A Coletora escrita por GillyM


Capítulo 44
Terminamos aqui!


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem!



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“Roxy”


Abri os olhos ainda deitada na cama, não reconhecia o quarto onde estava, mas o cheiro era familiar, todas as essências que haviam lá tornavam-se uma só, um cheiro bem característico daquele lugar. Olhei para a janela por onde a brisa entrava a balançava as cortinas brancas, estava um dia ensolarado e aparentemente calmo, e pela janela tudo o que podia ver eram copas de arvores balançando com o vento. Eu podia ouvir muitos sons, mas eram tantos que não conseguia discernir cada um deles, alguns pareciam tão altos que sobressaia aos outros.

Quando abri a porta e cheguei ao corredor soube onde estava, eu reconhecia aquela decoração, e a atmosfera era bem familiar. Normalmente meu corpo estremeceria ao sentimento que tive, mas isso não ocorreu. Sentia-me incapaz de demonstrar qualquer tipo de sentimento, e naquele momento, ao descobrir quem era meu criador, meus sentimentos eram claros, mas meu corpo simplesmente não reagiram como de costume. Agora sei a causa de tanta frieza da parte dos vampiros.

Antes de chegar as escadas passei em frente a porta de um quarto, eu sabia quem estava lá, podia sentir seu cheiro, ouvir os batimentos de seu coração, podia ler sua alma. Ela estava calma, podia arriscar dizer que estava em paz, e não importava sob quais circunstâncias, se era por uma breve mentira contada, ou apenas por não saber dos fatos, melhor que continuasse assim.

Desci as escadas e sai pela porta dos fundos, quando o sol tocou minha pele e senti apenas uma irritação, lembrei-me de que não deveria estar lá. Dei um passo atrás me esquivando do sol e me protegendo pelo teto da casa, e fiquei a observar a mim mesma, procurando por queimaduras e tentando entender o porque de eu não fritar com o sol.

Logo localizei um dos barulhos que sobressaiam entre os outros, era o barulho de uma cadeira de balanço que se localizava no final do jardim, nela ele estava sentado de costa para mim, mas eu sabia que ele sabia que eu estava lá.

– Você pode vir até aqui. Incomoda, mas não queima.

Ele se levantou da cadeira e parou ao lado dela e ficou a olhar para mim enquanto eu atravessava o jardim.

–Está surpresa? – Ele perguntou com um olhar de satisfação.

–Não estou surpresa em nada, apenas curiosa.

– Curiosa sobre o que?

–Sobre isso – Disse ao olhar para meu corpo – O que levou a isso?

–Um presente que veio até você, sem o seu pedido. Você morreu, perdeu sua alma, mas por sorte Dave estava lá para coletá-la.

– E porque Dave não está com ela?

– No momento ele não guarda nem mesmo a dele, não poderia guardar a sua. Ele era o único coletor presente, ele não conseguiu atingir seus objetivos de ser um ceifador, mas morreu tentando e isso é o que importa. Eu o matei antes que a ceifadora pudesse intervir, ela não tem muito poder quando estamos presentes. Simplesmente foi embora.

– Embora? Simples assim?

– Acho que eles reconhecem quando perdem uma batalha. Ela tentou levar Dave com ela, mas fui mais rápido e o matei antes dela ter a oportunidade de fazer qualquer coisa. Entretanto, a surpresa maior foi a minha, eu não esperava por isso... – Disse ele ao olhar para mim – Mas você voltou como vampira e com sua alma também. Falando em vampiro... Você não deveria estar com sede?

– Não estou. Na verdade estou... mas posso esperar.

–Pode esperar? Essa é nova para mim, se bem que depois que fiquei completo novamente, sinto menos necessidade de sangue. Mas como uma recém nascida...achei que fosse ser diferente.

– Talvez seja isso.

– Sim, talvez.

Do jardim senti os olhos de Sookie olhando para mim, então retribui olhando de volta, ela estava parada na janela do segundo andar, janela que pertencia ao quarto por onde passei.

– O que disse a ela? – Perguntei a Bill.

– O suficiente para arrumar as coisas e viver em paz. Ela sabe sobre sua história, mas sem os detalhes ruins, mas não se lembra de você.

– E quanto aos outros de Bon Temps?

– Os demais sabem menos ainda. Tudo está em seu devido lugar, assim como estava antes de você chegar. Mas não fique se exibindo por aí, tome cuidado com suas palavras, mesmo sendo diferentes agora e ainda mais parecidos com humanos, não quero mais problemas por aqui.

– Não se preocupe... Não pretendo ficar.

– O que?

A voz de Compton deixou de ser amistosa e passou a ser intimidante, assim como seu olhar.

– Não me venha com ar de autoridade, agora estamos no mesmo pé de igualdade – Disse a ele sem mudar meu tom, que continuou pacífico.

Bill encarou-me e ficou a espera de alguma resposta, mas simplesmente me calei, não precisava dar explicações, eu não queria me explicar, e pela primeira vez nenhuma outra força poderia me obrigar. Após um tempo de um tenso silêncio, achei que deveria deixar as coisas claras, e ir embora sem deixar assuntos maus resolvidos.

– Você sabe para onde vou. Não acredito que você realmente pensou que ficaria aqui.

– Mesmo depois de tudo o que vivemos, desejei você... – Ele me disse com os olhos vidrados no meu.

– Não. Você desejou a sua alma, e agora você a tem. Não existe nada que nos ligue e nenhum motivo para eu ficar.

– Salvei você de um destino pior do que este – Ele argumentou na esperança de alguma consideração.

– Eu sei, mas tudo o que posso dizer é obrigado. Este não é meu lugar e você sabe disso.

Ele simplesmente não respondeu, mas sabia que estava insatisfeito.

–Somos diferentes agora. Temos que ficar juntos – Ele argumentou com mais afinco – Devemos ficar juntos, nos proteger, acha que ficaremos livres? Acha que não virão corrigir os erros que cometeram?

– Este é mais um motivo para eu ir embora, e você deveria fazer o mesmo. Se a noticia se espalhar, não somente coletores cruzarão nosso caminho, outros vampiros curiosos também, e muitos deles não gostarão de saber que não estão mais no topo da cadeia alimentar.

– Obrigado, mas ficarei aqui – Ele sorriu um riso nervoso – E eu espero que você faça o mesmo, a final, para onde você poderia ir? Você nunca teve alguém e agora tem a nós.

– Obrigada pela consideração, mas sempre pertenci ao mundo e assim continuarei. Se bem que não estou mais sozinha, não me sinto assim... Desejo-lhe sorte, Bill Compton.

Virei as costas e caminhei para frente da casa, em direção a rua, ele veio atrás de mim e segurou meu braço para me impedir.

– Ele está morto! Eu dei a ele a morte verdadeira – Ele disse com raiva.

– Eu acho que não. Acho que ele foi o suficientemente rápido para lhe dar as costa e ir embora naquela noite. Eu o sinto, assim como você sente a existência de cada vampiro no raio de alguns quilômetros – Me aproximei ainda mais dele e falei com firmeza o que sentia – Você sempre foi bom, mas o poder lhe deixou orgulhoso demais, posso sentir isso de você. Preferiu deixar Damon vivo para lhe mostrar seu poder e me exibir como troféu, foi mesquinho da sua parte... mas agradeço por isso.

– Não existe nenhuma ligação entre vocês, não importa se foi Salvatore que lhe criou, agora nós estamos acima disso, eu sei, porque não sinto mais a ligação que eu tinha com o meu criador. Você não tem motivos para procurá-lo

– Eu sei disso, mas vou procurá-lo.

– Por que? Por que precisa tanto estar com Salvatore?

– Eu não preciso estar com ele, eu apenas quero estar. Quero estar porque ele quer estar comigo, e não é por política entre vampiros. Os sentimentos dele eram reais, o arrependimento que sentiu ao achar que havia me matado, o sentimento de vazio que sentiu quando me jogou no rio, e principalmente quando ele segurou firme minha mão antes de eu morrer de verdade.

– Você o ama? – Ele me perguntou e em suas palavras havia um resquício de decepção.

– Sinto que não posso amar ninguém, simplesmente não sinto nada, mas ele sente por mim e para mim isso é melhor do que você tem para me oferecer aqui.

– Ele não é bom. Salvatore sempre foi mal. Ele mata por prazer, não tem nenhuma consideração a vida, muito menos a suas vitimas, e não terá com você.

– Sabe Bill, desde que tenho conhecimento de mim mesma acreditava que eu não nasci para ser boa, a bondade passou longe de mim. Dea, o ceifador que me recrutou para ser uma coletora, disse que sempre me meti em confusão, talvez seja hora de aceitar a realidade dos fatos. Eu me sinto má, e isso não me incomoda mais.

Sorri, um sorriso malicioso, daqueles que só um vampiro pode dar.

– Estou indo Bill, até outro dia!

O deixei e sai caminhando rua a frente, mas senti seus olhos me observando.

Caminhei com toda a segurança e confiança que existia no mundo, eu me sentia invencível. E daquela vez não foi por um breve momento, eu sabia que seria para sempre, mas a cada hora que se passava a sede aumentava ainda mais, eu era uma vampira com benefícios, mas ainda era uma vampira e precisava de sangue.

Aguentei firme a cada passo que dava para mais perto dele, eu sabia bem onde ele se encontrava, isso era um dos meus benefícios, eu queria sangue, estava desesperada por ele, e isso não parecia mais nojento como antes, mas a primeira gota de sangue que eu beberia seria dele, eu não poderia querer outro sangue, senão fosse o de Damon Salvatore.

__________________________________________

2 semanas depois...

Passava das três horas da tarde e o campo de futebol da escola estava fechado, mas havia uma animadora de torcida no meio do campo, podia sentir sua agonia e o cheiro do sangue que escorria em seu pescoço e entre as presas dele. Aquele cheiro me deixou ainda mais sedenta por sangue, e então não pude esperar.

- Parece que Bill não contou a história toda!

- Ele nunca foi confiável - Ele disse ao largar o corpo da jovem no chão.

Ele se arrumou e limpou o canto da boca e me olhou com aqueles olhos que somente Damon possui.

- Você poderia ter ido me buscar - Perguntei fingindo estar decepcionada.

- Para que? Eu sabia que você viria.

- Como conseguiu sua alma de volta? -Perguntei curiosa.

- Esse foi um presente dado involutariamente por Bill, ele não sabia que minha alma também era guardada por Dave.

Fiquei surpresa oa saber, como não reparei antes?

- Bill não sabe sobre você? 

- Não, assim que senti as coisas mudarem, sai mais rápido que pude.

- E me deixou para trás?

- Você estava segura, ninguém pega seu maior troféu e joga no lixo.

Ele suspirou e olhou ao redor.

- Por que você não vem pegar o que quer?

- Por que acha que eu quero algo?

- Porque posso sentir sua sede, sua agonia e o seu desejo.

Damon abriu o primeiro botão de sua camisa e sorriu o riso mais lindo que eu já vi.

- Vem pegar o que você quer.

E eu fui.



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Notas finais do capítulo

Adeus, Bill! Não sei se gostaram... mas para mim tinha que ser assim.