1997 escrita por N_blackie


Capítulo 71
Mary




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Era a primeira vez que uma reunião da Ordem em Hogwarts estava tão silenciosa. A data fora marcada de última hora em vista dos últimos acontecimentos, e Mary ainda tentava pensar em alguma coisa que pudesse lhe fazer sentir melhor. A morte de Lewis não lhe descia, tampouco a ideia de que não poderia vê-lo nunca mais, nem em um enterro ou algo do tipo. Seu corpo estava destruído.

Um sentimento vazio, desprovido de vontade de fazer qualquer coisa, a dominava. Chocolate e doces sempre ajudavam, mas percebeu que agora eles só a faziam sofrer mais.

Enquanto esperava Leonard chegar, aceitou alguns pêsames dos colegas ao seu redor. Seamus lhe deu um abraço, e Padma, um cachecol que ela mesma fez, para “aquecer o coração”. Tudo era muito bacana e tudo o mais, mas ao olhar mais fundo, podia ver quem realmente podia entender o que ela estava passando. Richard sentara num dos pufes mais ao fundo, e usava uma corrente de Jack em volta do pescoço. O coração de Mary contraiu-se. Sentia a falta de Jack também.

“Mare, viu o Leonard?” Ginny tocou em seu ombro, e desviou o olhar de Richard um pouco. Se sentia duplamente mal por ela, afinal, perdera o irmão e o namorado, e ao mesmo tempo era como se o luto a tornasse mais forte. Mary invejava a coragem e força de Ginny.

“Ele tá vindo, acho que deve estar desviando dos guardas para vir, sabe? Outro dia ele estava com a Umbridge e tudo...”

“Hm.”

“Estou com saudade do meu irmão.” Confessou.

“Eu também. E de Harry. Temos que ganhar essa por eles, Mare. Temos que resistir por eles. “

A porta atrás deles abriu-se com um CREAK! alto, e Violet e Leonard chegaram. Mary os conhecia há muito tempo – parando para pensar, os conhecia a vida toda, literalmente – e nunca vira seus rostos tão duros. Leonard perdera totalmente o ar inteligente que costumava carregar, e em vez disso portava um olhar sério e fixo, que ficava particularmente assustador quando combinado com a postura quase militar que ele assumira recentemente.

Violet, por outro lado, parecia ter ficado ainda mais delicada com a perda do irmão. Mas não como ela sempre fora – os sorrisos bondosos e a postura gentil eram mortos fazia tempo – mas como uma rosa, que parecia linda até você olhar com mais atenção e ver os espinhos ameaçadores ao redor de seu caule.

Leonard marchou até a frente dos colegas, e engoliu em seco. Violet foi para o lado de Sam, que a abraçou e a trouxe para perto de si. “Acho que todos sabem porque convoquei essa reunião. Esta semana, por culpa da guerra, perdi meus irmãos. Violet e Sam perderam Harry. Mary, “Mary sentiu o olhar dos colegas em suas costas, “perdeu Lewis. Os pais de Hermione Granger provavelmente ainda não sabem, pois são trouxas, mas eles perderam a única filha que tinham. Ginny e os irmãos perderam Ron. Ginny também perdeu Harry. Teddy, um garoto de menos de cinco anos, perdeu o irmão mais velho. Ele é novo demais pra entender, mas nunca mais verá a pessoa que lhe fazia companhia quando seus pais não podiam ajudar.”

Mary piscou, e sentiu o gosto salgado das lágrimas que finalmente deixava cair.

“Quem conhecia Harry sabia que ele era um ótimo amigo, um colega animado, um cara que gostava de piadas. Ele detestava poções, mas gostava de Defesa Contra as Artes das Trevas. Queria seguir os passos do pai dele e se tornar um auror também. Morreu como um herói, lutando para que a vida de todos nós fosse melhor, e que esse inferno durasse o menor tempo possível. Ele era meio-sangue, como muitos de vocês são. E foi assassinado com dezessete anos. A maioria de vocês conhecia, de uma forma ou de outra, a minha irmã. Ela não era a pessoa mais agradável do mundo. No campo de quadribol, era batedora, a primeira mulher a desempenhar essa função no time da grifinória. Fora de campo, era tão agressiva quanto. Mas Adhara era corajosa, e furiosa. Levou detenções e detenções por azarar quem mexia com os alunos mais novos, e quando Draco Malfoy tentou enganar os primeiro-anistas e leva-los para a floresta, ela quebrou o nariz dele com um chute.”

Denis Creevey gritou “isso aí!” do fundo da sala.

“Minha irmã também morreu por isso.” Leonard respirou fundo, “Romulus Lupin, Ronald Weasley, Hermione Granger, Lewis Pettigrew, todos morreram por acreditar que era possível colocar esse falso ministério abaixo. Todos morreram heróis de todos nós, e por isso devemos a eles a nossa luta! Agora, mais do que nunca, vamos pegar nossas varinhas e expulsar os comensais da morte de Hogwarts. Vamos mostrar a eles que nenhum deles morreu por nada! Nesse exato momento, em algum lugar, um garoto de quinze anos, que se parece exatamente como eu, está morto. Mas eu estou vivo, e faço questão de provar à memória do meu irmão que sou digno de ser gêmeo dele. Nós vamos buscar nossas varinhas, e aqueles que entrarem no nosso caminho vão cair! O que vocês dizem?”

Mary fungou, e viu os punhos dos colegas se erguerem. Os que ainda tinham suas varinhas as ergueram no lugar das mãos, e ela mesma ergueu os punhos para o teto. Leonard tinha razão. Lewis não merecia que ela desistisse agora.

“Começamos a planejar o ataque hoje. Dolores Umbridge vai se arrepender de ter posto os pés aqui.”


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