O meu sangue fervia dentro de minhas veias e não conseguia ver nada à minha frente por conta de toda a irritação que sentia. Estava mais que oficial que eu ODIAVA Isabella Swan com todas as minhas forças e faria com que ela pagasse durante os próximos três meses. Eu sei que posso ser difícil mas algo que eu não tenho é sangue de barata e ela iria pagar ou eu não me chamo Renesmee Carlie Swan.

–RENESMEE! RENESMEE! -ouvi a voz grave do meu pai gritar de longe e um arrepio passou pelo meu corpo. Eu sabia que tinha desiludido o meu pai e se existe algo que eu odeio é fazer com que o meu pai sinta muita raiva por algo que eu fiz.

Virei o meu corpo lentamente em sua direcção e engoli em seco. Para além dele também estava a bruxa sénior com uma expressão furiosa, coisa que não me incomodou minimamente.

–Como é que você pode fazer aquele espectáculo à mesa? -o meu pai perguntou. -Eu sei que você não está contente por aqui estar mas tinha que fazer aquilo!?

–Se quer saber, sim tinha! Eu odeio a minha "irmãzinha" e a bruxa mor a seu lado! -exclamei, apontando para a minha "adorada mãe".

–RENESMEE CARLIE!! Eu não tolero faltas de respeito! Nem comigo nem com a sua irmã! Você terá que aprender a respeitar-nos e a conviver connosco nos próximos três meses.

–MAS QUE SE FODAM OS TRÊS MESES! Eu não quero ter contacto nenhum com nenhuma de vocês! Só quero voltar para a minha casa com o meu pai e Edward. Eles são as únicas pessoas que eu amo nessa vida e não será um simples e barato pedido de desculpas que me fará amar você como mãe! Você não entende o tamanho do meu ódio por você!? -eu sentia que cada palavra que disparava contra ela, era um tiro certeiro no seu coração. Também já pudia ver as lágrimas rolarem pelo seu rosto. Eu não queria saber!! Quantas vezes eu não tenho chorado até não restar mais nada de mim por ela!? Quantas vezes não me apeteceu desaparecer por saber que a minha mãe me rejeitava!?

–Renesmee meça as suas palavras! -o meu pai avisou.

–Não há nada para medir! Eu odeio esta casa, odeio a Isabella e principlamente, odeio a Renée! Nunca ninguém me magoou tanto como ela! Nunca ninguém me fez sentir um lixo como ela me fez sentir!

–Renesmee... Nunca foi a minha intenção te fazer sentir rejeitada ou não amada... Você continua a ser a minha garotinha... A filha que não pude criar mas que amo com todas as minhas forças! -Renée me olhava com carinho e amor e algo em mim acendeu. Mas as memórias da dor que passei vieram ainda maos fortes, não me deixando controlar a raiva que sentia.

–Não... Você não tem o direito de dizer que me ama depois do que fez!! Você me abandonou quando eu tinha 1 ano, me rejeitou!! Você não faz ideia como é se sentir rejeitada pela própria mãe!! Não faz!! Tudo o que há de mal na minha vida é culpa sua!! Você conseguiu assombrar a minha vida e os meus sentimentos! Eu tenho NOJO do que você é como mãe e como mulher!! Ninguém devia se sentir como eu me sinto neste momento. Ninguém! -despejei tudo o que vinha na minha cabeça. Eu só queria acabar com o sangue que escorria do meu coração.

–Renesmee... Se acalma querida! -o meu pai veio até mim, me abraçando bem forte, transmitindo todo o seu carinho e amor, o mesmo carinho e amor que ele me transmitiu durante 17 anos. Renée nos encarava chorosa e desolada.

–Renesmee eu te amo minha linda! Te amo com todo o meu coração e só quero uma oportunidade para ser a mãe que não consegui ser. Para poder ser a mãe, amiga e confidente que você precisa. Para poder voltar a ter as minhas duas princesas juntas e felizes. Por favor Renesmee, só mais uma chance! -ela estava praticamente de joelhos diante de mim e de meu pai, suplicando por uma chance que eu não considerava dar.

–Não! Não! Não! Eu não irei dar a porra de chance nenhuma a você! Prove que merece uma chance e assim a puderá ter! Tente ser uma mãe capaz e talvez, só talvez, eu considere que você merece uma chance. -proferi, saindo dos braços do meu pai e indo em direcção ao meu quarto. Tranquei a porta atrás de mim e me permiti chorar. Simplesmente chorar. De dor e rejeição. De indecisão e sofrimento. Tentar lavar a alma de tudo o que passava pela minha cabeça.
Fui em direcção à cama, retirando os sapatos e o vestido, ficando só de calcinha e soutien e me deitei, abraçando com força o travesseiro.

Ninguém imagina o que é 17 ANOS a pensar que a sua mãe lhe abandonou porque achava que você não era boa o suficiente, que era imperfeita, não era digna da sua atenção. 17 anos a me camuflar por debaixo de roupa de garoto, não mostrando uma curva do meu corpo por insegurança e medo dos outros troçarem. 17 anos a aprender a reprimir o meu lado feminino, o lado que gostava de estar bem vestida e ter a atenção dos garotos porque não me achava atraente e digna o suficiente.

–Renesmee! -senti Edward abraçar-me com força, beijando o meu cabelo. Subi no seu colo e aproveitei todo o conforto que o calor do seu corpo me passava. -Está tudo bem princesa! Estou aqui!

–Ed eu mereço ser amada?

–Claro que merece! Nessie você é linda! Pode conquistar qualquer homem à sua escolha. Pode ter qualquer pessoa a seus pés. Mesmo com o cabelo desgrenhado e a maquilhagem borrada. -disse e riu, me fazendo rir também.

–Você sabe que a uma das pessoas mais importantes do meu mundo? -perguntei. Eu queria que ele nunca se esquecesse do quanto ele importava para mim e o quanto eu o amava.

–Claro que sei. Você adora me dizer e eu adoro ouvir. Você é a pessoa mais importante do meu mundo. É a minha irmã, a minha família e a pessoa que me voltou a dar alegria com esse jeitinho tão próprio seu. -nada me fazia melhor do que sentir o carinho do Ed.

–Obrigada por tudo. Por todas as vezes que colhe as minhas lágrimas. Você é uma pessoa fantástica Ed. -recostei a minha cabeça no seu ombro e desfrutei dos seus carinhos pelas minhas costas.

...

Acordei com os afagos de Edward na minha cabeça e sorri. Não pudia começar melhor o meu dia do que a receber carinho do Ed.

–Bom dia Nessie! -ele desejou, se levantando. Eu me espreguiçei demoradamente.

–Bom dia Ed! Você dormiu bem? -perguntei já que tínhamos dormido na mesma cama e pudia ter sido desconfortável para ele.

–Bastante. E você? Está melhor? -perguntou sorrindo para mim.

–Sim. Mais uma vez o meu amigo esteve lá para me acarinhar. Agora do que eu preciso é de uma boa ducha e um bom café-da-manhã. Estou morrendo de fome. -anunciei, indo para o banheiro.

–Eu já fiz ambas as coisas. Vou aproveitar para visitar o jardim da casa. -me informou, pegando no seu celular.

–Ok. Talvez eu encontre você. Ainda não sei.

–Tudo bem. Até já. -desejou, saindo.

–Até já.

Entrei no banheiro e tirou a calcinha e soutien com que dormi e me meti debaixo da água morna da ducha. Nada iria saber melhor que a água morninha a percorrer o meu corpo, enquanto eu o limpava de toda a tragédia da noite passada.

Demorei algum tempo e saí, me enxugando na toalha branca. Vesti a minha roupa interior, uns shorts de ganga e uma camiseta azul. Em seguida passei a escova pelo meu cabelo e passei um pouco de perfume. Me olhei no espelho e gostei do resultado. Me sentia mais bonita hoje do que nos outros dias e isso me deixava bem animada para o resto do dia.

Saí do quarto e desci as escadas rapidamente, em direcção à cozinha. Lá se encontrava Kim, lavando alguns pratos.

–Bom dia Kim. -cumprimentei, indo lhe dar um beijo na bochecha. Ela me olhou um pouco surpresa mas depois sorriu. Fui sentar na mesa e pegar um pedaço de bolo de chocolate. -Você quer ajuda a lavar a loiça? -perguntei educadamente.

–Não é preciso Nessie. tenho tudo controlado. -sorriu e depois olhou para a frente. -Você está bem?

–Sim, estou. Porque pergunta?

–Eu vi o que aconteceu ontem no jantar. -confessou um pouco envergonhada.

–O que aconteceu depois de eu sair? -perguntei curiosa para saber se a Isabella fez algum tipo de escândalo.

–Os seus pais foram atrás de si e Isabella começou a gritar que você tinha arruinado o seu vestido Gucci. Edward lhe trouxe um copo de água para a acalmar mas ela sem querer o derrubou em cima da sogra. Jacob e Billy não sabiam onde esconder a cara tamanha a vergonha pelo espetáculo que as suas parceiras estavam a montar para Edward e todos os criados. -ri alto pelos acontecimentos contados por Kim. E achei muito bem feito!

–A princesinha não consegue passar muito tempo sem fazer os seus típicos espetáculos de circo. -Kim riu baixinho.

Continuei a comer e a conversar com Kim. Ela era uma pessoa muito simpática e divertida, me fazendo sentir que pudia nascer uma bonita amizade entre nós.

–Acho que me irei encontrar com Edward. -informei, me levantando da mesa.

–Você e Edward são mesmo amigos ou existe algo a mais? -ela perguntou, visivelmente interessada na minha resposta. Eu não entendo o porquê de todos acharem que Edward e eu somos mais que amigos. Nós mostramos cumplicidade mas é cumplicidade de irmãos e amigos de longa data. Nada amoroso.

–São grandes amigos. Ele será sempre o irmão que não é de sangue mas que eu tive o prazer de ter a meu lado. -respondi sorrindo.

–É muito bonito ver o carinho que vocês botam na vossa amizade. Sempre muito unidos e confidentes. Nunca conheci um homem em quem pudesse confiar dessa forma.

–Acho que quando encontramos alguém assim normalmente casamos com essa pessoa e a amamos para o resto dos nossos dias mas às vezes aparece alguém que você ama muito como um irmão. Mas agora tenho mesmo que ir. Nos vemos depois Kim. -me despedi rapidamente e segui para a porta principal, para encontrar Edward.

Mas para a minha grata surpresa o moreno mais lindo e desejável do mundo entrou por essa mesma porta, parando para me olhar e sorrir.

–Oi. -o cumprimentei sorrindo, sentindo o meu coração acender por conta do nervosismo.

–Oi. O seu nome é Renesmee... Certo? -perguntou interessado, mantendo aquele sorriso lindo.

–Sim. -confirmei também com a cabeça. -Veio à procura da Isabella? -perguntei um pouco desgostosa. Claro que ele não iria dizer que tinha vindo à minha procura.

–Sim. Iria pedir a um empregado para a chamar.

–Porque é que você não a vai chamar? -perguntei confusa e um pouco irritada.

–Sou Jacob Black. Gosto de ser anunciado na casa da minha namorada. -respondeu com certa arrogância, me fazendo o olhar admirada.

–"Sou Jacob Black." -fiz uma imitação péssima da sua voz. -Só porque o seu nome é Jacob Black não significa que as suas pernas tenham deixado de funcionar! Vá chamá-la você mesmo! -disse irritada pela arrogância do cara. Só porque ele pensa que é mais que os outros não significa que tenha que chegar ao ponto do rídiculo.

–Desculpa!? Não devo ter ouvido bem... Você acabou de me tratar mal? -mas esse cara era surdo!??

–Não! Simplesmente acabei de dizer que você não é mais que os outros e certamente não precisa que os outros façam o seu trabalho! -expliquei.

–Olhe aqui garota...

–Amor! -a voz irritante de Isabella ecoou pela sala, interrompendo, certamente, mais uma frase mal conseguida do seu namoradinho idiota. -Porque é que não pediu para o anunciarem?

–Alguém não me deu tempo para isso. -olhou debochado para mim, fazendo o meu sangue ferver de raiva.

–Mas quem é que vocês pensam que são para quererem ser tratados como reis!? Pois... São ninguéns que tentam fazer parecer o que não são. -atirei zangada pelo "achamento" destas duas criaturas.

–Não basta o circo que você deu ontem e ainda ter atirado suco de laranja para cima do meu cabelo e vestido, agora também pensa que é alguém para dar lições de moral? -a princesa chata estava a tentar me irritar novamente e estava a fazer um trabalho maravilhoso.

–Mas...

–Ok vamos parar com a discussão aqui! -Ed interveio, tentando restablecer a paz. Eu sorri debochado.

–Se afastem de mim e cresçam! Vocês parecem umas criancinhas mimadas que não sabem o que a palavra VIDA significa!