POV Bella

– Fugindo de algo? – Perguntou raivosamente, fazendo-me encolher de medo, sabia que ele sentia raiva de mim, mas... Queria que ele não se ressentisse tanto assim quando fui embora, e além do mais havia sido há tanto tempo... – Responda-me. – Falou pressionado os seus dentes a modo de não gritar.

Apertou mais forte o meu braço, fazendo-me gemer de dor, ele havia ficado mais forte com o tempo, olhei dentro de suas orbes verdes e sorri debochada, olhando para todos que nos observavam assustados.

– De você. – Falei sem delongas, Edward apertou mais forte o meu braço, minha expressão se contorceu para dor. – Me solte! – Pedi, logo sendo solta por ele, suspirei e recolhi o meu braço rapidamente acariciando onde ele havia pressionado o meu braço.

Ficaria roxo, isso era óbvio.

Percebi que mais algumas pessoas nos olhavam espantadas enquanto passavam ao nosso redor, revirei os meus olhos, não tinham nada de melhor do que fazer? Perguntei-me mentalmente, até perceber o modo que eu agia, merda. Estava agindo do mesmo modo que eu agia há quatro anos.

O jeito que eu odiava ter em mim.

Desviei meus olhos para Edward que ainda me encarava, o ódio visível em seus olhos, sabia que ele gostaria de explicações. E isso me entristecia de certa forma, não gostaria de explicar nada para ele... Já havia explicado tudo o que eu deveria explicar para ele naquela carta.

– Você me deve explicações, está sabendo não é? – Perguntou e eu assenti, algo dentro de mim queria revirar os olhos as tais palavras dele.

– O que eu tenho de explicar? Já expliquei tudo naquela carta há quatro anos. – Falei.

Edward me encarou enraivado.

– Você realmente acha que a porra daquela carta explica tudo? – Perguntou se aproximando de mim, recuei alguns passos.

– Tudo bem, se quer a verdade, tudo bem, eu vou explicar, mas não aqui. Venha, suba comigo para o meu apartamento. – Falei apontando para o prédio atrás de mim.

– Então você mora no mesmo apartamento... – Sussurrou como se quisesse falar para si mesmo.

Recusei-me a pronunciar palavras...

Estava ciente que Edward me seguia a poucos passos atrás enquanto íamos em direção ao prédio ao qual residia, meu braço ainda doía, mas meu coração estava descompassado, era bom tê-lo reencontrado, mas eu odiava o fato de ele me odiar por todos esses anos, fazia tanto tempo, já deveria ter esquecido o que eu havia feito, já deveria ter seguido em frente, já deveria estar com outra mulher, casado com a mesma.

Minha respiração fugiu do controle e meu coração se tomou por desespero, talvez eu não quisesse isso, suspirando empurrei o portão do prédio com os passos dele pesados passando por mim e indo em direção a porta de vidro sem nem me olhar, Edward já sabia o caminho e o porteiro não o havia impedido ele de prosseguir, já se conheciam.

Fechei o portão e suspirei sorrindo ao Sr. Banner e indo atrás dele, quando ultrapassei a porta de vidro, Edward já estava em frente ao elevador aguardando o mesmo, engoli seco e andei em sua direção com a cabeça abaixada deixando meu cabelo cair em meu rosto.

Quando cruzei o corredor e parei a sua frente apenas ouvia sua forte respiração, olhei para cima e observei a sua face. Estava rígido e seus olhos esverdeados me encaravam com profunda decepção, levantei o queixo sem me deixar abater por seu olhar.

O barulho do elevador me surpreendeu, Edward apenas se virou e entrou dentro dele, nervosa entrei junto, não tinha a mínima idéia do que fazer, apenas apertei o botão do meu andar e vi a porta do elevador se fechar.

Edward cruzou seus grandes braços encostando-se na parede de vidro, uma lembranças de nós dois ali conseguiu tomar conta da minha cabeça naquele momento, fazendo-me corar.

Flash Back

– Meus pais vão me matar. – Falei rindo enquanto entrava no elevador, Edward apenas sorria o meu sorriso enquanto entrava atrás de mim.

– Você já tem 18 anos, já sabe o que pode fazer. – Falou com a voz baixa enquanto apertava o botão a qual residia.

– Tudo bem, eu já tenho, mas não quer dizer que eu poderia beber, nesse aspecto ainda não sou maior de idade, lembre-se beber para nós era a partir dos... 21 anos. – Ri enquanto me olhava no espelho arrumando meus cachos castanhos.

Ele apenas riu, a bebida estava afetando nós dois mais do que deveria. Ora uísque e vodka juntos não era para fazer tanto assim... Pensei enquanto sentia os seus braços ao redor de minha cintura e seus lábios em meu pescoço, fechei os olhos.

– Eu te quero. – Sussurrou em meu ouvido logo dando uma pequena mordida em seguida, virou meu corpo a sua direção e me prensou contra o espelho do elevador.

– Estamos em um elevador. – Falei logo depois rindo enquanto sentia suas mãos em meu corpo. – Aqui tem câmeras... – Suspirei quando senti suas mãos contra minhas costas por baixo da blusa logo a levantando.

– Vamos fazer um showzinho para o senhor Banner, tenho certeza que ele vai gostar. – Falou contra a minha pele, quando me levantou fazendo minhas pernas ficarem ao seu redor e me batia contra a outra parede do elevador.

– Idiota. – Ri mais ainda quando ele travou o elevador e começou a me beijar.

Fim de Flash Back

As portas do elevador se abriram e saímos dele como se fugíssemos de algo, provavelmente de nós mesmos. Suspirei indo em direção a porta de meu apartamento, minhas mãos automaticamente foram para dentro da bolsa, pegando a chave da porta.

Peguei-a e coloquei no trinco passando pela porta logo sendo seguida pelo mesmo sem nem ao menos ser convidado, revirei os olhos, apesar de antes ser um doce ainda era o mesmo mal educado de sempre, pensei quando vi ele se sentando no sofá de couro branco e ligando a TV em um canal de notícias, talvez apenas para se distrair um pouco ou me irritar, ou os dois.

Tranquei a porta e segui até a sala, sentando-me ao seu lado e o observei, ainda tinha a expressão nula, mas sua respiração se acelerou.

– Você não queria falar algo comigo? Por exemplo, saber o porquê... – Parei de falar quando o vi virando o rosto e seus olhos pegavam fogo se como sentisse raiva, muita raiva.

– Odeio quando você fala nesse tom, mimadinha. – Avisou, revirei os olhos. – E sim eu quero saber, vamos fale, por quê como eu disse antes, aquela maldita carta explicava nada, a não ser que você iria para a faculdade.

– Edward... – Ele desligou a televisão e me observou. – Eu queria seguir meus sonhos e um filho só iria me atrasar como você também, não que eu não te amasse, mas eu queria poder realizar meus sonhos e não ser que nem a minha mãe... – Ele se levantou e foi em direção a janela do apartamento, olhando para fora enquanto me escutava com as mãos nas têmporas. – Por isso parti. – Falei ocultando apenas uma parte da verdade.

– Então... Tudo bem. – Sua voz era ácida. – Você só queria seguir seus sonhos, mas não precisava nos largar, não precisava largar Anthony! Apesar do mesmo ter cinco anos, não sabe como essa criança se sente, você perdeu tantas partes boas dele, como quando ele falou sua primeira palavra, você não sabe o quão me doeu ao ouvi-lo falar mamãe sem a mesma estar presente, você não sabe o quão ele já perguntou por você até que ele foi parando com essas perguntas e começou a se culpar por tudo, ele só tem cinco anos, mas ele se sente culpado, você poderia ter realizado seus sonhos aqui mesmo em Nova Iorque! Mas não, você tinha que ir para o outro lado do mundo e nunca mais dar notícias! Porra, você não sabe como meu filho se sentiu, não sabe o quão eu me senti mal em relação a isso...

– Pare! Pare! Eu já entendi, mas eu sempre quis cursar Oxford e não seria um idiota e um pirralho que me tirariam isso! – Falei sem pensar, logo me arrependendo de minhas palavras.

Edward esbugalhou os olhos com o que eu disse, abaixei os olhos, mas logo os levantei quando ouvi Edward se aproximando e me puxando pelo braço, levantando-me do sofá.

– Não fale assim, nunca mais dele! – Falou com raiva.

– Eu falo do jeito que bem entender! –Revidei logo depois sentindo a minha bochecha arder pela bofetada que ele me havia dado, lágrimas ameaçaram rolar por meus olhos, mas me recusei a passar por tal vergonha.

– Vadia. – Falou me soltando e indo em direção a porta, mas logo se virou. – Nem se dê ao trabalho de ler a carta que lhe enviei. – Falou e então se virou abrindo a porta, mas paralisou quando eu falei.

– Que carta?

– A carta que lhe enviei não faz muito tempo, mas que deve ter recebido assim que retornou a residir aqui. – Suspirou falando por cima do ombro e abriu a porta.

– Queria que você não me odiasse. – Falei sem pensar, Edward me olhou por uma fração de segundo e passou pela porta falando suas ultimas palavras.

– Nem sempre temos o que queremos.