MANUELA

Sabe quando você sai para fazer alguma coisa na rua, mas se lembra que deixou o forno ligado em casa, e que se demorar muito irá acontecer um grande incêndio? Bom, multiplique esse desespero por nove, e depois faça elevado a três, era o que nas costas de um Pégaso branco, Nico viajava por algum lugar nas sombras e eu amassando Percy enquanto um enorme Pégaso preto nos carregava... Ah sim, e para deixar a situação menos assustadora, o cavalo falava comigo! Ah, falando nisso ele se chamava Black Jack e gostava de torrões de açúcar. ‘-‘. Percy já havia me dito alguma coisa sobre cavalos e filhos de Poseidon, mas eu não imaginava que fosse de longe tão bizarro assim, era como a voz do Galvão Bueno ecoando em sua cabeça, como eu disse, uma viagem e tanto!

O vento estava irritando meus olhos e sentia meus cabelos sendo arrancados do meu couro cabeludo, mas não era isso o que me preocupava, o que me deixava mais nervosa, era ver aqueles pinheiros ao longe e logo abaixo de nossos pés, o acampamento meio sangue. Meu coração se apertou, por um lado eu estava feliz por estar lá, mas em outro, ainda preferia a época em que minha preocupação era me concentrar no dever de matemática.

-Olha.

A voz de Percy quebrou o som do vento apontando para baixo, logo vi o que ele estava tentando me mostrar, do lado de fora do acampamento, havia um campo inteiro ocupado por monstros... Na verdade era uma espécie de monstro... Eram seres bizarros metade cobra metade mulher... Como Percy disse que se chamavam mesmo.

-Dracaenes... Vamos ter um trabalhinho hoje.

-Pode parar com isso por favor? Conversar com Black Jack já me tira do sério, se você começar a ler minha mente estou perdida.

Percy me encarou por um momento.

-O que?

Balancei a cabeça e apontei para frente, ele bateu de leve no pescoço de Black Jack.

-Ok cara, pode descer um pouco?

É pra já, chefe. A voz soou novamente, apertei a cintura de Percy.

-Não é natural, não é natural.

Pude ouvir sua risada ecoando no ar o que me irritou um pouco, mas logo estávamos em terra firme, dentro das barreiras do acampamento. Murilo foi o primeiro a descer e o primeiro a sair correndo em direção aos campos, mas nós três paramos quando vimos a cena.

-What the hell?

-Fale minha língua, Murilo.

Respondi soando tão atônita quanto ele, todos os semideuses estavam em armaduras e preparados para a batalha com armas a postos, prontos para o que me parecia uma guerra. Olhei para Percy e Murilo, logo em seguida uma bolinha quicou na nossa frente.

-Ai! Aterrisagem nada suave.

Nico falou enquanto colocava a mão na cabeça e se levantava, Percy olhou ainda vidrado na cena.

-Hécate está a alguns passos na nossa frente. Melhor corrermos antes que todos nossos amigos virem churrasco.

Ele falou enquanto corria, não hesitamos, corremos junto com ele, eu sabia o que Percy pretendia fazer, mas eu sabia também que não adiantaria muito, porque sem enganar os semideuses, Hécate já tinha um plano, e eu sabia qual era. Enquanto corríamos em direção a casa grande alguns semideuses nos olharam surpresos e confusos dizendo “O que?” “Vocês por aqui?” “Não estão mortos?”.

A porta da casa grande bateu e Quiron se virou assustado, logo em seguida sua expressão se mudou para surpresa, raiva, confusão, surpresa e felicidade. Ele nos olhou como se tentasse ter certeza de que éramos realmente nós ali.

-Percy? Nico? Manuela? Murilo? Estão... Vivos?

-Hécate mentiu.

Murilo disparou, Quiron olhou para fora e assentiu.

-Nunca dei muita confiança para essa deusa em especial... O que está havendo?

-Hécate está tramando uma guerra entre deuses e semideuses...

-Bom, digamos que estamos vivos por muito pouco... Lembre-me de agradecer Atena depois.

Quiron ignorou meu último comentário nos observando cuidadosamente.

-O que exatamente está acontecendo?

-Eu explico. –Falei antes que Murilo abrisse o bicão. –Ferramos com o plano de Hécate, mas ela não vai desistir tão fácil, os outros deuses se recolheram, mas ela arrumou um exercito de...

-Dracaenaes...

-... Certo, obrigada Percy. –Falei enquanto ele assentia para mim, prossegui. –Acho que ela está tramando um ataque aos semideuses...

-Eles tem que se recolher agora, Hécate só pode nos atingir fora do acampamento.

Nico falou, Quiron franziu a testa, mas logo nesse exato momento um BUM! Soou do lado de fora e nossos olhos se arregalaram de um modo sincronizado, corremos para a porta a ponto de ver a fumaça, e logo em seguida gritaria... Estávamos sendo invadidos?

-Como isso é possível?

Quiron balançou a cabeça.

-Alguém autorizou a entrada dos monstros... SEMIDEUSES! PREPARAR ARMAS!

Não gostei da frase efeito, mas bastou para saber que estávamos a caminho de mais uma luta. Quiron pegou seu arco e trotou para fora da casa grande em menos de um minuto, Nico fez o mesmo sem hesitar com sua lâmina negra, Percy olhou para Murilo e para mim se certificando que estávamos logo atrás e contracorrente logo cresceu em suas mãos. Peguei Mordecostas e Murilo sua espada, no minuto seguinte estávamos correndo em direção a aquela completa bagunça.

Ok, nada do que eu havia feito tinha sido tão aterrorizador como ver o acampamento invadido, digo, os monstros não eram simples mulheres cobras... Elas tinhas duas caudas e usavam armaduras de batalha completas, ótimo... Ia ser só... Ótimo. Eu juro que estava tentando correr para as colinas e achar Hécate, mas acho que outros semideuses fariam o mesmo, e naquele momento o que chamou minha atenção, foi um dos garotos do chalé de Apolo lutando, ele estava se saindo bem com uma das... Dracaenae... Hã... Black Jack isso ainda é estranho... Ok... Ele lutava com uma dessas mulheres cobras, e estava se saindo bem, até que uma outra chegou por trás, minha espada desceu com força, se prendendo contra a dela e chamando sua atenção, a muvuca era tanta em volta que eu me sentia tonta, mas devo dizer que aquela espada tentando me cortar ao meio ganhou minha atenção. Eu ainda não havia lutado com um monstro de verdade... Digo, encarei um dragão, mas estava com Percy e ele não usava uma espada, agora estava cara a cara com um dos mais bizarros que já vi e iria fazer o que aprendi em algumas das aulas na arena. A mulher cobra investiu contra mim, mas eu pulei para o lado quase batendo com outro semideus, mas consegui me esquivar e fugir do corte de sua lâmina, a mulher levou uma pisada em seu rabo o que graças aos deuses a distraiu e com facilidade passei minha lâmina em seu pescoço a desfazendo em pó, uma já havia ido.  Eu não via Murilo e Percy em lugar nenhum, eles deviam estar lutando mais para a frente, ou então ido atrás de Hécate, mas eu não conseguia dar dois passos sem ter que sujar Mordecostas no corpo de algum daqueles monstros, eu estava presenciando um verdadeiro massacre, mas acho que dessa vez tínhamos as vantagens... Bom, o que eu vi calou completamente meus pensamentos em seguida, um dos semideuses de Afrodite que se distraiu, levou um corte no braço e eu juro que um pouco mais forte teria o arrancado forte, eu ia socorrer, mas uma espada fez o monstro se dissolver e logo o garoto foi socorrido, em mãos de um semideus de Apolo ele estaria melhor. Mais uma espada tentou me atravessar quando consegui com força me virar, e cortar a cabeça de mais um monstro, droga, eu não ia ajudar de nada lá, eu precisava pensar em alguma coisa, eu precisava naquele momento do Murilo.