A única coisa que Molly sentiu ao acordar foi uma bela dor de cabeça. O gosto amargo também encontrava-se presente em sua boca. Abriu os olhos e reconheceu estar em seu apartamento, se perguntou como havia chegado ate ali. Se levantou do sofá e caminhou, cambaleante, para o banheiro. Tirou o vestido com cuidado e entrou em baixo da água morna. Sentiu todo o seu corpo agradecer pelo banho. Fechou os olhos tentando lembrar-se dos últimos minutos na festa, sem sucesso. Ela não conseguia se lembrar de nada, após começar a beber.  A porta do banheiro estava aberta e ao olhar para fora, desejou que Daniel aparecesse em sua frente.

- O que estou pensando? – perguntou a si mesma ao sair do banho. Enrolou-se na toalha e se trocou. Ela precisava de um bom remédio para dor de cabeça, apenas isso e logo depois estaria bem, pensou.

Daniel olhou para o seu paletó, recém chegado da lavanderia, e torceu o nariz. Ele nunca mais iria vestir aquela roupa sem lembrar-se do que havia acontecido. Foi para a cozinha comer algo, logo teria que ir ao escritório. Ficou imaginando o que Molly falaria depois da noite que tiveram. Será que ela ficará tímida ou mais assanhada? Pensou sorrindo.

Molly entrou na empresa com óculos escuros. Seu humor não era um dos melhores. Não havia conseguido se lembrar de nada e ainda por cima sua cabeça latejava. Entrou no elevador e estancou ao ver Daniel, dentro do elevador, a encarando. Ficou tentada a pegar o próximo quando os olhares de todos, que estavam no elevador, a interrogavam. Ela sorriu, sem jeito, e entrou, ficando ao lado dele. No andar de cima, entraram mais três pessoas, fazendo com que Molly se aproximasse de Daniel, ele permanecia impassível ao seu lado. Ela olhou para ele, e seu olhar pousou sobre os seus lábios, engoliu em seco ao ver os seus lábios entre abertos e aos poucos imagens começaram a povoar a sua mente.

Flashback on

Molly estava deitada no sofá, quando abriu os olhos e viu Daniel em cima de si. Sentiu o coração bater forte e sem conseguir controla-se, o puxou para si, beijando-o. Sentiu a surpresa dele, mas não se deu por vencida e logo estavam se beijando ardentemente.

Daniel afastou-se dela, e a olhou com carinho, começou a beijar o seu pescoço e já estava descendo para os seus seios quando deu-se conta aonde estavam. Levantou-se e a puxou. Ficaram de frente um para o outro. Ele voltou a beijar o seu pescoço e sem conseguir se controlar, Molly começou a sentir algo. Tentou controlar-se, mas a ânsia havia sido mais forte. E sem perceber, vomitou em cima de Daniel, em seu ombro, bem em seu paletó. Após isso, lembrou-se apenas de sorrir, aliviada e escutá-lo praguejando, pois logo depois apagou, no sofá.

Flashback off

-Merda – pensou ao olhar para o outro lado. Eu só faço besteira. Burra. – colocou a mão sobre a sua testa e percebeu que a melhor forma de lidar com aquilo seria fingir não lembrar-se de nada. Decidiu ao sair do elevador, no mesmo andar que ele.  O ignorou e seguiu para a sua sala, apressada. Sentou em sua mesa e respirou fundo – Estava indo tudo tão bem, porque tinha que vomitar em cima dele? Que droga – sussurrou. Ao ligar o computador viu uma nota fiscal em sua mesa. A pegou e olhou sem acreditar no que estava vendo. Era a nota fiscal de uma lavanderia com o nome de Daniel Heiden. – O que? Ele quer jogar algo em minha cara é? – falou ao levantar-se da cadeira e caminhar, com passos seguros, ate a sala dele. Bateu antes de entrar e o encontrou trabalhando. – Sr Heiden, posso saber o que significa isso aqui? – perguntou mostrando o papel.

-Sim, é o valor que custou para tirar o seu vomito de meu paletó – disse sério.

-Vomito? Não me lembro de nada disso.

-Não? Pois eu me lembro, e infelizmente, muito bem.

-Então supondo que esteja certo, eu terei que pagar isso? – perguntou indignada.

-É claro.

-Isso é ridículo – disse alto – eu nem pedi para me levar pra casa – murmurou ao olhar para o lado.

-Srta Jones, estou trabalhando no momento, algo que deveria estar fazendo neste exato momento e não aqui, parada, em minha frente discutindo sobre a lavagem de meu paletó. Espero que me pague o mais rápido possível e se me der licença, tenho coisas a resolver. – disse sério, voltando a sua atenção para o computador.

Faça como quiser, pensou ao encará-lo, mas não espere que eu pague isso. Caminhou ate a mesa dele, amassou a nota fiscal e colocou em sua frente. Saiu sem falar nada ou escutar.

-Ela está errada e ainda faz essa cena? Ela é mesmo louca – falou sozinho sem deixar de sorrir.