Aira Snape - A Comensal escrita por Ma Argilero


Capítulo 8
Festinha Particular


Notas iniciais do capítulo

Obrigada a todos que me mandaram reviews. Adoro escrever essa fic, então peço que leitores fantasmas deem o ar de sua graça.
Se houver algum erro me avise. Faz tempo que li os livros q não lembro muito bem a gramática de algumas palavras.



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Tornei-me ácida. Acordei na manhã seguinte do embaroçoso almoço familiar. Minha vontade de esmurrar tudo que eu visse pela frente havia passado. Eu só queria proferir comentários dolorosos. Minha mudança de humor está me matando. Acompanhar de perto os planos de uma das entidades mais “apavorantes” que existiu – apavorante só em termo mesmo, pois os Comensais da Morte não conseguem aterrorizar sem uma varinha –, deixava qualquer um enlouquecido.

Porém, eu não sabia de tudo. Voldemort é bem previsível com sua sede de matar Harry Potter, mas não se pode duvidar de ninguém. Cheguei a pensar em não continuar a se uma, mas se eu voltasse atrás, poderia ser morta, ou pior, ver meu pai morrer diante de mim.

Acostumei a ouvir de meu pai tudo de ruim que acontecia nos dois mundos por causa de Voldemort. Era normal ele estar sentado à mesa e comentar comigo sobre os mistérios de várias mortes. Para bloquear minha mente de tanto pesadelo, resolvi ter minha própria vida.

Levantei e fui ao quarto de meu pai, acordá-lo. Estava pouco me importando com minha sutileza, apenas adentrei o ambiente. Abri as cortinas e mesmo com a luz em seu rosto, ele virou-se para o outro lado. Para minha surpresa inesistente, o empurrei pra fora da cama. Ele caiu no chão.

Observei-o levantar e fitar-me. Não me pus a correr. Não haveria escapatória. Ele apenas bufou e vestiu sua camisa.

– Eu merecia isso, não?

Eu teria dito que faria pior, mas apenas saí pela porta.

– Anda logo! Você tem de estar em Hogwarts daqui a pouco.

Para passar o tempo, lustrava a minha vassoura. Não sei como meu pai quer que eu passe no teste se utilizar aquele veículo de uma série ultrapassada. Tentei me visualizar em cima da vassoura em um jogo de quadribol. Não resultou em nada. Para mim, eu não conseguiria nada com uma vassoura velha.

Eu observei meu pai tomar o seu café, sem se importar com o horário. Ele nunca era pontual. Como odeio ter de depender dele para ir a qualquer lugar. Mal eu via a hora de completar dezessete anos e fazer o que me der em mente.

Pegamos o metrô. Fiquei surpresa com a sugestão dele de andarmos de metrô. Talvez ele tenha lido minha mente e vasulhado minha lembrança e visto o quanto eu adorava aquele alvoroço. Ficamos sentados a um canto, ao lado da porta. Pela cara que ele fez, nunca entrara em um bagão antes que não fosse do Expresso de Hogwarts.

Conferi em meu relógio o horário. Não estava próximo às onzes, ma era preocupante pelo estado de letárgia em que Severo se encontrava. Ele poderia mudar um pouco sua feição. Não soltaria minha acidez ali, mas ele que me esperasse na Plataforma 9 ¾. Tinha um repertório pronto para entrar em ação.

Descemos na estação – a que eu já conhecia e sabia por onde seguir – Tratei de indicar o caminho. Ele seguiu-me carregando meu malão. Ainda bem que ele era forte. Havia muita coisa coisa lá drento. Além de livros havia minha vassoura, que por acaso meu pai enfeitiçou para caber. O caminho era diferente do que eu lembrava. Talvez fosse pela diferença de luminosidade ou por que não estava passando ali, adimirando, mas sim, somente era uma transeunte como qualquer outra. De víamos pegar um táxi. Era mais uma forma de eu conhecer a cidade.

Não foi fácil encontrar um taxista disposto levar duas pessoas para a estação de King Cross, mas finalmente conseguimos. Precisei estender meu braço e começar a xingar feito uma lunática, pedindo a alguém. Pensei na hipótese de chutar meu pai, assim ele curvaria o corpo e eu poderia dizer que ele estava passando mal. Só não fiz, pois um táxi parou diante de nós.

Entreguei as libras para o taxista, que sorriu por ficar com o troco. Meu pai começou a implicar comigo sobre eu ter dado o resto do dinheiro.

– O que custa fazê-lo feliz um pouco? – olhei, para ver se não passara da plataforma – Além do mais, aquele dinheiro não é bem dinheiro.

Severo não gostou, mas no fundo estava aliviado. Nunca encontrei homem mais pão-duro do que ele. Abrir mão de algumas libras era muito difícil pra ele.

– Tchau – disse a ele, atravessando a pilastra de tijolos.

Como se ele fosse deixar-me sozinha sem dizer-me alfumas coisas. Eu estava pronta para revidar qualquer coisa. Mas senti-me impotente quando ele beijou minha testa e tocou meu colar em forma de “S”.

– Ainda o usa.

Não foi presente dele, mas eu sentia necessidade de usá-lo. Era como um amuleto. Nunca fui de acreditar em artefatos que trazem sorte, mas sou bruxa. Não é algo muito aceitável na sociedade trouxa.

Nada de abraços e palavras de que sentirei sua falta e todo blá, blá, blá que eu fazia com Charles e Madson. Era a primeira segunda vez que não os via se despedindo de mim. Senti um aperto no coração e segui para o trem. Visualizei através das janelas, meu pai andar ao meu lado, no exterior do vagão. Ele parecia querer contar-me algo. Ele apenas levantou a mão e puxou a corrente do pescoço. Severo desaparatou.

Procurar uma cabine não é fácil. Há muita hierárquia. Há os grupos dos estudiosos, maoiria corvinais; os bagunceiros (eu faria parte deles se eu fosse grifinória); os sonserinos – não há muito o que dizer. Quase todos são iguais – Há os dos namorados, que querem privacidade (impossível de conseguir em um trem com mil alunos). Tinha mais, mas explicar tudo seria excruciante. O meu era um dos mais recentes e estranhos. Claro, nunca foi normal, mas antes eu viajava com sonserinos, mas passei a repartir a cabine com as gêmeas.

Não as encontrei, mas, para minha infelicidade, vi as irmãs Cheege acompanhada da Parkinson. As três riam. Eu ria assim com a Giulia e a Geovanna. Senti saudades daquela época. Seus olhares me alcançaram, procurando saber o que eu fazia parada ali. Segui minha busca pensando em como era antes. Eu era realmente feliz? Não, não era. A amizade com as irmãs apenas fez-me ficar longe da solidão, mas não apagou o que havia guardado dentro de mim.

Hesitei em frente a uma cabine. Era onde estava o Draco. Pensei em perguntar-lhe se havia novidades ou se encontrou alguma forma de colocar em prática sua missão. Eu não podia por em risco as missões. E matar Dumbledore não seria fácil. Hogwarts tem professores, além de escudos e feitiços protetores. Para conseguir essa façanha, é necessária uma mente brilhante. Não que eu duvidasse dele, mas achava impossível.

Quando eu passava pelo corredor encontrei Jean, acompanha de uma garota. Deveria ser parente dele, pois os dois compartilhavam cabelo loiro e os olhos verdes. Eu não correria e o abraçaria, mas também não os ignoraria. Aproximei-me dele, deixando meu malão ao canto.

– Oi, Jean – ele enlaçou minha cintura, fazendo-me aproximar de si. Olhei para a garota.

Ele havia entendido e tomou a partida das apresentações.

– Essa é Alekssandra, minha irmã. Ela vai cursar o quinto ano.

Não pensei que ela possuísse minha idade. A semelhança deles era incrível. Alekssandra olhou-me e sorriu. Eu queria saber porque ele possuia um nome francês, enquanto a irmã não. Mas não me meteria na vida deles para saber sobre nada. Era o bastante eu saber seus nomes e grau de parentesco.

Aproveitando a situação, Jean puxou meu rosto e fez-me olhar em seus olhos. Eu não amolecia, mas sentia amor neles. Era errado o que fazia, mas não custava eu namorá-lo para esquecer outro. Ele tocou de leve meus lábios. Era doce e quente em contato aos meus. Sem perceber eu estava o beijando, mas pensando em outra pessoa.

Ouvi burburinhos e afastei-me dele. Observei ao meu redor os alunos fitando-me. Nem parecia que eles tinham nada mais de importante para fazer. Era estranho aos seus olhos ver-me namorando outro garoto. Eu ignorara quaisquer chances de ter conseguido um namorado. E ali estava eu, agarrando-me com Jean, no corredor.

– Encontraram uma cabine? – peguei nas mãos dele e fui andando.

Alekssandra estava bem atrás de nós. Eu sentia a presença dela. O que era bem estranho, pois nunca senti a presença de ninguém em toda minha vida. Talvez fosse seu perfume ou a sensação de proximidade.

Avistei uma cabine muito suspeita. Havia luzes multicoloridas saindo pelas frestas e a existência de um cheiro agridoce com diversas outras fragâncias, fez-me ter noção de quem estaria ali. Abri a porta em um solavanco. Clara e Ângela congeleram, olhando para a porta. As duas ficaram aliviadas por não serem descobertas pelos monitores. Entrei, puxando Jean. Clara foi a primeira a demonstrar sinal de que não éramos somente amigos.

– Estavam pensando em me deixar de lado da festa? – abri os malões dela e encontrei várias bebidas proibidas: tequila, vodka, além de cerveja amanteigada. – Está havendo um tráfico de bebidas ou o quê?

Ângela riu e fechou o malão, sentando-se em cima. Era o malão dela, então. Não procurei argumentar nada.

Apresentei meu namorado e a irmã dele as minhas amigas. Clara só faltou pular, mas não fez, pois estava em cima do acento, procurando algo dentro de seu malão.

Eu estava em uma festa clandestina e cheia de coisas ilegais. Nem pensei na possibilidade de interromper. Eu necessitava de uma festa. Perguntei-me se libertaria meu lado festeiro ali. Era bom eu ficar distante daquele malão. Jean teria de me entreter durante toda a viagem.

Sentei-me em seu colo e enfiei minhas mãos em seu cabelo arrumado. Puxei seu rosto para perto de mim e mordi seu lábio. Afastei-me e vi a vontade dele de me beijar.

– Que coisa linda – Ângela era inconfundível com seu sarcasmo sobre os sentimentos. – Dá para se agarrarem em outro lugar, tem uma menina aqui – e apontou para Alekssandra.

– Eu tenho quinze anos. E não me importo de presenciar nada.

Ela não continuaria com esse pensamento se permanecesse naquela cabine por muito tempo. Estar em presença das Salvatore e de uma Snape resulta em problemas.

Voltei a fazer meus joguinhos com Jean. Ele adorava ser torturado por mim. No bom motivo, claro. Eu aproximei meu rosto seu ouvido e mordi o lóbulo da orelha. Ele se arrepiou e me olhou.

– Você não devia continuar com isso.

Ele me jogou no acento, ficando por cima de mim. Senti o peso do seu corpo sobre o meu. Era como se eu não estivesse ali com ele, mas com Fred. Droga! Ele inundava meus pensamentos. Afastei-o, dando a desculpa de que se alguém visse aquilo e denunciasse, estariamos mortos.

Para me distanciar de tudo, pedi uma bebida para Ângela, que me entregou vodka. Entornei de uma só vez.

– Calma, Aira. Isso é forte – olhei para Jean.

– Não precisa se preocupar. A Aira é experiente quando se trata de bebida – pronunciou-se Ângela.

Ela revelou ao Jean e Alekssandra sobre minha primeira experiência, da qual fiquei de ressaca. Não me arrependo dela por inteiro, pois foi nessa minha ausência de noção, que beijei Fred.

Ainda bem que não foi dito o desfecho, além de eu ter ficado de porre. Nem me importei de Jean avisar-me sobre eu beber tanto. Eu deveria ter controlado-me mais.

Acabei apagando, enquanto estava sentada sobre suas pernas.

– Aira? – eu escutava a voz distante e não conseguia saber de quem era. – Aira?

Fui empurrada e caí no chão. Olhei pra cima e vi Ângela rindo. Fiquei a observando, com seus cabelos castanho claro. Ela sempre foi linda. Senti-me impotente ao lado dela. Sentei-me e massageei minha coluna; não estava dolorida, mas eu tinha que desviar minha atenção dela.

Sou egocêntrica por querer atenção toda para mim. Eu tinha amigas e ficava preocupando-me com ladainhas.

Eu adoraria não ter desmaiado depois de beber tanto. Mas era exigir muito de meu sistema. Sentei-me no assento e fiquei reacpitulando tudo de antes de apagar. Eu bebia igual um camelo. Sorte minha não ter vomitado. Aproveitei um momento de distração de minhas amigas e saí sem que ninguém percebesse. Entrei no banheiro e sentei-me sobre o tampo da privada.

Sempre adorei um toaillet. Não sou caustrofóbica para odiar, mas ele sempre foi importante pra mim, pois era o único lugar em que eu poderia ficar sozinha e pensar nas besteiras que eu fazia. O que eu estava fazendo da minha vida? Levando tudo à brincadeira de uma forma sem planejar. Eu acabaria me auto-destruindo se não parasse.

Devo ter passado muito tempo ali, pois senti um solavanco. E era somente sentido quando se chegava na estação. Abri a porta rapidamente e vi os alunos saírem com suas bagagens. Não foi fácil chegar ao vagão em que eu estava. Acotovelei diversas pessoas, só não xinguei, pois nem isso se dava para fazer. Adentrei o vagão e encontrei todos de mala e cuia. Peguei meu malão e minha mochila e saí depois de todos eles.

Já na estação, consegui juntar-me ao meu namorado.

– Caramba – ele exclamou. Observava tudo atentamente, o mesmo acontecia com a Alekssandra.

– Ainda não viu nada.

O puxei pela mão e fomos em direção as carruagens. Quando as vi, percebi que eram puxadas por criaturas. Maseu nunca as tinha visto. E passou-me pela cabeça quem elas seriam. Acomodei-me no assento e ajudei a todos a subir.

– Que bicho é esse? – Alekssandra perguntou.

Jean olhou para todos os lados, procurando algum animal. As gêmeas olharam para a Alekssandra e depois para mim.

– Você consegue ver? – Ângela explanou, apontando para o testrálio que puxava a carruagem.

– Vejo, mas o que é?

Ele começou a puxar a carruagem. Segurei-me e observei Jean, que ainda tentava entender o que estava acontecendo.

– Testrálios – informei. Ele olhou-me como se eu fosse louca. Jean era o único que não podia o ver. – Somente quem viu a morte pode vê-los.

Eu não queria saber os motivos porquê elas viam. Presenciar a morte não é algo que eu quero para alguém próximo.


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo promete.