Numb Of Love escrita por Mih Ward


Capítulo 27
Capítulo 26




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Eu andava novamente em direção à biblioteca, mas, diferente da outra vez, não hesitei, eu não me importava com o que poderia acontecer não me importava com nada. Depois de uns dias remoendo a dor, aprendi a controlá-la. Doía? Sim, bastante. Mas ficar concentrada nela piorava então, eu não ligava, simples e fácil. Fazia dias desde minha conversa com Draco, eu o via raramente, apenas nas aulas que fazíamos juntos e nas raras vezes que eu ia tomar café/almoçar/jantar. Harry e Ron estavam preocupados, eles que me encontraram chorando naquele dia e ficaram alarmados quando eu não quis explicar. Apenas quem sabia de tudo que havia acontecido fora Hermione, o que não a deixara menos preocupada. Caroline estava preocupada também, eu havia contado para ela o que acontecera mais ou menos, disse que tinha contado a ele sobre o meu namorado no outro país, Tensy tentava arrancar algo de mim, mas eu sempre desviava do assunto, então ela só sabia o mesmo que todos de Hogwarts, que eu havia brigado com Draco.

Alguns dias atrás Carol comentou que Draco estava acabado, não falava com ninguém, não comia direito, e nem implicava com os nascidos trouxas. Ela disse que nunca o vira assim e eu me sentia culpada, afinal, era a minha culpa mesmo.

Scorpius não entrava mais em meus sonhos, aparentemente ele também estava chateado comigo, ótimo não é? Eu não era bem vinda no passado e nem no futuro. Às vezes eu me pegava rindo ao constatar isso. Talvez eu realmente fosse uma vadia, como Draco havia dito, afinal, eu estava namorando Scorpius e mesmo assim fiquei com Draco, seu pai e tudo por mero capricho.

Eu não sabia o que fazer, só sabia que não aguentaria mais muito tempo aqui, não com todos me olhando torto e falando sobre o que provavelmente teria acontecido. Eu era odiada por praticamente toda a Sonserina, não que fosse diferente antes, mas parecia que eles tomaram as dores de Draco, o que era estranho para Sonserinos, mas eu apostava que era só porque era ele, um Malfoy.

Entrei na biblioteca, estava vazia, faltava pouco para o toque de recolher, mas Prof. Dumbledore estranhamente deixou que passássemos do horário para conseguir terminar o trabalho, que acabamos deixando de lado. Se eu ainda me importasse, teria estranhado, afinal, ele não era de fazer isso, mas se eu fosse me importar, a dor apareceria mais forte e não sabia se conseguiria aguentar mais. Precisava de Scorpius, era ele que sempre me livrava de todas as dores, com ele nada mais me importava, o problema é que ele não queria falar comigo.

Sentei em uma cadeira vazia entre Hermione e Harry, Ron estava em frente e Carolina e Draco ainda não haviam chegado. Os garotos me olhavam atentamente, como se esperassem que eu fosse explodir a qualquer momento, o que eu não duvidava nada e Hermione tentava se concentrar no livro a sua frente, pois é, tentava, desde aquele dia Hermione largou um pouco os estudos, dizia que sua filha era mais importante e raramente me deixava sozinha. Até pedira permissão á Dumbledore para dormir no meu dormitório e sempre me acordava dos meus constantes pesadelos.

Pois é, ainda tinha isso, os pesadelos. Era sempre o mesmo para falar a verdade, eu estava perdida na floresta proibida e de repente escutava passos, procurava em todos os lugares mais nunca achava os donos deles, é, donos, mesmo sem conseguir vê-los eu sabia quem eram. Draco e Scorpius. Ambos sussurrando coisas para mim, como vadia ou o quanto estavam magoados, diziam que eu havia os machucado muito e que despedacei o coração de ambos, então quando os passos ficavam mais próximos e eu já estava no chão da floresta, soluçando, Hermione me acordava, me abraçando em seguida. Era sempre assim, eu nunca chegava a vê-los, mas não acho que suportaria se isso acontecesse. Não agora.

Murmurei algo como cumprimento e peguei um livro qualquer para fingir que estava pesquisando. Depois de alguns segundos Harry e Ron começaram a fazer o mesmo e às vezes perguntavam algo para Hermione, mas eu não conseguia prestar atenção. Passou alguns minutos assim, ou talvez fossem horas, eu não estava contando e finalmente eles chegaram. Caroline sentou na minha frente e me lançou um sorriso triste, cumprimentando os outros também e Draco sentou em uma das pontas da mesa, o mais afastado de mim. Ele não levantou os olhos nem cumprimentou ninguém, pegou um livro e começou a folheá-lo, assim como eu.

Ao longe eu conseguia escutar Carol, Hermione, Harry e Ron conversando sobre o trabalho, mas os murmúrios pareciam outra língua para mim e eu não me esforçava para entender, as vezes eles perguntavam algo para mim e eu respondia com um aceno qualquer, sem prestar atenção e, sem desviar momento algum os olhos deles, esperando, quem sabe, que ele levantasse os deles e eu pudesse lê-los e saber o que ele estava pensando. Porém, ele não fez isso em nenhum momento, parecia disperso em seu livro, só parecia, eu sabia que ele não estava ali, a mente dele pelo menos não estava.

– ROSE! - escutei o grito dos outros quatro, me sobressaltando e a ele também, que passou a olhá-los, assim como eu, espantado.

– O que foi? - perguntei irritada.

– Você escutou o que eu falei? - Carol devolveu com uma pergunta, parecendo irritada também.

– Não - eu respondi, para que mentir? Eu não me importo.

Os quatro bufaram em sincronia e, se eu ainda me importasse, teria rido. Draco voltou a fitar o seu livro.

Eles voltaram a falar, notei que Hermione começava a escrever algo no pergaminho, me virei para Draco novamente, o observando atentamente. Ele estava diferente. Não só fisicamente, seus cabelos estavam bagunçados e as vestes tortas, em baixo de seus olhos fundos estavam olheiras roxas, indicando que não era só eu que não conseguia dormir. Além disso, havia algo diferente também, na forma que ele se comportava talvez, não possuía aquele ar habitualmente superior e frio, parecia melancólico, triste. Constatei isso com um aperto no coração, isso tudo fora por minha culpa, só e absolutamente minha.

Eu suspirei, chamando a atenção de meus amigos, que me fitaram curiosamente, coisa que fiz questão de ignorar.

Sabia que o tempo passava, mas não sabia há quanto tempo estávamos aqui talvez minutos, horas ou, quem sabe até dias. Eu não possuía muita noção do tempo, por que me importar com ele?

Um estranho vento começou, me fazendo estremecer. Estranho porque as janelas estavam fechadas e a porta também. O vento era forte, levando consigo alguns pergaminhos. Todos, inclusive eu e Draco, olhávamos assustados, procurando a origem do vento repentino. Ao lado direito da mesa, uma estranha espiral começou a se formar, fazendo todos recuar para a parede, já que estávamos na ultima mesa.

– O que... - a pergunta ficou entalada da boca de Ron, que se escancarou ao notar o que a espiral formava.

O vento aos poucos foi diminuindo e todos olhavam abismados aquilo. A imagem foi aos poucos melhorando e eu finalmente consegui enxergar direito, o vento já havia ido embora.

A imagem que se formou não fora nada mais que o meu dormitório, só que o meu dormitório do futuro. E mais, não fora só isso, três pessoas estavam ali, nos olhando com curiosidade. Duas delas eram bastante conhecidas e a outra eu vira por algumas vezes quando fora ao Ministério com papai. Um era loiro, com olhos metálicos e extremamente parecido com o pai, que o encarava incrédulo. O outro tinha estranhos cabelos verdes e os olhos estavam rosa. O desconhecido possuía grandes óculos quadrados, cabelos pretos e olhos castanhos. Eram Scorpius, Teddy e um amigo dele, que eu esquecera o nome. Então era isso, esse era o portal.

– Rose! - Scorpius gritou, fazendo menção de atravessar o portal, porém, foi impedido por Teddy.

– Se você atravessá-lo, o portal se fechará apenas uma pessoa poderá atravessar ele - Teddy explicou ao ver o olhar interrogativo do meu namorado.

Eu não sabia o que fazer, olhei para eles e para meus amigos, para eles e para meus amigos. Carolina parecia confusa, Harry e Ron surpresos, Hermione parecia fascinada e Draco... Draco estava incrédulo.

– Venha Rose! - Scorpius gritou, parecendo angustiado - Est... - ele parou de falar, olhando pela primeira vez a Draco - Você...

– Scorpius esse é...

– Draco, seu pai - Draco me cortou.

– P-pai? - Scorpius arregalou os olhos surpreso.

Draco apenas assentiu. Agora todos olhavam para mim, inclusive ele.

– Rose - Teddy me chamou - Podemos manter esse portal por apenas alguns minutos, você tem que ser rápida.

– Eu... - as lágrimas transbordaram dos meus olhos, então era assim? Assim que acabava tudo? - Me de um minuto - falei com a voz embargada. Era agora, eu tinha que decidir.

Ele assentiu, parecendo entender o que acontecia e não parecia muito feliz.

Primeiro olhei para Hermione, a abraçando forte.

– O que eu faço? - eu supliquei ajuda em seu ouvido.

– Ouça seu coração Rose - ela falou me soltando do abraço e sorrindo, algumas lágrimas caíram de seus olhos.

– O problema é que eu não sei o que ele diz - eu falei desesperada, tentando limpar as minhas lágrimas para enxergá-la melhor.

– Você sabe - ela murmurou, me puxando de novo para outro abraço - Você sempre soube.

Eu assenti fracamente, indo em direção a Harry, que era o mais próximo.

– Vou sentir saudades - eu murmurei o abraçando.

Era essa minha decisão, eu sempre soube disso, era verdade. Eu sentia algo sim pelo Draco, mas não era comparada ao que eu sentia pelo Scorpius. Eu o amava? Sim. Mas amava muito mais meu namorado, eu confundi meus sentimentos por saudade, saudade dele, meu verdadeiro amor.

– Te amo - eu falei ainda abraçando Harry - tio - completei sorrindo, não via porque não contar para eles - Cuide da minha tia Gina, ok? - eu pisquei e ele me olhou incrédulo, sorrindo em seguida.

Me soltei dele, indo para Caroline. Eu a considerava uma grande amiga, ela era diferente, excêntrica e eu amava isso nela.

– Depois pergunte a Hermione, ela te contará tudo - eu falei a abraçando ela assentiu retribuindo - Vou sentir sua falta.

Pisquei algumas vezes para desembaçar minha visão e fui em direção a Ron. O abracei forte, molhando sem querer suas vestes.

– Lembra que eu disse que iria te contar uma coisa? - eu perguntei com a voz embargada e ele assentiu - Então, cuide da minha mãe, faça ela muito feliz - eu inclinei a cabeça, indicando Hermione - Te amo papai.

Ele me olhou assustado, aparentemente digerindo minhas palavras. Eu não podia esperar, sabia que o portal estava se fechando.

Sabia que agora seria a pior parte, a parte mais difícil. Despedir-me dele.

Eu sempre soube que esse dia chegaria

Nós estaríamos de pé, um por um

Com o nosso futuro em nossas mãos

Tantos sonhos, tantos planos

Eu sorri entre as lágrimas, me aproximando mais. Eu me sentia feliz e triste ao mesmo tempo, mas sabia que era a coisa certa a se fazer.

Sempre soube que após todos estes anos

Haveria risada, haveria lágrimas

Mas nunca pensei que eu sairia andando

Com tanta alegria, mas tanta dor

E é tão difícil dizer adeus

O abracei com força, me enterrando em seu pescoço, os soluços estavam mais fortes e incontroláveis.

Mas o passado já foi, temos continuar em frente

Sou muito grata pelos momentos, tão contente de ter te conhecido

Os momentos que passamos, eu vou guardar como fotos

E vou prendê-lo em meu coração para sempre

Eu sempre me lembrarei de você

Eu sabia que o que tinha vivido com ele era único e mesmo me repreendendo por isso, eu não me arrependia.

– Me desculpe - eu solucei - Por tudo.

Outro capítulo do livro que não podemos voltar mas podemos olhar

E lá estamos nós em cada página

Memórias que eu vou sempre guardar

Avante em direção às portas abertas

Vai saber para onde estávamos indo?

Desejo-lhe amor, eu desejo-lhe sorte

Para você o mundo simplesmente se abre

Mas é tão difícil dizer adeus

Ele colocou a mão em meus cabelos, como se quisesse me prender ali.

– Eu te amo - ele murmurou me surpreendendo - Sempre te amarei.

– Eu também te amo - eu respondi sem enxergá-lo direito - Você estará sempre comigo, aqui - apontei para meu coração, sorrindo.

Todos os dias que tivemos tudo bem e tudo ruim

Eu vou guardá-los aqui dentro

Os momentos que compartilhamos, todos os lugares

Você tocou minha vida

Sim, um dia vamos olhar para trás e vamos sorrir e vamos rir

Mas agora vamos apenas chorar

Porque é tão difícil dizer adeus

– Eu sempre me lembrarei de você - ele falou, me soltando do abraço - Nunca me esqueça também - completou.

– Eu nunca poderia te esquecer. Você foi único - eu respondi sorrindo - Obrigado.

Ele sorriu, pela primeira vez um sorriso sincero e me deu um beijo, foi um selinho na verdade. Eu entendia o significado daquilo, era o adeus.

Eu sempre me lembrarei de você

Eu sempre me lembrarei de você

Voltei a encarar os meus amigos, sorrindo entre as lágrimas.

– Vou sentir saudades - murmurei pela ultima vez, me aproximando do portal - De todos vocês.

– Harry, lembra-se do que eu prometi? Use agua para abrir o ovo - eu falei, faltavam apenas três passos para eu entrar no portal.

– Lembrem-se do que me prometeram, por favor. Esse é meu ultimo pedido - eu pedi, olhando especificamente para Harry, Ron e Draco. Os três assentiram.

– Amo vocês - eu disse pela última vez, entrando no portal.

Virei-me rapidamente, já dentro do outro lado e puder ver algo brilhante escorrer dos olhos metálicos de Draco. Era uma lágrima.

Depois de constatar isso a imagem começou a ficar turva e de repente tudo escureceu.



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