1997 escrita por N_blackie


Capítulo 73
Pollux




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Voltar à Mansão não foi nada fácil. Convencer Druella nem tanto, umas poucas palavras sobre buscar roupas e a mulher já foi lhe dando a chave. Pisar ali, ver a situação da casa, era bem mais difícil.

Wilkes e MacNair guardavam a casa agora. Pollux os encontrou na sala de estar, jogando xadrez preguiçosamente enquanto contavam piadas e fumavam. Assim que o viram, os dois acenaram.

“Black! Filho pródigo.” Wilkes mostrou os dentes amarelos. “Que veio fazer nesse buraco?”

“Pegar roupas.”

“Ah, vai lá. Só cuidado com aquele cachorro infernal, Walden tentou pegá-lo ontem, quase perdeu o braço.”

“Hades?” Pollux não conseguiu refrear a pergunta. MacNair cuspiu no chão.

“Esse é o nome daquela coisa? Cachorro asqueroso. Mas ele vai ver, qualquer dia desses vou colocar uma coisinha na comida dele, aí pá!” O homem riu enquanto imitava um machado cortando uma cabeça três vezes. “Quero ver tentar me morder.”

Pollux assentiu, e ficou tentado a mencionar que se matasse Hades, MacNair provavelmente estaria na lista mais negra de Adhara, o que significava morte certa. Mas em vez disso, deu de ombros e virou-se para subir. Antes que pudesse deixar a sala, entretanto, Wilkes o chamou de volta. Voltou-se para olhar o homem. Aqueles dois deviam estar sem ninguém pra conversar.

“Aliás, ouviu as notícias de Travers?”

“Travers é capaz de transmitir notícias?”

Os homens gargalharam.

“Dessa vez ele fez certo, cara. Acredita que aquele retardado conseguiu pegar Potter e os outros rebeldes da Ordem?”

O sangue de Pollux gelou.

“Como assim?”

“Ele tava de guarda no Beco, certo?” Wilkes trocou o cigarro de canto na boca, “então, ouviu um negócio no Boticário, sei lá, foi lá e eles tavam lá! Sei lá fazendo o que, ele acha que queriam roubar. Ele chamou, eles responderam, e na briga, o lugar explodiu. Travers saiu correndo, mas viu os garotos se ferrando.”

”E quem morreu?” Fechou os punhos, controlando a respiração que ameaçava descompassar. Não era verdade. Não podia ser.

“Ué, ficou surdo? Todo mundo, cara. Geral. Potter, teus primos traidores, aquele Weasley, a sangue-ruim, o filhote de lobo... Todo mundo.”

“Entendo.” O maxilar de Pollux estava duro. “Vou subir então.”

Quando saiu da sala, suas pernas viraram pano, e teve de se apoiar no corrimão da escaria para conseguir subi-la. Em sua cabeça, imagens aterrorizantes de Adhara e Jack queimando, tossindo por ar, junto dos amigos, se formaram, e apertou os olhos para tentar tirá-las dali. No escuro, no entanto, o que ressoavam eram gritos de medo de todos eles.

Sentou-se no último degrau, e olhou para cima, uma dor no peito insuportável. Baixou a cabeça, e viu alguns pontos d´água nos sapatos de couro. Não fazia mais sentido buscar o espelho. Mesmo assim, se arrastou até o quarto de Adhara.

O cômodo estava completamente revirado, com as gavetas abertas, cobertas mexidas, e mesmo assim, se Pollux respirasse fundo, podia sentir o perfume dela. Aquele lugar era a expressão fixa de como Adhara era, e sua personalidade estava estampada em cada canto das paredes. Seus olhos lhe encaravam por entre as portas do guarda-roupa escuro, seu cheiro lhe espreitava quando sentou na cama. Sua risada ultrapassava as barreiras da foto que caíra no chão, e o coração dele contraiu-se ao lembrar-se de como tudo isso compunha sua imagem.

“Se a gente se cassasse ia ser uma merda, né?” Ela lhe dissera certa vez, em Hogwarts. Estavam deitados numa árvore. Ela, matando aula, e ele em seus intervalos. Quando perguntada por ele, disse que estava ali porque não tinha nada para fazer, mas Pollux gostava de pensar que ela gostava de passar tempo com ele. A pergunta lhe pegou de surpresa.

“Não sei... Nunca pensei no assunto.” Mentiu. Pensava nela o tempo inteiro. Ela se sentou com um impulso.

“Mentiroso. Todo mundo já pensou nisso. Se eu ainda estiver solteira aos vinte cinco, caso com você, que tal?”

Pollux não respondeu, mas se sentiu um pouco mal. Não queria ser a reserva dela. Queria ser o único. Queria que ela lhe escolhesse. Mas como uma garota com tantas opções quanto Adhara escolheria justo ele?

Pollux deitou-se na cama dela, e sentiu o cheiro profundo e envolvente de seu perfume. Era um cheiro só dela, uma mistura que ultrapassava qualquer odor que já sentira na vida. Era só dela. Queria poder engarrafar.

Não voltaria a sentir aquele cheiro novamente.

“Foi estranho. Moony é estranho.” Ela lhe escrevera. Sem saber que estava quebrando seu coração, descrevia o namoro com Lupin, contava os seus problemas, e mandava fotos com caretas para ele.

Devia ter dito a ela o que sentia. Devia tê-la tomado nos braços, beijado seus lábios e lhe dito tudo. Se tivesse tido coragem de falar o quanto gostava dela, talvez pudesse tê-la salvado. Se tivesse dito que era a garota mais corajosa, bravia, interessante e forte que conhecia, talvez ela tivesse lhe respondido que sim.

“Pollux?” Chamou uma voz conhecida, e o garoto pulou da cama. Correu para fora do quarto, a tempo de sair do corredor e dar de cara com Narcissa.

“Sim?”

“Não encontrou suas roupas?” Bellatrix surgiu atrás da irmã, lhe encarando. Pollux engoliu em seco.

“Nenhuma me serve mais. São todas ridículas.”

Um silêncio pesado imperou sobre os três. Bellatrix o quebrou rindo. “Menino metido.”

“Sou criterioso com minhas roupas.”

“O Lord das Trevas tem ouvido muito de você, sabe.” A mulher respondeu, ultrapassando Narcissa com autoridade. “Seu pai tornou as coisas mais difíceis.”

“Não entendo.”

“Ele nos traiu, ora. O Lord das Trevas está querendo saber se pode realmente confiar em você. “

“Não vejo porque não. Como pode ver, não sou o meu pai.”

Bellatrix o analisou por um segundo.

“Então acho que não terá problemas com o próximo teste que o Lord das Trevas separou para você. Rodolphus e Rabastan estão lá embaixo. “

“Quer que eu duele com eles?” Ironizou Pollux. Bella riu.

“Claro que não, ou seria morto na hora. O Lord das Trevas separou essa especialmente para você. Vão até os Lupin buscar uma coisa pra ele. “

“Posso saber o que?”

Bella deu de ombros.

“Uma cabeça de lobisomem.”


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