Daniel olhou para o homem que se aproximava da mesa deles e voltou a sua atenção para a mulher sentada a sua frente. Ela aparentava estar surpresa e ao mesmo tempo com raiva. Esperou, curioso, pelos próximos acontecimentos.

—Molly? – um homem alto de cabelos castanhos falou com uma expressão indecifrável no rosto – você foi bem rápida, não é? – olhou para Daniel e voltou a sua atenção para ela.

—Como? Não entendi – disse tentando aparentar frieza.

—Acabamos ontem e já esta com outro.

—Olhe, quem deveria ter vergonha é você – respirou fundo para se controlar e não deixar as lagrimas caírem – você me traiu e me largou. Agora está fazendo cena? Porque não volta para a sua acompanhante?

—Tem razão. Voltarei para ela. Ela sim merece a minha companhia – olhou com desprezo para Daniel – não espere muito dela. Ela consegue ser insuportável quando quer. Vai te pressionar tanto, ficar atrás de você que a sua única vontade é desejar nunca te-la conhecido. Boa sorte – dizendo isso foi embora.

—Me desculpe por isso, Sr Heiden – Molly falou envergonha. Seus olhos já encontravam-se marejados – é melhor eu ir embora. Obrigada pelo jantar – abaixou a cabeça e levantou-se.

—Se eu fosse você não iria embora – falou tranqüilo – não demonstre que ele te abalou. Finja que isso não foi nada. Essa será a sua vingança.

—É melhor eu ir mesmo, me desculpe por isso – deu as costas a ele e foi embora com lagrimas no rosto. Já estava do lado de fora do restaurante quando sentiu alguém a segurando. Virou-se e surpreendeu-se ao ver Marc – o que faz aqui?

—Vamos. Eu te levo – falou sério.

—E a sua amiga? – tornou irônica tentando não encará-lo.

—A dispensei. Vamos. Eu te levo – sorriu. A conduziu ate o seu carro. Ao entrarem Molly estava tão distraída que não percebeu outro homem em frente ao restaurante. Daniel Heiden havia ido encontrá-la, mas a viu entrando no carro com Marc.

—Foi melhor assim – disse ao ir embora. Caminhou ate o seu carro e logo dirigia ate a sua casa onde passaria mais uma noite trabalhando.

Molly tirou o cinto de segurança e olhou sem jeito para o homem ao seu lado. Agradeceu a carona e quando estava saindo, escutou ele a chamando.

—Me desculpe por hoje. Sei que marcamos algo, mas você desmarcou então... Levei uma amiga para jantar. Imaginei que o homem que estava com você era algum namorado. Por isso... Aquilo tudo. Desculpe-me. Podemos começar do zero?
—Você escutou o que aquele homem falou, não foi?

—Sim.

—E ainda assim quer sair comigo?
—Bem, sim. Eu gostei de você desde o primeiro instante que a vi.

—É melhor eu ir. Obrigada de novo –saiu do carro, mas ainda o escutou perguntando se o ligaria. Ela entrou em seu prédio e logo encontrava-se na segurança de seu apartamento. Colocou a sua bolsa no chão, tirou os sapatos e começou a se despir no caminho para o banheiro. A única coisa que ela desejava era um banho morno para fazê-la esquecer de sua dor e de sua humilhação.

No outro dia chegou ao trabalho com olheiras e sem animo. Foi direto para a sua sala, não estava querendo conversa e muito menos encontrar-se com Daniel Heiden. Assim que ligou o computador, um homem apareceu em sua sala. Ela olhou perplexa para ele.

—Como soube que eu cheguei? – perguntou a ele.

—Os funcionários desse escritório são ótimos em fofocas – Daniel disse sentando-se em sua frente – Vim saber como está tudo para a reunião e a festa.

—Tudo pronto. Os convites já foram enviados e deve chegar para o senhor hoje ainda. Não se preocupe. A reunião também já esta marcada. A sua secretaria ainda não lhe informou?

—Não.

—Ela deve falar a qualquer momento.

—Isso é bom – levantou-se se virou para ir embora, mas voltou a sua atenção para ela – A sua noite me pareceu ter sido bem agradável – falou sorrindo.

—Hã?

—O seu rosto está meio cansado então presumo que tenha se divertido com o homem que a trocou por uma colegial – disse ao lembrar-se da acompanhante dele – será que ela era maior de idade? Me parecia ter no Maximo 18 anos.

—Está insinuando que passei a noite com ele?

—E não passou?

—É claro que não. Devo parecer uma pessoa bem desesperada para você, não é Sr Heiden?

—Na verdade sim.

—Tenho que trabalhar agora, poderia me dar licença – disse tentando se controlar para não xingá-lo.

—É claro – Daniel saiu da sala dela e segundos depois Molly começou a dizer impropérios.

—Esse idiota. Como alguém contrata alguém assim para ser o chefe de alguém? Ele não tem respeito nenhum por ninguém e muito menos por ele mesmo. Cretino – dizia olhando para a porta.

Daniel sorriu ao escutar Molly xingá-lo. Ele havia saído de sua sala, mas havia esquecido de perguntar uma coisa e quando ia abrir a porta a escutou. O primeiro pensamento que teve foi abrir a porta e confrontá-la, mas logo depois divertiu-se ao escutá-la. Preferiu deixar aquilo de lado e usar quando fosse mais apropriado. Ele foi para a sua sala, afinal tinha uma reunião para resolver.