Ironia Do Destino escrita por AninhaSweet


Capítulo 21
Capítulo 20


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem (:



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Percorri os olhos por todos os índios até achar um garoto diferente. Ele era loiro, branquinho, e estava meio longe do resto do povo. Eu o conhecia bem, era o Justin. Eu franzi os cenhos pra ver se era ele mesmo, mas eu não tinha dúvidas, afinal ele era o único garoto branquinho alí.


Justin levou o dedo aos lábios pedindo silêncio, e eu não fiz diferente, meu coração disparou. Será que eu tinha chance ainda de viver?!


Neste momento senti uma faca cerrar as cordas no canto, eu olhei e era Taluca, ela estava concentrada no que fazia. Eu não perguntei nada a ela, só olhei os índios e eles continuavam pulando e dançando, quase nem mais se importando comigo ali, eles tinham começado a festa.


– Vem! - ela pegou minha mão e me ajudou a pular o fogo.


– HDJSHUGHDHJKTU - Gritou um índio, e não era preciso saber a língua deles pra saber que o infeliz do índio tinha gritado que eu estava fugindo.


Neste momento o índio calou a boca porque Justin o acertou com uma flecha bem nas costas, como ele tinha uma mira boa eu não fazia idéia. Só tinha tempo de correr, minhas costas queimavam demais.


Taluca me jogou debaixo do chuveiro e saiu correndo pra ajudar o Justin na guerra contra os índios, ele largou o arquiflecha e começou a usar seu facão, era uma cena horrivel pra falar a verdade.


Sangue para todos os lados, mas era assim que tinha que ser, ou eles matavam, ou os índios os comeriam. Eles não podiam perder essa guerra e eu não podia ficar parada.


Rasguei o vestidão assim como fiz com a camisola, tirei o excesso de água do meu cabelo e corri pra primeira tenda que eu vi. Quando meu corpo deixou de sentir a água gelada nas costas eu voltei a estremecer, minhas costas já deveriam estar em carne pura, mas eu tinha que ser forte e ajudar meus amigos.


Peguei uma lança de madeira e de ponta fina metálica, e sai pra guerrear, meus amigos estavam cercados e nenhum índio percebeu a minha presença ali atrás, meus olhos marejavam de dor mas eu tinha que continuar. Pra salvá-los eu teria que perfurar algum índio e eu não sei se taluca me perdoaria, mas ela me viu e assentiu com a cabeça e foi o que eu fiz. Atravessei o índio com a lança e ele caiu deixando seu arquiflesha no chão.


Neste momento Justin e Taluca voltaram a atacar, eu tinha que confessar que taluca era uma guerreira e tanto, ela estava lutando contra sua própria origem. Eu não tinha uma mira tão boa quanto a do Justin e da índia, mas eu estava atirando na barriga de cada índio que eu podia, fazendo eles cairem no chão.


– Go, Go! - mandava taluca.


– Eu não vou deixar você - eu disse enquanto via a fogueira em que eu estava, queimar em brasas fortes.


– Go, Go! - ela ordenou mais uma vez, atrás dela vinha um índio com uma lança da qual eu tinha atravessado o outro, eu gritei e tirei taluca do caminho.


O índio passou direto e caiu sobre Justin que o empurrou na fogueira.


– Tenha piedade... - eu murmurei, mas não deu tempo de pedir mais em oração. Justin me puxou pelo braço quando viu que os índios menos feridos estavam se recuperando e indo buscar suas armas.


Nós corremos o máximo que podíamos, as folhas das árvores me castigavam batendo em minhas costas, mas eu tinha que correr.


Taluca nos dava proteção, ela corria atrás da gente com o arco e flecha apontada para trás como uma legítima guerreira. Eu tropecei sobre meus pés e caí, a dor era forte demais pra eu agüentar.


Justin me pegou no colo e continuou a correr, eu quase não tinha mais forças. Já conseguia ouvir o grito dos índios correndo atrás da gente, taluca a todo momento pegava novas flechas e atirava acertando um índio, ela gritava determinada e Justin corria pela escuridão da floresta.


– Você tem muito o que me explicar... - ele dizia correndo com a respiração ofegante - Muito mesmo.


– Eu não lhe devo satisfações - eu disse ainda cheia de marra pela maneira que ele falou comigo.


– Eu te deixo aqui jogada e quero ver você continuar com essa marra toda.


– Duvido você fazer isso... - eu sorri de lado e ele revirou os olhos e continuou correndo.


Justin estava tendo cuidado pra que não tocasse em minhas costas, ela ainda queimava demais.


Quando achei que nunca sairíamos daquela floresta, ouvi as ondas do mar. Mas de qualque jeito eu sabia que estávamos sem saída, iamos correr a ilha toda até os índios nos alcançarem?!


Mas para a minha surpresa havia uma canoinha balançando com as ondas do mar a nossa espera, e agora eu tinha entendido o porque eles demoraram tanto, estavam tramando tudo para que saísse certo.


Justin correu pelo mar, as ondas estavam pequenas e a água que batia em minhas costas me fazia gemer de dor, era água salgada, minhas costas deveriam estar horríveis e isso me deixava ainda mais angustiada. O problema é que eu não podia me desesperar, isso aumentaria a minha falta de ar e era a última coisa que eu queria que acontecesse comigo.


Justin me colocou com cuidado na canoa, e logo em seguida sentou-se e começou a remar.


– Não, não! - eu gritei com a única força que me sobrava - Espere por Taluca.


– Ela sabe se virar, já está no combina... - eu o interrompi.


– Pára a porcaria da canoa! - eu berrava - Espere por Taluca.


Mas Justin não me obedeceu. Taluca ainda estava entrando no mar quando a canoa já estava quase alcançando uma distância boa da praia. Meus olhos encheram de lágrimas, eu queria bater no Justin mas estava sem forças pra fazer aquilo, então chinguei-o baixinho e comecei a chorar.


Na escuridão da noite não vi mais o que aconteceu, quando a canoa tomou distância, Justin parou de remar com tanta velocidade. Eu só conseguia pensar em coisas horríveis que poderiam ter acontecido com Taluca, talvez ela fosse na fogueira em meu lugar. Isso me fazia chorar ainda mais.


Justin ficou em silêncio, eu não podia ver sua fisionomia por causa da escuridão, mas sabia que ele estava a minha frente por causa da sua sombra.


Eu sequei meu rosto e peguei ar. Quando tudo estava silencioso senti algo puxar o barco pra baixo e gritei, meu grito ecoou pelo oceano e Taluca subiu na canoa em seguida. Justin puxou ela pra dentro, ela estava ofegante, tirou o excesso de água dos cabelos e consegui ver um sorriso em seu rosto.


– Conseguimos! - ela disse com seu sutaque inglês.


Eu não podia estar mais feliz, eu a abracei mesmo com as costas ardendo, ela só não retribuiu o abraço por piedade de mim. Beijei seu rosto e olhei Justin pela escuridão, ele estava me observando, mas quando eu o olhei ele desviou o olhar.


Eu estava sem sono depois do susto que tomamos, e então pedi que Taluca nos contasse o porque ela teve tanta coragem de abandonar a tribo e de matar pessoas da sua família.


– Eles não são minha família - ela disse seca - eles mataram minha mãe e meu pai quando eu era pequena e fizeram deles comida que nem iam fazer com vocês.


Perguntei se eles não eram da tribo e ela me confirmou, eles eram. Mas não seguiam alguma das regras por acharem injustiça, e ela disse que fez tudo aquilo em nome de seus pais e eu me senti completamente orgulhosa.


O resto da noite não me veio o sono e parecia que também não tinha chego nem em Taluca e nem em Justin, então começamos a cantarolar musicas como: atirei o pau no gato, a dona aranha, joão roubou pão na casa do joão e etc. Taluca estava se divertindo e depois cantarolou algumas musicas de sua origem que eram bem estranhas mas acabamos cantando com ela.


Por um instante eu esqueci da dor em minhas costas, mas quando o silêncio brotou no barco e eu resolvi relaxar, senti ela queimar novamente. Justin me puxou pra ele e me fez ficar de barriga pra baixo na canoa e de costas pra cima, ele fez com que eu deitasse minha cabeça em sua perna pra que eu conseguisse dormir.


Acabei pegando no sono, minhas costas ardiam demais pra conseguir fechar os olhos facilmente, mas depois de muito custo eu dormi.


Quando acordei, Justin estava deitado ainda e Taluca dormia no outro ombro dele. Aposto que ficaram ainda acordados por muito mais tempo que eu. Eu me sentei na canoa com dificuldade e vi que estávamos em alto mar, a água já estava escura, um azul forte e eu sabia que alí poderia ser perigoso pra gente, um tubarão poderia derrubar nossa canoa fácil.


A canoa se movimentava com lentidão, tinha um balançar gostoso e de onde estávamos não dava mais pra ver a ilha, eperava estar longe o suficiente dela para que ninguém mais encontrasse a gente e também torcia pra nenhum pirata nos aparecer. Levei um susto quando Justin comentou com uma voz sonolenta:


– Você precisa de cuidados imediatamente, suas costas estão horríveis.


Eu olhei pra ele e assenti, era de se imaginar. Eu deveria estar com crostas e bolhas estouradas nas costas e isso me estragava o pensamento. Era a primeira vez que Justin falava comigo desde que eu tinha chingado ele, eu me concertei no barco e observei Taluca dormindo no ombro de Justin.


– Me desculpe por ontem... - eu abaixei o olhar.


– Não precisa se desculpar - ele disse - Eu entendi você. Também ficaria desesperado em seu lugar.


Eu assenti com a cabeça e olhei o mar mesmo sabendo que iria encontrar água para todas as direções que eu olhasse.


– Os índios te deram um trato... - ele comentou - Ontem a noite você estava linda.


Eu olhei minhas roupas e lembrei como estava parecendo uma deusa grega com aquele vestidão e aquele cabelo bem arrumado, eu só consegui sorrir pro Justin, ele parecia estranho, mais hesitante do que de costume pra falar alguma coisa.


– Queria poder cuidar de você, não gosto de te ver assim, toda machucada.


– Minhas costas devem estar realmente horríveis... - eu mordi meus lábios e reparei que Justin tinha um corte fundo no braço direito.


– O que foi isso? - Eu me estiquei pra tocar, e ele se encolheu estremecendo e acordando Taluca.


– Foi ontem na guerra com os índios, acho que eles me acertaram - ele sorriu de lado - Mas nada que se compare com seu machucado.


– Mas as flechas são venenosas... - orientou taluca - Se não cuidar disso logo pode infeccionar, e dependendo do caso, você pode até perder o braço.


– Não me importo... - ele disse olhando fixo meus olhos, o que me fez corar e abaixar o olhar, eu olhei pra taluca e sorri.


– Você foi muito corajosa Taluca.


– Obrigada - ela falou com seu sutaque, acho que ela já tinha aprendido muita coisa, mais do que eu pude ensiná-la - Mas eu não acho que vai dar certo eu continuar com vocês, e eu também não tenho pra onde ir.


– Calma! - eu lhe disse - Se a gente sair vivo dessa, a gente vai cuidar de você. Você vai conhecer a cidade grande, vai ver como é bom viver como a gente vive.


– Eu imagino a cidade grande uma cidade bonita, mas sei que existe pessoas ruins também.


– Mas elas não vão tirar onda com você, você é a menina mais corajosa que eu conheço - eu passei a mão no braço dela.


Vocês são as meninas mais corajosas que eu conheço. - corrigiu Justin e eu dei um sorriso agradecendo-o com o olhar pelo elogio.



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Notas finais do capítulo

Escrevi esse capítulo de madrugada, então não sei se ficou muito bom. No capítulo anterior todo mundo queria matar o Justin, tadinho! Mas ele apareceu pra vocês se acalmarem, e espero que tenham gostado!
carladdl: Não acredito que você está lendo minha fic! Tipo, você é a autora da fic que eu adoro, Take Me Along. Sua Diva, jamais esperava por isso, ainda mais sabendo que você é super exigente em relação a fics! Obrigada mesmo, fiquei muito, muito feliz (: rs'
Dani1317: Muito obrigada!! Fico feliz que também esteja gostando, mas eu nem arraso hein, isso é muito exagero da sua parte! u.ú kkk'
Jessika_Barrow: Então somos duas, detesto ela também. Pode xingá-la a vontade! haha'
E agora pessoal, mereço reviews?! Recomendações?! *-* Gostaria muito de receber pelo menos uma, já me deixaria muito feliz e satisfeita ((: Beijos ♥