“Wenn dieser Tag der Letzte ist
bitte sag es mir noch nicht”

(Trechos da música Der letzte tag)

Encaramos-nos por um tempo até que ele começou dizendo:

- Eu... Eu... Desculpe-me. – Bill falou sem graça.

- Está se desculpando por quê? – perguntei, não estava entendendo nadinha de nada.

- Eu entrei no seu quarto e acabei dormindo aqui, e também eu te acordei. Desculpe-me. – ele explicou olhando para a Buffy que ainda dormia.

- Bill, você veio aqui por causa do filme, né? Estava com medo de dormir sozinho e de repente sentiu alguém ao seu lado e... – eu falei me lembrando de uma cena do filme, fiz uma careta – Não foi?

Ele pareceu me analisar por um momento.

- Foi, eu acordei no meio da madrugada, e aquele quarto estava assombroso, parecendo o quarto do filme. Não sabia aonde ir, o Tom me expulsaria do quarto, ele só dorme com mulher, Georg e Gustav seria vergonhoso, então eu escutei alguma coisa arranhando a porta do seu quarto, era a Buffy, ela parecia ter percebido que eu havia acordado... Eu acabei entrando no seu quarto, a coloquei de volta na sua cama, e devo ter dormido. – ele falou rapidamente.

- Tudo bem, não se preocupe. – eu comecei, mas depois mudei a minha expressão – Não, você deveria estar preocupado sim.

- Ahm, devia? – ele perguntou me olhando confuso.

- Sim, tive pesadelos a noite por causa daquele maldito filme. – falei – Você e os outros tem culpa nisso!

- Então era por isso que você estava se mexendo... – ele comentou consigo mesmo.

- O que? Eu me mexia enquanto dormia? – perguntei. Sabia que eu tinha sonhado com alguma coisa, mas não me lembrava o que era.

- Sim, eu... Ahm, fiquei te observando dormir, por isso devo ter acabado dormindo aqui. – ele respondeu corando um pouco.

- Ah my Gott! – eu exclamei exasperada.

Sempre tive o costume de falar durante o sono, minha mãe que sempre comentava. Enquanto eu dormia, se eu mexesse-me, era bem provável que eu falasse alguma coisa durante o sono.

- Eu não falei nada enquanto dormia, falei? – perguntei olhando-o.

- Não, não. – ele se apressou em responder – Você não falou nada, nada mesmo. Sem contar que eu estava parecendo um zumbi. – ele falou – Ao menos eu consegui dormir um pouco. – e bocejou.

- Mal são oito da manhã, eu voltarei a dormir, ainda estou com sono. – falei pegando a folgada da Buffy e colocando-a no tapete ao lado da minha cama, antes de voltar a me deitar em minha cama.

- Eu voltarei ao meu quarto. – Bill afirmou se levantando.

Devo estar ficando louca, ah, eu estou louca com certeza!

- Bill, por que não fica aí? – perguntei na maior cara de pau – Você não é o único com medo do filme, eu também estou apavorada. – afirmei virando para olhá-lo.

- Eu... Eu não sei se é uma boa idéia... – ele começou sentando-se na minha cama novamente.

- Diga-me, vai tentar me agarrar ou coisa do tipo? – perguntei.

- Claro que não,... – Bill respondeu e depois falou algo bem baixinho, parecido com um ‘eu acho’, mas não deu para eu entender.

- Ótimo, então se deite aí. – afirmei e virando para o lado da janela, ficando de costas para ele.

Já comentei que a minha cama era de casal e que cabiam quase três pessoas nela? Bill pareceu pensar um pouco no caso e depois de um tempo acabou se deitando ao meu lado. Íamos só dormir juntos, não era nada demais... Ou era?

- Manu? – ele me chamou – Está acordada ainda?

- Ahm, estou. O que foi? – falei com a voz meio sonolenta.

- Você podia me contar porque estava chorando ontem de madrugada? – ele quis saber, não havia se esquecido da noite anterior...

- Eu tive, ahm, um pesadelo Bill. – isso era obvio – Sonhei que meu pai havia sofrido um grave acidente de carro e estava... Estava morto. – respondi fechando os olhos mais forte ao me lembrar do sonho.

- Desculpe, eu não queria te fazer lembrar de... – ele começou, mas eu o cortei.

- Não se desculpe, foi só um sonho, ele está bem, muito bem.

- Certo.

- Ele virá essa quarta para a festa, minha mãe está toda entusiasmada com isso. – comentei.

- Mas eles não estão separados? – Bill perguntou.

- Sim, mas continuam sendo melhores amigos... Vá entender aqueles dois. – respondi rindo.

- Hum, isso é bom.

- Uhun, é sim. Agora vamos dormir. – falei fechando os olhos.

- Uma última coisa. – Bill falou rapidamente como se tivesse acabado de se lembrar de algo importante.

- Diga.

- Qualquer dia eu quero ouvi-la cantar novamente. – ele afirmou. Eu sabia que ele tinha me ouvido cantar, mas ainda sim não tinha certeza.

- Bill, eu não... – eu comecei.

- Não aceito um não como resposta! Agora, hora de dormir. – ele me cortou.

- Hunf.

Certo, eu estava louca, maluca... E estou dormindo ao lado de Bill Kaulitz, ah se alguém da imprensa descobrisse algo assim? My Gott! Pensando bem, eu dormiria super bem... Minha respiração ficou lenta, talvez como ela ficava quando eu dormia. Bill pareceu sentar-se na minha cama e começou a acariciar meu cabelo, do mesmo modo que eu fiz quando ele estava dormindo.

Eu estava apaixonada por ele sim, mas e ele? O que Bill estaria sentindo? Eu estava confusa. Dormi com esses pensamentos e sentindo as caricias de Bill em meu cabelo.

-

Quando eu acordei novamente aquela manhã, não quis abrir os olhos. Ouvi a voz de um anjo cantando baixinho ‘Heilig’, enquanto mexia no meu cabelo. Não senti vontade nenhuma de abrir os olhos, fiquei por um bom tempo fingindo que estava dormindo. Bill ainda estava comigo, na minha cama e acariciava os meus cabelos, mas dessa vez ele cantava. Comecei a me mexer um pouco na cama, ele parou de cantar e logo depois eu abri os olhos.

O quarto não estava mais escuro, ele devia ter aberto as cortinas, eu forcei meus olhos a ficarem abertos.

- Bom dia bela adormecida! – Bill exclamou alegremente quando eu olhei para ele.

- Não, volte ao boa noite. – eu resmunguei esfregando meus olhos com sono.

Buffy, que também estava na minha cama, veio me acordar, começou a lamber as minhas mãos e o meu rosto, querendo me acordar.

- Tá bom, eu estou levantando sua chata. – falei para a Buffy.

Bill deu risada e o filhotinho latiu ardido. Eu me sentei na cama resmungando, e jogando o cabelo para trás. Percebi entrar um ar quente por uma das janelas quente por uma das janelas, verão?

- Está calor? – eu perguntei ao Bill.

Ele já havia se trocado, vestia uma calça jeans azul escura desbotada, uma camiseta preta com um microfone em vermelho, como se tivesse sangue escorrendo do microfone, e também parecia usar um tênis preto.

- Sim. – ele respondeu – Parece que finalmente está chegando o verão. – afirmou.

- Ah, que ótimo... Quero o inverno! – exclamei desanimada fazendo carinho na Buffy.

- Não gosta do calor? – Bill perguntou.

- Não, não é isso, é que eu queria ver neve logo. – respondi jogando a coberta de lado e me levantando, eu estava de pijamas.

- Ahm, eu vou tacar uma água no rosto para acordar e me trocar. – afirmei me dirigindo à porta do banheiro.

- Okay, eu e essa coisa fofa, - ele falou pegando a Buffy no colo – vamos te esperar lá no sofá. – e saiu para a minha sala de música.

Eu fui para o banheiro, fiz minha higiene matinal e depois fui para o meu closet. Penteei o cabelo acertando a minha franja, e escolhi a roupa que ia usar hoje. Peguei uma blusa sem mangas, mas com alças grossas na cor roxa, que tinha uma caveirinha bem bonitinha na cor branca, um short jeans e meu adorado all star roxo. Nunca gostei de ficar de chinelos porque sempre acabava machucando meus dedinhos. Sai do meu closet e arrumei a minha cama, dobrei a coberta e coloquei na cômoda, depois coloquei um edredom como colcha.

Bill estava junto com a Buffy sentando no meu sofá, folheava um livro, a versão alemã de Twilight, mas a Buffy parecia não estar gostando muito de ser trocada por um livro, toda hora colocava o focinho dentro do livro.

- Então você achou a versão alemã? – perguntei me sentando ao lado dele. Logo Buffy veio para o meu colo toda folgada, mas ainda sim ela ficou com o focinho virado para o lado do Bill.

- Sim. Me empresta? – ele pediu.

- Claro que sim. – falei sorrindo.

Depois ele pediu que eu contasse um pouco da história para ele, mas deixou bem claro que não queria que eu contasse o final de jeito nenhum. Mencionei que em novembro sairia o filme e ele me fez prometer que não ia assistir ao filme sem ele. Conversamos mais um pouco e fomos almoçar. A tarde ensaiaram mais um pouco, minha mãe ficou de platéia comigo novamente. Ela estava muito excitada com a festa, veria o meu pai e toda hora ficava me perguntando se o vestido dela não era simples demais. Após o ensaio fomos jantar, e terminado o jantar eu fui até a biblioteca e liguei para a Babis...

- Olá amiga desnaturada! – ela exclamou animada quando me atendeu.

- Não vale você ver o número na bina. – falei brava.

- Ahm, sorry. Ei, você que está acostumada com o alemão, treina comigo? Quero ver se ainda estou falando bem. – ela pediu.

Aquela doida de cabelo vermelho falava acho que quatro línguas, inglês, português, alemão e espanhol. Eu apenas falava uma a mais que ela, francês.

- Ah, tem certeza? – perguntei, estávamos conversando em português.

- Tenho, tenho! – ela insistiu.

- Tá bom. – comecei com o alemão.

- Yeah, qualquer coisa me corrige, tá?

- Okay.

- E então, como estão as coisas por aí? – ela perguntou.

Contei da Buffy, ela pediu, implorou que eu mandasse uma foto da minha husky. Babis amava de paixão cachorros. E depois eu comecei a contar o que estava acontecendo aqui, que eu estava apaixonada por Bill Kaulitz.

- Eu já sabia disso, o jeito que você fala dele... Está na cara já! – ela exclamou alegremente.

- Ahm Babis, eu não sei... – falei, mas parei. Buffy passou por mim correndo e foi até a porta da biblioteca e ficou arranhando, como se tivesse alguém lá – Eu vou desligar Babis, amanhã eu te ligo.

- Está bem, só vou te desculpar essa vez porque eu estou morrendo de fome. Amanhã me liga hein! – ela falou.

- Okay, bye.

Desliguei o telefone e fui até a porta, abri-a, não tinha ninguém lá, mas a Buffy passou por mim correndo em direção ao estúdio aonde os garotos ensaiavam, que não era muito longe da biblioteca.

Bill estava lá no estúdio, sentado no palco um tanto pensativo, Buffy foi correndo na direção dele. Eu fiquei meio escondida na entrada, fiquei de um jeito que dava para eu ver o que acontecia lá, mas eu não era visto por ninguém que estivesse no palco.

- Olha quem está aqui. – Bill falou assim que Buffy pulou nele – A coisinha fofa! – ele exclamou sorrindo, fazendo carinho nela – Me seguiu até aqui, né? Sua espertinha.

Como assim, seguiu ele até aqui? Será que Bill estaria ouvindo a minha conversa com a Babis? E ele teria entendido tudo o que eu estava falando, porque aquela doida queria que eu conversasse com ela em alemão... Buffy abanou o rabo novamente, latiu ardido e deu uma rosnadinha.

- Eu sei, eu sei que é feio ficar ouvindo conversas alheias, prometo que não faço mais isso, eu acho. – ele afirmou enquanto ela mordia a mão dele.

Buffy pareceu se dar por satisfeita e saiu de perto dele, vindo correndo na minha direção. Eu sai de onde estava, indo na direção as escadas, esperei Buffy chegar e a peguei no colo, levando-a para cima. Bill devia ter escutado toda a minha conversa com a Babis, ou ao menos parte dela, e o que eu mais falei foi sobre ele... Ah my Gott! Será que ele ouviu quando eu afirmei estar apaixonada por ele? Não posso acreditar nisso! Será que era por isso que ele estava todo pensativo? Senti uma vontade imensa de sair do meu quarto e perguntar para ele o que tanto ele ouviu. Mas não, eu me deitei na cama e fiquei assistindo TV, Buffy, a chata, ficou chorando até eu pega-la no colo, e coloca-la ao meu lado na cama. Aquela noite apesar de tudo foi tranqüila, dormi com a Buffy encostada na minha barriga por cima do edredom, aquela fora uma noite quente, a noite mais quente desde que eu cheguei à Alemanha, e também foi a primeira que eu dormi de camisola, uma grande camiseta velha do Metallica.

“Egal, wir sind ja noch zusammen”