“Bill”

Quando fechei a porta atrás de mim, do quarto onde estava Sookie, a deixando só, custei em acreditar em suas palavras, mas por que duvidar? Sookie sempre fora muito sincera, além do que precisava ser em muitas ocasiões. Eu nunca gostei de duvidas, suspeitas ou inconclusos, tudo que fazia era as claras, e sempre fui direto em meus objetivos, mas naquela ocasião, confesso que não gostei de saber a verdade, porque isso levaria-me a tomar uma decisão, e naquela situação existia apenas uma.

Sem poder ignorar os fatos que fortificava mais as conclusões de Sookie, decidi mais uma vez ser cauteloso, não sabia até onde poderia chegar o poder dessas criaturas chamadas coletores, ainda mais depois do que presenciei na casa de Jason. Isso me fez lembrar o garoto Dave, não o conheci, mas as habilidades de Sookie revelarão seus segredos, no momento nada se sabia sobre eles, apenas achei que esta ligação entre ele e Selene se tratava de trafico de V. Logo julguei prudente avisar aquela vampira, a parte mais interessada.

Ela o deixou escapar, então veio até mim e me falou sobre eles, disse que não se tratava de V, e sim de nossas almas e então ela lançou aquela proposta sem fundamentos que eu rejeitei. Aquelas suposições não faziam nenhum sentido a mim, nós não temos almas, por isso somos o que somos, amaldiçoados, e quando Selene capturou finalmente Dave, e nada encontrou, estas suspeitas cairão por terra. Ao falar com Selene ao telefone, senti uma certa aspereza em sua voz, combinada a raiva também, talvez ela não viesse até aqui para me ajudar, talvez tenha outras intenções em relação a Roxy.

Lembrei-me ainda mais de suas suposições, ela acreditava fielmente que ter sua alma de volta lhe traria benefícios, benefícios que levaria ao poder. Quando perguntei se ela tinha conhecimento da exata conseqüência de tudo isso, ela se calou, estava claro que nada sabia, mas mesmo assim ela sabia ainda mais que eu, por isso a chamei.

Sookie me revelou ainda mais, disse que Roxy não só abrigava minha alma, mas de outro vampiro, do qual eu já conhecia. Arrogante, imprudente e egoísta, estas eram as palavras para descrevê-lo, Damon Salvatore não tinha apreço pelas regras que nos regiam, até mesmo Sookie ele tentou corromper, eu deveria lhe dar a verdadeira morte, mas o deixei viver sob a condição de jamais colocar os pés nesta cidade.

Agora posso dizer que esta fora uma sabia decisão, Damon seria meu peão, como nos jogos de tabuleiros, através dele eu iria saber até onde os coletores poderiam ir, e se isso fosse fatal a nós, saberia por ele.

Saquei o celular do bolso e tentei encontrá-lo através de meus informantes espalhados pelo mundo.

“Damon”

Por muito tempo vaguei sem rumo mundo a fora, vi, ouvi, e conheci muitas pessoas, mas somente uma lembrança persistiu inquieta em minha mente, aquela garota de olhos verdes místicos custava a sair de meu pensamento. Não posso reclamar do que tive ao ir a Bom Temps a sua procura, mas não encontrá-la foi uma grande decepção, sinto que aquela moça emblemática poderia mudar todo o sentido de minha existência, mas se ela fosse tão eterna quanto eu, a eternidade seria muito tempo para ela se esconder.

Novamente minhas suspeitas estavam corretas, o inesperado bateu em minha porta quando menos esperava, uma ligação a colocou novamente em meu caminho, e agora ela não tinha mais para onde fugir. Parti rumo a Bom Temps, aquela cidade novamente teria minha agradável companhia, e eu esperava desta vez, ter lembranças ainda melhores do que apenas desventuras de esposas infiéis.

Bill Compton não era de longe um exemplo perfeito de vampiro, sua solidariedade aos humanos, algo deplorável em minha opinião, colaborava para a involução de minha espécie. Para minha grande infelicidade o conheci em Bom Temps, através de Sookie, alias este é uma outra boa lembrança daquela pacata, chata, e insignificante cidade. Sookie era uma adorável humana, que eu adoraria abocanhar sem rodeios, mas infelizmente estas novas regras que regiam nosso mundo não me permitiram tê-la por completo, mas devo admitir que foi interessante tentar. Um humano que pertence a outro vampiro se torna intocável aos outros. Nem preciso dizer o quanto essa regra me desagrada.

Sem perder nenhum minuto de meu tempo, segui em direção a Bom Temps, aproveitei cada minuto que restava daquela noite, pois levaria duas dela para chegar lá.

“Bill”

Estava apreciando a lareira da sala de estar e pensando em meus próximos passos, quando Sookie veio ao meu encontro.

- Nós não terminamos nossa conversa, Bill.

- Sobre o que você quer falar?

- Quero falar sobre o que vi na mente de Roxy.

- E o que viu na mente dela? Alem de minha alma?

- O banheiro, o Box e vocês dois. Sei também que não fora a primeira vez que a encontrou, mas não consegui ver tudo, com certeza ela irá me dizer.

- Você não se aproximará dela, ela perigosa.

- Então acho melhor você me dizer, ou vai permitir que eu a encontre?

Não disse a ela que Roxy estava no escritório, pois se ela soubesse de meus planos reais, ela iria se opor, e como sempre daria um jeito de complicar as coisas.

- Lembra-se da jovem que te falei? Que tinha um desejo louco de drená-la? Trata-se de Roxy.

- Roxy é a garota que te faz perder o controle? Que te faz querer matar?

Ela perguntou angustiada e perplexa em tamanha coincidência. Logo ela se desarmou de sua raiva. Eu não escondi a existência de Roxy, embora nunca tiver dito seu nome, mas contei a ela tudo que sentia por aquela estranha.

- Então você entenderá por que fizemos sexo na noite passada. Eu não controlei meus atos, simplesmente fui tomado por essa força que me desequilibra, sempre que a encontro. Agora sei por que sinto as coisas que sinto. Nossa atração é completamente explicável, ela tem o que é meu.

- E você vai tomar de volta? Como? Vai matá-la?

Calei-me. Chegamos ao ponto crucial da conversa.

- Bill, eu posso perdoar sua traição por se tratar dela, você já havia falado sobre isso, não é surpresa para mim, mas não posso admitir que faça mal a ela, ou que se encoste a ela novamente, em nenhum sentido.

- Quer que ela suma no mundo?

- Se isso evitar que a machuque...

- Ela quase matou você!

Esbravejei.

- Jessica me contou o porque. Ela só seguia regras, regras de outra pessoa, se for verdade tudo que aquela vampira estranha disse, se ela for uma coletora, existe um propósito para que ela tentasse me matar. Pode ser que nós tenhamos começado isso, quando li a mente de Dave, e quase o matei por isso.

- Nós fizemos o que era certo.

- Não! Você fez, eu não queria denunciá-lo, aquilo era para ser um segredo entre nós dois.

- Sookie, nós vivíamos e vivemos numa época que somos perseguidos e massacrados por humanos com suas armas de prata, por causa de nosso sangue. Eu tentava proteger a mim mesmo, e minha espécie. Roxy é perigosa, para todos nós.

- Se quer vingar o que ela fez a mim, sugiro que tentamos encontrar quem a mandou aqui.

- Acha que alguém a mandou? Eu não acredito nisso. Ela veio até aqui para te matar, logo você, minha humana.

-Não gosto que se refira assim. Não sou sua propriedade Bill.

Contive meu tom, mas Sookie estava me irritando com sua conversa, ela era boa demais para todo mundo, e isso só lhe encrencava.

- Nem sabemos o que ela é. Coletores não passam de lendas.

Sookie me encarou.

- Você acredita nisso tanto quanto eu ou Selene.

Não conseguia esconder minha desconfiança, na verdade eu tinha certeza naquele momento, que Roxy era uma coletora, a minha coletora.

- Como vamos saber? – Perguntei.

- Saberemos... Se perguntarmos a ela. Eu posso fazer isso, posso ler sua mente, ela não pode esconder a verdade de mim, tudo que preciso fazer é forçá-la a pensar sobre o assunto e poderei ler, e os pensamentos dela é mais confiável do que as suposições daquela vampira que você chamou.

Pensei no que responderia a ela, felizmente Sookie não era capaz de ler minha mente, e nem de outros vampiros, isso me deixava sempre um passo a frente dela.

- Roxy deve estar longe, se eu encontrá-la, lhe darei esta chance.

Sookie balançou a cabeça positivamente, e foi embora sem se despedir, mesmo ela dizendo que perdoaria minha infidelidade, sabia que não seria simples assim.

Chamei Jessica, e lhe pedi para que não dissesse nada mais a Sookie e nem a ninguém, também pedi para que ela transferisse Roxy para sua cripta, e a amarrasse com correntes de aço, pois o dia estava a chegar, e precisava deixá-la segura e reclusa até a noite cair novamente.