Get Out Alive escrita por Mandy-Jam


Capítulo 12
Amor e guerra


Notas iniciais do capítulo

Capítulo tocante e muito tenso. Espero que gostem...



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/163354/chapter/12

Os olhos de Bia se estreitaram para poder enxergar melhor de cima da árvore. Os três carreiristas restantes estavam reunidos em um circulo, aproveitando todos os suprimentos de comida que ganharam dos patrocinadores na noite passada.

Bia sorriu. Enquanto eles aproveitavam o presente deles matando a fome, ela aproveitaria o dela, matando-os. Talvez fosse algo um tanto macabro de se pensar, mas era seu plano, e ela não o largaria.

Na arena nada era igual. Regras normais não se aplicavam ali. Formalidades, generosidades, e até mesmo compaixão eram coisas que não tinham lugar nos Jogos Vorazes.

Era matar ou morrer, e ela não estava disposta á deixar-se abater por eles. Nem mesmo por ninguém. Não daria essa chance para nenhum tributo.

Rodrigo, por outro lado, pensava diferente. Ele estava deitado em um galho ao lado de Bia, mas não fez nenhum movimento. Para a garota do Distrito 5, ele ainda estava dormindo.  Mas na verdade, o garoto vaca já estava acordado fazia tempo. Só estava tonto demais, e deprimido demais para fazer um movimento.

Não queria continuar aquilo. Não queria matar ninguém. Não queria morrer. Só queria acordar os olhos e notar que estava em casa. Será que isso seria possível? Dormir, e acordar sabendo que ganhara os Jogos Vorazes? Estranho, improvável, mas possível.

Mesmo assim... Não era o caso. Ele não ganharia se ficasse deitado naquele galho, pois Bia pretendia eliminá-lo se atrapalhasse seus planos. Ela só quis mantê-lo longe do alcance dos carreiristas, para que não fosse morto por eles.

Não que ela fosse protegê-lo, mas qualquer pessoa que matasse um deles, merecia ao menos uma chance de escapar.

- Já estou cansada disso! – Rugiu Mariana ao pé da árvore. Nem ela, nem ninguém notara a presença de Bia. Ela jogou-se no chão com raiva, e olhou para Rita e Mateus que conversavam sem notar as reclamações dela – O que?! Vocês vão se beijar agora?! Estou falando aqui, otários!

- Problema seu. – Rebateu Mateus – Cala essa boca logo. Sua voz irrita demais.

Mariana trincou os dentes de raiva, e estava pronta para dar uma resposta bem grossa para ele, mas foi interrompida por um risinho de Rita. Ela olhou para a garota do Distrito 1 e ergueu um sobrancelha.

- Vocês dois otários nunca vão ficar juntos, lesada. Para ficar rindo do que ele fala. – Comentou Mariana. Rita olhou para Mariana um tanto afetada por aquilo, mas resolveu dar de ombros.

- Não lembro de ter pedido a sua opinião. – Disse Rita cruzando os braços.

- Só escute o que eu digo. Se só sobrarem vocês dois nesse jogo, ele vai acertar a clava dele nas suas costas sem nenhum carinho. – Falou Mariana. Ela virou-se e foi sentar-se na raiz alta de uma das árvores.

Rita não disse mais nada. Estava com raiva demais para isso, mas sorriu maldosa quando Mateus sussurrou em seu ouvido.

- Vamos acabar com ela enquanto estiver dormindo. Aí não vamos ter que ouvir essa voz irritante nunca mais. – Sugeriu ele, e Rita assentiu rindo um pouco. Mariana revirou os olhos novamente, porém não tinha ouvido o que eles disseram.

- Idiotas apaixonados. – Resmungou ela.

Bia ainda estava com Mariana na mira. Ela nunca permitiria que alguém matasse. De jeito nenhum. O trabalho tinha que ser feito por suas próprias mãos.

Aqueles dardos já tinham dono, e Bia a fitava naquele exato momento. Ela nem mesmo lembrava da presença de Rodrigo. Esquecera completamente do garoto vaca adormecido nos galhos, tentando não vomitar novamente.

Mariana parecia pronta para tirar um cochilo, pois se espreguiçava e ajeitava contra a árvore.

- Ei, vocês. Fiquem de olho em volta. – Ordenou Mariana – Prestem atenção. Talvez algum dos outros lesados tente passar por aqui. Aquela esquisita do Distrito 8, ou talvez a paranóica medrosa do Distrito 5.

- Você vai fazer o que? – Perguntou Rita.

- Descansar um pouco. Nós andamos a noite toda, e a manhã inteira. Já deve estar no começo da tarde. – Respondeu.

- São umas duas horas. – Comentou Mateus olhando para o Sol.

- Mas isso não é justo. Nós também estamos com sono! – Protestou Rita.

- Problema de vocês. Eu durmo primeiro. – Rebateu Mariana. Rita ia reclamar, mas Mateus segurou a mão dela, e sorriu.

- Rita, deixa ela dormir. – Sorriu ele bondoso. Talvez um pouco demais – Se é isso que ela quer... Deixa. Nós ficamos de olho em tudo.

Mariana pegou sua lança, que estava logo na sua frente, e a ficou segurando. Seus olhos se fecharam, e ela soltou um bocejo pesado.

Os olhos de Rita correram para a seu facão, perto dos seus pés. Mateus olhou para sua clava ao lado da arma de Rita. Eles só precisavam estender as mãos e para pegá-las, e Bia notou isso.

Ela percebeu que queriam matar Mariana, por isso resolveu agir. Ela teria que matá-la antes deles, e ainda por cima matar os outros dois depois. Se eles a notassem, não dariam trégua. Iriam subir a árvore e matá-la.

Isso não iria acontecer. Ela conseguiria derrubá-los.

Bia respirou fundo algumas vezes.

- Calma, Bia. Você consegue... Você consegue... – Ela repetia mentalmente para si mesma. Bia pegou o cano e depois o dardo envenenado.

Ela o preparou e tentou mirar na Mariana.

Os dois outros carreiristas pegaram suas armas no chão com cuidado para não acordá-la. Rita segurou seu facão e foi andando com calma em direção ao seu alvo.

Mateus fez o mesmo. Eles sabiam que não podiam deixar Mariana acordar, senão ela tentaria fugir, ou reagir. Se bem que eram dois contra um, mas não queriam arriscar. Queriam eliminá-la dos Jogos.

De uma vez por todas.

Bia pensara em outra coisa. Era melhor deixar com que Mates e Rita se aproximassem um pouco mais, assim ficariam longe da árvore e demorariam mais tempo para se tocar que fora ela que lançara o dardo.

Ela aguardou.

Os carreiristas andaram até Mariana na ponta dos pés, e a garota do Distrito 2 continuava dormindo. Ela estava com tanto sono e cansaço que não acordaria tão facilmente.

Na verdade, nunca mais acordaria se dependesse de Mateus, Rita e Bia.

Estava tudo pronto. Bia tinha ela na mira. Mateus estava de um lado, Rita de outro, prontos para matá-la.

Foi aí que tudo deu errado.

Bia estava prestes a lançar o dardo, pois vira que Rita erguera seu facão para um golpe letal. Mas Rodrigo abriu os olhos devagar. Sua visão ainda estava turva, e ele estava confuso. Uma forte dor de cabeça o incomodava, mas assim que seus olhos encontraram o dardo e o cano nas mãos de Bia, seus instintos vieram a tona.

Em quem ela estaria mirando? Ela queria matá-lo? Era isso? Só o tinha salvado para se divertir e ao vê-lo morrer?

Milhares de perguntas passaram pela mente de Rodrigo, mas sem querer a resposta para nenhuma delas, ele se resumiu a chutar Bia. Assustada, a garota do Distrito 5 assoprou o dardo, mas sua mira não era a mesma.

Era para o dardo atingir Mariana, mas a vítima foi outra pessoa.

- Ah! – Gritou Rita ao sentir o dardo lhe atingir as costas. O veneno agiu em segundos, de modo que ela caiu por cima de Mariana, que acordou em um sobresalto.

- O que foi isso?! – Exclamou ela. Ao ver Rita segurando um facão, e Mateus logo ao seu lado com sua clava, entendeu o que estava acontecendo – Motim! Traidores!

- Rita! – Berrou Mateus. Mariana jogou-a para longe, pegou sua mochila, e a lança e saiu correndo o mais rápido possível, gritando que eles iriam pagar por isso. Mateus largou a clava e olhou para Rita – Rita, acorda. O que houve?! Rita?!

O canhão disparou.

Mateus entendeu que fora por causa de Rita, mas mesmo assim continuou sacudindo-a o máximo que podia.

- Não! Acorda! Rita! – Berrava ele com raiva e tristeza. Depois de alguns minutos ele desistiu. Suas mãos pararam no dardo nas costas dela, e ele o retirou. Analisou o objeto nas mãos, e franziu o cenho sem saber de onde ele tinha vindo.

Bia conseguiu não cair da árvore quando levou um chute de Rodrigo, mas o garoto vaca não estava mais calmo por causa disso.

- Assassina. Você ia me matar?! – Berrou ele com raiva.

Bia colocou o dedo indicador contra os lábios.

- Sh! Ele vai nos ouvir! – Repreendeu Bia. Rodrigo não estava entendendo a quem ela estava se referindo. Ele não vira a cena lá embaixo, mas Bia tinha certeza que Mateus mataria os dois se soubesse que eles provocaram a morte de Rita.

- Fica longe de mim! Se afasta, sua...! – Rodrigo foi interrompido.

- Vocês! – Rugiu Mateus do chão. Seu olhar se fixou nos dois em cima da árvore, e Bia gelou de medo. Tudo isso era só para matar Mariana, mas por causa de Rodrigo o plano inteiro tinha ido por água abaixo.

Agora eles é que seriam os próximos a morrer.

- Carreirista miserável! – Berrou Rodrigo ao ver que Mateus lançara o facão de Rita na direção deles. A arma se prendeu na árvore, á centímetros do rosto de Rodrigo.

- Eu vou matar os dois agora mesmo. – Disse Mateus.

- Ui, estou morrendo de medinho. – Implicou Rodrigo – Sobe aqui se tem coragem!

Mateus correu até a árvore e começou a escalar. Bia arregalou os olhos com medo. Ela catou tudo que era sua e jogou em uma mochila. Sem pensar duas vezes, pulou tentou escalar mais a árvore.

Estava com medo de cair, mas com mais medo ainda de ser morta por Mateus. Rodrigo tentou subir, mas estava tonto demais, e se tentasse acabaria tendo o mesmo fim que Rhamon. Quebrando o pescoço em uma queda.

- Eu vou torcer o seu pescoço, seu babaca! – Berrou Mateus subindo a árvore incrivelmente rápido.

- Saí daqui! – Exclamou Rodrigo chutando-o, mas não estava dando certo. Mateus agarrou o pé de Rodrigo, e o puxou para perto de si. Ele agarrou o facão de Rita cravado na árvore, e Rodrigo entrou em desespero – Não!

- Não?! Quem está com medo agora?! Vai pagar por isso! – Berrou Mateus. Rodrigo entrou em desespero. Ele olhou em volta, e notou que tudo passava em câmera lenta. Sua mochila estava ao seu alcance.

Sem pensar duas vezes, ele estendeu a mão e pegou a sua arma de pregos. Mateus fez um corte na barriga de Rodrigo, que se curvou uivando de dor.

- Filho da puta! – Berrou Rodrigo. Ele apontou para Mateus com as mãos trêmulas e atirou nele três vezes. Mateus largou o facão, e jogou-se para trás. Rodrigo atingira um de seus pulsos, o ombro, e o lado esquerdo de seu peito.

Mateus tateou os ferimentos. Estava sangrando muito, e morrendo de dor.

- Foi... Foi você... Que matou a Natália. – Gemeu ele.

- Ele pediu para eu fazer isso. – Respondeu Rodrigo – Os corvos fizeram o trabalho pesado. Mas não vai ser assim com você, imbecil.

Rodrigo atirou mais vezes. Um dos tiros atingiu a garganta de Mateus, e ele perdeu o equilíbrio. Mateus caiu da árvore, logo de cara para o chão, afundando ainda mais os pregos.

Ele se contorceu no chão como uma minhoca. Não conseguia respirar, e o pior... Estava se sufocando com o próprio sangue. Sua visão foi ficando escuro. Ele se sentia cada vez mais fraco. Se mover doía demais.

Mateus olhou para o lado, e viu Rita jogada no chão. Ele se arrastou para perto dela, ignorando todas as dores, e como um último movimento segurou sua mão. Quando seus pulmões se encheram de sangue, Mateus fechou os olhos.

O canhão disparou mais uma vez.  

E os dois carreiristas ficaram lá, deitados lado a lado. Rita com o rosto pálido, e Mateus tingido de vermelho escuro.

Nina, Amanda e Bruna continuavam andando pela selva. Várias plantas estavam com buracos enormes, ou falhas provocadas pela chuva ácida da noite anterior. Elas três não confiavam umas nas outras, mas continuaram juntas por falta de opção.

Nina queria continuar com Amanda. Amanda aceitou. Mas as duas não confiavam em Bruna, e Bruna não confiava nelas.

Por isso resolveu continuar com as duas. Nunca se sabe o que elas poderiam fazer se estivessem soltas por aí. Poderiam segui-la sem a lenhadora saber, e esperar a noite para matá-la.

- Daqui a pouco vamos fazer uma pausa. – Disse Bruna continuando a andar com seu machado na mão. Amanda passou a mão pela testa. O calor estava matando elas.

- Vamos parar é agora. – Resmungou Nina – Estou morrendo.

Bruna sorriu ao ouvir Nina falar “estou morrendo” e imaginou uma cena bem trágica. Nina olhou para ela e fez uma careta.

- Não literalmente, para a sua infelicidade. – Falou Nina. Bruna riu e encolheu os ombros fingindo-se de inocente.

- Não sei porque pensa isso de mim. – Disse Bruna. Ela pegou o cantil de água e jogou para Nina – É o último gole de água, mas... Pode ficar. Acho que deve ter mais água lá para frente.

Nina pegou o cantil e a abriu. Bruna encostou-se em uma árvore, e Amanda sentou no chão para ajeitar suas botas. A garota do Distrito 13 estava prestes a beber a água, mas então parou.

Ela parou para pensar um pouco em tudo. Em como se encontraram, nos irmãos da Bruna, nos pais mortos de Amanda, na morte de Flávia (que fora muito estranha), e nelas estando ali juntas.

Nina respirou fundo e então notou algo que não tinha notado antes. Ela se levantou com raiva, e jogou o cantil na cabeça de Bruna.

- Ai! O que foi isso?! Ficou louca?! – Exclamou ela com raiva.

- A água! – Exclamou Amanda levantando-se, mas já era tarde para pegar o cantil.

- Não toca nisso! – Exclamou Nina com raiva. Ela olhou para Bruna com raiva, e Bruna olhou para ela também – Sua traidora! Eu sabia que não podia confiar em você!

- Você tem problemas por acaso?! Jogou a água fora! – Reclamou Bruna.

- Eu queria ver você beber isso! – Exclamou Nina – Dá essa água para os seus irmãozinhos! Vai! Eu duvido!

- O que você está dizendo Nina? – Perguntou Amanda sem entender.

- A Flávia morreu, porque ela jogou frutas envenenadas dentro do cantil! – Exclamou Nina apontando para Bruna.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Morte á Bruna!
Pobre Flávia.
Bem, agora faltam poucas pessoas, hein? O que será que vai acontecer de agora em diante?
Espero por reviews, e muito obrigada á todos que leem essa fic!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Get Out Alive" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.