The Charms Of Life escrita por Kim Jay


Capítulo 9
Seis Meses Depois... - Matthew


Notas iniciais do capítulo

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Capítulo 9 – Seis meses depois...

~ Matthew ~

Já haviam se passado seis meses desde que eu descobrira que era um transmorfo e que Airy havia se tornado uma humana.

E de certa forma, tudo estava ótimo.

Nós estavamos escondidos.

Airy estava escondida no alojamento de Annia na academia.

Eu não sabia como as duas ainda não haviam destruido o local, pois brigavam como cão e gato.

Annia não tinha ficado muito feliz de dividir o lugar com ela, mas mesmo assim o fez.

Nós não tinhamos mais noticias de Jay e isso me entristecia profundamente. Era estranho ficar tão longe dela, já que nós três estavamos sempre juntos.

Eu sentia sua falta.

Minhas transformações agora estavam bem contraladas e eu havia conseguido me tranformar com sucesso em todos os animais que havia tentado.

Mal sabia eu que isso seria muito util.

Eu ficava em um outro alojamento na academia. Muitos pensavam que estava abandonado e certa vez Annia chegou para mim, parecendo brava (o que era bem comum nesses meses em que ela estava com Airy) e disse para tomar cuidado, pois haviam boatos de vultos e animais nas redondezas do local e os ‘machistas’ da academia queriam ver quem era corajoso o suficiente para se aproximar e ver o que eram os vultos.

Eu apenas rolei os olhos e sai andando.

Annia e Airy não haviam mudado muito nesses meses. O cabelo de Airy estava um pouco mais curto, mas ainda chegando a metade de suas costas. O de An continuava na altura dos ombros e recentemente, não passando da nuca, já que ela suava muito nos treinos e não tinha tempo para cuidar do cabelo comprido.

Queria saber como estava Jay...

Suspirei.

Estava sentado em um galho de arvore enquanto olhava o céu azul.

Costumava ficar na floresta proibida durante o dia e voltar a noite. Lá eu me sentia mais tranquilo para pensar.

Senti um cheiro estranho e decidi verificar o que era.

Podia me tranformar em outros animais, mas preferia lobo.

Me tranformei e começei a farejar o ar.

Aquele cheiro era diferente dos que eu costumava sentir.

Segui o cheiro até, sem perceber, adentrar na floresta, chegando ao centro.

Cheguei a uma clareira diferente das outras.

Naquela havia um chalé meio acabado feito com madeira escura. No centro da clareira estava um homem que não pude ver direito. Ele estava com os braços abertos e com a cabeça voltada para cima, de costas para mim.

O cheiro que eu sentia vinha dele.

Percebi que no chão havia um desenho feito com... Sangue...

Farejei o ar, para ter certeza. É... Era sangue...

Não estava gostando daquilo.

Algo me dizia para me afastar dali o mais rapido que podia. Foi o que eu fiz.

Não demorou muito para eu ouvir um barulho horrivel. Era semelhante a gritos de pessoas, sofrendo. Não parei, nem olhei para trás, para saber o que era aquilo.

Quando finalmente me afastei o suficiente, parei e olhei para trás.

Estava na saida da floresta.

Não via nada.

Decidi continuar meu caminho.

Transformei-me em uma águia e voei de volta para o alojamento. Já era de noite e eu nem havia notado.

Quando entrei, não sei porque, estava ofegante. Encostei-me na porta me perguntando o que era aquilo que eu havia visto.

Tinha que perguntar para Kaled se ele sabia algo sobre aquilo.

**

Não tinha dormido direito durante a noite.

Parecia que aquelas vozes invadiam meu sono e gritavam em minha mente desesperadamente.

Sai do alojamento e dei a volta no local para parecer que havia chegado pela entrada.

Olhei em volta e achei Kaled que observava todos correrem por uma pista de obstaculos.

- Sir. Kaled! – ele me olhou – Preciso te contar algo...

Ele franziu o cenho e passou o comando para um outro homem ao seu lado.

O mesmo assentiu e passou a gritar ordens para os jovens.

- O que houve Matthew? – perguntou se aproximando e franzindo cenho.

Não era comum essa atitude de minha parte.

- Eu vi algo na Floresta Proibida... Algo que creio que eu não deveria ter visto...

Ele pareceu ficar pálido e me puxou pelo braço para uma sala.

Fechou a porta e respirou fundo.

- O que exatamente você viu? – perguntou preocupado.

Contei a ele sobre o tal homem, o sangue e as vozes.

Kaled escutou em silêncio, apenas interrompendo vez ou outra para perguntar alguma coisa.

Nunca o vira tão pensativo.

Fosse o que fosse, era algo sério e ele sabia o que era, já que não parecia nem um pouco confuso.

- Não acredito que ele já chegou a esse ponto... – murmurou enquanto massajeava as temporas.

- Quem? – perguntei sem me conter.

Kaled fitou-me com os olhos daquela cor amarelada, semelhante a de Airy e depois de um tempo em silêncio disse:

- O antigo mestre de Rynden...

Há! Eu sabia que aquele cara era do mal!

Percebendo o que se passava em minha mente ele disse rapidamente que o mestre de Jay não tinha nada com ele.

Arqueei uma sobrancelha com uma pergunta silênciosa.

Ele suspirou sabendo que agora teria que me contar tudo.

- Bem, é o seguinte: eu, Rynden e Lihios somos... Bem jovens para estarmos fazendo o que fazemos, não é? – assenti – Não era para sermos mestres assim tão jovens... Desde que começamos com nossos mestres eles nos diziam que um dia tomariamos seus lugares, pois tinhamos uma habilidade mais elevada,  ou o que chamamos de talendo para a coisa... Só que certa vez o mestre de Rynden começou a agir de modo estranho...

- De que modo? – a pergunta era meio desnecessaria, mas eu não podia ficar em silencio e senti que se não a fizesse Kaled não continuaria.

- Mais sombrio e reservado, até mais do que os magos geralmente são... Estavamos preocupados com ele. Depois de observa-lo por um tempo, percebemos que ele estava començando a praticar magia negra... Ele mexia com os espiritos, mas não como um xamã ou coisa assim. Ele mexia espiritos que foram banidos por serem o pior tipo de pessoas... Por terem feito coisas horriveis durante sua vida.

- Tipo a Floresta Proibida?

- Sim. Mas era muito pior. Bem, o mestre dele mexia com esses espiritos, mas não sabiamos exatamente o que ele queria com eles. Provavelmente algum pacto para ficar mais forte... – gesticulou impacientemente com a mão – Esses... esses gritos que você ouviu, eram ouvidos vez ou outra ecoando pelo castelo. Assustados os criados decidiram descobrir o que era aquilo. Foi assim que descobrimos que ele usava magia negra.

“Os magos mais antigos deram um jeito de tirar os poderes dele e o baniram para a floresta. Só que tinha outros dois mestres o ajudando a conseguir ingredientes para poções ou feitiços. Meu mestre e o de Lihios. Os três foram banidos. O mestre de Lihios se matou antes de ser pego, mas o meu foi banido junto com o de Rynden... Achavamos que estava tudo bem...”

- Mas ao que parece não esta, certo? – ele assentiu.

- Ultimamente temos encontrado corpos em terrivel estado. Pensavamos até que você podia ter matado o que fomos investigar aquele dia, há alguns meses, mas você já consegue se controlar e os assassinatos continuam acontecendo... Cada vez mais brutais...

Fiquei em silêncio por um tempo e como Kaled não se pronunciou eu decidi falar:

- E você acha que de algum modo, talvez o mago tenha conseguido recuperar seus poderes?

- Talvez... Teremos que investigar...

- Mas não é muito perigoso?

- É... Mas ninguém os conhece melhor que eu e Rynden. Lihios vai porque nos conhecemos a muito tempo e ele quer ajudar no que puder. – sorriu de canto – Obrigado por vir falar comigo, Matthew. Se não tivesse contado nunca teriamos descoberto a tempo.

- Acha que ainda da tempo de para-lo e descobrir o que ele quer?

- Espero... – murmurou mais para si mesmo.

Saimos da sala e ele disse que teria que conversar com Rynden e Lihios.

Assim que ele saiu eu fiquei pensando naquilo.

Decidi contar a Annia e a Airy. Talvez Airy soubesse de algo estranho que tivesse acontecido antes de ela virar... Semi-humana...

Esperei até anoitecer e fui ao alojamento.

Bati na porta e An disse para eu entrar.

Ela estava com um braço enfaixado, nada grave, provavelmente em uma daquelas lutas que acontecem de vez em quando alguem lhe passou a espada.

Airy sorriu e pulou em meu pescoço me abraçando assim que entrei.

Era um costume ela fazer isso.

- O que faz aqui, Matt? – perguntou An do banheiro.

Ouvi um som de água caindo. Provavelmente ela estava preparando seu banho.

- Vim contar algo a vocês... – eu respondi meio vagamente ainda concentrado em meus pensamentos.

Eu estava sentado em uma cama e Airy estava com a cabeça deitada em meu colo enquanto eu acariciava seus cabelos.

Não queria dar-lhe falsas esperanças quando ao que ela havia me dito aquele dia, mas mesmo assim... Bem, eu havia me apegado a ela.

Depois de um tempo Annia saiu do banheiro usando uma blusa de alça branca e um short preto enquanto esfregava os cabelos para seca-los.

- O que é que você quer nos contar? – perguntou sentando-se ao meu lado.

Respirei fundo e começei. Contei sobre o minha visita a Floresta e sobre a conversa com Kaled.

As duas ficaram muito surpresas, mas Annia ficou mais que Airy.

Perguntei se Airy sabia alguma coisa, mas ela permaneceu em silencio. Sentou-se na cama e baixou a cabeça.

- Airy?

- Sabe de alguma coisa, sarnenta? – perguntou An usando um apelido “carinhoso” que dera a Airy.

Airy não se importou com o que An tinha dito, o que era estranho.

- Airy... Você sabe de alguma coisa? – percebi que sua expressão era pensativa.

- Bem, Matt... – começou – Você se lembra do odio que eu tinha pelos humanos, não é?

- Claro, como poderia esquecer? – An respondeu por mim e Airy deu a lingua para ela.

- Tem um motivo para eu odiar tanto os humanos... Eu vivia com uma matilha e não sozinha como quando você me conheceu. – franziu o cenho como se estivesse se esforçando para lembrar alguma coisa – Quando eu ainda era filhote, minha matilha chegou a Floresta Proibida. Gostamos do lugar e ficamos. Foi o maior erro que poderiamos ter cometido.

- Como assim? – An agora parecia curiosa.

- Lobos começaram a desaparecer lentamente... Achavamos que era algum tipo de predador, mas ai pensavamos “quem caçaria um lobo?”... Foi ai que finalmente vimos quando um deles desapareceu. Era de noite e como de costume ficavamos acordados varando a noite quando a lua estava cheia... gostavamos de caçar assim... Bem, um f-filhote – sua voz falhou, ela pigarreou e começou a frase novamente: - Um filhote, do nada, começou a ganir desesperado para alguma coisa nos arbustos. Os adultos se aproximaram para ver, e quando chegaram perto um circulo brilhou no chão e... Oh, foi horrivel... – tampou o rosto com as mãos.

- Acalme-se Airy... – eu disse tocando seu ombro.

- A pele deles começou a ser cortada, como se flechas passassem de raspão, deixando horriveis arranhões. O sangue manchou completamente o chão... Um homem vestido de preto se aproximou e coletou em alguns frascos o sangue que pingava dos corpos que flutuavam...

Fechou os olhos com força.

Eu e An estavamos pasmos fitando-a de olhos arregalados.

- Eu consegui fugir enquanto ouvia o som horrivel de meus familiares sofrendo. Desde então eu vivo sozinha... Desde então eu começei a odiar os humanos...

-Airy... – me aproximei e passei meus braços por seus ombros enquanto ela soluçava um pouco e grossas lagrimas escapavam de seus olhos.

Annia estava em choque e de olhos arregalados e, se a conheço bem, provavelmente pensando como seria passar por aquilo.

Ficamos em silencio, que apenas era quebrado por poucos soluços que diminuiam gradualmente de Airy.

Ela respirou fundo e limpou o rosto.

- D-Desculpem... M-Mas...

- Está tudo bem... – Annia hesitou, mas depois completou a frase: - Airy... – meu queixo caiu.

Sério para a An falar assim com ela, ela tem que estar bem comovida com a situação de Airy. Principalmente porque não a chamou de ‘sarnenta’.

Ela sorriu fracamente para An.

- E agora? – perguntou Annia olhando para mim.

- Kaled disse que eles iriam investigar a floresta para ver se descobriam alguma coisa...

- Só os três?

Assenti. Confesso que não gostei do olhar de pensativa dela. Ai vem coisa.

- Acho que deveriamos ir...

- O QUE?! – eu e Airy gritamos juntos.

- É isso mesmo. Matt você sabe exatamente onde é o lugar que estava o chalé, não sabe?

- Sei, ma-

- Estou com um mal pressentimento deles irem sozinhos... – seus olhos baixaram para o colchão.

Olhei-a maliciosamente.

- Então o Sky também teria que ir, certo? – sorri.

- Acho que sim, já que Lih-

Interrompeu-se quando percebeu que eu estava era tirando uma com a sua cara. Pegou um travesseiro e bateu-o em meu rosto com mais força do que eu pensei, de modo que não havia me preparado para cair da cama.

Airy começou a rir da minha cara, junto com An.

Soltei um muxoxo e me levantei novamente.

- Caramba An... Eu só comentei...

Ela me mostrou a lingua.

- Não teve graça...

Annia ficara insistindo durante toda a semana para irmos escondidos, já que provavelmente os mestres não nos deixariam acompanha-los.

Acabei por concordar para ver se ela esquecia, mas obviamente ela pensou nisso direto. Não perguntem como, ela descobriu que eles iriam exatamente dez dias depois de nossa conversa.

No dia anterior Annia, acompanhada ou não, iria ao castelo para falar com Jay e esta chance eu não perderia por nada.

**

10:30 da noite.

Dá para acreditar que ela levou isso até o final?

Podia jurar que iria desistir, mas ela não desistiu.

Saiu do alojamento, acompanhada de Airy e veio ao meu alojamento.

- Você vem ou não? – estava impaciente pela minha resposta e sem poder fazer nada, assenti.

Seguimos por uma trilha que saia da academia e ia a ao castelo.

Annia seguia na frente e eu e Airy logo atras. Airy estava agarrada ao meu braço e olhava freneticamente em volta. Ela não saia muito do alojamento onde ficava com An.

Finalmente chegamos.

Há! Agora eu queria ver como ela pretendia passar pelos guardas.

Annia me olhou e então disse:

- Você vai se transformar em lobo e causar um alvoroço na aldeia. Assim os guardas da frente vão ver o que é e eu e a Airy poderemos entrar.

- Esta dando ordens para ele? – perguntou Airy olhando feio para An.

- Estou sim, algo contra, sarnenta?

Airy grunhiu para ela, mostrando os caninos mais afiados, outra caracteristica de lobo que ficara.

- Sim. Você não tem autoridade para dar ordens para ele!

- Nem você para me dizer o que eu posso ou não fazer!

- Meninas, por favor posso dizer uma coisa? – intervi.

- NÃO! – disseram em uníssono.

Fiquei quieto vendo-as discutir, até que quem perdeu a paciencia fui eu.

- CHEGA! – gritei e as duas olharam para mim com caras inocentes.

- O que foi que fizemos?

Suspirei.

- An... Eu vou sim fazer o tal do alvoroço, ok?

Airy fez um biquinho e cruzou os braços olhando para mim enquanto Annia sorria sarcasticamente para ela.

Rolei os olhos e virei as costas, saindo em seguida.

Não sabia se era seguro deixa-las sozinhas uma com a outra, mas mesmo assim...

Me transformei em lobo e fui para o meio da aldeia.

Olhei em volta procurando algo ou alguém para poder assustar.

Quando vi uma estalajem com as vozes e risadas ecoando.

Caminhei lentamente até que cheguei na entrada. Rugi alto o suficiente para todos ouvirem. Os homens que estavam nas mesas perto da porta levantaram-se assustados.

Uma mulher que estava ao meu lado, que eu nem tinha percebido, ergueu uma vassoura batendo em minha cabeça. Nossa, que dor (sentiram a ironia?).

Grunhi mostrando os dentes para ela.

A mesma cambaleou para trás.

Os homens pegaram adagas e punhais e tentaram me acertar. Realmentes eles eram uns medrosos já que tentavam joga-las em mim.

Fiquei em posição de ataque e rosnei.

Para minha surpresa eles começaram a fazer o alvoroço que eu queria e correr para todos os lados menos na minha direção.

Sentei-me e fiquei os observando.

Se fosse humano eu estaria gargalhando.

Aquela era minha deixa para sair de lá, mas não aguentei. Tinha que ficar pelo menos mais um pouco.

Subitamente, todos pareceram perceber que eu não estava fazendo absolutamente nada e pararam com o escandalo desnecessario.

Ouvi um som as minhas costas e vi os guardas ali.

Corri em disparada para cima deles e no ultimo momento pulei por cima deles, já que haviam se encolhido.

Me escondi em um arbusto e rapidamente me transformei em uma águia, sobrevoando o vilarejo e vendo o desespero deles, procurando o lobo.

Finalmente avistei as meninas que estavam passando pela ponte do castelo, por onde mais guardas haviam saido.

Posei no ombro de Airy e a mesma sorriu para mim sem parar de correr.

Assim, entramos no castelo.


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Notas finais do capítulo

Por favor, queremos comentarios para saber se estão gostando ou não!
Alias, esperamos que tenham gostado desse capitulo =3
Então, o que acham que vai acontecer eim e.e
hehehehehe''
Deem seus palpites e até o proximo =)



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