Sai do quarto. Da escada já sentia o cheiro das panquecas, que minha mãe estava fazendo. Aquilo sempre abria meu apetite. Sentei-me na cadeira, a minha frente foi posto um prato com algumas panquecas e em seguida um copo de suco de laranja, meu preferido.

Terminei de me arrumar e fui para a escola. Selena me esperava.

- Nossa, que cara horrível Demi! – Ela apontava para o meu rosto.

- Hum, valeu pelo elogio. – Usei um tom irônico.

- Vamos você esta atrasada! – Falou como se eu não tivesse percebido.

Selena pegou em meu braço e me puxou rapidamente para dentro da escola.

Não era do tipo de garota que presta muita atenção na aula, principalmente nos últimos dias que os pesadelos tem se tornado cada vez piores. Gostava de imaginar o dia que isso iria parar e eu pudesse ter noites tranquilas com sonhos tranquilamente anormais.

No intervalo fiquei com meus amigos, apesar de parecer não estar entre eles. Estava concentrada de mais em meus pensamentos para me preocupar em ouvir o que eles falavam.

Enfim chegou a ultima aula e também a única que eu gostava. Educação Física. Joguei vôlei com as meninas, finalmente algo em que consegui prestar atenção. Fiquei um tempo conversando com a professora, que também era a única que eu gostava. Entrei no vestiário feminino, parecia não ter ninguém por lá e isso me assustava um pouco.

Fui ao meu armário para pegar minhas roupas. No vestiário havia dois corredores exageradamente cumpridos, onde seguiam armários vermelhos, um do lado do outro. O meu ficava bem no meio do corredor.

- Demi? – Dei um pulo seguido de um grito.

- Ai meu Deus! Selena quer me matar do coração? – Coloquei a mão no peito, sentido meus batimentos exageradamente acelerados.

- Você anda tão assustada ultimamente!

- Eu sei! Vou me trocar.              

Antes de ir me trocar, olhei as mensagens no celular, mas não as respondi. De repente senti um arrepio subir pela espinha, como no pesadelo que tivera a noite. Tentei ignorar, mas a sensação de estar sendo vigiada soava como um alarme em minha mente.

- Dems, quem é aquele ali no fundo? – Ela sussurrou, sua expressão mostrava medo.

Fechei a porta do armário com cautela e olhei para o lado com medo do que veria e lá estava uma pessoa, pra ser mais precisa um homem. Sua roupa era um terno totalmente preto. Seu olhar fixado ao meu, parecia enxergar minha alma. Lentamente ele levantou sua mão, assim apontando o dedo indicador em minha direção. Não sei como e nem porque, mas senti algo me atingir e em seguida ouvi um zunido ensurdecedor, minha cabeça parecia que ia explodir e para piorar o que já estava ruim, não conseguia respirar. Levei minhas mãos aos ouvido e cai de joelhos no chão.

- Pare... Com isso... Por favor! – Falei com dificuldade.

- Demi, você esta bem! Fala comigo amiga! – Era perceptível o pavor em sua voz.

Fechei meus olhos com força, enquanto algumas lagrimas saiam forçadamente. Eu não entendia o que estava acontecendo e nem porque estava acontecendo.

- Kevin, pegue a garota, enquanto eu cuido disso! – Ouvi uma voz masculina.

- Quem são vocês? – Saiu tremula a voz da Selena.

- Não se preocupe, viemos ajudar!       

Senti alguém me levantar e carregar-me. A dor era tanta, que saber nos braços de quem eu estava acabava sendo um problema menor.  Aos poucos as vozes foram ficando distantes, a dor foi sessando e os pensamentos foram se perdendo na escuridão.