Vento no Litoral escrita por Janine Moraes, Lady B


Capítulo 13
Capítulo 13 - Porque a gente é assim?


Notas iniciais do capítulo

É, eu demorei demais, demais! Mil perdões. Sério.
Meninas, eu fiquei embasbacadas com vocês. Reviews lindoos.
Vocês foram sensatas, meigas, e se preocupam com a Malu. Fico tão... feliz com isso. Tenho sorte em ter leitoras assim. Obrigada.
Não faço ideia do fim desse web, mas agora tenho uma pequena noção.
Ah, esse capítulo é lento. Não sei explicar.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/167741/chapter/13


Eduardo apontou para a vitrine de uma loja de brinquedos, olhando a pequena arma de atirar uma espécie de dardo. Olhei para Cecília que lançou um olhar para Eduardo de “de jeito nenhum”.

– Ah mãe... Por favor!

Eu tinha aceitado o convite de Cecília de ajudá-la a comprar algumas roupas e sapatos para Eduardo. Eu não tinha nada pra fazer e era melhor do que ir jogar boliche com uma Edith e Pablo absurdamente animados e loucos para fazerem piadas sobre noivos, namorados, ex-cunhados e afins.

– Nem pensar, menino. Você e um treco desses destruiriam a casa. – eu ri baixo de mãe e filho medindo olhares, logo Eduardo arriou os ombros, bufando.

– Vou pedir pro meu pai.

– E eu não vou deixar ele comprar pra você.

– Tenho certeza que a tia Malu não vê mal nesse brinquedo.

– Não me meta nisso, Eduardo. – estiquei as mãos em rendição.

– Olha lá, Eduardo! – Ceci tentou distraí-lo. – Você anda precisando de meias, vamos.

– Não, mãe! Já passamos em umas trinta mil lojas! – ah o exagero infantil... Soltei uma risada de sua expressão severa e até mesmo cômica. – Já tenho meias.

– Furadas, velhas e encardidas.

– Não quero. Podemos ver os brinquedos, por favor?

– Não!

– Porque não vamos comer algo, tirar um tempinho. E depois ver as meias e os brinquedos, quem sabe? – sugeri.

– Ta bom. – os dois concordaram. Eduardo segurou a minha mão e a de Cecília enquanto andava. Parecia feliz e satisfeito, mesmo depois de tantas reclamações sobre roupas. Eduardo adorava dar palpites sobre o que gostaria de vestir e até tinha bom gosto, mas as roupas que Cecília escolhia não o agradavam de jeito nenhum. Era engraçado ver eles discutindo e Ceci acabando por ceder, muitas vezes com um sorrisinho cansado de quem já está acostumada com isso.

Estávamos chegando à praça da alimentação quando vimos uma figura alta parada em frente a uma loja esportiva com as mãos no bolso da caça jeans. Eduardo foi o primeiro que o notou, Cecília depois.

– Pai!

– Igor!

Enquanto o primeiro disse animadamente, se soltando de nossas mãos, Cecília praticamente resmungou. Igor nos olhou assustado, de mim para Cecília e pegando Eduardo nos braços e caminhou até nós. Eu não tinha conversado com Igor após a nossa conversa e nenhum de nós dois tentara. Nos víamos no Planetário e tudo mais nos últimos dias, mas Igor andava muito ocupado, mal tendo tempo de cumprimentar os colegas, quanto mais a mim. Pablo é que vinha me ajudando e a Edith.

– O que está fazendo aqui?

– Ia comprar um tênis. – ele apontou a loja com o olhar. – Estão fazendo compras também, pelo visto...

– É, nós estamos... – Cecília disse, cruzando os braços. – Não acredito que fez isso, Igor!

– Isso o quê?

– O shopping era apenas eu, Malu e Eduardo. – Ela sibilou.

– Eu sei, querida Cecília, eu sei. Mas já ouviu falar em coincidência? Não sabia que iam estar aqui.

– Ah ta. Vou fingir que acredito. – Cecília parecia meio agressiva e isso me assustou um pouco.

– Sua mãe quer que eu jure. – ele falou, olhando para Eduardo que sorriu culposamente. – Já viu alguém mais desconfiada?

– Foi você, não é, Dudu? Que contou pro seu pai...

– Não, eu não contei. – ele ficou vermelho e eu quase sorri com a imagem.

– Então quem foi?

– Está tudo bem, Ceci. – apartei a discussão e Eduardo sorriu pra mim.– Foi uma coincidência.

– Exato!

– O pai podia lanchar com a gente! – Eduardo sugeriu, quase pulando dos braços de Igor. – E depois me ajudar a escolher meias.

– Adoro escolher meias. É divertido! – ele riu irônico e Eduardo revirou os olhos.

– Você odeia fazer compras, Igor. – Cecília acusou.

– Eu odeio comprar meias. É diferente...

– Mas ele podia ir comigo mesmo assim, não é?

– Seu pai tem outras coisas pra fazer.

– Não sei por que anda tão arisca comigo ultimamente. Talvez a viagem de Alexandre tenha te deixado muito sozinha e a carência provoca raiva.

– Cala a boca, Igor!

– Certo... – Igor soltou uma risadinha, botando Eduardo no chão. – Sua mãe não me quer por aqui. Depois a gente se vê.

– Ah, pai! Mãe, por favor!

– Pergunta pra Malu, ela pode estar desconfortável. Ela não é obrigada a aguentar vocês dois, ainda mais juntos. – Todos olharam para mim e eu apertei a bolsa, Eduardo me olhava implorativo, com as mãos unidas.

– Estou bem... Não se preocupe, oras. Vocês parecem estar acostumados a fazer isso. Não vejo mal em Igor ajudar Eduardo. E também logo tenho que ir embora...

– Não vai embora tão cedo. Não vou deixar. – Cecília sorriu.

– Vamos comer logo? – Eduardo choramingou, mas parecendo mais contente.

– Vamos de uma vez. – Cecília suspirou vencida, Eduardo agarrou a mão de Ceci e com a outra segurou a de Igor. Parecia uma família feliz. O telefone de Ceci tocou e desajeitadamente ela atendeu. – É o Alexandre.

Igor sorriu para Eduardo, que revirou os olhos. Eles voltaram a caminhar e eu me vi obrigada a andar do lado de Igor, minha mão pendendo solitária do lado de meu corpo.

– Pai, pega na mão da Malu, pra ela não ficar sozinha assim. – Cecília não ouviu o que Eduardo falava, distraída com o telefone. Fiquei admirada com a observação dele.

Igor esticou a mão sorrindo malicioso ao notar-me sozinha e por reflexo afastei a minha para encontro a dele. Só a movi alguns centímetros ou milímetros, erro meu. Tentei consertar o erro, mas ele já tinha a pego. Os dedos se encaixando nos meus por alguns segundos, prendemos um suspiro em conjunto. Os dedos de Igor eram ridiculamente maiores do que os meus, a mão era meio fria e as pontas dos dedos em contato com a minha pele me arrepiou, eu me assustei o olhando de olhos arregalados e ele espelhando minha expressão. Tínhamos esquecido como era... A sensação das mãos unidas. Lembrei de quando o conheci, as primeiras semanas de andarmos de mãos dadas, das conversas, da maravilhosa e intensa sensação. De estar completa... As lembranças como um flash. O susto e o momento duraram pouco... É claro. Soltei minha mão com embaraço. Sentindo meu coração acelerar e eu corar um pouco.

Paramos em frente a uma lanchonete e Cecília foi fazer os pedidos com Eduardo enquanto eu procurava uma mesa, Igor carregando as sacolas. Parei em uma que parecia boa e coloquei a bolsa em cima da mesa.

– Você está bonita hoje. – Igor falou, quebrando o silêncio. Me assustei, olhei para os lados mas ninguém parecia notar o que Igor falou. Apenas eu tinha sido afetada. Obviamente.

– Obrigada, eu acho.

– Não tivemos tempo de terminar aquela conversa.

– Aquela conversa terminou.

– Eu não sei o que fazer, Malu.

– Então não faça nada. Acabou, oras. – ele se sentou na cadeira, parecendo cansado. – Sabe, Igor? Quer ouvir o que eu realmente acho?

– Estou ouvindo.

– Você deve conhecer alguém... Uma garota bem legal, sabe? Ia te fazer bem. – sorri para ele, que ficou sério.

– Não quero outra garota.

– Uma mulher, quem sabe.

– Como você?

– Igor, você não ta ajudando. – me sentei á mesa, ele á minha frente. Ele cruzou os braços em cima da mesa.

– O que está querendo dizer com essa conversa, Malu?

– Só quis dizer que você deve conhecer alguém, Igor... Está perdendo seu tempo comigo.

– Eu sei administrar bem meu tempo, obrigado.

– Já parou pra pensar que pode estar desperdiçando o meu?

– Você cuida do seu tempo e eu cuido do meu. – ele parecia irritado e eu quase me arrependi do meu comentário.

– Não quis ofender.

– Mas ofendeu! É como se eu te amar fosse uma aberração, um desgosto pra você. Só porque não é o que você quer...

– Não é questão de ser o que eu quero. É o certo!

– Não pode me impedir de amar você, Malu. Não é conhecendo outra pessoa que isso pode mudar. Se quer tanto isso... Não vou mais insistir com você, mas não quero me manter afastado. Você é minha amiga, apesar de tudo. Minha melhor amiga, lembra?

– Claro...

– Nos dávamos super bem. Podíamos voltar a ter isso.

– Ou não.

Ele mordeu o lábio e eu me deparei com uma cena conhecida, ele sempre fazia isso quando não tinha o que dizer, ou quanto tinha demais a fazer. Eduardo sentou espevitado na mesa e Cecília trouxe os lanches.

– Trouxe o de sempre pra você, Igor. Natural e blá blá. Não sabia o que você queria, Malu. Então pedi um lanche igual do Eduardo.

– Posso ficar com seu brinquedo, tia?

– Claro...

– Ótimo! Tia Karol nunca me dava os brinquedos dela. – Sorri amarelo para ele, tentando desembrulhar meu lanche. Mas eu não tinha fome. Comi sem vontade e sem acompanhar a conversa na mesa. Cecília brigava com Eduardo por ele ter sujado a blusa e Igor tentava defendê-lo. Era algo muito ‘família’ para mim. Senti minha cabeça rodar.

– Tenho que ir embora agora.

– Ah, tia... Por quê? – Cecília me olhava com a mesma pergunta nos olhos e Igor estava concentrado em Eduardo.

– Tenho que resolver algumas coisas. Sinto muito.

– Ah, fica mais um pouco.

– Outro dia a sua tia faz algo com você, oras. Ela tem o que fazer, Eduardo. – Igor murmurou suavemente. Sem me olhar. Dei um beijo em Cecília e em Eduardo, sentindo a garganta apertar.

– Até outra hora.

– Até. – Esperei Igor responder e ele fez logo em seguida, me olhando nos olhos. Sorri tristemente, me perguntando o que estava acontecendo conosco. Comigo.



Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Já tenho o próximo capítulo quase pronto. E tive ideia pra alguns capítulos, então acho que os capítulos sairão mais rápido.
Ah, meninas... Não se acanhem em deixar recomendações, ta? #caradepau
Ah, sério. Obrigada meesmo pelos reviews lindos. Adorei cada um deles. E desculpem a demora. =(