Nós ainda ficamos parados por instantes, somente depois de segundos percebemos que Rukia já se afastara, nos olhamos por instantes e depois voltamos a olhar na direção que ela tinha ido.
- Ei, Rukia, espera. – dissemos juntos enquanto caminhávamos apressadamente atrás dela –
Sexta-feira, última aula, alguns minutos antes do sinal bater meu celular tocou, eu pedi licença ao professor e após avisar a Rukia que eu iria para outro lugar para poder atender, ela somente me disse que me aguardaria no corredor.
Eu caminhei em direção contrária a saída, ao virar o corredor, conferi se não havia ninguém por perto e atendi, é que como a escola era forrada, havia eco, então seria difícil eu conversar pelo celular no corredor da minha sala.
- Alo.
- Ichigo.
- Que foi, velho?
- Eu vou sair agora e só voltarei amanhã pela tarde.
- Onde vai?
- Vou visitar um amigo meu.
Sei...
- E é preciso passar um dia fora?
- Ele mora na cidade vizinha, e como é um pouco longe, vou voltar só amanhã.
- Ok, ok.
- Vai ficar bem sem mim? – minha mãe e minhas irmãs já haviam voltado para Tóquio -
- Não enche. – murmurei -
- Qualquer coisa...chame por sua mãe.
Uma gota deslizou por minha cabeça.
- Valeu, pai. – disse ironicamente –
- Antes de desligar... – como ele adivinhou? – Tenho regras.
Eu ouvi a campa de saída bater e suspirei.
- Não fique acordado até tarde. – eu revirei os olhos e me encostei na parede, aquela lista seria longa, e afinal, por que eu estava ouvindo aquilo? –

[...]

- E por fim, não leve garotas para lá sem que eu saiba. – minha face ficou avermelhada –
- Endoidou?
- Eu conheço os jovens, ainda mais quando os hormônios d...
- Tchau, velho. – e desliguei –

O celular voltou a tocar, eu atendi relutante.
- Que é?
- Sobre a última regra...é sério, ok? Ah, e só é uma exceção se a garota for a Rukia-chan...
Eu voltei a desligar, esperei alguns instantes e após ver que ele parara, guardei o celular no meu bolso.
- O que ele tem na cabeça? – murmurei –
Eu me desencostei da parede e caminhei pelo corredor até chegar à quina dele, dobrei e quando olhei pra frente senti meu chão sumir de baixo de meus pés.
Era uma ilusão, algum pesadelo, uma imagem distorcida ou criada por minha mente? Eu queria que fosse qualquer coisa, menos algo real.
O corredor da minha sala estava vazio, todos já haviam ido embora, menos...os dois. Em frente a minha sala estava Rukia encostada na parede...e Kaien estava beijando-a. Eu não sabia o que pensar diante daquilo, eu deveria ir até eles, acertar um soco em Kaien e gritar com Rukia, chama-la de falsa e dizer que não era mais pra ela olhar para mim, mas...era a Rukia, a garota que me fazia tremer, que me fazia corar somente ao sorrir, que fazia meu coração bater acelerado, a garota que tinha o mais belo sorriso, a mais linda voz, os mais belos olhos e o mais delicioso beijo.
E de repente foi como se a minha mente voltasse a realidade, o que eu estava pensando? O que estava acontecendo comigo? Aquilo tinha uma explicação, tinha que ter uma explicação, eu a conhecia, conhecia seu caráter e personalidade, eu acreditava que ela me amava tanto quanto eu a amava, eu confiava nela, eu confio nela.
E como se Rukia tivesse respondido aos meus pensamentos, ela empurrou Kaien com força, limpou a boca e o olhou brava, as sobrancelhas franzidas de raiva.
- Enlouqueceu? – ela falou ainda passando as mãos na boca –
- Foi só um beijo. – ele falou divertidamente –

Rukia cerrou os punhos e o que eu não esperava, aconteceu. Rukia acertou um soco certeiro de direita no queixo de Kaien o fazendo cambalear violentamente para trás e bater as costas na porta já fechada de nossa sala. Foi tão rápido que eu praticamente nem consegui ver o movimento dela, eu somente vi seu punho se cerrar e então...Kaien havia sido atingido em cheio...ca-ra-cas...
- Da próxima vez, eu não vou economizar na força e eu te farei pedir pra eu parar. – ela falou friamente e eu praticamente vi Byakuya no lugar dela –
Eu não sabia o que fazer, suspirar de alívio? Sorrir de felicidade? Culpar-me por ter pensado errado? Ou rir até não poder mais da cara apavorada de Kaien enquanto ele limpava o sangue que escorria da sua boca?
Na dúvida, comecei a rir, Rukia percebeu minha presença e me olhou, e me senti culpado ao ver o medo se instalar na expressão facial dela.
- Ichigo...
Eu parei de sorrir ao chegar perto dela.
- Você...viu tudo, não é? – ela perguntou preocupada –
- Sim. – respondi calmamente –
- Eu...não foi culpa minha. Eu estava aqui, te esperando e então ele veio e sem explicação me beijou... – ela falava nervosamente –
Eu rapidamente coloquei minha mão direita em sua face, a fazendo parar de falar e me olhar.
- Ei, calma. – eu disse carinhosamente – Não há o que explicar, ta tudo bem. – eu sorri – Confio em você.
Ela não pareceu acreditar de imediato, mas após absorver minhas palavras, soltou a respiração.
- Sério? – ela perguntou –
- Sim.
Ela fechou os olhos e encostou a testa em meu ombro, respirando aliviada.
- Eu tive medo... – ela murmurou abraçando-me –
- Não precisa ter medo de nada. – eu falei a abraçando também – Te amo.
- Também te amo.
- Eu sei. – sussurrei sorrindo –
- Bem, é melhor se preparar, vai sobrar pra você também. – ela sussurrou para mim –
O que?