“Bill Compton”

Quando abri meus olhos, em minha cripta que se localizava no porão de minha casa, senti que Sookie estava em perigo. Ainda faltavam poucos segundos para que a noite chegasse, mas não pude esperar, levantei-me e corri ao seu encontro, mas não fui sozinho, não sabia o que iria encontrar, então chamei Jessica.

Os poucos raios de sol que ainda persistiam queimaram levemente minha pele ao longo do caminho, eu sabia que o perigo que ela estava enfrentando era fatal, eu tinha que achá-la o mais depressa possível.

Enquanto corria algo chamou minha atenção, a presença de Roxy berrava em meus ouvidos, e o pior, sua presença queria me levar para um caminho que eu já percorria, e temi que Sookie e Roxy estivessem juntas, pois se isso acontecesse, Sookie saberia de tudo, não exatamente tudo, mas o suficiente para saber de meu encontro secreto da noite passada.

“Roxy”

O tempo parecia não passar enquanto eu estava sobre ela, eu me mantive firme segurando aquela almofada, ela não parava de se contorcer, ela era forte e eu estava acostumada apenas com a força de crianças e não de adultos, sua força dificultou meu trabalho, mas o sangue que eu havia tomado de Bill, me deixou mais forte que o normal.

Finalmente, já a beira da morte, sua alma se revelou, pude sentir sua energia e toda sua luz, ela já não se debatia então retirei a almofada, embora quase inconsciente, ela continuava a me olhar. Aproximei-me de seu rosto, colei meus lábios no dela, e comecei a sugar sua alma cautelosamente, mas mesmo com muito esforço de minha parte, ela custou a sair. Continuei o ritual por mais alguns minutos, a cada tentativa um pouco de minha força ia embora, comecei a me sentir fadigada e desesperada.

Sua alma estava ali, bem na minha frente, e eu não conseguia coletá-la, então veio uma idéia em minha cabeça, normalmente as vitimas morriam por suas almas serem retiradas de seus corpos, mas talvez naquela ocasião, fosse necessário Sookie morrer primeiro para depois eu aprisionar sua alma. Agarrei o vaso de vidro que estava sobre a mesa, ao lado do abajur, e lancei fortemente contra sua cabeça, a deixando desacordada, eu não sabia se tinha conseguido matá-la, mas havia muito sangue em sua face, na minha face e em nossas roupas também.

“Bill Compton”

Quando entrei na casa de Jason, sabia que iria encontrá-las juntas, mas tudo ocorreu da forma que eu menos esperava. O pulso de Sookie se encontrava quase inexistente, e antes mesmo de entender o que toda aquela cena queria me dizer, arremessei Roxy contra a parede e fui ao socorro de Sookie.

Ao vê-la toda machucada e quase morta, compreendi o quanto ela era importante para mim, embora nós tenhamos enfrentados muitos problemas, principalmente com vampiros que não respeitavam nossa regra de propriedade, que me dava toda a exclusividade e autoridade sobre ela, eu nunca havia chegado tão perto de perdê-la, e eu não poderia perdê-la jamais, ela era minha humana e pertencia apenas a mim, e não permitiria que alguém a tirasse de mim. Tentei acordá-la em vão, então rasguei a pele de meus dois pulsos, e molhei sua boca com meu sangue, o mesmo fiz com o ferimento da cabeça, mas ela não parecia reagir.

Sem resposta, com a ajuda de minhas presas, rasguei ainda mais os cortes em meus braços, para que sangrassem ainda mais. Levantei a cabeça de Sookie e abri sua boca, numa posição que permitiria meu sangue descer diretamente em sua garganta, já que ela não era capaz de sugá-lo.

“Roxy”

O impacto contra a parede foi tão grande que apaguei por alguns minutos, abri meus olhos lentamente, cada pedaço de meu corpo doía, principalmente minha cabeça, minha visão estava prejudicada pelo impacto, tudo que consegui ver foi Bill carregando Sookie nos braços para fora da casa.

Tentei me levantar agarrando nas paredes, minhas pernas estavam bambas. Segui para fora da casa e corri cambaleando para o carro, dei partida no motor e sai dirigindo sem rumo, pois ainda estava tonta por causa do impacto. Percorri quase duzentos metros antes de bater no poste de iluminação, por sorte estava dirigindo em baixa velocidade e nada sofri no acidente, apenas fiquei ainda mais desorientada.

Resolvi percorrer a estrada a pé e pegar carona com ágüem que passasse, eu precisava deixar Bom Temps o mais depressa possível, mas naquela estrada deserta e escura, parecia não passar ninguém. Andei pelo acostamento a espera de algum milagre que me ajudasse, e suplicava para não receber a presença de alguém indesejado.

Estava chegando próximo a uma encruzilhada quando um vulto passou velozmente por mim. Eu olhei para os lados, mas nada vi. O fenômeno se repetiu mais duas vezes, o medo estremeceu minha alma, até que o vulto ganhou forma bem a  minha frente.

- Jessica?

- Ola Roxy, é um prazer te ver novamente.

O sorriso de Jessica era incomparável, era tão doce que seria impossível dizer que ela era um perigo a alguém, mas infelizmente aquela visita a beira da estrada não era amigável.

- Sinto muito, mas preciso levá-la comigo.

- Como me encontrou?

- Eu estava a lhe observar desde a casa de Jason.

- Bill mandou você me pegar?

- Sinto muito Roxy, mas mexer com a humana de um vampiro, não é algo muito inteligente.

- Ele vai me matar Jessica!

Disse na tentativa de fazê-la desobedecer a Bill, a final, por que ela deveria obediência a ele?

- Não posso, preciso te levar.

- Você não precisa fazer isso, é só dizer que não me encontrou!

- Ele é meu criador, não devo desobedecê-lo e se o fizesse, ele saberia. Então venha comigo, não me crie problemas.

- O que ele fará comigo?

Perguntei apreensiva.

- Eu não sei.

Jessica parecia fazer aquilo contra sua vontade e parecia temer muito Bill também. Senti que ela era solidaria a mim, mas seu medo era maior que sua complacência. Ela me agarrou e me jogou por cimas de seus ombros, a velocidade descomunal com que ela me levou até Bill, fez com que minha consciência se perdesse no meio do caminho.