The Beautiful Thieves escrita por bitterends


Capítulo 11
A Imagem Perdida


Notas iniciais do capítulo

"Eu vejo que estou perdendo os prazeres da vida.Um de cada vez,(...) Mas hoje à noite,
Eu vou deixar você acabar com tudo,se você não me acordar.
Mas se você acabar com tudo, depois não vai dar pra consertar(...)
Será que este dilúvio vai apagar o fogo que tenho dentro de mim? "
"The Missing Frame" - AFI



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Capítulo narrado por Davey.

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   Havia  se passado um mês depois daquele dia horrível no telefone com a Miche, eu estava na Califórnia, em Ukiah, visitando alguns parentes, mas morria por dentro, sem saber dela. Liguei várias vezes em seu celular, mas ela não atendia, ligava para a produtora e para seu pai, mas não conseguia falar... eu tive vários pesadelos envolvendo-a, mas em outros momentos, pensava que seria melhor a distância, porque nos esqueceríamos.

Eu não tinha como imaginar que era uma das piores coisass que poderia ter feito em minha vida.

Apreciava meu chá de menta na varanda da casa de vovó, quando meus pensamentos foram interrompidos pelo toque do celular. A operadora era de Nova Iorque, mas aquele n° não era nem de Miche, nem de Bryan, ou de qualquer pessoa listada em minha agenda.

- Alô?

- David Paden? Aqui é o Harry, da Interscorpe...

- Olá Harry, como ...

- Escuta, eu não liguei pra saber como você está porque não somos lá melhores amigos ou pra falar de trabalho. Então só sobra um motivo pra eu estar ligando pra você... Desespero.

- A Michelle...

- Sim, aquela garota, que é como uma irmã mais nova pra mim, a única família que eu tenho... morrendo por sua causa, seu imbecíl!

- Por minha causa... morrendo? O que está acontecendo? -meu coração palpitava forte, enquanto Harry gritava cada palavra que dizia para mim.

- Sim, a culpa é sua! Que usou o melhor dos sentimentos dela por você, lhe deu um dia perfeito, pra depois tratá-la como as vadias prostitutas e travestis que levam para suas turnês... Você é um merda!

- Harry, olha, se for por causa daquele dia no telefone, acho que está atrasado demais para me ofender, porque isso já faz um mês. Eu tenho tentado falar com ela e com o sr. Walker já fazem três semanas e...

- Sabe por quê ninguém atende, Paden? Porque estamos todos vendo a Miche sofrer depois daquele dia... -ele suspirou fundo, e tornou a falar, mas com mais calma - Pensei que ela iria melhorar, mas se passaram outros dias, ela sem notícias suas, pensando ter feito algo que tenha te afastado...

- Mas não é culpa dela, Deus!

- Ah, é? Então por que não vem dizer isso a ela? Davey, aquela menina lindíssima, com o corpo desenhado, maravilhoso, não existe mais! Ela está tão magra, tão magra que vemos os ossos de suas costelas, está com olheiras profundas, mal se veem seus olhos, está pálida... não come, não dorme, não estuda... não sai do quarto, passa o dia deitada, chorando. Mary disse que ela só bebe um copo d'água e come umas lascas de pão se alguém levar e insistir muito para que se alimente. Não aceita ir ao hospital, o Bryan não sabe o que fazer com ela, não tem ido trabalhar pra tentar cuidar da filha e ele nem sonha sobre o que aconteceu entre vocês e que a maltratou, mas está começando a desconfiar demais de sua ausência. Eu não aguento olhar para ela sem chorar... está tão horrível que ninguém pode acreditar que faz apenas um mês... só te liguei porque estou desesperado, mas sei que somente você pode piorar ou melhorar as coisas... sinceramento espero que melhore, porque só restou a Miche para o Bryan, eu a amo como irmã, minha família me abandonou, também só tenho a ela e se algo ruim acontecer, não vou te perdoar... você vai descobrir o meu lado machão de ser... eu destruo você.

Sem esperar minha defesa, se é que eu teria alguma, Harry desligou o telefone, eu estava chocado, não era possível ser exagero dele. Senti uma falta de ar, angustia e chorava de raiva de mim mesmo.

Me despedi de minhã família, sem demora ou explicação, saí com meus documentos e a roupa do corpo, não perdi tempo arrumando minhas coisas, tomei um táxi, segui para o aeroporto.

Para meu desespero, os voos estavam atrasados (pra variar), o de Nova Iorque estava esgotado e o próximo chegaria dali a duas horas. Eu não podia, não queria esperar mais, pois seriam quase 2 hrs de viagem à N.I. fora as outras 2 de espera. Por sorte, haviam jatinhos para aluguel no aeroporto, não hesitei, a fortuna que aquilo me levaria não importava, eu tinha que ver a Miche logo.

Chegando a Nova Iorque, tomei um táxi até sua casa. Encontrei todos aflitos, agradecendo minha presença, subia as escadas, que nunca me pareceram tão longas em direção ao quarto dela, a porta estava entreaberta, mas era possível vê-la, estava com aparência assustadora, parecia um zumbi... seu pai estava sentado próximo a ela, triste, mas sorrindo com pouca satisfação enquanto dava pedaços de maçã e banana em sua boca, vendo-a mastigá-las com pouca força e vontade. Fui entrando no quarto, me segurando para não demonstrar o quanto estava assombrado com aquela imagem, que eu havia provocado sem querer.  Bryan logo que me viu sorriu, vindo em minha direção, enquanto ela escondia seu rosto entre seus longos cabelos.

- Rapaz sumido! Que bom que veio, você é nossa última esperança... Precisamos de você mais como psicólogo do que músico agora!

- Vou tentar tratar a única paciente que tive, pode deixar... 

- Por favor, faça-a comer algo... olhe como está minha filha... aquela garota tão enérgica, tão linda... -sussurrando, estavamos a uma distância que ela não nos ouvia muito bem, ele começou a chorar - estou guardando um cadáver em minha casa, Davey... olhe só, posso dizer que ela vive? 

- Eu juro, ela vai começar a melhorar a partir de hoje, confia em mim? - ele acenou que sim com a cabeça - Então me deixe a sós com ela, feche a porta e aproveite para descansar em seu quarto.

Assim ele fez, fui me aproximando de Michelle, que me encarava com certa fúria... 

- Me perdoa Michelle, por favor, eu não queria isso...

- Como você aparece assim, pedindo perdão?

- Não era pra ser assim, eu tentei falar com você várias vezes, te liguei todo esse tempo, mas você não atendia o celular.

- Ahn... aqui está meu celular. - ela jogou em mim o aparelho completamente estraçalhado, estava me assustando...  

- Me perdoa Michelle, me perdoa!

Ela me olhou, e antes mesmo que eu pudesse pensar, acertou um soco em minha face e tentou acertar outro, quando a segurei firme, puxando-a para mim. Eu tentava encontrar alguma vida em seus olhos, e os vi brilhar de novo, como antes... eu a beijei, a princípio se rendeu, mas depois debatia-se em meus braços, ainda beijando-a, folguei meus braços, então ela me empurrou e correu para o banheiro, trancando-se lá.

- Por favor Miche, abra a porta, eu quero conversar...

- Me deixe, não quero te ver nunca mais.

- Abra a porta, Michelle, eu explico tudo... me deixe falar... Vamos conversar... me perdoe... - o silêncio dela me cortava, quando decidi desistir, deixá-la em paz e depois procurá-la quando estivesse mais calma. - Olha, não insistirei mais por hoje, quando estiver mais calma eu te procuro.

Saí em passos largos e rápidos, quando estava quase ganhando a porta, ouço-a me chamar, parada, no topo das escadas.

- Davey... não vá...

Ela estava muito fraca, não entendia como estava em pé, segurando-se no corrimão, tentando manter-se em pé a todo custo. Subi as escadas de volta, correndo, podia vê-la caindo e rolando-as abaixo.

Segurei-a em meus braços, enquanto suas pernas amoleciam, não aguentava mais fingir estar forte, comecei a chorar ao vê-la tão deprimida, tão descuidada e monstruosa.

- Você vai me abandonar, pisar em mim, me fazer sofrer de novo ?

- Nunca mais Miche, nunca mais...

Então ela me abriu um grande sorriso, trazendo de volta, numa fração de segundos, aquela garota linda.

- Então agora eu posso te escutar...

Peguei-a em meu colo, levando-a para o quarto, enquanto ela ficava quietinha, com a cabeça deitada em meu ombro. Encontramos com Mary no corredor, meio boquiaberta, mas sem dizer nada, pedi a ela que preparasse uma sopa de feijão para a Michelle comer e continuei seguindo para seu quarto.

Chegando lá, coloquei-a sentada na cama, e começamos nossa conversa.

- No dia seguinte fui pra Seatle, o Jeffrey me ligou dizendo que sua mãe estava piorando. Você sabe como tenho mania de socorrer as pessoas... -falava, colocando em sua boca as frutas cortadas no prato, que seu pai havia me pedido para fazê-la comer.

- Estou vendo... acho que tem um médico escondido aí ainda. Me deixe adivinhar, vocês brigaram novamente.

- É. Mas foi por outra coisa, ele estava melhorando com sua mãe.

- Hum... só que não justifica ter me tratado daquele jeito Davey.

- Não mesmo, mas não estava descontando minha raiva de Jeffrey sobre você... abre a boca, isso... era comigo.

- O que tinha?

- Eu não quero que perca sua juventude comigo, Miche... Não sou o melhor pra você... guardo coisas que não tenho coragem de contar... e depois, a mídia nunca nos deixaria em paz, seu pai não aceitaria. Pensei que me afastando, me mostrando outra pessoa, você se esqueceria de mim, seguiria seu caminho, livre de tanto peso... E olha o que você me apronta...

- Eu já te disse o quanto estou disposta a enfrentar tudo isso, ao seu lado, o quanto quero te fazer feliz... Perdi o chão Davey, porque em um dia senti que poderíamos... em outro, você me destruiu... - ela começou a chorar neste momento, não gosto de vê-la chorar... isto me mata.

- Me perdoa Miche, eu não queria isso... se algo pior tivesse acontecido, eu iria me culpar para sempre. Você é tudo para... para seu pai, Harry...

- E pra você, o que eu sou?

- Meu bebê! Até comidinha tenho que colocar na bocquinha...

Ela então sorriu, e eu ficava a admirá-la enquanto as frutas acabavam-se e Marry chegava com a sopa.

- Santo Jesus, alguém conseguiu fazer essa teimosa comer algo! Você é um anjo Dele, rapaz... aqui está a sopa, trouxe alguns pedaços de pão e um pouco do caldo da sopa separado, ela gosta de molhar o pão e ir comendo...

- Pode deixar comigo, Mary... eu cuido dela, vá descansar você também!

Eu soprava a sopa, depois dava naquela boca maravilhosa, fazia umas gracinhas, fazendo-a rir. Michelle já comia com gosto.

- Você vai ficar comigo?

- Do jeito que você está? Eu não. Minha banda é a AFI, se algum dia a gente resolver regravar Thriller do Michael Jackson, te chamaremos pra ser um dos zumbis do clipe.

- Credo, Davey!

- Vou cuidar de você, mas só saberei se ficaremos juntos quando você melhorar. Amanhã vamos eu, você e seu pai ao hospital, não me importa se você quer ou não, vamos e ponto. Você não fará mais besteiras, mocinha.

- Me beija?

- Hum... com gosto de sopa? Não, não... termine de comer primeiro. Sabe, disseram até que você não tava tomando banho ou escovando os dentes... que noojo!

- Nossa, que mentira! Foram duas coisas que eu não deixei de fazer!

- Deixa eu ver então... - me aproximei, cheirando seu pescoço - olha só, mentiram pra mim! Tá com cheirinho de sabonete!

E assim ela foi rindo, comendo, terminando foi  para o momento de sua higiene pessoal, enquanto eu retirava as louças de seu quarto e encontrando seu pai no corredor.

- Ela comeu tudo?

- Sim Bryan! Eu disse que poderia confiar em mim!

- Obrigado por tudo o que faz pela Michelle, ela gosta muito de você. Se não fosse velho pra ela, ou mesmo se ela quisesse, até que te aceitaria como genro!

- Imagine só, Bryan! Aliás, amanhã vamos levá-la ao hospital, já disse a ela.

- E por acaso ela concordou?

- Olha Bryan, eu não sei se concordou, porque disse que ela gostando ou não, iríamos. Ela só não poderia ser obrigada se fosse maior de idade...

- Eu nunca consegui ter pulso firme com ela... mas enfim, porque não passa a noite aqui?

- Vim direto da Califórnia, com a roupa do corpo, no mínimo precisaria de um banho!

- Vá agora então e volte pra ficar com ela, assim eu terei certeza que amanhã ela comerá algo e irá mesmo ao hospital, sem resistência...

- Pedindo assim, como recuso?

Fui pra casa com o carro do sr. Walker, tomei um banho rápido, peguei algumas roupas e voltei para a casa dos Walker. Não queria ficar mais um minuto longe da Miche.

Encontrei-a encolhidinha na cama, sem dizer algo deitei ao seu lado, ela estava acordada.

Deitou-se em meu peito, como gostava de fazer e alisava meu abdômen.

- Como soube que estava assim?

- O Harry me ligou e me contou.

- Ele estava aborrecido com você...

- Eu sei.

- Me beija?

- Beijo!

E nos beijamos longamente, ela voltava a reclinar-se em meu peito, enquanto eu sentia seu cheiro e acariciava seus cabelos até que ela dormisse.

Menina maluca... mas eu sabia que não me deixaria viver sem ela, eu queria protegê-la e cuidar da Miche. Vê-la melhor, me tornava um homem melhor.

Eu já havia perdido um amor, não iria deixar outro ir embora. Começava a me convencer que estava na hora de transformar meu coração empedrado em areia, e correr riscos por ela, que ela estava disposta a correr por mim.


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Notas finais do capítulo

Capítulo construído com muita ajuda da Mah *-*
Aliás, até agora ela tem ajudado muito em tudo!



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