Vampire Academy Por Dimitri Belikov escrita por shadowangel


Capítulo 28
Capítulo 28




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/161203/chapter/28

Eu caminhei com Lissa por alguns momentos em silêncio. Até que ela resolveu falar, com muita mágoa na sua voz.

“É completamente injusto isso que ela está fazendo com Rose. É tudo para me atingir. É a mim que ela quer magoar.”

“Quem?”

“Mia Rinaldi. Foi ela que, de alguma maneira, convenceu Ralph e Jesse a espalharem essa mentira pela escola.” Eu não respondi e ela continuou “há muito tempo eu não vejo Rose chorar assim.”

“Isso irá passar. Em poucos dias, uma nova história tomará lugar dessa e ninguém mais lembrará disso.” Tentei parecer confiante.

“Seu eu não fizer eles pararem a nova história será sobre mim e Rose. De novo e de novo. Mas eu darei um jeito nisso. Eu sei como parar isso.”

“O quê você pretende fazer?” Perguntei casualmente.

“Eu vou voltar a ser o que eu era antes. Rose não gosta nada disso, e nem eu. Mas eu preciso fazer isso. Eu preciso.”

Ela não deu mais detalhes e eu não quis perguntar. Eu realmente não via maneira de Lissa proteger Rose.  Ela falando isso soava quase que infantil. Rose era muito mais forte e corajosa, era difícil de imaginar qualquer pessoa protegendo ela. Deixei Lissa em seu dormitório e fui para o meu próprio quarto, ainda com os pensamentos turbulentos.

A imagem do rosto de Rose consternado ficou marcada em minha mente, eu não conseguia parar de pensar nela. Eu odiava ver a dor nos olhos dela, eu odiava ver que algo estava machucando tanto a ela. Eu sentia tudo aquilo me consumir internamente. Ao mesmo tempo que a minha razão me dizia que não, que eu não deveria me envolver nisso, que eu não deveria me importar com isso, que tudo não passava de pirraças estudantis, uma grande força me fazia quase enlouquecer de tanto que eu a queria. Eu queria poder tocar no seu rosto, beijar seus lábio, falar em seu ouvido que tudo ia passar. Eu queria poder ir com ela para longe de tudo isso aqui. Um lugar onde pudéssemos viver em paz. Mas isso não passava de um devaneio.

Outra coisa também me intrigava profundamente: a conversa que tive com Victor. Revirei diversas vezes na cama, com os pensamentos sem me deixar dormir. Assim que amanheceu, passei para o prédio dos guardiões, seguindo direto para o arquivo. Lá segui pelas estantes até encontrar uma pasta com a cópia do laudo do acidente que vitimou a família de Lissa.

Sentei em uma das mesas e folheei os papéis. De fato, foi um terrível acidente. As fotos do carro só mostravam um monte de ferro retorcido e o local onde Rose estava, nossa, estava totalmente destruído. Era realmente impossível alguém sair vivo dali. Li os laudos médicos sobre Rose. Ela tinha saído bastante machucada, mas seus machucados eram apenas externos. Ela não teve complicação interna alguma. O que era um milagre. Um verdadeiro milagre. Ninguém conseguia explicar aquilo. Victor tinha razão. Rose tinha morrido, durante o acidente e Lissa a trouxe de volta. Foi ali que o laço se formou.

 ***

Os dois dias seguintes foram sombrios. Lissa mudou sua atitude com as pessoas, e pouco a pouco eu podia notar que ela estava aparecendo mais entre eles, se destacando. Era como se ela estivesse querendo resgatar a sua popularidade.

Rose continuou sendo escorraçada por todos e para surpresa até de Kirova, não demonstrou reação alguma. Ou bem, não demonstrou reações típicas dela. Por via das dúvidas, mantive minha atenção nela, sempre a observando de longe. Não podia arriscar que uma explosão dela viesse acontecer. Mas não aconteceu. Ela andava sem encarar as pessoas, ignorando a todos e a tudo. Cada risada, cada comentário. Era como se ela não visse ou ouvisse nada. Também não comia direito e sua aparência deixava claro que ela também não estava dormindo bem. A única hora que ela parecia relaxar um pouco era durante os nossos treinos. Era como se ela tivesse feito do ginásio o seu refúgio. Eu não queria estragar isso, então nunca mencionei estes fatos para ela, antes, agi como se nada tivesse chegado a mim e fazia de tudo para que ela se sentisse confortável.

Naquele treino, eu saí para correr com ela, como vinha fazendo ultimamente. Não conversávamos muito durante isso, e quando fazíamos eram assuntos do próprio exercício. Depois, dei algumas aulas de como ela poderia usar como arma qualquer objeto que encontrasse. Rose pareceu gostar daquilo. E por fim, no final do treino, praticamos luta. A cada dia ela se aprimorava mais e mais, tanto que já estava conseguindo me acertar alguns golpes, embora eu conseguisse resistir bem a eles. Sua determinação era algo admirável. Naquele dia, ela estava particularmente mortal, provavelmente canalizando todo aquele aborrecimento para seus treinos. Tanto que me vi pedindo um tempo, após uma série de ataques dela.

Nós estávamos treinando ao ar livre, propositalmente para ensinar o corpo dela a suportar baixas temperaturas. A cada dia o tempo ficava mais frio em Montana.

Recolhi todos os equipamentos e levamos para dentro, onde ficava o quarto de suprimentos. Enquanto guardava tudo, eu observei Rose, como sempre fazia, disfarçadamente. Quando meus olhos bateram em suas mãos, percebi que estavam muito machucadas. O frio e o vento de lá de fora tinham feito um grande estrago nelas. Chegava até a sair sangue em alguns pontos. Logo, um grande instinto protetor tomou conta de mim e eu não pude me conter em ir até ela.

“Suas mãos!” exclamei e logo soltei um xingamento em russo. Rose me olhou admirada, eu sabia que ela já conhecia um palavrão em russo, embora eu sempre me recusasse a dizer a ela o que significava cada um. “Onde estão as suas luvas?”

Ela olhou para as mãos, demonstrando que não tinha percebido que estavam feridas.

“Não tenho nenhuma. Nunca precisei de luvas em Portland.” Ela falou quase que humildemente.

Eu xinguei novamente, desta vez me amaldiçoando. Como pude ser tão desligado? Como pude deixar de perceber que ela estava todo este tempo sem proteção nas mãos? Eu apontei para que ela sentasse na cadeira e fui pegar um kit de primeiros socorros.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!