Lobo.

Version:1.0 StartHTML:0000000167 EndHTML:0000021831 StartFragment:0000000452 EndFragment:0000021815

-Edward ela está sangrando pelo ouvido!- gritava Bella enquanto segurava Felipa pelos ombros para que ela parece de convulsionar.

-Carlisle faça alguma coisa!- gritou ele para seu pai que segurava uma siringa e colocava nela um liquido dentro- Carlisle!

Antes mesmo dele terminar a frase Carlisle já injetava o liquido no seu braço direito a fazendo aos poucos ir acalmando o corpo. Felipa caiu na cama inconsciente o sangue escorrendo lentamente por seu ouvido. Isabella desabou do lado da cama e se ainda fosse humana estaria chorando e ofegando. Edward foi até o seu lado e a segurou nos braços a abraçando fortemente e cantarolando sua cantiga. Carlisle sentou ao pé da cama onde Felipa estava ainda jogada nela. Ele passou as mãos pelos cabelos e segurou seu nuca.

-Não podemos deixar que isso continue assim- diz ele ainda na mesma posição- você conseguiu escutar alguma coisa?

-Algumas coisas- responde- pude escutar- engole em seco- gritos, choros, e Clarie.

-Então está chegando- diz Carlisle se levantando e andando de um lado para o outro- logo ela vai ter a visão de sua morte. Não vamos poder esperar até que ela decida contar para Jacob isso pode demorar meses, e não temos meses para esperar!

-O que vamos fazer?- pergunta Bella ainda agarrada a Edward.

-Não sei ainda- suspira.

-E quando ela acordar o que você acha que vai acontecer? Ela vai ficar assustada, pelo amor de Deus, ela estava sangrando pelo ouvido!- grita Bella desesperada.

-Sabe eu não ficaria surpreso se caso ela já estivesse desconfiando de algo, e para isso teria que anotar as coisas que aconteceram desde que ela chegou...

Os três se encaram.

-Na mochila- diz Edward- eu não tenho certeza, mas escutei algo sobre ter alguma coisa na mochila que a preocupava quando falava com Jacob.

Carlisle foi até a bolsa e revirou tudo até achar um diário de capa vermelha escrita em letras de ouro Felipa. Ele abriu com cuidado e passou cuidadosamente as paginas.

“Não comem... São todos iguais... Reneesme é igual a mim... Jacob...”

As palavras se repetiam a cada pagina que se sucedia. E todas acabavam com as mesmas perguntas: “Porque tenho essas visões... O que os Cullen são... Reincarnação”

-Ela esta realmente muito perto de achar as respostas- diz ele. Nesse momento Jacob entra pela janela.

-Como aconteceu isso?

-Logo depois de você ter ido embora- responde Edward.

-Mas ela estava tão bem quando eu sai- diz ele indo até ela e passando as mãos em seus cabelos que agora uma parte deles estavam ensanguentados.

-Ela não estava dormindo quando você saiu, o que a permitiu pensar bastante o motivo de você tê-la beijado. O que a estimulou a ter a visão...

-Edward...- diz Bella o acalmando.

-Olha eu não sabia que ela estava acordada ok? Eu não tenho como escutar o que ela pensa!

-Olha aconteceu, não é culpa de ninguém- diz Carlisle- Felipa esta tendo essas visões porque ela é um Reborn, é inevitável. Mas ela é diferente, ela... Ela traz o silêncio para todos, não só para um de vocês, para todos. Ela consegue enfraquecer os vampiros poderosos e temos que resolver esse problema o mais rápido possível ou...- ele para um minuto.

-Ou oque?- diz Jacob com a voz grossa e nervosa.

-Ou... Ela morre.

-Morrer?- repetiu ele.

Jacob passa a andar de um lado para o outro respirando fortemente a plenos pulmões, com as mãos na cintura.

-Não você não pode estar falando serio- diz balançando a cabeça.

-Jacob, as visões estão sendo muito fortes ela vai morrer se continuarem assim, o cérebro não está preparado para isso e não irá aguentar.

-O que temos que fazer?

-Ela tem que saber a verdade antes que seja tarde demais.

-E como você pretende fazer isso hã? Virar para ela e falar que ela tem que se tornar uma vampira se não morre, porque em sua outra vida ela era uma meia vampira que foi morta seja lá por quem, e que seu destino é se tornar um imortal que toma sangue para sobreviver, de um dia para a noite?!

-Jacob não temos outra escolha a não ser essa... Afinal o que você acha que vai acontecer quando ela tiver sua ultima visão? Que ela vai ter mais algum motivo para continuar aqui? Não o cérebro já vai estar muito danificado para aguentar.

-Então quando contaremos para ela?- pergunta Bella.

-Eu vou contar- diz Jacob- eu contarei, eu... Eu vou me encontrar com ela na sexta-feira, mas parece que é muito longe... Venho aqui essa tarde e a levo para La Push, assim vocês também terão tempo para ir caçar, reparei nos olhos de Emmett estão ficando escuros.

Jacob termina de falar e vira para varanda vendo o nascer do sol começar, as estrelas e a lua no céu desaparecerem lentamente e as nuvens carregadas de chuva gelada aparecerem junto com o as cores vermelhas e amarelas que o dia trás todas as manhas.

-Jacob- chama Bella- você acha... Acha que consegue?

-Sim. Não temos outra escolha, e nem muito tempo.

Felipa acordou com os cabelos úmidos e o corpo lavado. Não lembrava de ter ido ao banho antes de dormir, mas com toda certeza lembrava da sua ultima visão. Lembrava com prefeita clareza como sugava o sangue de Clarie e como tinha gostado, mesmo sabendo que não era ela e sim Reneesme. Sabia muito bem quem era o homem que a segurou e tentou mata-la. Era Guilherme seu professor de literatura. Reconheceria aqueles cabelos negros e boca bem definida em qualquer lugar, a única coisa que o diferenciava do de agora era a cor de seus olhos, ao invés de serem cobres como o de agora, antes era um vermelho rouge assustador. Levantou-se da cama e cambaleou até seu guarda-roupa para se trocar, pegou um jeans rasgado, uma blusa preta regata, e um casaco moletom da mesma cor. Decidiu descer para tomar café-da-manhã, e descia as escadas prendendo os cabelos em um rabo de cavalo desleixado, percebeu o quão silenciosa estava a casa. Felipa olhou para os lados esperando que Emmett a surpreendesse com um susto matinal que já começava a se acostumar a receber todas as manhãs, ou de Esme vindo em sua direção com um prato de panquecas ou torradas, perguntando como havia sido a noite, mas nada aconteceu. Deu de ombros e foi até a cozinha vazia, o que sim era muito anormal já que sempre tinha alguem lá. Foi até a geladeira pegar uma jarra de suco e viu pregado na mesma um papel com um bilhete escrito em caligrafia fina e elegante:

Felipa,

Fui ao mercado fazer compras, Rosalie e Alice foram até La Push comprar roupas novas, e Emmett e Jasper estão com Carlisle resolvendo uns problemas, nada com que se deva preocupar.

Jacob ligou hoje de manhã e disse que ira passar aqui para te buscar hoje, e não na sexta-feira.

Esme.

Felipa pegou o bilhete pregado e o guardou no bolso do casaco. Será que Esme se importaria se por acaso eu matasse aula? Pensou enquanto tirava o suco de amora e uma geleia de abacaxi para comer com torrada e queijo. Não queria ir para a escola por saber que teria que pegar seu carro e ir dirigindo até lá. Talvez eles esqueceram desse pequeno problema, pensou mais uma vez fazendo seu café-da-manhã.

-Bom, quem sabe eles fizeram isso para me testar?- se perguntou falando sozinha- A final, supostamente, temos que enfrentar os nossos medos não é mesmo?- passou a geleia na torrada- E se foi isso mesmo, eles tão pouco iram se importar caso eu falte no colégio já que eu sou covarde de mais para pegar no volante outra vez- morde um pedaço.

Aquela discussão solitária continuou até que Felipa se desse conta que o pacote de torradas já estava quase ao fim. Levantou, lavou e guardou tudo que tinha sido utilizado e subiu até seu quarto onde se jogou na cama e ficou esperando que alguém aparecesse.

Tinha decidido não ir na escola, então o que lhe restava era pelo menos fazer as lições de casa que seus professores tinham mandando no dia seguinte. Por isso se levantou e se sentou na sua escrivaninha preparando para fazer os deveres. Quando estava em meio a um calculo matemático, Felipa escutou pedrinhas caírem sobre o vidro da varanda e já podendo imaginar quem poderia ser, ela se levantou rapidamente e foi até a batente da varanda, mirando o corpo bronzeado e esbelto de Jacob Black.

-Pensei que só nos veríamos na sexta-feira!- exclamou ela da varanda sorrindo.

-Sexta pareceu muito longe para te ver!- respondeu ele com seu sorriso maroto e branco que ela adorava- Então vamos?

-Espera já vou descer!- respondeu se virando e entrando no quarto.

Foi até o banheiro e escovou os dentes em uma velocidade extraordinária e quando cuspiu a pasta de dente na pia, olhou para seu reflexo no espelho e pensou com si mesma:

“Que péssimo dia para usar moletom”

Mas achou melhor não se trocar já que já ouvira Jacob falar muitas vezes que uma mulher pode ser sexy sem saber que está sendo. Soltou o rabo de cavalo e desceu correndo pelas escadas até sair para o jardim onde Jake ainda lhe esperava.

-Pronto.

Ele sorriu para ela e juntos caminharam até a moto que ele tinha estacionado na frente da casa. Jacob subiu na moto enquanto Felipa ainda o encarava com uma expressão estranha.

-Não vai subir?- pergunta ele.

-Você não vai colocar capacete?- pergunta sorrindo nervosa.

-Você coloca um capacete se quiser , eu não- responde divertido ligando a moto- Pensei que você não era tão certinha.

-Eu não sou!- responde subindo na moto e segurando em seus ombros- Só porque gosto de seguir a lei, não quer dizer que sou, certinha...- diz a ultima palavra como se tive repulsa.

-Faz sim- responde Jacob rindo.

-Ok talvez um pouco, mas aqui estou eu subindo em uma moto sem capacete, não?

-Sim está- ele ri- acho melhor que você colocar as mãos na minha barriga não nos ombros, para não ter risco de cair.

Felipa encara as largas e maravilhosas costas de Jacob e morde os lábios, ele falando assim a deixava a beira da loucura, então ela desce as mãos por suas costas até chegar no meio e guia-las a frente onde fez certa pressão como se o abraçasse.

-Assim?- pergunta ela perto de seu ouvido, um pouco sensual demais para sua pessoa.

-Clâ- pigarreira- Claro... Vamos?

E sem esperar uma resposta ele arranca a moto cantando os pneus. O vento chicoteava o rosto de Felipa, e como era gelado, fazia seu nariz ficar frio e escorregadio. As bochechas brancas e ainda anêmicas, ganharam alguma cor pelo mesmo motivo do nariz ter ficado naquelas condições e os cabelos que soltara no ultimo minuto agora embaraçavam descomunalmente.

A estrada de Forks era o tipo verde musgo e molhada diferente do de La Push que Felipa pode observar ser seca e arrida, tendo uma coloração mais vermelha e amarronzada. Em La Push também tinha, como Jacob já havia lhe contado, mar e penhascos que ele e seus amigos geralmente pulavam por desafiarem uns aos outros. Felipa encosta a bochecha na nuca de Jacob tentando evitar que o vento continuasse a molhar seu nariz, e com aquele contado na pele dele, o que antes era gelado, ficou instantaneamente quente. Era incrível também o como Jacob era quente. Incrível e totalmente maravilhoso. Felipa parou para pensar em como seus problemas e tristezas ficavam esquecidas quando estava com ele, desde que se conheceram toda a escuridão que estava em seu coração parecia ter sido sujada como um buraco negro. E agora também tinha o fato que ele havia a beijado (seria possível que só tinham se passado vinte e quatro horas?). Claro que não iria tocar no assunto, se ele tentasse beija-la novamente, ela apenas iria permitir que o beijo ocorresse.

-Já estamos chegando?- perguntou.

-Só mais um pouco- respondeu.

Passando a pequena cidade que tinha uma aparência indígena com poucas mercearias e lojas, Felipa e Jacob entraram em uma rua e no meio dela ao longe se via uma casa vermelha com a pintura já gasta, a grama um pouco mal feita e seca em algumas partes. Na frente da garagem tinha duas motos e um trator velho e enferrujado que parecia não ser usado a anos. Jacob entrou nos terrenos da casa e estacionou sua moto junto com as outras.

-Chegamos- respondeu ele saindo da moto enquanto Felipa admirava ao seu redor.

-Aqui que você vive?- perguntou enquanto ele a ajudava a descer do veiculo.

-Não parece muito confortante quanto a mansão Cullen não é mesmo?- perguntou rindo.

-Até o asfalto da rua pode ser confortável, se está em boa companhia.

-Isso é um elogio?- perguntou ele sorrindo para ela.

-Pode se dizer que sim- respondeu sorrindo também.

Os dois entraram dentro da oficina que era dentro da garagem. Nela tinha ferramentas de todos os tipos e inimagináveis, pesas de carros e motos antigos, e alguns barris de graxa espalhados pela oficina. Felipa teve que morder os lábios por imaginar ela e Jacob jogados no chão da oficina, ofegantes e melados de graxa.

-Você esta bem?- perguntou ele sorrindo.

Felipa estava vermelha e sentia a quentura invadir cada parte gelada do rosto. Isso que dá ter pensamentos impróprios, pensou.

-Sim, só com um pouco de calor, uff- se abana com a mão.

-Quer algo para tomar?- pergunta ele indo até uma geladeira também enferrujada que tinha atras da oficina e tira dela duas cervejas- Gosta? Posso trocar por outra coisa.

-Não, cerveja está bem- responde indo até seu encontro e segurando a garrafa por mais tempo que devia por ter sustentado o olhar com ele.

-No que você esta pensando?

-Em muitas coisas- respondeu rouca- muitas mesmo...

-E você ira me falar o que são?- perguntou abaixando o rosto e o deixando muito perto do dela.

-Não- respondeu engolindo em seco.

-Porque não?- perguntou chegando mais perto ainda se isso era possivel.

-Você ira me achar louca.

Jacob se afastou com um sorriso marto nos lábios, o que fez Felipa sentir certo alivio, mas também uma decepção por não ter sido beijada.

-Pode ter certeza, de loucura eu sei mais do que qualquer um.

-E porque isso?

-Não sei se irei te contar, sabe, você me achara louco.

Felipa sorriu de lado achando graça no jogo em que jogavam.

-Você nunca vai saber se não me contar.

-O mesmo digo para você.

-Mas o que tenho a dizer realmente é chocante.

-Não mais do que eu tenho a lhe mostrar.

-Mostrar?- perguntou franzindo a testa.

-Felipa Lefebvre Muller- chegou agora perto de um maneira tão rápida que quase não pode sentir o halito bater na sua cara- você confia em mim?

Felipa hesitou por um minuto e pela primeira vez desde que chegara em Forks, ela realmente sentiu medo. Aquele que as mãos ficam geladas, o estômago parece ficar vazio de uma hora para outra, a pele sua frio e a garganta fica seca. Mas mesmo assim, ela continuo com os olhos cravados nos dele, e respondeu:

-Confio.

Sem dizer nada ele colocou as garrafas intocadas de cerveja sobre a geladeira, pegou a mão tremula de Felipa e a guiou para fora da oficina. Jacob a deixou a frente da porta e ele caminhou um pouco para longe dela, e quando ela fez menção de segui-lo ele disse:

-Espero aqui, e não se mova.

-Jacob...

-Preciso que você confie em mim e prometa que vai ficar parada e não vai sair correndo.

-Jacob, porque eu...

-Apenas prometa- diz a encarando como a hipnotizasse.

-Eu prometo- disse por fim.

Antes mesmo que ela pudesse perceber o que acontecia, Jacob sai correndo e com apenas uns segundos um estalo forte que faz a terra tremer ao ar quando ele da um salto, no lugar de Jacob, aparece um lobo vermelho e peludo que solta um rugido alto e assustador.

Felipa ficou imóvel sem saber exatamente o que fazer, mas ela sabia que aquele lobo, nada mais era, os dos seus devaneios e sonhos. Aquele lobo era Jacob.