não fique muito complicado entender (:



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Uma garota

Antes de tudo, o fim (Confesso aqui minha obsessão pelo fim, é inevitável)

Somos considerados desprezíveis. Inúteis. Simples máquinas movidas por ódio, rancor e desgosto. Vivemos em um grande palco onde recusamos aplausos, onde não podemos errar o ato. Odiados ou tolerados, estamos sendo constantemente observados, julgados, e qual é nossa recompensa no fim? Uma morte estúpida. Agora pense, talvez morrer seja mesmo a melhor opção.


A verdade é que todas as coisas sempre caminham para um inevitável fim. Pode levar o tempo que for, mas a balança sempre vai pender para um dos lados e a história vai acabar. Fim do capítulo, fim da história. Comigo não foi diferente. O tempo que foi meu aliado enquanto eu enfrentava o que hoje posso chamar de o período mais difícil de minha vida, agora parecia conspirar para que esse fosse o desfecho de minha história. Não era para ter acontecido aquilo, não do jeito que aconteceu. Não era raro pegar-me tentando achar palavras pra tentar explicar algo que ficou mais que explicito.

Os braços daquele que me jurou amor eterno estavam ao meu redor. Ele parecia triste enquanto eu tentava decidir que caminho seguir. Agora me diga, de quantas maneiras uma pessoa pode ser pressionada  até que não suporte mais e acabe cedendo? Aí está: para que tudo volte ao normal, eu devo ceder. Eu devo abandonar minha felicidade para que as coisas voltem a ser como eram para os outros... todos os outros.

Enquanto eu me perdia em pensamentos, percebi que uma única pessoa pode ser mais forte que um deus primordial se assim desejar. Nossas escolhas têm muito poder e ainda não fazemos idéia do quão útil pode ser esse poder e por isso continuamos a errar.

- No que está pensando? – Perguntou ele, tocando levemente seus lábios nos meus. Por quanto tempo mais eu teria aquilo? Era doloroso pensar nesse fim.

- Em tudo, desde o inicio. Ainda não acredito que tudo tenha levado a esse fim.

Seu olhar estava distante, longe dali muitos séculos, eu sabia exatamente do que ele estava lembrando.

- O erro foi meu. – Disse ele por fim.

- Todo mundo erra, você sabe disso. – Respondi, enquanto meu olhar se perdia em minha própria história. Eu venho errando há um bom tempo...

 Então, o inicio (trágico e cômico. Até quando?)

“A garota mortal corria assustada olhando para trás, querendo ter certeza de que conseguiu escapar. Era detestável a maneira como as coisas aconteciam com ela, as coisas que ela e sabia. No desespero, não viu o garoto parado em sua frente, soltando um grito inesperado ao sentir o toque de suas mãos.

 – Olá Thanea, estava te esperando – Falou ele, com uma voz suave.

 A mortal olhou assustada, estava arfando, cansada.

 – Quem é você? - Os olhos dourados do garoto brilharam.

– Ah, você deve saber. Eu sou Luke Castellan. - Seus lábios então capturaram os da mortal, estava selado o pacto ”

É engraçado como o tempo passa estranho e desigual às vezes. É como se cada batida do relógio levasse um pouco de sua vida.

O despertar havia acontecido há alguns dias, um garoto que disse se chamar Luke castellan beijando uma mulher que se chamava Thanea foi o último sonho que tive. Depois uma conversa, pessoas que me observavam dormir. \"Ainda tenho a sensação de que há mais problemas pela frente. As cartas foram embaralhadas contra ele\", disse uma voz forte e temerosa. \"Sabia que iria encontrá-lo aqui hoje\", completou outra, uma voz feminina, suave como o vento. Então a voz fria e cortante acordou-me, definitivamente dessa vez. Arfando, levantei do chão. Olhei em volta. Nada. Só silêncio. Quem quer que estivesse me observando dormir já tinha ido embora. Eu estava completamente só com meu ódio por algo que não compreendia e uma dor imensa, que era como se eu tivesse sido torturada de alguma forma - não, foi algo pior que isso - foi algo terrível, não era só a minha dor, era a dor de mais alguém. Era como se tivesse sido arrastada lentamente sobre um leito de facas afiadas ou algo que provocasse igual dor, como se eu tivesse dormido por anos, o que de fato devia ser verdade. Tudo que eu tinha em mente eram rostos, borrados e indistintos e aquela voz, sussurrando coisas, me dizendo o que fazer, dizendo que me observava. 

Tudo que eu queria era fugir daquilo. Nesse desespero, nessa falta de opções foi que percebi que nem mesmo sabia quem era. Dei-me conta de que chovia e que estava com... frio? Era como se tudo em minha volta houvesse acabado de surgir. Um admirável mundo novo. Eu estava em um beco escuro, não sabia se era noite ou se estava escuro porque estava chovendo ou por causa das construções em minha volta. Não fazia sentido, talvez porque ultimamente meu mundo se resumisse a sons e imagens indistintas. Uma parte de mim sabia exatamente o que fazer e em quem acreditar, a outra queria correr e se esconder de tudo. Uma metade pronta para mentir, trair e enganar. Outra que só conhece a verdade, e que provavelmente não é capaz de sobreviver sozinha.

 Estava tentando decidir se continuava ali ou ia para qualquer lugar enquanto a chuva continuava a me molhar. “Sabe para onde deve ir”, disse a voz fria que sempre sussurrava comandos em minha mente. Sim, eu sabia, já havia ouvido milhões de vezes. Só não sabia como chegar lá e nem se devia. “Você é fraca, fraca. Mesmo que eu te desse a melhor arma que possuo, você não a usaria, mesmo que empunhasse a melhor espada e tivesse o melhor escudo, você não alcançaria a vitoria.  Falta-lhe o mais importante... lealdade e coragem”. Aquilo que ele dizia não passava de um teste, bastava ignorar.

- Porque lutar sozinha se essa batalha não é só minha? Você mesmo disse. Para que passar dia e noite com escudo ao peito, gritando coisas a fim de conseguir respeito? Para que você possa sentir orgulho? E quem é você e o que devia significar para mim? - Eu gritava as perguntas para a voz em minha mente, exigindo uma explicação. Mas a pergunta que mais queria fazer agora era “quem sou eu?”

 De alguma forma eu sabia que em algum lugar pessoas enfrentavam duros dias de batalha e sei que aqueles que permanecerem unidos irão triunfar, isso eu já havia ouvido. A mais recente batalha deixou marcas, estas foram tão fortes que ainda hoje doem para aqueles que perderam alguém, eu sei, a voz me disse. As perdas da próxima batalha podem ser enormes e aquele garoto, Luke Castellan, aquele que eu tenho a vaga lembrança de conhecer... ele está envolvido e ele não pode falhar outra vez. A voz dependia dele, mas dizia que precisava de mim também, que ele está limitado demais. Eu sei que todos aqueles que têm feridas das batalhas estão com medo, eles sabem que algo pior virá, e eu apenas acumulei raiva disso, nesse tempo todo que estava... desligada de alguma forma, eu não sei. O pior de tudo é a sensação de não poder fazer nada ou acreditar que não posso fazer nada. Sinto que devo seguir de alguma forma o caminho indicado pela voz que não me deixa, a voz que tem planos para mim. Talvez eu devesse mesmo fazer isso.


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