1997 escrita por N_blackie


Capítulo 88
Pollux




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Pollux saiu de sua cama à meia noite, e a primeira coisa que ouviu foram os gritos de Adhara, ecos de seus pesadelos que o atormentavam desde que vira a prima pela última vez. Calçou os sapatos calmamente, assim como o casaco e a mala ao tiracolo, feita para uma viagem que ele não sabia se iria fazer com vida.

Discreto e decido, abriu a porta de carvalho calmamente, aspirando o cheiro úmido do ar da madrugada que entrava por alguma janela aberta. Seus passos eram abafados pelo longo carpete que se estendia pelo comprido corredor, e os retratos de gerações e gerações de Malfoys adormecidos não lhe deram duas olhadas enquanto se dirigia à Ala Oeste da Mansão.

Subiu as escadas rapidamente, olhando rapidamente para trás várias vezes, sentindo-se espreitado pela própria sombra. Virou o corredor, e outro, até dar de cara com a imensa porta negra que o separava de seu objetivo. Travou o maxilar.

Conforme avançava em direção ao quarto, podia sentir suas energias sendo engolidas por uma névoa negra, feita para dissolver os bons sentimentos e a energia mágica de quem se aproximasse. A melhor defesa de Pollux vinha tão naturalmente quanto respirar: fazia muito tempo que não tinha bons sentimentos.

Quando atingiu a porta, só conseguia ouvir a voz de Adhara, repetindo várias e várias vezes em sua mente. Você não significa nada para mim.

Você não significa nada para mim.

Se aproximou, e colocou as mãos nas maçanetas. As portas cederam um pouco, como se estivessem sendo forçadas pelo lado de dentro por uma onda de magia. Mas Pollux tinha a chave. Rabastan lhe dera.

“O Lord das Trevas não confia em mim.”

“Você é um bom garoto, Black! Sabe do que mais? Eu confio em você. Toma aqui!”

Arrebentou o colar que usava e destrancou a passagem. A nuvem se dissipou ao toque da chave, assim como o campo de proteção que circundava a cabeça de lobisomem e a Ordem de Merlin de James.

Seu peito subia e descia num ritmo acelerado quando ergueu a varinha. Pensou em seu pai, cuja última visão fora ele ao lado dos comensais. Pensou na decepção que causara em Adhara. No ódio que despertara em Jack. Na ruína que isso seria para sua mãe, ignorante de tudo, em Paris.

Os movimentos da varinha criavam ondas ritmadas de fogo, que se desenrolou no chão como uma serpente, se rendendo a ele como a um mestre, mostrando-lhe a língua. Uma incrível sensação de poder subiu por seus dedos, tomando conta de seus braços.

“Vá.” Murmurou. A cobra deslizou pelo quarto, tomando os carpetes e cortinas de veludo com suas chamas. Pollux sentiu o calor que tomava conta do ambiente em suas bochechas, e deu um passo para trás quando as cortinas caíram e criaram barricadas de fogo aqui e ali.

Os vidros racharam, e seus estilhaços se espalharam aos pés dele. A cabeça e o troféu, logo em seguida, foram tomados pela fumaça, e depois pelo fogo. Pollux inalou a fumaça malcheirosa, e tossiu um pouco, perdendo a concentração. Deu um passo para trás, e deixou a varinha cair. Quando se abaixou, viu o ouro da Ordem de Merlin evaporar com o calor das chamas, e a cabeça começar a se dissolver.

A cobra engoliu os objetos com um bote feroz, e logo em seguida começou a lamber suas vitrines também, explodindo – as em pedacinhos voadores. Pollux se protegeu com um feitiço rápido, e tentou voltar a se concentrar para controlar a onda de fogo. Por mais que tentasse, contudo, não conseguia voltar a se conectar a ela. Era como se o animal tivesse vida própria, e vontade própria.

E naquele momento, a vontade dela aparentemente era destruir a Mansão.

Não podia esperar para os Malfoy acordarem com as explosões. Sem pensar duas vezes, Pollux abriu a porta e começou a correr, sentindo o calor que consumia o carpete do chão, a porta, as janelas, os quadros, tudo o que encontrava diante de si, num esforço de engolir a casa por inteiro.

Praticamente saltando, desceu as escadarias e derrapou em direção à porta. Puxou a varinha novamente, e explodiu a passagem. Atrás de si, ouviu gritos dos quadros, e passos apressados, provavelmente de algum dos Lestrange. Correu para fora, e puxou o capuz para esconder o rosto. A bolsa batia em sua coxa freneticamente.

“Accio!” Gritou em direção a uma vassoura próxima, e saltou sobre ela, decolando. Embaixo de si podia ver as sombras das pessoas que corriam de um lado ao outro na Mansão, cuja Ala Oeste emitia nuvens grossas de fumaça branca.

O vento agitava seus cabelos e ressecava seus lábios. Precisava fazer alguma coisa. Queria um lugar para se esconder.

Pensou em Leonard.

Iria voltar a Hogwarts. Sua missão estava cumprida.


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