A Coletora escrita por GillyM


Capítulo 36
Volta por cima


Notas iniciais do capítulo

Ola!!!
Boa leitura



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“Roxy”

Senti meu estomago embrulhar, o chão girar, e minhas pernas tremerem, mas respirei fundo e mantive a calma. Após aquele momentâneo ataque de pânico, senti raiva, um ódio que me consumia de dentro para fora, um ódio que nem sabia ser capaz de sentir.

Depois desconfiei, com tanta mentira esta poderia se mais uma para tentar me afastar de Bill. Logo veio a tona minha própria confusão. Afastar-me de Bill? Quando foi que passei a querer a ficar ao lado dele?

Sacudi a cabeça e repeti em pensamento para mim mesmo de que aquilo apenas era o resquício do sangue de Bill que ainda corria dentro de mim, mesmo que ainda fosse coletora, jamais poderia ficar ao lado dele, pois tudo o que ele sentia por mim era atração, algo superficial que nos ligava. Não era real, não mesmo.

- Ele não está morto! – As palavras vieram em forma de pensamento, mas pularam desenfreadas de minha boca, após aquela luz se acender em minha cabeça.

Dave olhou para mim surpreso.

- Dea acabou de me informar.

- Mentira! Tudo o que ele te disse é mentira. O que mais ele falou?

- Não acredito que ele esteja mentindo, Roxy.

O questionei, questionei diretamente.

- Bill e eu estamos ligados, eu saberia se tivesse acontecido, a alma dele está aqui, mas inquieta que de costume, mas ainda está aqui. Ouviram? – Gritei para todos os cantos da sala, eu sabia que eles estavam me vigiando, e que me ouviriam.

- Não os provoque, Roxy – Dave advertiu.

- Provoco, provoco sim. Não ter medo... Isto não era uma das regras que você me ensinava, pois bem, não tenho, não tenho mais medo, nem de você, nem de ninguém. Eu não serei uma ceifadora, prefiro morrer ao ser um anjo da morte, e sinto muito por você desejar isso.

Dave me olhou indignado, e logo retrucou.

- Você acredita que ser coletor é vida? Não somos como humanos, não somos vampiros, não somos anjos ou demônios, pois cada um deles tem suas vantagens e sua forma de se defender, nós estamos abaixo de toda essa cadeia, não temos vida, Roxy! Eu não quero viver eternamente assim, sendo mandado e desmandado, chegou a hora de sermos alguém, de tomarmos nossa própria decisão.

- Não decidimos ser coletores, não pedimos nada disso, eu preferia ter morrido ao viver assim, concordo com tudo o que disse, que não temos vida, mas eu ainda tenho minha alma e eu não quero mandar ou desmandar no mundo, eu quero só ser humana, mas se isso não é possível então eu quero morrer logo, simples assim.

- Eles não permitiram que você morra simplesmente – Dave advertiu.

- Não darei a eles a chance de interferirem.

- Como pode fazer isso? Eles têm o poder de tudo.

- Uma vez Dea me disse que não podia interferir em seres sem alma, vamos ver se ele disse a verdade.

Corri até a cozinha, e peguei a maior faca que estava em cima da bancada, Dave me seguiu até lá, olhei pela janela e a noite já se aproximava. Dei a faca a ele, e pedi para que ele me ferisse com ela. Ele me olhou assustado e confuso, me encarava perplexo com a faca na mão, mas não conseguia se mover.

- Faça... Faça agora. Acabe comigo.

- Jamais farei isso – Ele disse em voz baixa.

- Por que não? – Perguntei num tom provocador.

- Eu não devo. Não sou assassino.

- Ah, por favor! Não é assassino? O que você acha que faz com aquelas crianças? Você mesmo ensinou-me a enterrar os corpos para não levantar suspeitas

Ele desviou o olhar, e ficou pensativo, ele sabia que eu tinha razão em cada palavra que pronunciei, mas mesmo assim ele se manteve relutante. Meus argumentos deveriam ser mais fortes se quisesse chegar ao ponto que havia planejado naquele mesmo instante,

- Faça... Dave! – Disse com mais firmeza.

- Eu não posso – Ele disse ao olhar ao redor.

Logo percebi qual era o verdadeiro motivo para ele se negar a fazer o que pedia. Os ceifadores. Ele já tinha quebrado a regra de não se meter na vida alheia, me contando o plano dos ceifadores, ele não iria estragar a oportunidade de ser um deles, isso era o que ele sempre quis, e não ia desperdiçar comigo.

Logo vi que se queria realmente aquilo, teria que jogar com tudo que tinha, usando a própria arma deles, contra eles mesmos.

- Você tem medo? – Perguntei sarcasticamente.

Ele hesitou em responder.

- Está com medo, Dave. Está com medo dos ceifadores.

- Regras são regras – Ele retrucou.

- Assim como eu você também está em treinamento, e será reprovado... – Zombei.

- Você não sabe o que diz... Já fui escolhido, serei um ceifador e você também, não temos escolhas, mas eu sou o único a estar feliz com isso.

- Uma regra que aprendi antes e mais uma vez com você... Nunca confie em ninguém, muito menos na morte. Eles sabiam que jamais aceitaria ser uma ceifadora, eles podem ler minha expressão corporal como disse, mas quando você me contou isso, eu não corri desesperada, eu os enfrentei, os provoquei como você mesmo disse, passei no ultimo teste. Eu não tenho medo, Dave. Você tem! E este era seu teste, tudo que precisava fazer era provar que não tinha medo das consequências, deveria ter me ferido, mas não, hesitou mesmo sabendo que eles eram capazes de voltar o tempo e desfazer sua sujeira. Você está reprovado coletor, jamais será um ceifador!

Objetivo atingido, Dave se descontrolou ao ver que havia falhado, e isso o levou a fazer o que eu queria. Não sabia se meu plano daria certo, na verdade nem sabia se as bases que sustentavam meus planos eram verídicas, mas minha vida sempre fora cercada de perigos, e estava a fim de ir para o tudo ou nada.

- Não... Eu não tenho medo! – Dave gritou, antes de correr em minha direção com a faca apontada contra mim.

A faca rasgou minha pele tão facilmente como uma fatia de pão, todo aquele momento pareceu durar uma eternidade, e pude apreciar cada centímetro da faca perfurando meu pulmão, a dor era enorme, mas já estava acostumada com ela. Não demorou para tudo girar e eu caí de costa no chão da cozinha, logo tudo ficou embaçado e escuro.

“Bill Compton”

Embora minha vida nunca mais ter sido a mesma após Roxy ter passado por ela, eu ainda vivia bem, com Sookie ao meu lado. Ela não se lembrava de nada que se passara naquela noiye no jardim, a lembrança de Roxy permanecia silenciosa como antes, e Bom Temps continuava a mesma cidade de sempre.

A frente da organização pró vampiro me mantive muito ocupado, meus pensamentos estavam ocupados entre uns problemas e outros, mas logo que anoitecia e eu abria meus olhos em minha cripta, ela era a primeira coisa em que pensava, e quando menos esperava, o gosto de seu sangue parecia estar em minha boca.

Não era apenas de seu sabor que sentia falta, de todas as lembranças que tive, a ultima vez que falei com ela, no escritório, quando ela me provocou com suas insinuações, com sua tentativa de me manipular, fora a que mais ficava em minha mente. Mesmo que estar sob seu comando era algo que me excitava muito, nada se comparava aquele momento vivido no banheiro da casa de Jason, eu a queria daquela forma, viva, mas minha.

De vez em quando sentia algo diferente, algo que se assemelhava ao que sentia por Sookie, às vezes podia jurar que sentia sua respiração ofegante a quilômetros de distancia, mas esta sensação passava tão rapidamente quanto chegava. Eu sabia que ela estava viva, a final o sol continuava a ser meu inimigo, nós havíamos chegado ao ponto inicial novamente, quando não tínhamos idéia de quem era um e outro. De todas as idéias que me atormentavam, uma era a mais cruel, o fato de ela estar bem viva, ao lado de Salvatore, outro que não sabia por onde andava.

Naquela noite, quando abri meus olhos, senti algo muito inconcebível, senti meu peito doer, a dor aumentava a cada segundo.

- Roxy!

Gritei estrondosamente ao sentir algo mais que a dor, me senti diferente novamente, a mesma sensação que tive quando Salvatore a drenou, por um motivo ela estava morrendo, eu sabia perfeitamente disso, mas ao contrário do que imaginava, desta vez não fiquei atento apenas as mudanças em meu corpo.

Sua presença era tão intensa mesmo estando tão longe, e no mesmo instante eu soube onde ela se encontrava, sua localização não veio até mim como um endereço ou visão, vinha com o mesmo cheiro que senti no escritório naquele fatídico dia.

Mesmo provando de seu sangue, eu não podia rastreá-la como coletora, mas como humana isso era possível, assim como fazia com minha cria Jessica, e minha humana Sookie, era preciso deixar de ser coletora para morrer, então sabia que mesmo em grande perigo, ela ainda estava viva.

“Damon”

Belford havia se tornado minha nova casa. Eu não gostava das lembranças que tinha de Bom Temps, quase perdi toda minha dignidade lá, aquela enorme cidade me ajudou a superar minhas... Lembranças ruins, Belford tinha tudo o que um bom vampiro precisava, mulheres virgens, boa musica, sangue e muita diversão.

Não posso negar que aprendi muito em Bom Temps, na verdade Bill, em suas participações em programas de televisão, me ensinou a tratar todas as presas com muito carinho e respeito, eu fazia isso, dava a elas toda a diversão que um ser humano possa ter, não pense que deixei de ser um vampiro clássico, diferente de Bill Compton, a diversão delas acabava quando minha sede cessava, mas mesmo assim eu dava a elas a chance de um enterro digno, limpava as feridas de minha mordida, e as devolvia em suas casas, deixava o corpo na varanda e apertava a campainha.

Entre tantas lembranças daquela vergonhosa cidade, claro que não podia negar os fatos que presenciei na casa de Bill, antes de sair de Bom Temps verifiquei se o Sr. Compton continuava o mesmo, e sim, ele estava da mesma forma digna de pena que sempre se encontrou.

Talvez todas as altas expectativas tenham ido por agua abaixo, por isso nunca mais ouvi falar de Selene, por isso Compton continuava acovardado em sua casa, as mudanças que lhe ocorreram foram apenas passageiras. Roxy estava morta, e nada havia mudado, por isso não me importava onde se encontrava o coletor que estava com minha alma, a existência deles não faziam diferença.

Tudo estava indo muito bem até aquela maldita noite, quando abri meus olhos, assim que o sol se pôs, senti a presença dela, na verdade senti mais que isso. Viva? Como isso seria possível? Se eu mesmo a deixei quase sem vida no lago?

Sim. Ela estava viva, mas não como coletora, como humana, e se tudo acontecesse como antes, ela estava a um passo de partir deste mundo. Por um momento tentei ignorar aquilo, mas a curiosidade de todo aquele acontecimento não me deixava em paz, aquilo me importunava, e quando me dei conta de que Bill também deveria estar sentindo o mesmo que eu, decidi imediatamente seguir meus instintos e ir até Roxy, provavelmente ela já estria morta, mas desta vez, ao ver seu corpo, teria certeza disso e de que Bill continuaria o mesmo de sempre.

Não daria a Bill o prazer de tê-la só para si.


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Notas finais do capítulo

Vou receber review????
Bju