Encrenca Shaolin escrita por Metal_Will


Capítulo 1
Capítulo 01


Notas iniciais do capítulo

Pois é, comecei mais uma história. Seja bem-vindo ^^
Então, eu até poderia ter mandado várias mensagens divulgando a história, mas no Nyah! isso nunca dá certo, então, dessa vez vou só escrever e quem quiser ler que leia. Já que começou a ler, agradeço se puder deixar reviews (mesmo que seja só esporadicamente) e se puder acompanhar. A princípio, pretendo escrever um capítulo por semana. Durante as férias, a periodicidade aumenta.
Essa história não tem previsão de fim e, na verdade, o roteiro ainda está meio obscuro na minha mente. Vou escrevendo e vendo no que dá.
Boa leitura e divirta-se!



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Capítulo 01 - A Força de uma Garota

 O dia era sábado. Uma da tarde em ponto. Duas horas antes do encontro marcado, mas André já estava pronto há muito tempo. Trajando uma camiseta nova que ganhara de aniversário, jeans e camiseta (roupas normais para um jovem ocidental comum), ele estava ansioso para seu primeiro encontro a sós com uma garota. Bem, considerando que ele já tinha seus dezesseis anos, muitos poderiam dizer que ele estava atrasado, mas André Cairo nunca teve muita sorte no campo amoroso, embora possuísse muitas qualidades. Não era a pessoa mais atraente do mundo, mas seus cabelos bem curtos e rosto sem espinhas não o tornavam feio. Começou a fazer karatê há poucas semanas e era mediano nos esportes e nos estudos. Também não era exatamente tímido, mas era meio afobado. Talvez por isso não tenha tido tanta sorte com as meninas. Mas agora que conseguiu finalmente um encontro para valer, precisava fazer isso dar certo.

- Beleza! Hoje vai sair tudo perfeito! - comentou ele, olhando para sua própria imagem no espelho do quarto com bastante expectativa.

- Já tá pronto, mano? - perguntou um garoto bem parecido com André que circulava por ali segurando um pacote de batatas fritas. Era o irmão mais novo dele, Tales, de onze anos.

- Ah, sim, é claro que sim! - respondeu André - Preciso me preparar desde já

- Não acha que tá exagerando? Ainda tem bastante tempo até seu encontro.

- Só duas horas! Acha que isso é bastante tempo?

- Ah, em duas hora dá para fazer muita coisa - comentou Tales - Quer batata?

- Opa. Sabor cebola e salsa. Minha preferida - disse André, pegando uma mão cheia de batatas do pacote do irmão - Epa...ora, seu..

- O que foi?

- Por que me ofereceu isso? Agora vou ter que escovar os dentes de novo para tirar esse bafo de cebola e salsa!

- Mas não foi você quem quis pegar...ah, cara

 De fato, ele era afobado e ansioso. Após escovar os dentes mais uma vez e arranjar algumas balas de menta para garantir o bom hálito, ele segue para o café onde combinou de se encontrar com sua (pelo menos por enquanto) amiga Lien Wong. Sim, ela era descendente de chineses, embora tenha sido criada no Brasil e falasse português fluentemente, mas nasceu na China e veio para cá com poucos meses de idade. Nem sotaque ela tinha.

  Não demora muito para André chegar ao café. Era perto de sua casa. O problema é que, mesmo saindo o mais cedo que conseguiu, faltando cerca de quarenta minutos para a hora do encontro, não conseguiu chegar antes de Lien. Pois é, ela era bem pontual.

- Boa tarde - cumprimentou a garota, com um sorriso no rosto. Tinha uma beleza oriental típica. Cabelos lisos, presos em dois coques (penteado bem no estilo oriental), mas também usava jeans e camiseta (roupas bem ocidentais).

- Ah, oi Lien - cumprimentou ele - V-Você está aqui há muito tempo?

- Bom, cheguei faz uns cinco minutos - disse ela, mantendo o sorriso no rosto.

- Sério? Droga...não quis te deixar esperando...se soubesse, eu teria saído de casa bem mais cedo e...

- Calma, calma, André - disse ela, sorrindo e tentando acalmar o amigo - A gente tinha marcado três horas. Fui eu que cheguei cedo mesmo. Não queria te deixar esperando.

- Ah, eu também não queria te deixar esperando...é uma vergonha o rapaz chegar antes da garota.

- É que minha família sempre me ensinou a ser pontual - disse ela - O problema é que sempre acabo chegando mais cedo do que deveria.

- Ah, mas isso não parece ser um problema.

- Bem, uma vez uma vizinha convidou minha mãe e eu para passarmos na casa dela na parte da manhã, mas acabamos chegando cedo demais e ela tinha acabado de acordar.

- Oh...entendi.

- Mas você também foi bastante pontual.

- Claro. Nunca iria te deixar esperando. Hehe.

- Achei isso interessante, porque na escola você sempre chega atrasado.

 O sorriso de André fica amarelo.

- Bem, é que de manhã eu sou mais devagar...

- Mas é bom acordar cedo. Aproveitamos melhor o dia, né?

- Pois é...hehe. Mas, não vamos entrar? Podemos conversar melhor lá dentro, né?

- Claro

 Os dois entram. André, obviamente, estava ansioso e nervoso. Lien era bastante bonitinha. André havia se interessado por ela desde que a viu pela primeira vez naquele ano, quando ela havia se mudado para a escola dele. Os outros meninos não viram muita graça nela, mas André reconheceu o charme da chinesinha logo de primeira. Talvez sejam o que chamam de amor à primeira vista. Pode ser. Tudo que ele sabia era que estava mesmo interessado em Lien e iria fazer de tudo para agradá-la. 

- Por favor, sente-se - disse ele, pedindo que ela se sentasse na mesa primeiro.

- Obrigada - agradeceu a garota, sorrindo simpaticamente.

- Então..vai fazer seu pedido agora? Que tipo de café você gosta?

- Na verdade vou pedir chocolate quente.

- Chocolate?

- Sim. Eu fiquei sem graça de falar quando você me convidou, mas a verdade é que eu não tomo café. Nem Coca-Cola eu tomo.

 André arregala os olhos.

- Oh, desculpe, se soubesse nunca teria te trazido numa cafeteria. Tudo bem. Podemos ir para outro lugar. Talvez uma sorveteria, ou uma lanchonete mais convencional ou...

- Calma, calma - disse Lien, enquanto sorria com a reação desajeitada do rapaz - Aqui não tem só café. Além disso, o que importa é a companhia e não a bebida, né?

- Ah, sim, claro - disse André, tentando se acalmar. Ele pega alguns guardanapos e limpa o suor.

- Tudo bem com você?

- Oh, sim, claro...talvez eu só esteja meio ansioso.

- Por que tão ansioso?

- Bom, é que...sabe, eu te chamei aqui porque queria muito falar...o que eu estou sentindo.

- O que você está sentindo?

- Bom, a verdade é que...escuta Lien, eu gosto bastante de você. Queria muito conhecer você melhor e sair mais com você...bem, eu...eu gosto de você e queria assumir um compromisso sério! O que...o que você diz?

 Ele fala isso de forma desajeitada, mas Lien se sente lisonjeada mesmo assim (e um pouco vermelha). André vai pegando cada vez mais guardanapos para limpar o suor, enquanto pensa que foi direto demais e deve ter assustado a pobre da garota. 

 \"Droga\", pensou ele, \"Fui afobado demais...ela deve me achar um doido. Duvido que ela sinta o mesmo por mim\"

- Eu...eu fico lisonjeada, André - respondeu Lien - Só que...

- Só que...tá, tudo bem, não precisa nem falar nada. Você não me vê do mesmo jeito. Tá, tudo bem, eu me conformo. Mas podemos pelo menos ser amigos e...

- Calma, caramba você é ansioso demais! - sorriu Lien - Olha, eu também gosto de você.

- Sério?

- Sério. Bem, você sempre me pareceu uma pessoa alegre, responsável e divertida. Seria legal namorar com você, sim. Só que..

- Sério? Sério mesmo? - comemorou André, fazendo todos no café olharem para o casal (para timidez de Lien) - Você não sabe o quanto me deixa feliz e...

- Então...só que...não é algo que depende só de mim e...

 No instante em que Lien fala isso, três sujeitos mascarados entram no lugar. Todos ficam olhando e estranhando. Claro que a impressão inicial era de ser um assalto, mas André estava tão feliz e envolvido com a resposta de Lien que nem reparou nisso.

- A-André...

- O que foi, Lien? Pode falar...sou todo ouvidos. Seja qual for o motivo que te impede de se aproximar de mim eu vou enfrentar e...

- A-André... - ela fez um sinal para que ele olhe para trás, mas ele parecia mesmo distraído.

- Hã? O que foi?

- Acho melhor a gente ir embora - disse ela. Nessa hora, finalmente André olha para trás e vê os três sujeitos. Estava parados no centro do café, olhando diretamente para a mesa do casal.

- Quem são esses caras? - pergunta uma das atendentes do estabelecimento.

- Sei lá, mas é melhor chamar a polícia - disse o colega da atendente, caminhando imediatamente na direção do telefone.

 Nisso, um dos caras joga um tipo de bastão bem no caminho dele (e para o pavor do pobre funcionário).

- Não há necessidade de envolver a polícia nisso - falou um dos mascarados - Isso não é um assalto. Só estamos interessados naqueles dois ali.

 Ele aponta na direção da mesa onde André e Lien estavam conversando. Lien parecia nervosa, embora não amedrontada. Já André, bem, estava com bem mais medo.

- Em nós?! - gritou André, completamente assustado - Mas o que foi que eu fiz?

- Você sabe muito bem o que fez. E deve se responsabilizar por isso! - disse um dos caras, sacando um nunchaku e fazendo pose de combate.

\"Quem são esses caras?\", pensou o pobre André, não entendendo nada do que estava acontecendo, \"Tudo que eu fiz foi marcar um encontro com a Lien, só isso...o que eu fiz de errado?\"

 Mas André não tem tempo de pensar muito. Logo é atacado por um dos caras, mas por algum motivo consegue se esquivar. As aulas de karatê valeram a pena. 

- Heh! Pelo menos se esquivar ele consegue - comentou um dos caras.

- Talvez não seja tão fraco assim - respondeu o outro.

- Ei, vão destruir o café e ainda não querem que chame a polícia? - disse um dos atendentes.

- Não se preocupe. Pagaremos por qualquer prejuízo - respondeu o outro.

- Quê?! Mas...mas...e os fregueses que vamos perder? - pergunta outro atendente.

- Não acho que vão perder fregueses - respondeu outros dos caras, apontando para o monte de gente interessada no tumulto.

- Esses caras são malucos - falou André se desviando de outro - Droga...esses caras estão querendo lutar mesmo..se fosse só um assalto sacariam armas, mas isso.

 Agora ele leva um chute no estômago e mais um golpe antes de cair no chão. É lançado na direção de uma das cadeiras estofadas de uma mesa vazia. Pelo menos amorteceu a queda.

- Já desistiu? - perguntou um dos caras - É mais fraco do que pensei.

- Droga - resmungou André, levantando-se rapidamente antes de levar outro golpe, mas não iria ter a mesma sorte por muito tempo.

- Estamos pegando leve com você para ver do que é capaz - falou outro dos mascarados - Mas parece que não é de nada mesmo...já podemos considerá-lo vencido.

- Ah, ainda não! - reclamou André - Agora é a minha vez de atacar!

 André tentou usar todos os golpes de karatê que se lembrava, mas ainda precisava de muito treinamento para alcançar aqueles caras. Ainda era um faixa branca, que começou o treino em poucos dias, apesar de ter bons reflexos e conseguir se esquivar relativamente bem. Mas não era o bastante. Todos os caras se desviavam facilmente e com um simples movimento de perna derrubam o pobre André.

- Fraco..muito fraco - falou um deles.

- Heh. Não vale a pena perder mais tempo aqui. Vamos embora.

 Mas antes que esse mesmo homem se virasse, ele sente alguém cutucá-lo por trás. Era Lien que, sem aviso prévio, lança um chute certeiro no mascarado que voa para longe.

- Woow! - todos no café aplaudem.

- E-Espere aí...não queremos lutar com você - fala o outro.

- Se mexeram com ele, mexeram comigo também - retruca Lien, que usa mais ataques de kung-fu certeiros nele. Embora o cara tente lutar com algum esforço, não esperava por isso e também é derrubado pela garota. O último, portando seu nunchaku, dá um pouco mais de trabalho e até chega a acertar um golpe no rosto de Lien, que, ao contrário do que todos pensavam, não sente muita coisa.

- Até que você sabe mexer bem com isso - reconhece ela - Mas precisa mais do que uma arma para me derrotar.

 Lien se joga contra o homem com um golpe voador eficiente que o lança na direção de uma mesa ocupada. Claro que os clientes já haviam saído, mas ouve-se barulhos de pratos quebrados por todos os lados. André ainda estava ali, meio caído no chão, mas fica de boca aberta com a performance de Lien. Estava lutando com a intenção de protegê-la, mas parece que ela não tinha necessidade alguma disso.

- Vocês vão pagar esse prejuízo. Que fique bem claro! - bronqueou Lien.

- Aii... - geme um dos caras - Agora ela exagerou.

- Lien! - gritou André - Tudo bem com você?

- Eu que pergunto - disse a chinesinha, correndo na direção do rapaz - Você está bem? Se machucou muito?

- Não, não, até que os treinos de karatê tem me feito bem.

- Oh, você treina karatê? - disse ela - Legal. Eu treino kung-fu estilo shaolin do Norte desde pequena.

- Quê? Então você é mestre em kung-fu? - perguntou André.

- Não sou tão boa assim - disse Lien, modestamente - Depois conversamos sobre isso...agora você precisa cuidar desses machucados.

- Quem eram esses caras? - perguntou André.

- Bem...pelo jeito de lutar e a falta de modos, tenho uma ideia de quem sejam - disse Lien, se aproximando de um dos mascarados e arrancando a máscara dele - Bem que eu reconheci sua voz, Mauro

- O-Oi...Lien - falou o tal Mauro, um cara que devia ter por volta dos vinte anos - Desculpe o mau jeito...

 Lien dá um chute na cara dele mostrando que estava bem furiosa (o que deixa André com mais medo ainda).

- E imagino que os outros sejam o Pedro e o Lucas, não é? - perguntou Lien. De fato, os outros caras tiram as máscaras e acenam com um sorriso amarelo.


- Você conhece eles, Lien? - perguntou André.

- E como conheço - respondeu Lien - São alunos da academia do meu avô. 

- Do seu avô? - repetiu André. Mas...por que diabos o avô de Lien mandaria alguém para bater nele? O que ele fez de errado? Como Lien era tão boa em artes marciais? Esse primeiro encontro com ela seria apenas o princípio de muitas confusões.


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Notas finais do capítulo

Já começamos com várias perguntas, né? Bem, respostas virão no próximo capítulo.
Até lá!