Aira Snape - A Comensal escrita por Ma Argilero


Capítulo 2
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Notas iniciais do capítulo

Desculpa pela demora de quase um mês, mas estou sem net. Quando voltar postarei os outros cap. Quase terminei a fic nesse tempo.
Espero que comentem.



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Meu pai estava preocupado comigo. Tentou diversas vezes me fazer sair da cama sem sucesso. Eu vivia na cama chorando. Quando não chorava estava dormindo. Nem me alimentava direito. Só comia o que me era servido e em pequena quantidade.

Eu estava péssima. Perdi a alegria. Me sentia inútil.

–- Levante-se já dessa cama! -- olhei meu pai, abaixando a coberta que estava sob minha cabeça. -- Isso não são maneiras de se comportar.

Cobri minha cabeça e virei pro outro lado.

–- Aira, deixa de ser problemática.

–- Eu não quero sair -- minha voz saiu em um fio quase inaudível.

Senti um lado da cama afundar.

–- Não quero te ver assim. Não é o fim do mundo...

–- Eu matei.

–- Eu não me afundei na tristeza depois que perdi as pessoas que eu amava.

Sentei-me na cama e o olhei.

–- Você não tirou a vida de uma pessoa...

Ele abaixou o rosto e suspirou alto.

–- Mas eu fui o culpado de sua morte.

Como culpado? El estava falando da minha mãe? Aquilo foi um acidente.

–- Lilian Potter? -- ele apenas confirmou com a cabeça. Eu sabia que os dois foram amigos, mas por que ele se culpa pela morte dela?

–- Eu fui idiota de tê-la chamado de sangue-ruim. Quando percebi ela já estava casada e com sua vida -- não era fácil me revelar isso. -- Eu queria me sair bem em algo, então contei ao Lord sobre a profecia. Ele poderia ter escolhido entre o Potter ou o Lomgbotton, mas escolheu o Potter.

Eu sabia o resto, ele não precisava me contar.

–- Mas você não a matou...

–- Eu fui até lá depois que acabou tudo e vi a criança. Lilian me pediu pra cuidar do Potter, e é o que estou fazendo.

Eu o abracei. Não era somente eu que precisava de consolo, ele também. Ficamos abraçados por um bom tempo, até escutarmos um barulho de explosão. Descemos correndo a escada e fomos até a cozinha, de onde podia se ver a sujeira e os destroços causados pela explosão de uma chaleira.

Como aquela chaleira explodiu foi um mistério, mas agradeço por ter ocorrido, pois fiquei mais próxima de meu pai, enquanto ajudava ele a limpar a cozinha.

Foi nesse dia que prometemos que contaríamos tudo um para o outro, mas que respeitariamos a privacidade.

Fiquei mais enérgica e resolvi mudar a decoração da cozinha. Já havia a pintura branca, mas faltava utensílios. Meu pai nem sabe cozinhar direito. Não sei como ele sobreviveu todos esses anos sozinho. Fiz uma lista com tudo que eu precisava e fui falar pra ele.

–- Precisamos de comprar algumas coisas.

Ele me olhou não acreditando. tanto no mundo trouxa quanto bruxo homens odeiam ouvir a mulher falar que precisa comprar algo. Sorte pra ele que não sou consumista ao extremo.

–- O que vai comprar?

Entreguei a lista pra ele. Confesso que me empolguei e marquei coisas que iam além da cozinha.

–- Panelas, talheres, xícara, cálices, chaleira, travessas... -- ele parou e me observeou. -- Roupa de cama, toalhas, produtos de higiene... Isso é uma lista ou quer comprar o beco inteiro?

Eu peguei a lista de volta e guardei no bolso de meu short.

–- Você está dormindo com o mesmo lençol nem sei a quanto tempo!

É muita indignação isso. Fui perceber a idade do lençol, quando retirei pra lavar. Tinha buracos ali mais velhos que eu. Nem me dei ao trabaho de lavar, jogue dentro de um saco, pra tudo que eu fosse descartar.

Ele estendeu a mim um saco cheio de galeõs, sicles e nuques para eu e esbaldar nas compras.

–- Não demore muito. Hoje vou fazer o jantar.

Com ele fazendo o jantar, era melhor eu comer algo antes de vir embora. Fui até a lareira e retirei o pó de Flu. Não gostava muito daquele meio de transporte, mas eu não podia aparatar ainda. Só no final do sexto ano que poderei fazer isso. Cheguei ao beco com cinzas pela minha roupa. Ainda bem que eu estava vestindo um short jeans preto, blusa amarela e um all star muito brilhante - gostei do tênis. Ele ficou bem em mim.

Fui nas lojas especializadas. Como não queria carregar muito peso comecei pelo mais leve: os lençois e coisas semelhantes. Tinha tantas cores pra eu escolher, mas meu pai não iria gostar se eu comprasse um com renda pra ele. Acabei comprando daqueles simples em diversas cores claras. O quarto dele tinah que ficar menos escuro. Fiquei com tanta pena de não levar o lençol rendado que comprei pra mim. Eu mereço me sentir no luxo de vez em quando.As toalhas foram mais simples. Comprei todas brancas. Aproveitei e comprei tudo que eu precissava para bordar na mesma loja em que comprei os produtos para a cozinha. As pessoas que andavam pelo Beco naquela hora deveriam pensar que eu assaltei algum comércio, pela quantidade de sacolas que eu carregava. Não tenho culpa se tenho somente duas mãos e não posso usar magia fora de Hogwarts até eu completar dezessete anos.

Não aguentava mais carregar aquele tanto de coisa. Cansava muito rapidamente. Parei ao lado da Floreio e Borrões para descansar. Eu estava precisando me exercitar mais.

Um rapaz parou ao meu lado e me obervou com seus olhos verdes. Deveria pensar que eu estava passando mal.

–- Está tudo bem?

–- Está. Só que tenho que carregar muita coisa.

Eu conhecia ele de algum lugar. Tinha essa impressão.

–- Eu te conheço? -- ele me olhou e soriu. -- Não lembro se já ti vi antes!

Ele pegou a varinha e apontou para as sacolas, as fazendo se encolher. Não consegui agradecer.

–- Sou Jean Batpist -- ele é francês. Então o conheço da França. -- Eu estudava em Beauxbottons, mas me mudei para a Inglaterra.

Eu nem perceberia que ele é francês. Ele não tem sotaque nenhum.

–- Aira Snape, certo?

–- É...

Ele me ofereceu-se pra pagar um sorvete pra mim. Eu não queria aceitar, mas lembrei-me que era meu pai quem faria o jantar. Só Merlin sabe o que pode sair daquela experiência gastronômica.

Jean ficou me obervando enquantoeu escolhia o sorvete. Não é tarefa fácil. Ainda mais quando se está no mundo com sabores exóticos que te faz ter vontade de experimentar alguns. Acabei optando pelo tradicional, de leite.

–- Parece que teve um dia de compras.

Olhei para as sacolas encolhidas ao meu lado, na outra cadeira.

–- Foi quase isso. Estou arrumando a casa, então tive que vir às compras.

Nunca gostei tanto de sorvete depois de me cansar tanto.

–- Você estudava em que ano em Beauxbottons?

–- Sexto.

Com certeza ele estudaria em Hogwarts. Levantei-me e agradeci por toda a ajuda e sorvete.

Voltei pra casa com as compras e coloquei sobre o sofá. Enquanto subia as escadas gritei:

–- Cheguei! As compras estão sobre o sofá!

Enfiei-me dentro do banheiro e troquei de roupa. Retornei a sala e vi meu pai segurando o lençol rendado.

–- Desfez o feitioço de encolhimento.

–- Você usou magia?

Aproximei-me do sofá e comecei a procurar as coisas que vão pra cozinha.

–- Não. Foi um ex-colega de Beauxbottons que fez pra mim.

Encontrei as panelas.

–- O que é isso, Aira? Lençol rendado?

Olhei pra ele. Meu pai não parecia estar satisfeito. Peguei o lençol e o dobrei.

–- Ele é meu. Os seus estão separados.

–- Renda...

–- Eu gostei, tá bom?

Ele sorriu. Separei o que era meu do dele e da cozinha. Peguei minhas coisas e subi. Eu tinha que encontrar um lugar praquilo em meu armário. Abri a porta e vi a bagunça. Fiquei desanimada em ver o quanto eu fui preguiçosa em deixar acumular tanto trabalho. Despejei tudo sobre a cama e fui dobrando e guardando em seu devido lugar.

Meu pai entrou no quarto e meu viu no processo de seleção.

–- Já falei pra não jogar suas coisas dentro do armário -- ele usou um feitiço doméstico e arrumou tudo pra mim.

–- Eu queria poder usar magia...

–- Não precisa de magia pra tudo. Guarde tudo em seu devido lugar -- ele saiu. -- O jantar é daqui meia hora.

Comecei a me preparar para o que viria logo a seguir. Mesmo eu tendo tomado o sorvete ainda sentia fome. Eu podia mentir dizendo que estava sem fome, mas meu estômago era capaz de me trair.

Entrei na cozinha e vi tudo em devido lugar. Ele estava empenhado em cozinhar: tinha uma pilha de louça suja me esperando depois. A louça poderia ser lavada com magia, mas meu pai não queria que eu esquecesse como ser trouxa. Até ele entrou em sua decisão de somente usar magia quando necessário.

Sentei-me na mesa e vi uma tigela com macarronada, suco de laranja - ele não teve boas experiências na última vez que tentou expremer uma -, salada e alguma coisa parecida com molho e rosbife.

–- Estive treinando muito.

–- Eu percebi.

–- Não seja sarcástica, Aira.

Eu não estava sendo sarcástica. Era a mais pura verdade. Apenas fiz cara feia para ele.

Fui obrigada a me servir. Escolhi a macarronada e coloquei um pouco. O suco não seria tão ruim. O único problema é se faltasse açucar.

Coloquei uma garfada na boca e engoli. Não era ruim, só que faltava sal. Pelo menos ele passou no teste em fazer macarrão.

–- Eu nunca tentei fazer macaraonada, mesmo com Hayley tendo me ensinado algumas vezes.

Tava explicado o poruqê do macarrão.

–- Só faltou sal.

–- Eu sei, coloquei pouco por achar que salgaria se colocasse mais.

Terminei de comer, mas não me aventurei no resto dos pratos.

–- Madame Maximine mandou-me uma carta tempo atrás -- olhei pra ele. -- Ela disse algumas coisas sobre você.

Eu não era excelente aluna em termos de educação, mas era exemplo em relação a estudos e notas. O que será que ela disse na carta?


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Notas finais do capítulo

Tem surpresas nos capítulos seguintes. Só não dou um bônus pelo meu atraso, pra fazer suspense.