A Guardiã Do Livro Oculto escrita por Lana


Capítulo 31
Capítulo 31


Notas iniciais do capítulo

Oie!
Gente, esse ficou um pouco menor do que os outros, mas mesmo assim está muito interessante. Vocês descobrirão algumas coisas nele, e eu acho que se encontrarão com algumas dúvidas também...Primeira narração do Kevin!
Nos vemos lá embaixo..
Boa Leitura!



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Capítulo 31

Pov  Kevin O’mailan

O acampamento meio-sangue não parecia ser tão ruim nos primeiros dias. Os campos de plantação de morangos exalavam uma atmosfera de normalidade que contrastava com o ar invólucro transmitido pelas lutas ferrenhas travadas pelos treinos dos semideuses na arena de combate. Eu já estava me acostumando a essa nova realidade, e continuaria minha adaptação ritmada e sistemática não fosse uma revelação que mudou tudo.

Ninguém entende os meus motivos. Aqui, as pessoas me julgam pelo que souberam há pouco tempo atrás, e por onde eu ando, vejo grupos cochichando descaradamente e apontando em minha direção, sem contar que as poucas pessoas que conversavam comigo desde que eu cheguei, agora nem sequer olham para minha cara. E lembrar que tudo isso é por causa de um livro idiota! Argh...

Minha vida virou de cabeça para baixo depois que toda essa história veio à tona.

À duas noites atrás Quíron estranhamente nos pediu que fossemos ao anfiteatro após o jantar. Os burburinhos começaram, pois pelo que me disseram, ele só pede isso quando há algum semideus novato ou então para nos informar de algum problema que esteja ocorrendo. Como a primeira opção estava descartada pela não existência de um novo semideus por aqui, é óbvio que a segunda opção ganhou força.

Eu senti um frio na espinha, e de repente, a profecia de alguns dias atrás me veio à cabeça. Se fosse algo relacionado, todos provavelmente saberiam sobre minhas atitudes recentes, e isso não seria nada bom.

Alguns se perguntaram sobre o que eu tenho a ver com a tal profecia, mas eu não me dei ao trabalho de responder, pois Quíron fez isso por mim.

- Semideuses, chamamos vocês aqui porque os deuses julgaram necessário que soubessem do que está havendo. Estão lembrados da profecia que Rachel proferiu há alguns dias atrás? Bem, é dela que vamos tratar. O tal livro oculto realmente existe e está em perigo. Os que foram na missão visam resgatá-lo e leva-lo em segurança para um local seguro.

A cada palavra que ele dizia, eu me encolhia mais em meu lugar. Provavelmente eles devem ter descoberto que eu passei informações sobre os meio-sangues que sairiam em missão e também sobre algumas pistas que eu tinha do paradeiro e conteúdo do livro. Eu era parte dessas informações.

Quíron continuou:

- Acontece que novas coisas se revelaram nesse caso, por que os nossos meio-sangues foram perseguidos de forma tão vil que despertou a atenção de todos. Cogitamos a hipótese de haver novamente um traidor entre nós.

Nesse momento a agitação foi geral. Todos se olhavam entre si, como se quisessem encontrar algo na expressão que denunciasse quem seria o tal traidor. Eu fiquei sem reação, até que o diretor de atividades restabelecesse a ordem e retomasse a fala.

-  Além disso, eles descobriram algo que os levou até a casa de uma semideusa que frequentou o acampamento e que há muito não se ouvia falar dela – Pauline O’mailan.

O centauro olhou para mim por longos segundos, o que fez todos também voltarem seus olhares em minha direção. Sem desviar os olhos, ele disse:

- Pauline é filha do primeiro semideus que tentou roubar o livro oculto, Martin, e da deusa Hebe. Ela tinha apenas dois anos quando seu pai morreu em sua jornada em busca das espadas gêmeas – que pertencem à Julianne e à Paige, que as receberam de seus respectivos pais olimpianos – e também do livro, para os deuses menores Phobos e Deimos, filhos de Ares que planejavam usurpar o poder dos olimpianos para si, já que o livro contém informações sobre os pontos fracos dos deuses.

Até aí tudo bem. As coisas ainda estavam sob controle, mas eu temia que piorassem. E como sorte de semideus é uma coisa totalmente inexistente, elas indubitavelmente pioraram.

- Para nossa completa surpresa, descobrimos que Pauline tem um neto semideus, e ele está entre nós. Lembrem-se: não é por ele ser bisneto de Martin que o mesmo tem alguma relação com aqueles que querem roubar o livro. Estou apenas mostrando que temos uma prova viva de que Martin e sua epopeica coragem foram reais, e também de que o tal livro não é lenda. Levante-se para que todos o reconheçam, Kevin O’mailan.

A maioria instantaneamente olhou para mim. Eu me levantei em meio à muitos olhares acusadores que me deixaram extremamente envergonhado pelo que fiz. O silêncio reinou no local, deixando claro que agora todos repudiavam a minha presença, e apenas confirmando a ingenuidade de Quíron ao revelar minha identidade. Era mais do que certo de que todos iriam me apontar como o traidor da profecia, o que na verdade,  tinham razão.

Desde aquele momento, comecei a sentir na pele o que é ser desprezado e ignorado por onde passava. Quem tinha a petulância de dirigir um olhar a mim me transmitia uma sensação tão intimidadora que eu me sentia como algum qualquer com uma doença extremamente contagiosa, e ninguém quereria ou poderia ficar perto.

Aquilo tudo que eu estava passando acelerou meu processo de arrependimento, e hoje, se eu pudesse voltar atrás, eu não faria novamente. Ver o olhar de todos que me classificavam como um ser desprezível doía muito, porém não mais de que o fato de minha avó saber que eu não segui aquilo que ela me ensinou, afinal, eu traí a confiança de todos, principalmente a dela.

Quando ela me contou tudo sobre o que aconteceu com seu pai e também sobre a existência do diário, ela me pediu que jurasse pelo Rio Estige que levaria o segredo para o túmulo, e eu simplesmente não cumpri a promessa.

Em uma das últimas vezes que me comuniquei com Deon por mensagem de íris, ele me obrigou a dar o endereço de minha avó para que fosse em busca do tal diário. Eu relutei em dar, mas ele disse que descobriria sozinho e ameaçou a vida dela se eu não facilitasse. Por último me lançou um olhar penetrante que retirou a informação da minha boca sem eu ter controle sobre o meu próprio corpo. (n/a: o poder de persuasão entrando em prática...)

Aliás, foi exatamente assim que eu me meti em toda essa história. Deon me procurou no internato onde eu estudava e depois de uma conversa “cara a cara” disse com palavras hipnotizantes: “É melhor que aceite trabalhar para mim, ou as pessoas de quem gosta pagarão por isso”. Eu poderia ter recusado, mas simplesmente não consegui. De uma forma ou de outra, minha avó nunca me perdoaria pelo que eu fiz, e no meio disso tudo ainda havia Paige Hawkin, a filha de Poseidon.

Deixe-me explicar: Paige e eu estudávamos no mesmo internato em Cleveland, e desde lá éramos muito amigos. Na verdade, desde que a conheci eu tenho uma queda por ela, mas nunca tive coragem de falar. Fomos resgatados juntos por Grover, depois de fugirmos de um monstro que havia invadido o colégio. Acreditem se quiser, fomos encontrados em um lixão, onde Paige conseguiu matar o monstro com uma enxurrada de dejetos químicos fedorentos. Eu imagino que ela já saiba de tudo o que eu fiz, e se eu tinha alguma chance com ela, a mesma escorregou como areia por minhas próprias mãos. Quando ela voltar, posso até tentar conversar, mas acho difícil que ela me desse ouvidos. Só os deuses sabem o quanto eu lamento por tudo, mas preciso me conformar porque estou apenas enfrentando as consequência de minhas escolhas, e disso não dá pra fugir.


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Notas finais do capítulo

Acredito que muitas perguntas se formularam na cabeça de vocês agora. Acertei?
Me respondam nos reviews!
Prometo que volto bem rápido com o próximo, ok?
Beijokinhas sabor ambrosia!!
:)