Harry Potter estava com raiva de si mesmo. Depois de todo o esforço, destruir horcruxes e amigos morrendo na batalha, ele tinha deixado Voldemort escapar. Ele deveria tê-lo matado quando teve a chance no salão principal, Voldemort tinha se distraído com a morte de Bellatriz Lestrange, mas Harry decidiu se gabar e contar que a Varinha das Varinhas na verdade pertencia a Draco Malfoy e não a Voldemort, que Severo Snape tinha planejado a própria morte e a de Dumbledore e que não restavam mais Comensais da Morte para lhe dar qualquer apoio. Tudo isso foi o suficiente para Voldemort perceber que estava muito fraco e que não podia continuar aquela batalha, e no momento seguinte, tinha desaparatado. Agora Harry estava sentado na escada que levava até a Sala Comunal da Grifinória, cercado por pedaços de pedra e por Rony e Hermione que tentavam fazer Harry se sentir menos culpado.

  - Não foi sua culpa, você tem que entender que ele podia ter feito isso a qualquer hora - Hermione estava cheia de fuligem nas roupas e cortes no rosto.

  - Mas eu não percebi que as barreiras mágicas tinham sido desfeitas a partir da hora que Voldemort e os Comensais chegaram. Ele podia desaparatar a qualquer momento e eu nem me dei conta disso, ocupado demais em ficar anunciando a ele toda a verdade.

  - Mas Harry, as horcruxes estão todas destruídas... - Rony estava com um só pé do tênis, o outro pé estava descalço e ele estava ainda mais machucado que Hermione.

  - Estavam todas destruídas, agora Voldemort pode fazer mais delas. E ele está livre, pode voltar a qualquer hora. – Harry disse amargurado.

  - Ele não vai voltar, vamos refazer as barreiras, e ele está muito fraco, não tem mais nenhum seguidor, não tem uma varinha que seja realmente dele, e agora qualquer um pode matá-lo, já que as horcruxes não existem mais. – Hermione disse.

- Hermione, a varinha não é dele, mas ainda é a Varinha das Varinhas. É a mais poderosa das... - Rony se interrompeu depois do olhar que Hermione lançava.

  - Rony, fica quieto! - Ela lançou um olhar para Harry e bufou - Não importa se a varinha é a Varinha das Varinhas. Vocês sabem que para a varinha obedecer direito, tem que escolher o bruxo, ou, por algum motivo, pertencer a ele.

  - E, aliás, como a varinha pertence ao Draco? - Rony perguntou, olhando para Harry.

  - Ele que desarmou o Dumbledore, na noite que ele foi morto. - Harry não gostava de se lembrar daquela noite, mesmo tendo acontecido há mais de dois anos. -Quem o matou foi o Snape, mas naquela hora o Dumbledore já não tinha varinha, já tinha sido desarmado pelo Draco. E a Varinha das Varinhas que era de Dumbledore, passou para Draco.

- Ah, mas Harry, eu acho que não pertence ao Draco...- Hermione franzia a testa, como quando ela está pensando.

- Pertence sim, eu já disse Hermione...

- Você não se lembra do dia em que fomos capturados e os seqüestradores nos levaram para a mansão dos Malfoy? Você desarmou o Draco.

- É, e daí?

- Não é óbvio? - Rony entrou na conversa - A Varinha das Varinhas pertence a você!

Harry se lembrou daquele dia, outro que ele não gostava de lembrar, foi o dia em que Dobby morreu. Ele tinha arrancado a varinha da mão de Draco quando viu o que Bellatrix estava fazendo com Hermione, perfurando o braço dela, escrevendo enquanto arrancava a pele, fazendo-a berrar. Então a varinha era dele... ele não sabia como se sentir.

- Se anime! Você vai me deixar segurar, não vai? Quero ver se me sinto mais forte. - Rony estava quase pulando de alegria, o que não era muito apropriado pra quem acaba de sair de uma guerra.

- Eu não quero aquela coisa.

- Como é?! Não quer aquela coisa?

- Isso mesmo. Eu não quero. – Harry disse com simplicidade.

- Mas é a varinha mais poderosa do mundo!

- Rony! Não é o Harry que quer a varinha, você quer. – Hermione o fuzilou com o olhar.

- É, eu quero. Afinal, é a Varinha das Varinhas.

- Esse é o menor dos problemas. Eu quero saber o que vamos fazer. – Harry perguntou enquanto Hermione e Rony se olharam, mas não falaram nada, só ouviram Harry, que agora buscava a ajuda dos amigos. - Então, o que vamos fazer?

- Não sei. Não tenho idéia, acho que temos que esperar e ver se ele faz alguma coisa...

- Rony, deixe eu ver se ouvi direito. Você quer esperar pra ver se ele faz alguma coisa. Que coisa exatamente? Quer que ele mate alguém? Consiga mais seguidores? Comece uma nova guerra? Que parte do "fica quieto" você não entendeu? - Hermione estava vermelha.

- Calma! Desculpa se eu digo o que eu penso. Você não estava tão nervosa lá na Câmara! Não precisam mais de mim aqui, já que eu não vou falar nada que vale a pena. - Rony se virou e saiu batendo os pés e resmungando.

- Como assim, na Câmara? - Harry olhou para Hermione, ela estava corada e não sabia o que dizer.

- Quê?! Nada, pegamos as presas do basilisco na Câmara, para destruir a taça de Hufflepuff.

- E... – Harry incentivou, um sorriso começava a aparecer em seu rosto.

- E... nada. Que dizer, nós meio que nos despedimos, sabe... Caso não sobrevivêssemos.

- Desculpe, não estou entendendo. - Harry imaginava o que tinha acontecido, mas depois de esperar sete anos para que acontecesse aquilo, tinha que ouvir da própria Hermione.

- Nós nos bei...jamos. - Ela torcia a barra do casaco e olhava para o chão, Harry tinha que se segurar para não rir, mas não adiantou e ele caiu na gargalhada na frente de Hermione.

- Finalmente, eu sabia! Ele nunca admitiu pra mim que gostav... - Depois se lembrou que Hermione ainda estava ali e parou de falar. Hermione saiu da Sala Comunal e ele voltou a rir, se sentindo um idiota, mas feliz pelos amigos.