Com o tempo, Janine poderá se arrepender das escolhas feitas naquele exato momento, quando aceitara de fato se casar com Ibrahim, fazendo com que a vingança falasse mais auto que seu coração.

O condado de Longford se tornara polvoroso com a novidade, e todos, por amor a Janine, queriam que tudo saísse perfeito e sem nenhuma falha...

_ Minha senhora, tem a certeza do que estás fazendo?

Janine olhara para seu amigo, e dera um riso fraco.

_ Ora, Francesco, ainda duvidas do que posso fazer? – seu sorriso era faceiro, mas no fundo ambos sabiam que a certeza era algo que não existia ali, dava para ver em seu olhar...

_ Perdoe-me, se tenho medo que se arrependa depois...

_ Não se preocupes Francesco, posso querer esse casamento por outro motivo, mas ainda não posso negar o amor que sinto por ele.

Depois daquela noite Janine se fechara para todos, menos para Francesco que sempre tentava colocar razão em sua cabeça, mesmo sabendo que era uma batalha perdida.

_ Milady, as costureiras já chegaram para tirar novas medidas. – Ele informou, desistindo de tentar mostrar-lhe a razão.

Janine assentiu enquanto se encaminhava para fora do aposento.

_ Traga-me Julie depois, gosto da companhia dela. - Francesco riu, pois sabia que Julieta havia conquistado o coração de sua senhora e gostava de ver a amizade das duas...

_ Trarei, Amélia irá lhe agradecer, pois não aguenta mais Julie perguntando de ti.

A futura senhora Mazur entrou no pequeno salão improvisando um quarto de costura e todos fizeram a reverência, o que sempre a deixava frustrada. Mesmo estando fechada para todos, odiava essas formalidades, mas ainda sim odiava estar novamente brigada com Anna.

Flashback on

_ Jane eu preciso te contar algo. – Anna informou, com a mão sobre o coração que batia forte no peito. Sabia que mentir era pecado, mas não sabia se valia a pena ir para o céu quando Janine poderia odiá-la para sempre.

Ela estava devastada, pois nunca imaginara que Ibrahim pudesse mentir para ela, mas olhando para sua amiga percebeu que as surpresas do dia ainda não haviam acabado...

_ Diga Anna.

_ Jane, eu já sabia – ela disse e se ajoelhou, colocando as mãos no colo de Janine. _ Não me olhes assim, eu queria te contar, na verdade fiquei sabendo há algumas semanas atrás, antes de Pavel viajar com milorde. Eu descobri naquela noite...

_ Quando foi na busca de Pavel?

_ Sim, -ela engoliu em seco, tentando continuar seu conto. _Eu ouvi a conversa dele com Sir Miguel, e queria te contar, juro que queria, mas Pavel não me deixou, disse que tudo ocorreria no momento certo...

_ E ambos esconderam isso de mim?

_ Milady, entenda, se eu soubesse ou até mesmo pudesse adivinhar que descobriria desta forma, teria te contado, mas não podia...

Janine levantara-se, antes que Anna pudesse terminar suas lamúrias. Não podia acreditar que até mesmo sua melhor amiga, a única pessoa que ela confiara dentro daquele castelo, também mentira.

_ Janine, por favor, aonde vais...

_ Preciso pensar, em tudo. Não posso acreditar que até tu sabia e nem me contaste. – e com isso e as lágrimas caindo livremente por seu rosto, correu para o jardim, deixando para trás uma Anna devastada e arrependida.

Flashback off

_ Milady, podemos apertar mais um pouco aqui em cima.

Os movimentos eram todos ignorados por ela, mas ainda sim prestava atenção em todos os detalhes, se isso estivesse transcorrendo há duas semanas seria algo que ela nunca perderia e estaria exalando felicidade, porém as circunstâncias mudaram e tudo que fazia era só menear a cabeça.

Após todos os procedimentos, subiu para biblioteca, pois sabia que lá teria um pouco de privacidade. A está hora, Pavel estaria na feira livre, montada próximo as muralhas. E isso significava um tempo para meditação, sem que o mesmo tentasse se redimir. Como se fosse hoje, lembrara quando sua mãe quebrando todas as regras de etiqueta ensinara a ler.

Flashback on

_ Milady, não podes ensinar a jovem a ler, sabes que é contra as regras. Nenhum homem que se casar com ela irá admirar esta façanha.

Carmem só recebera um olhar de advertência.

_ Ora, como pode me dizer o que devo ou não ensinar a minha filha? Ela irá sim saber a ler e a escrever! Não quero que seja enganada por algum senhor quando estiveres adulta. Agora nos dê licença...

Como se tivesse sido ofendido, a ama saiu de lá brava, pensando que quando criança, a mulher que desobedecesse as ordens impostas pelo rei, morria.

_ Mamãe, por que Carmem está brava?

_ Não ligue para aquela boba, vamos nos concentrar em nosso livro, antes que sejamos interrompidas novamente.

E com isso e toda paciência que só ela tinha, voltara sua atenção para o livro e do que jeito que sua mãe lhe ensinara, mostrou todas as formas que apareciam na história...

_ Mamãe, por que as moças não podem aprender a ler?

_ Janine quem será que você puxas-te hein? – ela disse jogando a cabeça para trás e rindo. —É muito curiosa minha filha, mas não se preocupe essa é uma regra boba que tentam nos aplicar, mas essa eu posso te garantir que pode ser quebrada.

_ Mas não iremos ficar de castigo?

_ Não meu anjo, não iremos. – a mãe respondeu, rindo novamente.

_ Miguel também poderá ler mamãe?

_ Que tal amanhã o chamarmos para ler conosco?

_ Seria extremamente bom. – nesse momento Janine ficara pensativa...

_ O que aconteceu minha pequena? – ela perguntou, notando a mudança da filha e colocando seus longos cabelos ruivos para trás.

_ Mamãe, você casou com papai sem o conhecê-lo?

_ Sim, seus avós escolheram Gordon como meu marido. E eu não me queixo disso.

_ Mas por que você não escolheu o papai. -ela apontou, pegando outro papiro.

_ Como assim Janine?

_ Você ama o papai, mas antes não. –ela disse com interesse.

_ Ora, onde ouviu isso Janine?- Lilla perguntou, começando a ficar confusa.

_ O Miguel disse que só poderei me casar com aquele que você e o pai escolherem.

_ Sim meu amor, ele está certo. –ela suspirou, e sorriu para a filha, voltando a escovar-lhe o cabelo.

_ Mas mamãe...

_ O que foi agora Janine?

_ E se eu quiser escolher?

Lilla estava começando a ficar preocupada com o rumo que essa conversa teria, pois assim como Janine, ela já questionou sua mãe por isso, mas ainda sim naquela época as coisas eram diferentes e se dependesse dela, sua filha iria ter uma posição na escolha, pois sabia que mesmo que amasse Gordon, não era por ele que seu coração batia freneticamente...

Flashback Off

Janine estava tão perdida em pensamentos que dera um pulo quando sentiu mãos gélidas taparem sua boca.

_ Por tudo que é mais sagrado Jane, não grite.

Ela se acalmou um pouco quando ouvira a voz de seu amigo, mas ainda se afastou dele. O capuz negro que ele usava, mostrava parcialmente seu rosto.

_ O que faz aqui Miguel? Pensei que já havia ido embora e voltado de onde veio. Sabes muito bem que se te pegarem irão te matar. – ela disse fria, pois inconscientemente ainda culpava o amigo por todo o sofrimento que ela estava sentindo.

_ Você não queres me ver, por isso tive que vir para ter certeza se o que ando ouvindo é verdade...

_ Se for sobre meu casamento, sim é verdade Miguel, estarei me casar com Ibrahim em poucas semanas...

Miguel dera um passo para trás, pois nunca ouvira Janine agir de forma fria, sem nem uma porção de emoção. Essa não era sua Jane, essa não era a menina que cresceu ao seu lado, com a qual ele era apaixonado...

_ O que fizeram contigo?

_ Nada o transcorrer dos dias, os anos que passeia achando que estavas morto assim como todos aqueles que amei, assim como meu pai fizera, você também me abandonara Miguel, mesmo depois de ter me prometido nunca me deixar...

_ Eu não podia deixar meu pai para trás, havia uma esperança de salvar a todos... –ele disse, cerrando os punhos.

_ Mas e depois?

_ Eu não conseguia, tinha medo de ser rejeitado, pois havia me machucado muito na batalha...

_ Achas mesmo que iria te rejeitar? Eu te amava Miguel...

_ Mas o suficiente para ir embora comigo agora?

_ Entenda Miguel, o primeiro amor levamos para a vida inteira e com o passar dos dias, percebi que te amava sim, mas não era o mesmo amor que sinto por Ibrahim...

_ Ainda ama aquele assassino? Aquele que matou sua mãe? Destruiu seu povo...

_ Chega! Não quero mais ouvir. Já disse tudo que queria, agora vá embora... –ela disse e se virou.

_ Jane...

_ Vá embora, ou irei chamar os guardas.

Ela não olhou quando ele saiu.